Capítulo 05
Lindsey
— Que bom que desceram, estava quase mandando alguém ir buscá-las — a avó de Levi falou assim que nos viu entrando na sala.
— Desculpe o atraso — falei me sentindo envergonhada.
— Não se desculpe por isso, minha querida. Os carros já estão prontos, agora que vocês chegaram, podemos ir.
Nos instantes seguintes, eu fui conduzida ao carro em que a nonna iria, junto com a pequena Giulia e Giovanna, esposa de Lorenzo. Fomos apresentadas e simpatizei de imediato com ela, assim como meu cunhado previu. Julianna preferiu ir no carro que seria guiado por Mateo, este também foi muito agradável, me cumprimentando de forma entusiasmada e afirmando que o primo era um homem de sorte, eu apenas sorria do seu jeito brincalhão.
Durante todo o trajeto, Geovanna veio conversando comigo e com a Giulia, que estava muito animada, falando de seu vestido de princesa. Observei que a avó de Levi estava muito calada, parecia pensativa, participando muito pouco da conversa, que só foi encerrada quando ela falou de forma gentil para o motorista.
— Pare ali, ao lado daquela placa, por favor, meu querido.
Não era a primeira vez que a via tratando seus funcionários de forma carinhosa, e isso só me deu mais certeza de que ela é uma pessoa com um coração muito generoso, nem parece que é da mesma família que a bruxa napolitana.
Estávamos numa parte de Florença, numa vila chamada Bardini, muito famosa por seus jardins e vista magnifica. Eu olhava tudo com curiosidade, com suas construções pitoresca e encantadora.
— Ai que emoção, um dia só de meninas — Giovanna falou batendo palmas. — E o mais importante, sem a presença da insuportável da Kiara.
Fiquei curiosa com seu jeito de falar, e embora esperasse que ela viesse para me importunar, não podia negar que a notícia me deixou aliviada. Contudo, podia muito bem imaginar onde ela podia estar.
Afastando esse pensamento, tratei de me concentrar no momento presente.
Aguardamos enquanto as outras mulheres se reuniam, éramos dez aproximadamente, e todas pareciam eufóricas, exceto por duas delas, que estavam de caras amarradas.
Pouco tempo depois, adentramos um atelier magnifico, que vim, a saber, em seguida, que também funcionava um Spa, para onde se olhasse, se podia ver o requinte e a beleza da decoração.
Uma jovem muito simpática se aproximou e depois de trocar algumas palavras com a nonna do Levi, fez um gesto e outras moças vieram ao nosso encontro.
Dali por diante foi um verdadeiro veste e tira de roupas, até encontrar a peça perfeita. O vestido da Giulinha era lindo e ela realmente parecia uma princesa. Uma das moças me guiou para uma sala particular, onde provei um vestido lindo, fiquei encantada com os detalhes do corpete todo bordado em pedrarias.
— Está magnífica, minha querida — a avó de Levi falou com os olhos brilhando.
— Obrigada senhora Martinelli, mas, eu não acho que seja necessário um vestido tão bonito, será uma cerimônia simples.
— Bobagem. Ele ficou perfeito em você, como imaginei e nada de senhora, pode me chamar de nonna, assim como meu neto — ela falou e em seguida consultou o pequeno relógio dourado em seu pulso. — Em dez minutos temos horário marcado no salão aqui ao lado, vou deixar que se troque.
Ela sai e eu fico observando meu reflexo no espelho, parecia que nem era eu dentro do vestido que com certeza foi feito para um casamento onde a base fosse o amor e o companheirismo. Abaixo o olhar para meu ventre e levo minhas mãos até ali, fazendo uma leve carícia.
"Será que um dia terei isso com Levi?"
Sinto meu coração ficar apertado com esse pensamento. Ainda com a mão em meu ventre, sinto o pequeno volume e resoluta, afirmo para minha imagem que farei de tudo para dar o lar que não tive ao meu bebê, mesmo que o seu pai não me ame, teremos uma boa convivência, e sem duvida nenhuma, ele já ama este bebê.
Depois de Trocar de roupa, fui ao encontro da nonna e das outras.
— Preparadas para a tarde de beleza? — Giovanna e Julianna sorriram cúmplices.
— Tarde de beleza? — perguntei.
— Claro, depois das roupas, agora vamos cuidar dos cabelos, unhas, pele, depilação — Julianna é quem responde.
— Você vai adorar, as meninas daqui são as melhores — Giovanna completa.
— Vou deixar isso para vocês que são jovens, essa velha aqui não aguenta mais essas maratonas de beleza — a avó de Levi fala. — Vou levar Giulia comigo, vocês podem voltar com Mateo.
— Ahhh... Mas eu queria ficar com a princesa Lind — a pequena reclama.
— Por mim não tem problemas — respondo com um sorriso.
— Outro dia, hoje prometi a mãe dela que a levaria assim que acabasse a prova do vestido, elas tem um compromisso — percebi que Giulia não gostou, mas, muito educada, não replicou.
— Também vou com a senhora nonna — Giovanna diz e vira-se para mim. — Adoraria ficar, mas meu pequeno está enjoadinho e mesmo que esteja com o pai, fico preocupada. Ao menos o vestido eu já escolhi — ela se aproxima e me dá um abraço. — Aproveite por mim.
Ficamos apenas em quatro mulheres, pois, outras resolveram que também iriam embora e depois de nós despedirmos, fomos aproveitar a tarde de beleza.
Um tempo depois, com as unhas e cabelos feitos, era hora da limpeza de pele e depois a massagem relaxante, eu estava adorando tudo, nunca tinha me dado esses luxos, por não ser muito vaidosa, era algo que nunca foi prioridade, vou ao salão uma vez na vida e outra na morte.
As primas de Levi são muito comunicativas e assim como Julianna, não param de falar um minuto. Uma coisa que percebi, é que essas que ficaram conosco, não simpatizam muito com Kiara e muito menos com a tradição familiar, segundo elas, o que Levi está fazendo será um marco e quebrará muitos paradigmas.
Em dado momento, meu estômago faz um barulho alto, que acaba chamando a atenção de Julianna, que está próxima de mim.
— Lind, você precisa comer alguma coisa, não almoçou e tem um tempo que estamos aqui.
— Logo aí na frente tem uma doceria que serve um chocolate quente maravilhoso, conhecido como ouro preto, é totalmente artesanal e muito saboroso, além disso, eles têm outras delícias — Tonton, como as demais a chamam, fala. — Leve-a lá Ju, não deve ser bom ficar tanto tempo sem comer e ainda mais estando grávida.
— Eu não estou com fome — tento argumentar e para minha vergonha, outro ronco se faz ouvir.
— Não é o que meu sobrinho ou sobrinha está querendo falar — Julianna diz sorrindo, se abaixa próximo a minha barriga e fala — Não é bebê?
— Tudo bem, vamos — acabo concordando. — Vocês não vão? — pergunto as outras.
— Vamos esperar aqui.
Assim que saímos, encontramos Mateo, que resolve nos acompanhar. Atravessamos a rua e meus olhos percorrem tudo ao redor, com suas floreiras e sombreiros do lado de fora, a doceria é um colírio para os olhos e assim que adentrarmos o local, somos saudados por um cheiro maravilhoso, que fez meu estômago se manifestar mais uma vez, me fazendo olhar em volta, envergonhada, imaginando que alguém mais tenha ouvido, de tão alto.
Depois de acomodados, fazemos os pedidos, percebo que a garçonete encara descaradamente Mateo e Julianna fica de cara feia.
Quando a moça se afasta, ele começa a contar suas aventuras pelo mundo e minha cunhada ouve tudo fascinada. Está na cara que ela gosta dele, e é igualmente óbvio que ele não se deu conta desse fato.
"Homens são tão lentinhos às vezes" — penso.
Nossos pedidos chegam e enquanto comemos, fico observando os dois. De repente, uma voz atrás de mim fala.
— Mas que surpresa agradável.
Pietro aproxima-se e depois de nós cumprimentarmos, senta-se conosco à mesa. A conversa continua e quando dou por mim, estamos falando dos pontos turísticos da Itália.
— Aqui mesmo tem um jardim muito lindo, com uma bela fonte, não é igual a Fontana di Trevi, na verdade é bem menor, mas atrai muitos turistas e as pessoas costumam ir lá fazer pedidos, dizem que sempre são atendidos.
— Eu adoraria conhecer — falo entusiasmada.
— Posso acompanhá-la. Não é longe.
— Vamos todos, então... — Mateo fala e Julianna abaixa o olhar. Percebo que ficou triste por não ficar a sós com o primo.
— Não é necessário, terminem o lanche de vocês e depois podem nos encontrar lá — digo. Ela abre um sorriso brilhante para mim.
— Tem certeza? — Mateo pergunta e olha para Pietro.
— Claro, está tudo bem — respondo.
— Não é como se eu fosse raptá-la, pode deixar que vou cuidar dela — Pietro fala e nesse momento percebo minha cunhada ficar indecisa. Antes que mude de ideia e perca a chance de ficar a sós com Mateo, levanto e me despeço deles.
Enquanto caminhamos, Pietro puxa assunto.
— Então Lindsey, soube que foi casada — olho para ele tentando avaliar se era apenas um comentário ou uma crítica. Ele sorri e completa. — Não precisa falar se não quiser.
— Não, tudo bem. Sim, fui casada por três anos.
— E como se conheceram?
— Estudávamos na mesma universidade e mesmo fazendo cursos e períodos diferentes, sempre nos encontrávamos pelos corredores ou na biblioteca. Um dia, ele me convidou para sair e quando dei por mim, Éramos namorados. Seis meses depois nos casamos.
— Que rápido. Suas famílias aceitaram com facilidade esse relacionamento relâmpago?
— De minha parte, eram apenas eu, minha mãe e minha tia, nós estávamos apaixonados, seus pais também não se opuseram.
— Mas o amor acabou... — Pietro supôs.
— Na verdade não. Calebe era carismático e muito comunicativo, minha mãe e tia o adoravam, ele sempre foi muito carinhoso comigo, cheguei a pensar que o amava.
— E não amava?
— Acho que eu estava acostumada com nossa convivência, hoje eu sei que amar é muito diferente.
— E descobriu isso porque ama meu primo? — pergunta parando de andar por um instante.
Olho em seus olhos e penso em como responder essa pergunta sem me expor tanto. Ainda mais por ser ele irmão de Kiara e também porque sei que Levi não me ama, mas não tinha outro jeito. Acabei sendo sincera.
— Sim, eu amo seu primo, mas não acho que sinta o mesmo por mim.
— Já tentou perguntar, falar o que sente? Pode ter uma surpresa.
— Uma surpresa bem desagradável, imagino.
— Se pensa assim, então por que vai se casar?
— Por enquanto o amor que sinto vale por nós dois, quem sabe com o tempo, ele não me ame também.
— Está jogando alto, mas entendo você. Sei bem o que é amar sem poder expressar esse amor.
Nós tínhamos recomeçando a andar, mas ante suas palavras, me detive e encarei seu rosto.
— Tem um amor não correspondido? — perguntei curiosa. Lá vem o modo cupido ser ativado.
"Minha nossa senhora dos cupidos intrometidos, segura ele aí." — pensei.
— Na verdade é um amor proibido.
— Ah, já sei. Ela não faz parte da família Martinelli. Acertei?
Ele sorri, recomeça a andar em silêncio, por fim fala.
— Chegamos à fonte — coloca uma mão no bolso e me estende em seguida. — Tome, faça um pedido.
— E você não vai fazer um pedido?
— O que desejo não é possível, então, não vale a pena. E respondendo a sua pergunta, não, ela não é da família.
Olho para a fonte e penso em tudo o que acabamos de conversar e em vez de fazer um pedido por mim, faço por ele, para que possa viver esse amor.
Depois de jogar a moeda, volto-me em sua direção com um sorriso, que ele corresponde.
— Sabe de uma coisa, acho que você poderia fazer como seu primo, enfrentar sua família e assumir esse amor.
— Não é tão fácil quanto parece, existem muitos fatores e impedimentos.
— Se realmente quer algo, tem que ir atrás, ainda mais se tratando de algo tão importante.
Ele se aproxima de mim e toca meu rosto.
— Você é uma mulher especial Lindsey e, se o meu primo ainda não a ama, logo vai amá-la.
— Espero que esteja certo — respondo baixando a cabeça.
— Tenho certeza que estou, e espero que lá na frente vocês possam me entender e desculpar qualquer coisa — fala levantando meu rosto pelo queixo.
— Por que está dizendo isso?
Ele se aproxima um pouco mais e fico desconfortável.
— Está sujo de chocolate aqui — muda de assunto.
— Sujo, onde?
Ele aproxima seu rosto do meu como quem vai limpar e sem que eu espere, tasca um beijo na minha boca. Surpresa, o empurro com toda força que consigo reunir e por seu atrevimento, largo a mão em um tapa estalado em seu rosto, que logo assume um tom avermelhado e o formato dos meus dedos se destacam.
Chocada por tudo, olho em volta, as pessoas estão nos olhando sem reação, saio dali o mais rápido que posso, quase tropeçando em minhas pernas devido ao salto em atrito com a rua de paralelepípedo.
Encontro Julianna e Mateo no caminho e digo.
— Gostaria de ir embora, por favor...
— Lind, o que houve, aconteceu alguma coisa? Onde está Pietro?
— Eu só quero ir embora, se não puder ir agora, eu pego um táxi.
— Não, tudo bem, vamos, só preciso passar no salão e avisar as outras.
— Tudo bem — digo, sentindo uma dor de cabeça se aproximando.
Não quero nem imaginar se Levi vir a descobrir o que o primo fez e pior, achar que eu provoquei.
"Como você é idiota Lindsey. Como foi deixar isso acontecer?" — repreendo-me em pensamento.
Será que existe alguma santa protetora para pessoas idiotas? Por que se tiver, eu vou precisar...
Levi
Depois de ter tido uma manhã no mínimo inusitada com Lindsey pelos arredores da quinta, eu estou no escritório analisando alguns documentos enquanto ela não chega.
Um sorriso se instala em meus lábios em lembra tudo o que fizemos esta manhã.
Depois do banho, quando voltei para o quarto, observei seus olhos verdes, brilhando através do espelho. Passei a língua pelos meus lábios ressecos, admirando seu belo corpo sob o tecido fino da camisola que vestia.
Ela captou meu olhar e me devolveu com uma expressão safada e eu senti meu corpo reagindo. Virei um maldito viciado por aquela mulher e totalmente dependente do seu toque.
Com passos lentos, fui até onde ela estava, retirei a escova de suas mãos e terminei a tarefa de escovar seus cabelos, por fim, toquei sua cintura de leve, sua mão atrevida percorreu minha pele até chegar ao meu pau, duro.
Roçou a palma da mão sobre meu membro, com movimentos de vai e vem, descendo até a base e subindo por cima do tecido da toalha, os músculos rijos das minhas coxas grossas se contraíram com seu toque. Remexi-me e emiti um gemido, encorajando-a, sem palavras, a continuar com a carícia. Em seguida falei.
— Você me quer! — não foi uma pergunta, apenas uma constatação devido aos sinais do seu corpo. Seu fôlego equiparava-se ao meu e sempre que um queria, o outro estava disposto a corresponder. Conforme prometido na vinha, vivenciamos momentos de puro prazer em nossa cama.
Volto minha atenção aos papeis em minhas mãos.
Depois que papai resolveu se aposentar, ele largou tudo nas mãos dos empregados e de Pietro, meu primo, que não administra da mesma forma que era antes e com isso minha nonna esboçou preocupação.
Apesar de ter percebido durante o pouco tempo que cheguei o quanto senti falta daqui, não tenho a intenção de voltar. Há muito tempo me estabeleci no Canadá e é lá que pretendo continuar.
O que não quer dizer que não possa dar uma força enquanto estiver aqui.
Um tempo depois, absorto, ouço uma batida na porta e minha nonna entra, levanto-me imediatamente e vou ao seu encontro, lhe dando um beijo na testa.
— Mia nonna, que bom que chegaram. Onde está Lindsey? — pergunto por minha noiva.
— Apenas eu, Giovanna, aquelas duas velhas chatas que tenho como irmãs, e Giulia, voltamos, Lindsey ficou com Julianna, Antonella e Fiorella, Mateo irá trazê-las. Essa velha aqui não aguenta mais essas atividades que demandam tanto tempo e energia.
— Mateo já chegou? Aquele farabutto não veio me ver. Quem mais estava lá? — pergunto em seguida.
— Não se preocupe mio bambino, que Pietro não foi, se é isto que lhe preocupa.
— Nem pensei nisso — desconverso.
— Figlio, o assunto que me trouxe aqui é outro. É sobre a Kiara.
— Ela está bem? Aconteceu alguma coisa?
— Não aconteceu, mas poderia ter acontecido e você com seu jeito complacente de ser, não enxerga certas coisas, que nós os mais velhos percebemos com mais facilidade.
— Nonna, pode ser mais clara... — peço.
Alguém bate a porta e minha nonna interrompe o que ia falar. Nacy entra e diz...
— Signora Pia, precisamos da sua presença para resolver algumas coisas na cozinha.
— Sim minha querida, pode ir que logo chego lá — Nacy sai e ela volta-se para mim. — Sabe, mio bambino, essa conversa é longa, e não podemos tê-la agora, também não vou entrar em detalhes, mas fique de olhos bem abertos com a Kiara e a mantenha longe de sua noiva.
Eu não sei o que falar, primeiro Lorenzo, agora a nonna. Antes que eu diga alguma coisa, ela fecha a porta atrás de si.
Fecho os olhos, sentindo as têmporas latejarem e como não tem outro jeito, volto a examinar os documentos que estão sobre a mesa, pensando no que minha nonna falou, lembro-me de quando ela esteve aqui mais cedo, entrando sem ser anunciada.
"— Primo, interrompo você?" — colocou sua cabeça pela fresta da porta.
"— Precisa de alguma coisa?" — perguntei. — "Pensei que estivesse na villa com as outras."
"— Não pude ir, infelizmente. E não preciso de nada, na verdade vim saber se você precisa de algo" — ela se aproximou e me deu um abraço. "— Um lanche, uma companhia para conversar."
"— Na verdade vou dispensar os dois, estou com uns documentos para analisar..."
"— Ah, queria tanto um passeio com meu primo preferido, como nos velhos tempos."
"— Realmente desta vez vou ficar devendo."
"— É uma pena, você faz muita falta aqui, sabia?" — se aproximou por trás da cadeira onde eu estava e enlaçou meu pescoço. Antes não costuma me incomodar, agora me sinto desconfortável com seu avanço. Levanto, saindo do seu cerco, ela continua — "Nossos passeios eram maravilhosos e ainda tenho na memoria a promessa que fez no campo de borboletas."
Com a menção deste local em especial, lembro-me de quando ainda muito jovens, depois de correr em meio às vinhas, costumávamos ir para o lado sul do vinhedo, onde tem um campo coberto de flores, que atrai inúmeras borboletas em determinada época do ano, e passamos a chamá-lo assim.
"— Tudo o que foi dito ou falado naquela época, foi coisa de crianças tolas" — afirmei, sabendo a que ela se referia. — "E mesmo assim, hoje, assim como eu, você tem pensamentos diferentes."
"— É verdade! Mas, me lembro exatamente daquele dia, que ficou gravado em minha memória como se fosse uma fotografia."
"— Éramos jovens e tolos, agora se não se importa, preciso voltar ao trabalho, esses documentos precisam da minha atenção e não tenho muito tempo para isso."
"— Claro, não quero incomodar" — ficou na ponta dos pés e beijou meu rosto. — "Até mais tarde primo."
Fiquei olhando enquanto saia e assim que fechou a porta atrás de si, voltei àquela tarde que ela mencionou antes...
Tínhamos aproximadamente onze e oito anos, assim que chegamos ao campo de borboletas, nos jogamos de costas no gramado, sorrindo depois de ter fugido do tio Pepe que queria nos dar um corretivo por ter aprontado com os funcionários na adega e acabamos sendo descobertos.
"— Levi, eu ouvi a tia Fran falando que a tradição vai ser mantida e que tanto você quanto o primo Lorenzo irão honrar, o que é isso honrar?" — perguntou.
"— Eu também já ouvi falar sobre isso e não gostei nada."
"— Por quê? Não entendo."
"— Pelo que entendi, os primos se casam quando crescem."
"— Casar? Como meus pais e os seus?"
"— Isso mesmo. Eu não vou casar com uma prima de jeito nenhum..." — falei resoluto em tenra idade.
"— Nem se for comigo? Prometo ser boazinha."
"— Nem mesmo com você" — afirmei. Ela baixou a cabeça triste e imaginei que fosse chorar, então emendei. — "Mas posso reconsiderar, já que é minha prima preferida."
"— Promete?"
"— Prometo!"
Deixo as lembranças de lado, voltando a me concentrar na tarefa a minha frente.
Estou entretido quando minha mãe invade o local, seguida pela secretária. Depois de Kiara entrar para falar de besteiras, retardando meu trabalho, eu tinha deixado expresso que não queria ser incomodado por absolutamente ninguém, apenas minha noiva ou avó poderiam entrar.
— Senhor, eu tentei impedir que a Sra. Martinelli entrasse sem...
— Você não pode me impedir de nada, sou tão dona de tudo isso quanto qualquer um. Agora saia.
— O que está acontecendo aqui? — pergunto, me colocando de pé. — Pode sair Srta. Dione, eu resolvo daqui.
Espero que feche a porta e viro na direção de minha mãe.
— Eu ate tentei por você meu filho — ela começa. — Estava disposta a relevar e aceitar sua decisão. E veja no que deu...
— Eu não estou entendo nada, pode explicar? — peço.
— Eu sabia que essa mulher que você trouxe em nossa casa e que insiste em chamar de noiva não valia nada.
— Do que está falando? — começo a perder a paciência pela forma que ela fala.
— Veja com seus próprios olhos.
Ela joga umas fotos em cima da mesa, pego de má vontade, vou passando uma por uma e eu não acredito no que os meus olhos veem.
Lindsey aparece sorrindo para Pietro na maioria delas, aparentemente em um passeio, mas é quando a vejo tocando seu braço e depois ele faz o mesmo em seu rosto, que fico chocado.
Minha mãe continua me olhando, esperando que eu diga alguma coisa. E eu continuo passando as fotos, até que na última, eles estão se beijando.
— Não dirá nada? — interroga-me.
— Saia! — digo.
— Sinto que saiba dessa forma, mas como mãe, eu tenho que cuidar e...
— Saia do meu escritório— repito.
— Levi... — fala assustada.
— Fora!! — grito. — Fora daqui, leve essa nojeira com você — jogo as fotos em cima dela.
— Como mãe, fiz o que tinha que fazer. Agora é com você. Espero que faça a coisa certa e a expulse daqui como a vagabunda que ela é.
Ela sai e eu fico olhando para o nada, caminho até a janela que está aberta e contemplo a imensidão de vinhas lá fora.
Não! Não! Não!
Volto para a mesa e vejo as fotos espalhadas no chão. Abaixo, pegando uma e num acesso de fúria começo a quebrar tudo dentro da sala.
— Eu vou matar você.
Francesca
Foi mais fácil do que imaginava, agora é sentar e aguardar o circo pegar fogo. Assim que passo pela secretária inútil que Joseph mantém aqui como um cão de guarda, vou em direção a sala, ando de um lado para o outro apertando uma mão na outra, fico esperando que Levi saia para fazer o que tem que ser feito e nada, os minutos se passam, de repente a vejo entrar acompanhada da minha filha e obvio que vou aproveitar e dizer umas boas verdades a essa fulana pela afronta de hoje de manhã.
Vou em sua direção e a puxo pelo braço.
— Mamma... — Julianna fala.
— Você fique calada — aponto um dedo para ela. Volto-me para a fulana a minha frente. — Não é bem-vinda nesta casa, desde o início eu sabia o tipo de mulherzinha que você é. Meu filho, com toda decência, assumindo um filho que até duvido que seja dele e você agindo por suas costas.
— Do que está falando?
— Não se faça de sonsa, sua imbecil. Levi já sabe de tudo, das suas sem-vergonhices na Villa Bardini, sugiro que arrume suas coisas e desapareça daqui. Ele não quer mais lhe ver.
Ela começa a chorar e sobe a escada, desarvorada. Julianna vai atrás. Pouco tempo depois, ela desce carregando uma mala e passa por mim como um furação, ainda com Julianna em seu encalço, tentando fazê-la mudar de ideia.
— Lind, espere. Converse com meu irmão primeiro.
— Não adianta, você não viu? Eu preciso ir.
Ela sai puxando a mala e Julianna tenta ir com ela, seguro seu braço, que se solta com um puxão e sai atrás da outra. Poucos minutos depois, ela entra gritando pelo irmão.
— Ele não está — respondo. Nunca que vou dizer que ele está no escritório da casa.
Ela continua com seus gritos pela casa e eu vou para o meu quarto tomar um banho de banheira bem relaxante.
"Adeus minha querida, até nunca mais" — penso.
Continua...
Postei e saí correndo...
Façam suas apostas, me contem as teorias de vocês. O que acham que vai acontecer?
Beijos e até o próximo capítulo 😘😘
Mas, antes de ir... Quero indicar uma leitura par a quem gosta do estilo dark trevoso. Super indico😎
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top