I fall in love with you every single day
A primeira vez que o vi foi em uma sexta-feira à tarde, dia treze de outubro de dois mil e dezesseis.
Era o meu último ano do ensino médio e fomos em uma aula de campo ao Busan Aquarium – o maior aquário de toda a Coréia do Sul –, o objetivo da visita era fazermos um relatório para a aula de Biologia, que sem dúvidas era minha aula preferida. Eu só havia ido em um lugar como aquele quando ainda era somente uma criança e morava em Seul, mas aquele ali era, sem dúvidas, muito maior. Eu adorava a vida marinha, sempre assistia documentários sobre o assunto no Discovery Channel e estava em meus planos prestar vestibular para Biologia e me especializar sobre os animais marinhos depois. Eu estava realmente fascinado. Desde que havia chegado em Busan era meu sonho ir naquele lugar e meus pais sempre estavam ocupados demais para me levar. Se eu dissesse que não foi eu mesmo quem deu a ideia à professora de Biologia, estaria mentindo, pois eu praticamente implorei à mulher que nos levasse para visitar aquele aquário. Eu era de longe o melhor aluno da turma naquela matéria, então a professora gostava de mim e acabou levando em consideração.
Nós tínhamos passado pelo primeiro nível do aquário, onde vimos um pequeno vídeo do aquário em 4D, o que eu pessoalmente achei maravilhoso, porém estava ansioso demais e queria ver logo tudo ao vivo. Já no segundo nível, vimos espécies como piranha vermelha, boto-do-índico e pudemos até alimentar a lontra-anã-oriental e pinguins africanos. Antes de descermos para o próximo nível, demos uma parada para um lanchinho e eu nunca comi tão rápido na vida.
No terceiro e último nível nós vimos várias outras espécies e eu estava completamente maravilhado. Tirava fotos como se minha memória do celular não fosse lotar a qualquer momento, felizmente eu havia me preparado e feito uma limpa de fotos no meu aparelho. Havia a oportunidade de alimentarmos os tubarões, o que eu realmente gostaria de fazer, mas meus pais não deram a autorização com a desculpa de que seria muito perigoso. Quando eu completasse a minha maioridade voltaria ali e faria aquilo, com certeza.
Estávamos passando pelo túnel ao lado de onde estavam as tartarugas-verdes. O Ocean Tunnel, como é chamado, era transparente e podíamos olhar para cima e para os lados, vendo as criaturas marinhas através do vidro. Foi quando meus olhos se prenderam naquela criatura única. Não somente eu, como todos os meus colegas pararam para ver o belíssimo tritão que nadava sobre nossas cabeças. Minha cabeça deu um giro de cento e oitenta graus, acompanhando o garoto-peixe se mover sobre o arco acima de mim e admirando primeiramente os cabelos pretos – que se destacavam em contraste com sua pele pálida – e em seguida sua calda de um azul turquesa encantador, fazendo meus olhos seguirem todo o trajeto daquele ser magnífico. Seguimos em frente e pude ver o tritão nadando com as criaturas marinhas como se fossem da mesma espécie e não houvesse alguns tubarões em sua volta. Peguei imediatamente meu celular, tirando fotos daquele ser que aos meus olhos era extremamente fascinante. Minha turma inteira se aglomerou em frente ao vidro e pude ver que não era somente eu que estava encantado pela bela criatura.
Obviamente, aquele era apenas um homem que se vestia daquela maneira e era versado na arte do "sereismo", mas a aura e beleza que transmitia eram tão reais que era como se fosse um tritão de verdade. Eu já havia lido sobre aquela exibição no site do aquário, mas confesso que não havia me interessado nem um pouco, afinal, era apenas um show voltado para crianças que ainda acreditavam em tais fantasias. Enquanto eu capturava mais e mais fotos da criatura "dançando" na água, pensava em como alguém poderia ser tão bonito daquela maneira. Foi então que ele voltou a atenção para nós e ia chegando cada vez mais perto de onde estávamos. Eu, como um bom fanboy que havia me tornado em apenas poucos minutos, estava praticamente grudado contra a divisória transparente que nos separava, esperando ansiosamente ver aquele ser se aproximar cada vez mais. Quando ele já estava o mais perto que poderia chegar, começou a dar piruetas e sorrir para os vários flashs disparados das câmeras. Eu consegui capturar apenas uma foto em que ele se encontrava mostrando seus belos dentes, pois no segundo seguinte ao ver seu sorriso, já estava hipnotizado e não conseguia tirar meus olhos da imagem ao vivo.
Mantive-me vidrado nos seus movimentos, não deixando escapar nenhum detalhe sequer daquele homem. O sorriso direcionado à sua plateia, não era somente em seus lábios cheios, pois suas bochechas se sobressaíam e seu nariz pequeno se franzia, ao mesmo tempo em que seus olhos se tornavam ainda menores e mais puxadinhos, formando assim o conjunto perfeito que deixou meu coração batendo em um ritmo um tanto mais acelerado e irregular. A clavícula se destacava e eu pude notar uma linda pintinha ali. Os músculos dos braços eram levemente definidos, tornando impossível não notar que ele praticava algum exercício para mantê-los daquele jeito, assim como o torso onde podiam-se notar alguns músculos de seu abdômen se destacando. Então vinham as escamas, certamente fictícias, mas que faziam aquela cauda parecer realmente a de um peixe de verdade. Eu não podia ver o restante do corpo que estava por trás da fantasia, mas já definia aquele cara como o ser mais perfeito que já pude vislumbrar.
Estava tão deslumbrado com a imagem do garoto de cabelos pretos que só acordei de meu transe quando o vi balançar as mãos, dando um "tchauzinho", se despedindo com um último sorriso antes de subir à superfície. Algo dentro de mim se desesperou quando notei que estava o perdendo de vista e provavelmente nunca mais o veria. Meus colegas começaram a se movimentar e irem para a próxima atração, mas eu permaneci no mesmo lugar, pois algo me dizia que ele tinha ido somente pegar ar e voltaria em alguns minutos. Permaneci um tempo ali, tentando ver qualquer resquício daquela cauda azul, e logo ouvi a voz da minha professora me chamando a atenção. Respondi que já iria alcança-los e fitei mais uma vez a imensidão azul cheia de belíssimas espécies. Suspirei decepcionado já me afastando, quando vislumbrei um tom diferente de azul se balançando na água.
Pude vê-lo nadar entre os peixes, enquanto seu cabelo esvoaçava pelas águas e seu corpo se ondulava perfeitamente para frente. Ele parou por um momento, como se estivesse pensando aonde iria, então seus olhos pararam nos meus. Eu parecia ter despertado alguma curiosidade nele, pois no segundo seguinte ele estava se locomovendo até estar bem à minha frente, me encarando tão intensamente quanto eu sei que o encarava. Pisquei algumas vezes, vendo-o fazendo o mesmo, mas nunca desviando os olhares dos olhos um do outro. Percebi então que estava sorrindo no momento que o vi fazendo o mesmo, mas sabia que não tinha forças para desmanchar o sorriso naquele momento. Vi sua pequena e delicada mão ir de encontro ao "vidro" e se posicionar bem à minha frente. Não sabia o porquê daquele ato, mas como um reflexo levantei minha mão, a apoiando no mesmo local que a sua estava. Toquei a superfície fria e não pude deixar de desejar que não houvesse aquela barreira entre nós. A diferença de tamanho das mãos era notável e soltei um riso leve ao perceber aquilo, vendo então o outro transformar seu sorriso em um bico emburrado pela minha atitude, mas sem tirar sua mão dali. Continuamos nos encarando por alguns segundos, e eu podia dizer sem nenhuma dúvida que nunca havia tido uma troca de olhares tão intensa e, ao mesmo tempo, tão serena. Os olhos castanhos me transmitiam algo que não saberia nomear, mas era algo como a sensação de estar em casa. Não sei quanto tempo permanecemos ali, trocando algo muito mais forte do que apenas olhares, mas logo ouvi meu nome ser chamado – praticamente gritado – pela minha professora e me afastei subitamente pelo susto que levei. O outro pareceu estar na mesma situação, pois seus olhos se arregalaram assim como os meus. Ele tinha, provavelmente, se assustado com o meu pulinho nada másculo, já que aquele vidro parecia à prova de som. Logo a mulher na casa dos quarenta anos estava ao meu lado, me arrastando e dizendo que já estávamos indo embora e que eu não podia me dispersar do grupo assim. Enquanto a ouvia ralhar comigo, só podia olhar para trás e encarar o máximo que pude o garoto que também me acompanhava com os olhos. Eu realmente não sabia o que tinha acontecido ali e nem o motivo do meu corpo estar agindo tão estranho ao ponto de quase me soltar e correr de volta para onde eu estava. A única coisa que se passava pela minha cabeça naquele momento era: eu estava louco ou havia acabado de me apaixonar à primeira vista por aquele tritão?
~*~
Mesmo depois de vários dias terem se passado eu ainda não conseguia tirar o garoto da minha cabeça. Pensei várias vezes em voltar no Aquário e procurar por ele, mas o que eu diria? "Olá, lembra de mim? O cara que ficou te encarando um tempão e você encarou de volta?", que tipo de abordagem seria essa? Realmente não dava, eu não teria toda essa coragem. Além do que, eu estava estudando avidamente para poder entrar na Universidade de Busan e entrar no meu tão sonhado curso de Biologia.
Quando, finalmente, me vi formado e esperando a resposta das universidades, resolvi dar uma espairecida e fui à praia com meu irmão mais velho. Ele estava lá, esparramado na areia e quase dormindo, mas eu me aventurei à entrar no mar, pois fazia tempo que não dava um bom mergulho. A água sempre me dava uma sensação de paz e tranquilidade, me sentia em casa ali e não pude deixar de me lembrar do tritão, que havia me passado a mesma sensação mesmo que por breves momentos. Eu tentava dizer a mim mesmo que aquela situação toda era bobagem da minha cabeça e logo eu o esqueceria, mas já haviam se passado meses e não teve somente um dia que eu não me lembrei daqueles olhos.
Fiquei um bom tempo mergulhando e aproveitando a sensação boa que eu sentia no mar. Quando emergi, tentei localizar meu irmão com os olhos enquanto ia me retirando do oceano, mas o que vi foi algo bem melhor. Um garoto de cabelos pretos me encarava como se estivesse surpreso ao me ver ali, e minha boca secou totalmente ao perceber quem era aquele ser. Pisquei algumas vezes até realmente perceber que estava certo e o cara parado a alguns metros, era o meu garoto-peixe. Meu corpo se movia sozinho e quando dei por mim estava me aproximando cada vez mais dele, que se mantinha parado e me encarando a todo momento. Foi então que alguns rapazes passaram por mim correndo e arrastaram o garoto às pressas, dando risadas e brincando entre si. Pude notar que ele olhou para mim enquanto era levado pelos amigos, como se também pensassem algo como "Eu realmente queria te conhecer". Suspirei frustrado quando o vi entrar no carro com as pessoas que o acompanhavam. Poxa, eu queria ter ao menos lhe dito "oi". Não pude acreditar que tinha deixado aquela oportunidade passar. E por que será que tinha a sensação de estar me apaixonando por ele novamente?
~*~
Era oficial. Eu tinha que ver aquele cara novamente. Não somente ver, como das outras vezes. Eu tinha que falar com ele, ouvir sua voz, saber o seu nome e descobrir o porquê ele me fascinava tanto. Além da imagem do aquário, também não deixava de pensar em como estava bonito na praia. Vestia uma simples camiseta branca e uma bermuda jeans, mas foi o suficiente para me fazer sonhar com ele por muitos dias seguidos. Felizmente eu havia passado na universidade que desejava, em Busan mesmo e já estava frequentado as aulas.
Em uma tarde enquanto voltava da faculdade, não me segurei e quando dei por mim já estava parado em frente ao Aquário. Respirei fundo e entrei no local. O que eu iria falar? Eu nem ao menos sabia o nome do cara e não queria me referir a ele como "tritão". Minhas mãos já suavam enquanto segurava as alças da minha mochila e estava quase saindo correndo quando ouvi a voz da recepcionista.
— Veio pelo estágio? – a moça perguntou, sorrindo levemente para mim.
Tentei formular uma resposta na minha mente e fingi saber exatamente sobre o que a mulher estava falando.
— Sim. – respondi apenas.
Ela me pediu para aguardar, que logo mais eu seria chamado. Foi então que eu pensei no que caralhos eu estava fazendo. Busquei com meus olhos alguma informação sobre o que seria o bendito estágio e encontrei então um pequeno cartaz grudado na parede.
Contrata-se estagiário (a) em biologia marinha. Requisitos: cursar Biologia.
Realmente não acreditei quando li aquele anúncio. Quão grande podia ser minha sorte ao ter vindo no Aquário justo quando eles procuram estagiários da minha área? A moça logo me pediu para a acompanhar e eu fui levado até uma sala para conversar com o responsável pelas contratações. Ele me fez algumas perguntas do tipo: se eu frequentava a universidade, em qual período estava, porque gostaria de trabalhar ali, entre outras. Eu me saí relativamente bem e o homem pareceu gostar de mim. Ele disse que haviam colocado o anúncio em alguns sites fazia alguns dias, mas ainda não haviam recebido nenhuma resposta. Então mais uma vez eu pensei em quão sortudo eu era quando ele falou que se eu quisesse, poderia começar no dia seguinte. Eu, obviamente, aceitei de prontidão. Mesmo não estando procurando no momento, trabalhar na área que eu sempre gostei foi o que eu sempre quis. Ajudava meu pai em sua empresa quando este precisava para ganhar algum dinheiro, mas isso era de longe muito melhor. O rapaz simpático, que eu descobri se chamar Seokjin, me levou para conhecer onde eu trabalharia. Pude ver então por dentro daquele aquário gigante e maravilhoso. Me encantava a cada passo que dava e Seokjin via isso, pois disse que meus olhos brilhavam ao olhar para as criaturas marinhas. Eu teria que ajudar na equipe de biólogos, que logo me foi apresentada. Eram dois homens e uma mulher, que me pareciam muito simpáticos.
Seokjin me falava ainda algumas coisas enquanto eu o ouvia e admirava ao redor ao mesmo tempo. Foi então que ele emergiu do enorme tanque que estava localizado à nossa frente. Apoiou-se na borda e parecia que iria fazer certa força com os braços para se retirar dali, mas parou ao me perceber parado e o olhando fixamente.
Seus cabelos pretos e molhados caíam por seu rosto, fazendo com que as gotículas de água escorressem por seu pescoço e ombros. Sua boca estava aberta em surpresa e seus olhos se encontravam um pouco arregalados.
— Ah, Jungkook, esse é o Jimin, nosso tritão. – Seokjin disse em um tom animado. – E Jimin, esse é Jungkook, nosso novo estagiário.
Ok, dessa vez eu definitivamente, tinha me apaixonado à terceira vista.
Jimin impulsionou o corpo para frente até conseguir sentar na beirada em que estava se apoiando, com a bela cauda ainda dentro da água. Se virou para mim e deu um sorriso que me pareceu um pouco envergonhado.
— Muito prazer, Jungkook. – ele disse baixo, olhando profundamente em meus olhos.
Ouvir aquela voz aveludada me fez respirar fundo, pois senti minhas pernas virarem gelatina e quase fui ao chão.
— O prazer é meu, Jimin-ssi. – disse igualmente baixo e sem desviar os olhos dos seus.
Então um rapaz um pouco mais baixo do que eu surgiu e começou a ajudar Jimin a tirar a cauda. Eu realmente queria ficar olhando, como queria. Mas Seokjin disse que me mostraria mais algumas coisas e eu poderia ir para casa e voltar somente no outro dia. Saí dali, assim como nas outras vezes, encarando Jimin até o perder de vista e pude vê-lo fazendo o mesmo.
Eu nunca havia tido tanta sorte na vida, isso era fato. Conseguir um estágio que nem mesmo estava esperando e ainda poder trabalhar do lado do meu tritão eram as melhores coisas que haviam acontecido na minha vidinha pacata.
Jimin. Eu poderia repetir esse nome incontáveis vezes e não me cansaria, combinava perfeitamente com a pessoa que tanto me cativava. Daquela vez eu não o deixaria escapar, com certeza não.
Eu o veria no dia seguinte, provavelmente, mas eu não conseguiria esperar. Então assim que me despedi de Seokjin, fiquei plantado do lado de fora do aquário, ao lado da porta de saída dos funcionários, esperando o meu primeiro, segundo e terceiro amor.
Demorou menos de uma hora e lá estava ele, já vestido e com os cabelos não mais molhados. Lindo. Era a palavra perfeita para o homem em minha frente. Jimin pareceu não se surpreender quando me viu ali, esperando por ele. Ele veio diretamente até a mim, abrindo um sorriso encantador assim que estava perto, bem perto.
— Eu poderia perguntar se você está me seguindo, mas... algo me diz que não é esse o caso. – ele disse, com uma expressão divertida.
Não pude deixar de sorrir com o que me foi dito.
— Eu confesso que vim até aqui hoje, somente para te ver. – fui sincero, pois os olhos que me fitavam tão docemente não me deixariam mentir.
Percebi Jimin mudar sua expressão para uma mais tímida e suas bochechas ficaram adoravelmente rubras.
— Mas, aparentemente, eu sou um cara sortudo que conseguiu um estágio de brinde. – continuei.
— De brinde? E qual seria o prêmio então? – perguntou-me audacioso e eu gostei daquilo.
— Você, é claro. – respondi, gostando ainda mais de o ver se envergonhar com minhas palavras.
— Estava me procurando, então? – ele chegou mais perto, apesar de tímido pude notar que, assim como eu, ele não podia evitar querer alguma aproximação.
— Sim, você não sai da minha cabeça. – no momento eu já me encontrava inebriado por poder sentir seu cheiro, que era maravilhosamente igual ao do mar, e não conseguia nem raciocinar o que estava dizendo.
— E você, incrivelmente, também não sai da minha. – Jimin disse, o que fez meu coração saltar dentro do peito.
Ficamos nos encarando por alguns minutos, como se não estivéssemos em uma calçada, onde passavam várias pessoas e como se não houvesse mais nada no mundo. Com certeza os olhos de Jimin eram um oceano profundo e mergulhar neles era extremamente irresistível.
Ouvimos uma buzina um pouco alta, de um carro que passava pela rua, e foi como se estivéssemos despertando de um transe. Logo me vi totalmente encabulado pelo que disse antes e percebi que Jimin também se sentia como se tivesse falado demais.
— Po-posso te acompanhar até em casa? – perguntei, não conseguindo evitar gaguejar como uma garotinha.
Aish, Jeon Jungkook! Que vergonha.
— Pode. – ele respondeu simplesmente, mas deu um sorriso que derreteria até o coração mais gelado, ou seja, o meu.
Fomos andando até o ponto de ônibus mais próximo, enquanto trocávamos poucas palavras. Quando já nos encontrávamos dentro do veículo, nos soltamos um pouco mais, descobrindo algumas coisas um do outro.
Jimin era Park Jimin, já fez curso de teatro, mas sua verdadeira paixão era a dança, que ele disse estar cursando na faculdade. Descobri que estávamos na mesma universidade, com a diferença dele estar localizado do outro lado do campus e que era dois anos mais velho do que eu, estando agora com vinte e um anos e eu com dezenove. Ele me contou que a primeira vez que me viu, de dentro do aquário, era o dia de seu aniversário e ele estava de folga, mas algo lhe dizia que seria bom trabalhar naquele dia. Eu ri tímido com aquele comentário, ouvindo também um risinho da parte dele que me fez soltar um suspiro apaixonado. Descobrimos que morávamos relativamente perto e descemos do ônibus juntos, onde fomos caminhamos até sua casa e depois eu seguiria a pé para a minha. Ele também ficou sabendo mais de mim e lhe contei da minha fascinação pelo mar e criaturas marinhas e ele disse que também tinha uma certa devoção para com a vida aquática, coisa que o fez trabalhar como tritão no aquário.
Quando paramos em frente à sua casa, reprimi um suspiro insatisfeito, pois não queria deixar de conversar tão cedo com Jimin. Ainda teria um longo caminho a fazer até minha casa, mas algo me dizia que o faria todos os dias a partir de hoje sem ao menos reclamar.
— Até amanhã, Jungkook-ah. – ele disse, arrumando a mochila que segurava em seu ombro.
O sorriso que me era direcionado era incrivelmente fofo, pois havia uma mistura de timidez e contentamento ali. As bochechas de Jimin estavam um pouco rubras e minha vontade era de enchê-las de beijinhos doces e gentis. Me segurei fortemente, afinal, não queria assustá-lo com minhas ações impensadas. Respirei fundo e me preparei para me despedir civilizadamente.
— Até amanhã, Jimin-ah. Eu, com certeza, me apaixonarei mais uma vez assim que colocar meus olhos em você.
Mas o que aconteceu foi que eu não consegui controlar minha língua e deixei o ser à minha frente completamente sem graça e surpreso com minha declaração. Eu também sentia meu rosto queimando de vergonha, mas assim como Jimin, um sorriso verdadeiro estampava meu rosto.
Afinal, o que eu podia fazer? Eu me apaixonei por Jimin todas as vezes que o vi e sabia que não seria diferente no futuro, me apaixonaria por aquele garoto-peixe de cabelos pretos em todas as vistas possíveis.
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