5. O Diabo Veste Burberry

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Bem, no capítulo  anterior JM e Jungkook passaram um tempo junto e até foram ao karaokê. Vamos continuar com a interação deles.
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Às vezes, Jimin acordava e se perguntava se sua vida era uma grande piada, e se as pessoas no submundo estavam olhando para cima e rindo de cada passo desajeitado, de cada decisão desagradável, de cada momento embaraçoso.

Quando ele tinha cinco anos, ele foi deixado no centro de dança de seu bairro, sua mãe às pressas, disse para encontrar alguém que pudesse lhe mostrar o caminho. Em vez disso, Jimin entrou em uma aula de balé, o único menino em um grupo de vinte, e aprendeu a posição de um a três, como plié, como fazer uma reverência, e foi solicitado na próxima vez para não esquecer suas sapatilhas de balé. Jimin nunca os corrigiu e nunca encontrou a aula original para a qual seus pais o inscreveram.

Assim começou sua jornada na dança clássica, seguida pela contemporânea, seguida pelo hip hop quando ele era trainee até que tudo se fundiu para se tornar algo que não poderia ser bem definido.

A maneira como Jimin começou a dançar era como ele se sentia agora, acompanhando Jungkook. Havia algo tão natural nisso, quase fatalista, embora provavelmente também fatal. Tropeçar em uma sala cheia de garotas de tutus deveria ter avisado Jimin de que ele estava no lugar errado mesmo aos cinco anos de idade, mas em vez disso ele se sentiu como se pertencesse.

Ser informado de que sua alma seria devorada um dia também deveria tê-lo avisado de que algo não estava certo, mas, em vez disso, ele sentiu que esse era o alerta que ele estava esperando.

Então talvez a vida de Jimin fosse uma grande piada, porque tudo que ele fazia ia contra a norma, e não havia como alguém não estar rindo.

Como agora, por exemplo, enquanto cochila em lalaland, seu telefone zumbi incessantemente na mesa de cabeceira. Ele se contorce na cama por um momento, meio acordado, antes que o sono o leve mais uma vez e ele sonhe com olhos vermelhos e tatuagens mágicas e, é aquele pijama xadrez burberry, emoldurando um homem de cabelos loiros parado no canto do quarto?

Jimin acorda imediatamente, sentando na cama enquanto esfrega os olhos, piscando rapidamente para se ajustar à luz que entra no quarto. Não. Não há outro homem em seu quarto. Ele deve ter sonhado.

Mas então seu telefone toca novamente e Jimin geme alto. Ele não é uma pessoa matinal, mas Jungkook parece determinado a torná-lo um.

Ele checa o relógio. 10 horas da manhã! Que porra.

Jimin atende, dizendo asperamente ao telefone:

— O quê?

Jungkook soando particularmente alegre esta manhã faz Jimin ranger os dentes.

— É hora de você se levantar. Você vai encontrar alguém hoje.

— E desde quando você decide minha agenda? — Jimin pergunta, afundando de volta em sua cama. Ele puxa as cobertas até o queixo, determinado a ficar na cama o máximo que puder.

— Desde que você assinou um contrato comigo.

— O contrato não dizia...

— T&Cs.

Jimin cala a boca imediatamente. Deus. Deus deve estar rindo dele agora.

— É uma hora terrível. — Diz Jimin, e se pergunta por um momento se poderia rir e chorar ao mesmo tempo.

— Só consegui marcar às 11h30. Donghae estará ai para te pegar em breve.

— Jungkook...

A linha fica muda e Jimin olha para o telefone, a descrença saindo de cada poro. Um momento depois, o telefone está quicando no tapete e Jimin se debatendo na cama por alguns segundos enquanto faz uma birra que ninguém pode ver.

Ele ficou acordado até as 4 da manhã jogando em seu telefone. Talvez ele só possa culpar a si mesmo, mas os jogos o acalmam. Ou melhor, eles o distraem. Faz alguns dias desde que foi ao karaokê com Jungkook, e ele ficou sentado inquieto em seu quarto de hotel esperando pelo próximo encontro, Hayoon vindo vê-lo algumas vezes ao dia, sua única fonte de companhia.

Mas até ela está ocupada. Uma vez Jimin bateu na porta dela, querendo sair um pouco, mas não querendo ir sozinho, e ela havia saído, explorando ou visitando seus amigos. Ele se perguntou por que pagava para ela estar por perto quando ela desaparecia com tanta frequência. Mas então, ela nem deveria estar em Seul, e ela ficou ao lado dele por três anos quando não precisava, então Jimin engoliu qualquer advertência que pudesse ter tido.

Ele sente falta de sua casa. Ele sente falta do sofá. Ele sente falta do Xbox.

Com um último suspiro de frustração, Jimin joga as cobertas de lado. Ele está muito reprimido para voltar a dormir agora de qualquer maneira, e ondas familiares de ansiedade passam por ele quando ele percebe o que Jungkook havia dito ao telefone, ele estará encontrando alguém.

Ele deveria se arrumar um pouco? Jimin vasculha sua mala até que a maioria de suas roupas esteja em um círculo ao seu redor no chão, e então ele se senta sobre os calcanhares, tentando analisá-las. Ele decide por uma camiseta simples enfiada em jeans, além de um blazer, terminando a roupa com o chapéu de balde que Jungkook havia emprestado a ele, e ele manteve.

No momento em que Jimin está chegando ao apartamento de Jungkook com Donghae, seus nervos aumentam dez vezes. Ele manda uma mensagem para Jungkook perguntando com quem estará se encontrando, mas o diabo não se preocupa em deixar uma resposta. Que merda de serviço demoníaco isso é, Jimin pensa amargamente.

Donghae o leva para cima, mas quando Jungkook não responde, o velho destranca a porta para deixá-lo entrar. Jimin entra em meio a uma discussão, congelando, mal registrando quando a porta se fecha atrás dele.

Lá está Jungkook, vestindo um hanbok moderno mais uma vez, desta vez preto em vez de cinza. E sentado em frente a ele, está um estranho com cabelos loiros, vestindo o mesmo pijama xadrez que Jimin jurou ter visto em um sonho. Ele sente seu sangue gelar de pavor súbito, como se qualquer sonho que for ter seja algum tipo de premonição, alertando-o sobre essa pessoa, dizendo-lhe para ficar longe.

— Você precisa pensar em si mesmo também, Jungkook. — O estranho está dizendo.

— Está bem. Estou bem. Eu tenho... — A cabeça de Jungkook de repente se vira para olhar para a porta da frente, notando Jimin parado ali sem jeito. O diabo fica de pé em um instante, avançando como se fosse puxar Jimin para um abraço e então... recuando.

— Hum… — Jungkook se vira quando o estranho se levanta, e por Deus todo-poderoso ele é deslumbrante. Ele tem uma leve carranca, sobrancelhas afiadas puxadas para baixo, olhos penetrantes fixos em Jimin, nunca deixando seu rosto enquanto  se aproxima para ficar ao lado de Jungkook.

— Você não vai me apresentar? — Ele pergunta, a voz baixa e sensual. Jimin sente algo mexendo em seu estômago, ele não tem certeza do quê.

— Este é Park Jimin. — Jungkook diz, hesitante. — E, hum, Jimin, este é Kim Taehyung.

— O Park Jimin? — Taehyung pergunta, tirando o chapéu de Jimin para que possa ver seu rosto. Jimin recua, mas de repente o estranho homem bonito está agarrando seus ombros, segurando-o no lugar. Aqueles olhos parecem perscrutar sua alma, e enquanto Jimin olha, ele sente algo... se abrir. É como abrir uma porta e deixar algo, alguém, entrar. Uma intrusão. Algo estranho fazendo cócegas no canto de sua mente.

Os olhos de Taehyung começam a brilhar em vermelho.

— Não. — Jungkook diz, empurrando Taehyung para o lado. Ele fica protetoramente na frente de Jimin. — Ele não é seu cliente, ele é meu. Deixe-o em paz.

— Eu só queria ver o que você está fazendo por ele. — O tom de Taehyung é defensivo, brincalhão até, e ele ergue as mãos, dando a Jimin um olhar por cima do ombro de Jungkook que diz o que você pode fazer?

Fica bem claro depois disso que Taehyung também é um demônio.

— Então, Jimin, você está aqui para que Jungkook possa cumprir seu acordo? O que você pediu afinal? Você é aquele cantor que desapareceu há alguns anos, certo?

Taehyung anda enquanto fala, se jogando no sofá de couro de Jungkook como se ele morasse ali. Jimin senta-se um pouco precariamente, olhando para o chapéu que ainda está na mão de Taehyung ficando amassado.

Jimin está meio apegado a esse chapéu de balde. Ele odiaria se algo acontecesse com ele.

— Olá? Terra para Jimin? — Taehyung dá uma risada, então se corrigi. — Diabo para Jimin?

Jimin pisca.

— Hum, sim, eu sou aquele cantor. Mas eu não desapareci. Eu só... fui embora.

— Então, onde você foi? — Taehyung pergunta, os olhos brilhando de interesse. — Eu li um artigo sobre pessoas especulando onde você estava. Algumas pessoas pensaram que você estava escondido em algum remoto vilarejo europeu. Acho que você estava bem aqui em Seul, debaixo de todos os nossos narizes.

— Sim, não, eu estava em Hadong. Eu tenho uma casa lá.

— Ah, Hadong. Flores de cerejeira, chá verde, certo?

— Tipo isso. Eu não saía muito.

— Escondido. — Diz Taehyung, os olhos olhando para Jimin de cima a baixo com tanta intensidade que Jimin sente como se estivesse sendo despido, o que é estúpido, mas é assim que parece. — Você não queria ver ninguém. Você estava... fugindo? Eu vejo. Você quer meu Jungkookie aqui para ajudá-lo a ser um ídolo novamente.

Exatamente. Mas Jimin está mais focado em outra coisa que Taehyung disse.

— Seu Jungkookie?

Jungkook aparece então, segurando uma tigela do que parece ser um bibimbap em sua mão. Ele coloca isso na mesa de café na frente de Jimin sem dizer uma palavra, e Jimin come, o estômago roncando ao perceber o quão faminto está.

— Eu não sou seu Jungkookie. — Jungkook diz a Taehyung. Ele se senta ao lado de Jimin, deixando algum espaço para Jesus, é claro, embora Jimin prefira que Jesus saia do caminho.
(É pecado rir?)

Taehyung ignora Jungkook, observando Jimin. Isso deixa Jimin hiperconsciente do jeito que ele está comendo. No começo, ele comia sua comida com avidez, mas agora ele desacelera, os pauzinhos se cruzando desordenadamente, a comida caindo de volta na tigela. Ele está com medo de que o diabo possa tentar olhar para seus desejos novamente.

Em algum momento, Jimin olha para o relógio e vê que são apenas 11h23, e de repente ele se pergunta se Taehyung é aquele que Jungkook pretende que ele encontre. Com a maneira que os dois demônios se encaram de vez em quando, parece altamente improvável. Bem. Ele descobrirá em breve.

A campainha tocando sete minutos depois responde à pergunta de Jimin.

— Tae, você deveria ir. Temos uma reunião importante. — Diz Jungkook, levantando-se para abrir a porta.

— Eu quero assistir.

— Vai ser desconfortável com você aqui. Por favor, Tae.

Taehyung cruza os braços e afunda no sofá, as pernas plantadas firmemente no chão.

— Me faça.

Jungkook solta um suspiro frustrado.

— Tudo bem. Você pode ficar. Mas não quero ouvir uma única palavra da sua boca.

Jimin vê Taehyung revirar os olhos quando Jungkook se vira, e Jimin sabe com certeza que esta reunião não irá acontecer da maneira que Jungkook havia planejado.

— Bom dia!

— Bom dia. Você é Kim Namjoon? Obrigado por vir até aqui.

— O prazer é meu.

— É por aqui. Você quer uma bebida? Café? Chá? Água?

— Somente água. Obrigado.

As vozes se aproximam, e Jimin se vira em seu assento e ver um homem alto usando óculos e um terno, seu cabelo castanho avermelhado com gel para trás. Ele parece arrumando, um contraste gritante com Taehyung todo xadrez e ainda sentado como uma criança fazendo birra.

— Este é Park Jimin. — Jungkook diz, apontando em sua direção. — E esse é... Bem, você não precisa saber quem é.

— Kim Taehyung. — Taehyung oferece de qualquer maneira. Jungkook balança a cabeça e vai para a cozinha enquanto Namjoon se senta, deixando sua maleta de lado.

— Bom dia para vocês dois. — Namjoon fala, curvando-se. Ele estende a mão para Jimin, que a aperta. — Eu sou Kim Namjoon. Estou aqui para discutir quaisquer questões legais que você possa enfrentar enquanto se prepara para voltar como um ídolo.

— Ah, então você é advogado. — Jimin diz.

— Isso mesmo. Na verdade, eu trabalho internamente para a JinHit Entertainment. Faço parte da equipe de gerenciamento de crises, então frequentemente lido com escândalos como o seu. Jungkook solicitou pessoalmente que eu investigasse esse assunto. Primeiro, gostaria de falar sobre alguns detalhes sobre seu relacionamento com Choi Byungho, se você não se importar.

Jimin geme interiormente, não querendo nada disso, mas se isso realmente irá ajudá-lo... se Jungkook acha que irá ajudá-lo... então por que não? Quando ele abre a boca para falar, porém, Jungkook volta, um copo de água em uma mão e uma xícara de café na outra. Ele coloca o primeiro na frente de Namjoon, então entrega a última para Jimin.

— Mm, obrigado. — Jimin diz, o cheiro de café imediatamente fazendo com que ele se sinta seguro. Quase não há espaço para Jesus quando Jungkook se senta desta vez.

— Quanto a mim? — Taehyung pergunta.

— Você está aqui sem ser convidado. Pegue uma bebida você mesmo. — Diz Jungkook.

— Rude.

Namjoon limpa a garganta, olhando entre os dois demônios antes de ignorá-los e focar em Jimin.

— Então, detalhes. Qual é a verdadeira história entre você e Choi Byungho?

— Estávamos juntos. — Diz Jimin. Quão detalhados seus detalhes tinham que ser? — Hum, ninguém mais sabia sobre nós. Depois que o vídeo vazou, ele me jogou embaixo do ônibus. Acho que ele não queria que ninguém pensasse que ele era gay, então…

— Ninguém sabia? — Namjoon pergunta, suas sobrancelhas levantadas em surpresa. — Amigos? Família?

— Não.

— E quantas vezes vocês estiveram juntos?

Jimin olha fixamente para Namjoon.

— Com que frequência…

— Sexo. Ele quer dizer sexo. — Diz Taehyung.

Jimin sente suas bochechas ficarem quentes, e ele pode jurar que Jungkook enrijece ao lado dele.

— Ah. — Jimin diz. — Não sei se estou confortável...

— Eu quis dizer quantas vezes vocês se viram. — Namjoon esclarece. — Imagino que vocês dois estavam muito ocupados naquela época.

— Certo. — Jimin olha para Taehyung, que parece um pouco presunçoso por sua interjeição, apesar de estar errado. — Eu acho que uma vez a cada duas semanas? Às vezes tínhamos sorte e nossos horários nos colocavam no mesmo lugar na mesma hora, então a gente tentava se encontrar depois para... conversar.

— E foder. — Diz Taehyung.

Jungkook está olhando para Jimin interrogativamente, mas Jimin não consegue desviar o olhar do desafio nos olhos de Taehyung. Foda-se, mas ele não irá desistir de um desafio.

— Sim. E às vezes nós fodíamos.

— Você já se forçou com ele? — Namjoon pergunta.

A pergunta tira Jimin da carranca no rosto de Jungkook.

— Desculpa, o que?

— Eu quero saber. Você nunca negou. Eu sei que não deveria ser assim, mas seu silêncio foi praticamente sua corroboração para a história.

— Isso é meio injusto. — Jimin diz.

— Eu ainda não ouvi uma negação.

— Claro que não. — Jimin responde ressentido. Seu peito está apertado, a acusação queimando um buraco através dele. — Eu nunca faria isso. Cada ato sexual que trocamos foi consensual. Eu ouvi de seus próprios lábios, ok? — Jimin deixa cair a cabeça nas mãos. — Por que estamos falando sobre isso? Como isso vai me ajudar?

A mão de Jungkook subindo para esfregar seu ombro ajuda. Um pouco.

— Estou tentando ver se há algo que possa virar a história de Byungho de cabeça para baixo. Eu sei que é difícil, Jimin, mas tenha paciência comigo, ok? Agora, de onde veio o vídeo? Alguém deve ter pegado e vazado, certo?

— Eu... eu não sei. — Jimin responde, levantando a cabeça. A mão de Jungkook não deixa seu ombro. — Todo mundo se importou mais com o conteúdo do que com sua origem.

— Sua empresa não tentou descobrir?

— Não, eles só queriam que o problema desaparecesse. — Se Jimin parece amargo, é porque ele está. Foda-se eles. Jimin sofreu por eles e trouxe-lhes vendas e reconhecimento e eles o jogaram de lado como se ele não fosse nada.

— Interessante. — Namjoon diz, parecendo refletir sobre isso por alguns segundos, franzindo os lábios. — Você assistiu ao vídeo, Jimin-ssi?

— Claro que sim.

— Trabalho de câmera estável. E Byungho se afastando de você no final meio que tornou sua história ainda mais crível.

Jimin mal consegue se lembrar. Byungho às vezes era tímido quando eles se beijavam, era apenas uma coisa que ele fazia, para ser fofo.

— Você não notou ninguém fora do seu estúdio?

— Não. — Jimin diz, sem saber onde isso está indo.

— Talvez não houvesse ninguém lá. — Diz Namjoon.

— O que você está dizendo?

— Eu posso estar olhando muito para isso, mas… e se a câmera foi instalada lá de propósito? E se fosse para pegar vocês se beijando?

Os pensamentos de Jimin param. Ele não sabe mais o que pensar.

— Então... o quê, alguém queria nos sabotar?

— Ou alguém queria sabotar você.

Mas quem iria... Choi Byungho. É isso que Namjoon está dizendo? Que Byungho montou a câmera, se afastou de Jimin propositalmente, vazou o vídeo e depois culpou tudo nele? O coração de Jimin afunda com o pensamento. Não pode ser verdade.

— Ele não faria isso. — Jimin diz, as mãos cerradas em punhos. — Ele estava apenas se protegendo. Ele…

— O fato é que há muitas coisas que não sabemos. — Namjoon diz calmamente. — Muitas lacunas ainda temos que preencher. Não vamos nos empolgar muito, ok? Temos muito tempo para descobrir isso.

Jimin assente e tenta engolir o súbito nó na garganta. Ele não consegue envolver sua mente em torno disso. Todo esse tempo ele pensou que foi apenas má sorte, um pequeno infortúnio. Mas Byungho foi realmente tão cruel? E se tudo o que ele fez foi intencional, então... por quê?

— Como você resolveu as coisas com Byungho naquela época? — Namjoon pergunta. — Eu estou supondo que você resolveu tudo internamente?

— Hum... — Jimin pisca algumas vezes. — Sim. Eu seria demitido, então Byungho disse que não prestaria queixa porque não queria arruinar minha vida apenas por causa de alguns pequenos erros.

— E você não pensou em lutar contra as acusações?

Jimin não consegue responder. Sua voz para de funcionar. Felizmente, Jungkook responde:

— Foi um momento emocional para ele. Acho que ele não sabia o que fazer, e sua empresa e o público já agiam como se ele tivesse feito isso.

— Claro, eu entendo. — Diz Namjoon. Jimin lê o olhar do advogado como pena.

— Eu me arrependo. — Jimin consegue dizer, sua voz baixa.

— Você não terá que se arrepender por muito tempo. Encontraremos o que precisamos para lutar contra tudo o que ele disse.

— Por que você simplesmente não o pega em flagrante? — Taehyung pergunta. Três pares de olhos se voltam para o diabo vestido de Burberry. Taehyung senta-se, juntando as mãos, os cotovelos apoiados nos joelhos enquanto se inclina para a frente. — O que quero dizer é que, se Byungho souber que Jimin está tentando voltar, podem apostar que ele tentará algo para mantê-lo quieto.

— Não. — Jungkook diz. — Não sabemos o que ele fará, e isso é um assunto totalmente separado. Não vai ajudar a limpar o nome de Jimin.

— Você não sabe disso. Não subestime o poder de uma boa história.

— Não é uma boa história se a inventarmos.

— Mas, aparentemente, o público gostou tanto da história inventada por Byungho que nem se importaram se o lado de Jimin era completamente diferente. — Diz Taehyung.

Eles não se importaram porque não sabiam. Jimin sente como se tivesse realmente fodido tudo.

— Não posso simplesmente contar ao público o meu lado da história? Fazer uma entrevista ou algo assim? — Ele pergunta.

— Você pode, mas eles não vão acreditar em você, querido. — Taehyung diz. As palavras são como um soco no estômago, mas uma parte de Jimin sabe que é verdade. Se ele quer reconquistar a confiança do público, precisa de provas concretas, principalmente porque havia passado três anos sem uma única negação.

— Existem outras maneiras de abordarmos isso. — Namjoon diz, navegando habilmente para longe da sugestão de Taehyung. — Você pode apresentar uma queixa contra Choi Byungho por calúnia, mas terá que pensar nas consequências disso para sua imagem, especialmente quando você não tem uma perna para se sustentar.

Jimin faz uma careta.

— Quem diabos se importa com a imagem quando estou apenas tentando dizer a verdade?

— Você deveria, se está tentando ser um ídolo novamente. Seokjin-nim não vai querer aceitar alguém com um monte de bagagem.

Essa conversa não está dando a Jimin grandes esperanças para seu futuro.

— O que eu deveria fazer?

— Você tem uma cópia do contrato que assinou com sua antiga empresa? Você estava com a XZ Entertainment, não estava?

Ouvir o nome de sua antiga empresa o deixa arrepiado.

— Sim.

— Quero ver se podemos abrir um processo contra rescisão indevida.

Jimin suspira, o jargão jurídico lhe dando dor de cabeça. Sem entusiasmo, ele diz:

— Tudo bem.

— Ótimo. — Namjoon responde com um sorriso. Essas covinhas são bonitas demais para um advogado sofisticado. — Enquanto isso, enviarei alguns documentos para você ler, para que você possa ver como será enquanto decidimos quais ações tomar. Ah, e aqui está meu cartão de visita, para que você possa entrar em contato comigo.

Jimin guarda o pequeno papel retangular no bolso, dizendo a si mesmo que irá adiar o contato com Namjoon porque, bem, ele definitivamente não está no espaço certo para lidar com tudo isso agora. Faz sentido pensar nisso, faz. Ele certamente teria pulado tudo se estivesse fazendo isso sozinho, mas Jungkook realmente pensou em tudo.

Jimin deve agradecer, talvez mais tarde ele faça, mas quando ele diz adeus a Namjoon, apertando sua mão mais uma vez, não consegue evitar o medo crescendo em seu estômago, crescendo a cada respiração enquanto percebe que essa luta poderá ser mais difícil do que ele havia pensado originalmente.

[...]

Um barulho enche o ar apenas um minuto depois que Namjoon se foi. Jimin congela, assustado com o som. Taehyung olha para a cozinha e Jungkook quebra a tensão indo atender o telefone.

— Olá… ah, foi hoje? Estou meio ocupado… — Jungkook se afasta deles, sua voz ficando mais suave.

— Jimin-ah. — Taehyung chama, aproximando-se dele com malícia em seus olhos. — O que você está fazendo esta tarde?

— O que eu... Hum, por quê?

Taehyung coloca o chapéu de Jimin de volta na cabeça, enganchando um braço no dele enquanto diz:

— Eu queria sair. — Abruptamente, ele grita para Jungkook, — Jungkook-ah! Estou pegando Jimin emprestado! Vejo você mais tarde!

— Um segundo, desculpe... O quê? — Jungkook se vira para eles assim que Taehyung abre a porta, conduzindo Jimin para fora. — Eu preciso falar com ele, Tae, eu...

— Você está obviamente ocupado. Basta falar com ele mais tarde. Estamos indo.

— Jimin...

Taehyung fecha a porta na cara de Jungkook, calçando os sapatos e gesticulando para Jimin fazer o mesmo. Mas Jimin não consegue se mover. Ele sente que deve fazer algo, dizer a Taehyung que ele precisa ficar com Jungkook, ou perguntar se Jungkook pode se juntar a eles, mas o diabo apenas olha para ele bruscamente, olhos vermelhos piscando por um momento, então Jimin cede.

Eles saem juntos do complexo de apartamentos, e Jimin abaixa ainda mais o chapéu, olhando para cima apenas o suficiente para ver por onde está andando. Ele está ciente dos olhos de Taehyung sobre ele, observando-o, tentando ver dentro dele novamente, ele supõe.

E então o demônio começa ri, mas não dá nenhuma explicação do porquê.

— Vamos pegar gelo raspado. — Diz Taehyung. Ele prontamente chama um táxi.

Vinte minutos depois, eles estão sentados um de frente para o outro em uma loja bem iluminada, com tigelas de raspas de gelo cobertas com calda, leite condensado e outros condimentos na frente deles. Jimin não come essas coisas há anos, e embora ele sinta que esta é uma posição perigosa para se estar, falando com um estranho, um demônio, um tipo estranho de excitação se agita dentro dele.

— Então, Jimin. — Taehyung começa, com a boca meio cheia. — Você sabe o que é instinto?

— I-Instinto?

— Os animais têm. — Taehyung aponta para Jimin. — Os humanos têm isso. — Então ele apontou para si mesmo: — Os demônios tem isso também. — Ele dá outra mordida no gelo picado, engolindo antes de falar novamente. — Você sentiu aquele medo, não foi, quando olhou nos meus olhos?

Medo? Jimin pensa sobre isso, a maneira como ele cedeu tão facilmente aos desejos de Taehyung. Talvez. Talvez fosse medo. Mas ainda assim ele diz teimosamente:

— Não estou com medo de você.

— Vou levar isso como um sim. — Diz Taehyung. — Você não sentiu isso com Jungkook, sentiu?

Medo? Não. Jimin sentiu algo completamente diferente, mas ele não irá admitir isso em voz alta. Então ele encolhe os ombros, sem saber onde tudo isso está indo.

— A coisa sobre Jungkook é que ele é meio estranho. Seu instinto está, como vamos dizer, adormecido. Fiquei realmente surpreso ao saber que ele havia assinado um acordo. Afinal, ele está na Terra há seis anos e nunca demonstrou interesse em fazê-lo.

Jimin não consegue deixar de sentir que é especial, como se Jungkook o tivesse escolhido para seu primeiro.

— Jungkook te contou o que acontece quando sua alma é tomada? — Taehyung pergunta.

— Eu me tornei o cachorro dele. — Jimin responde.

Uma risada baixa escapa da boca do diabo.

— Certo, ok. E o que você acha disso?

— É, apenas, bem, o que recebo em troca é muito bom, então não me importo.

Jimin não consegue explicar direito. Por mais estranho que seja, ele se sente seguro com Jungkook, como se pudesse conquistar qualquer coisa. Aconteceu tão repentina e naturalmente, e ele precisa disso. Para passar por tudo isso, ele precisa de alguém como Jungkook.

— E o que você ganha? Vingança contra Choi Byungho?

— Entre outras coisas.

— Ele ao menos... — Taehyung torce o nariz por um segundo. — Ele deve ter… — Seus olhos encontram os de Jimin, que está parcialmente escondidos sob o chapéu. — Espere, ele ao menos olhou para os seus desejos?

— Hum... não. Escrevi uma lista para ele.

— Você... — Taehyung ri de todo o coração, seu sorriso quadrado mudando completamente seu rosto. Quando Jimin fica quieto, sua risada desaparece. — Não mesmo? V-você escreveu uma lista das coisas que queria?

— Sim. Jungkook me pediu.

— E quantas coisas estão nesta lista?

— Eu não sei, tipo, vinte?

A colher de Taehyung pende frouxa em sua mão.

— Você pediu vinte coisas?

— Muitos deles são pequenos, como karaokê.

Taehyung ri de novo, embora isso seja mais zombeteiro do que o anterior.

— Uau. OK. Talvez ele seja o demônio perfeito para você então, e você seja o humano perfeito para ele.

Jimin franze a testa.

— O que você quer dizer?

Taehyung o encara com um olhar fixo, deixando cair a colher em sua tigela e entrelaçando os dedos para que possa descansar o queixo sobre as mãos.

— Como eu disse, Jungkook é um demônio estranho. Seus instintos, ou, bem, a falta deles, o tornam pobre em seu trabalho, mas ele estava ficando desesperado para permanecer no reino humano, o que é impossível de fazer se você não fechar negócios e comer almas. Nada é de graça neste mundo, sabia?

Jimin acena com a cabeça, fingindo entender.

— E então você vem com uma lista de vinte desejos, e agora ele pode levar seu tempo para fazê-las. Ele é ingênuo se pensa que pode adiar comer uma alma humana.

— Sou ingênuo por pensar que no final de tudo isso ele não vai querer? — Jimin pergunta. Tinha sido um pensamento não dito, empurrado para o fundo de sua mente porque ele não queria esperar, esperar, que pudesse sair ileso disso.

Mas então Taehyung diz:

— Sim, você é. Olha, Jimin, você já vendeu sua alma. Quer você ou Jungkook gostem, vocês estão ligados um ao outro. Jungkook para fazer o seu lance, e você para fazer o dele assim que ele pegar sua alma. Como eu disse, nada é de graça neste mundo. No final de tudo isso, você pertencerá a ele.

Jimin se sente desanimado imediatamente.

— Hum. Entendo.

— Você entende? Porque me parece que você não entende a gravidade da situação em que se colocou. Normalmente eu não faria isso, mas a gentileza de Jungkook definitivamente lhe deu uma ideia errada, e eu odiaria ver que você se sentiu traído quando Jungkook realmente seguir o acordo. Porque ele tem que fazer. Você sabe o que acontece com demônios que não conseguem fechar negócios?

— Não.

— Eles são enviados de volta para o submundo. Eles se arrependem. É tudo muito assustador. Jungkookie odiaria isso. Ele pode não ter muito quando se trata de instinto, mas ele ama o reino humano e nunca desistirá dele. Nem por você. Nem por ninguém.

Jimin cutuca seu gelo raspado sem comê-lo.

— Tudo bem. Onde você quer chegar? Eu sei para o que me inscrevi.

— Meu ponto é, esteja preparado. — Diz Taehyung simplesmente. — Tive muitos clientes que se sentiram traídos por mim quando tirei suas almas e, na verdade, fui claro sobre qual seria o resultado final. Os demônios fazem isso por motivos egoístas. Um demônio não é seu amigo. Eles são... um meio para um fim. Isso é uma troca. A realização de seus desejos pela sua alma. Não se esqueça disso.

Há uma finalidade nas palavras de Taehyung que faz o coração de Jimin afundar, seu apetite por gelo raspado desaparecendo enquanto as palavras circulam em sua cabeça. Ele sabe disso. Claro que ele sabe. Ele simplesmente não quer admitir.

Quando Taehyung se levanta, os olhos de Jimin o seguem em uma onda repentina de pânico.

— Algo para refletir até seu próximo encontro com JK. — Diz Taehyung.

— Você está saindo? — Jimin pergunta.

— Sim. Eu tenho coisas para fazer. Desejos para realizar. Você deve terminar o gelo antes que derreta.

— Espere...

O belo diabo se afasta sem dizer mais nada, levando sua tigela de raspas de gelo com ele. Jimin fica sentado ali, de repente consciente das pessoas e da conversa ao seu redor batendo nele até que seu coração dispare com ansiedade desenfreada. É mais fácil com outra pessoa, sempre foi. Outro corpo é uma distração, ou um escudo, e a falta de um só o faz se sentir exposto.

Seus dedos tremem quando ele tira o telefone do bolso, imediatamente digitando o contato de Jungkook, e então as palavras de Taehyung o atingem mais uma vez.

"Um demônio não é seu amigo. Eles são um meio para um fim."

Jimin apaga sua tela, olhando para nada em particular enquanto tenta se acalmar, dizendo a si mesmo que está tudo bem. Mas é difícil quando seus pensamentos correm desenfreados assim. Ele via Jungkook como um amigo? Alguém em quem confiar? Sim. Absolutamente. Ele não pode negar, não para si mesmo, e certamente, como evidenciado pela conversa anterior, não para Taehyung.

Ele se sente... exposto... sem Jungkook ao seu lado. Cada instinto lhe diz para ligar para o homem, para esse vim pegá-lo, ou pelo menos enviar Donghae para buscá-lo.

E então sua mente começa a tomar uma direção diferente, separando-se enquanto seus pensamentos lhe dizem o quão patético ele é por não poder simplesmente sair de lá sozinho. Ele não sabe onde está. Ele está cercado por estranhos. Ele só tem que se levantar. Ir para fora. Chamar um táxi. Consultar mapas em seu telefone. Ninguém consegue ver seu rosto. Ele está bem. Ele está seguro.

Mas ele não consegue.

Um segundo depois, ele reabri o telefone, clicando em um número e segurando-o no ouvido, um dedo tamborilando na mesa.

— Jimin-ssi?

— Hayoon, você pode me pegar?

Sua resposta é imediata, sua voz preocupada.

— Claro. Onde você está? Você está bem?

— Estou bem. Eu... vou te mandar minha localização.

Jimin suspira quando desliga, movendo-se rapidamente para um aplicativo de mensagens para fazer exatamente isso. E então ele pressiona as palmas das mãos nos olhos, frustrado consigo mesmo, com Taehyung, com Jungkook, apenas com toda a situação. Ele não se sente mais perto de seus objetivos, na verdade, eles parecem muito mais distantes.

E Choi Byungho ainda está por aí, contando sua história, fazendo música, se apresentando, fazendo todas as coisas que Jimin quer fazer, mas não pode. Não pode porque ele não é capaz de sair sozinho. Ele puxa a frente do chapéu de balde sobre os olhos, os dedos cerrados enquanto solta um suspiro pesado, tingido de ansiedade e frustração.

Porra. Ele realmente precisa fazer algo sobre isso.

  
  
 

CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Gostaram desse capítulo? Finalmente Jimin descobriu que o traste lá foi quem filmou tudo para ferrar com ele. Apesar de não ter acreditado. Mas é compreensível.

O que acharam da atitude de Taehyung? Sobre ele.... Nada a declarar. Apenas  que tive uma mistura de sentimentos, entre amor e ódio. E JK e JM. Foi só eu que achei eles facilmente manipuláveis? Como leitora eu achei isso. Sei lá cara, mas ninguém me manipula pra fazer algo ou aceitar algo que não quero, sou muito forte nesse sentido, graças a Deus. Se eu mandar uma visita indesejada embora, hahahahahaha, ela sai, nem que seja no cachão.

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