36. Dê ao diabo o que lhe é devido
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Bem, Jimin e Jungkook se declararam um para o outro e após dizer que amava Jimin e que não ia cumprir o acordo e comer a alma dele Jungkook desapareceu dos braços de JM. O que aconteceu? Vamos descobrir de agora em diante.
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Uma vez, os pais de Jimin o perderam no Lotte World, bem ao lado do enorme carrossel onde as crianças gritavam de aparente alegria, estendendo a mão para seus respectivos adultos assistindo do lado de fora.
No começo, foi ótimo. Jimin estava sozinho em um cavalo branco com uma sela pintada, maravilhado com as luzes e a música e rindo com todos os outros. Quando ele desceu, seus pais tinham saido, então ele interpretou isso como um sinal para cavalgar novamente, seu cérebro de cinco anos incapaz de compreender o conceito do que significava estar sozinho.
Em seu quarto passeio, ele percebeu que algo estava errado. Quando ele olhou para o mar de rostos, não havia um único familiar. E embora devesse estar tudo bem, eles não iriam simplesmente deixá-lo, ele começou a temer o que poderia acontecer se eles não voltassem.
Ele saiu do carrossel com as pernas trêmulas, chamando sua mãe e seu pai suavemente enquanto seus olhos ameaçavam derramar lágrimas. Durou apenas alguns minutos, a busca real por seus pais, mas pareceu muito mais.
Quando ele os encontrou, sentados dentro de um restaurante com janelas de vidro e acenando para ele com entusiasmo, Jimin ficou muito aliviado para pensar em como foi irresponsável da parte deles fazê-lo pensar que estava sozinho. Muito aliviado e talvez muito jovem também.
À medida que crescia, ele aprendeu que não havia necessidade de ter medo e que só porque estava sozinho não significava que ficaria por muito tempo. Ele sempre encontraria o que estava procurando, se apenas procurasse bastante.
Então, quando Jungkook desaparece diante de seus olhos, Jimin faz a única coisa que sabe fazer.
Ele o procura.
Ele chama seu nome, movendo a cabeça para frente e para trás, deixando seus pés levá-lo através da chuva devastadora. Mas Jungkook não está nesta rua, nem na próxima. Ele não está em nenhum dos restaurantes e lojas ao redor, e quando Jimin tenta ligar para ele, vai direto para o correio de voz.
Jimin vasculha as ruas por horas, respirando de vez em quando quando os soluços ameaçam escapar, mas ele os contém, pessoa pode simplesmente desaparecer.
Então Jungkook deve estar em algum lugar, escondido, esperando que ele o localize através de uma janela de vidro para que ele possa acenar para ele com entusiasmo.
Mas isso não é o passado e ele não tem cinco anos, e quando a mente de Jimin está pensando em desistir, ele se força a voltar para o hotel. Ele está encharcado da cabeça aos pés, mas ainda tem uma lasca de esperança de que Jungkook estará lá, esperando por ele, rindo e perguntando por que demorou tanto para encontrá-lo.
Por que Jimin prolonga esse jogo de esconde-esconde.
A sala está vazia. Jimin entra com os sapatos molhados e suja o tapete quando não pensa em tirá-los. Ele anda por todo o quarto uma, duas, três vezes, e então bate a porta do banheiro, como se pudesse encontrar o que procura lá dentro.
Mas está vazio também.
Jimin ocupa as mãos removendo as roupas molhadas que grudam nele desconfortavelmente, porque pelo menos isso lhe dá algo concreto para fazer. Lá se vai seu chapéu, seus sapatos, sua camisa, jeans e boxers. Todos eles são tirados até que ele esteja de pé em um tapete de banho com nada além de sua respiração como companhia.
Com a mente entorpecida como está, demora um pouco para perceber que está congelado, imóvel, frio. Leva mais tempo para perceber o rastro de gotas de chuva escorrendo por seu corpo, pelas costas, pelo peito e pelos braços.
Mas quando percebe, ergue as mãos, olhando para as palmas como se talvez tivessem todas as respostas, e é aí que ele vê.
Ou melhor, quando não há ver.
A tatuagem.
Ela desapareceu.
A tatuagem de Jimin que o ligava a Jungkook desapareceu como se nunca tivesse existido, e tudo o que ele pode fazer é pensar na palavra que Hoseok havia usado: Permanente. Ele pensa sobre isso e se pergunta por que com Byungho é permanente, mas com ele não.
Sempre foi temporário e Jungkook sempre planejou desaparecer?
Agora que se foi, suas memórias parecem sombras. Enquanto Jimin segura seu pulso onde costumava estar, ele pensa nas mãos que seguraram sua cintura apenas algumas horas antes, nos lábios que envolveram os seus, na voz que sussurrou eu te amo, só que parece um sonho.
Tinha sido?
Um sonho?
Jimin sente como se suas lágrimas estivessem alojadas em seu peito, a única sensação de estar entorpecido. Ele não quer se mover desse lugar, porque mover significa que ele está vivo e se ele estiver vivo então isso é real, e não pode ser.
Não pode ser, não pode ser, não pode ser.
Jungkook não pode ter ido embora, ido para algum lugar, para o submundo?, onde Jimin nunca mais poderá vê-lo.
Nunca poderá…
Jimin cai de joelhos quando o choque o atinge de uma vez, quebrando a ilusão de que Jungkook pode retornar a qualquer momento. No fundo, ele sabe que não. Tudo o que ele sabia sobre esse acordo e sobre os demônios apontava para esse acontecimento, e ainda assim ele afastou os pensamentos, nunca chegando a nenhuma resolução real porque não queria saber.
— Jungkook. — Sua boca diz antes que seu cérebro possa alcançá-lo. Ele tenta respirar, mas é como respirar por um canudo fino com a cabeça debaixo d'água e o mundo fazendo de tudo para lhe negar o ar. — Você não pode ir embora.
Sua voz é um sussurro para uma sala sem ouvidos a não ser os seus próprios para ouvir, e por isso é inútil dizer qualquer coisa, e ainda assim ele não consegue evitar, não consegue deixar de resmungar sem parar que isso não pode acontecer, ser verdade, e não há como isso ser real, e que Jungkook deve estar apenas pregando uma peça nele, porque os demônios não são criaturinhas atrevidas de qualquer maneira?
Mas não, Jungkook não é assim. Ele não é como um demônio, é apenas ele e agora ele se foi, de volta de onde ele veio, tudo porque eles se amam e Jimin o afastou.
Por alguma razão, parece mais fácil culpar a si mesmo.
Jungkook não queria falar sobre isso, não queria riscar tudo de sua lista, embora tivesse que fazer isso para manter a fachada de que ainda era seu demônio. Se Jimin não o tivesse pressionado a admitir que não queria levar sua alma, talvez Jungkook ainda estivesse aqui, e talvez Jimin não estivesse sozinho, e eles poderiam voltar para Seul e continuar fingindo.
Jimin não tem certeza de quando começou a chorar. Em um segundo, ele estava curvado sobre as mãos e joelhos e no outro ele afundou ainda mais, a cabeça pressionada contra o topo das coxas enquanto deixa tudo ir.
As lágrimas são piores do que qualquer outra que ele experimentou antes, tingidas com memórias da semana passada, dos últimos meses, amarradas com ecos de Vamos fazer um acordo e eu te amo.
Um teria sido possível sem o outro? Se Jimin tivesse pedido a ajuda de Jungkook sem a tatuagem, eles ainda poderiam ter se apaixonado? Jimin teria deixado Hadong se não fosse pelas garantias de um acordo para amarrá-lo a algo mais concreto do que promessas verbais? E se o amor fosse impossível sem o acordo, então qual era o sentido quando ele iria perdê-lo de qualquer maneira?
— Volte. — Ele diz para o vazio. — Volte. Volte!
Onde você foi? Por que você me deixou?
— Você disse que me amava, então por que você foi? — Ele grita. — Se você me amasse…
Se Jungkook não tivesse se apaixonado, talvez ele não tivesse nenhum escrúpulo em tomar sua alma, e Jimin seria um recipiente vazio de humano, mas pelo menos eles ainda estariam juntos.
No entanto, Jungkook nunca poderia levar sua alma sem amá-lo de volta, porque Jimin se apaixonou e esse foi o ultimato.
Você está se preparando para uma tragédia.
Taehyung não o avisou?
Ele não devia ter previsto isso?
Jimin encontra seu telefone no bolso da calça jeans, molhado, mas milagrosamente funcionando. Com os dedos trêmulos e um nó na garganta que o impede de engolir, ele procura o contato que vem ignorando há mais de um mês.
Para o demônio menos favorito de Jimin:
📩 Jimin
Ele se foi.
Ele abruptamente joga o telefone de lado como se tivesse acabado de ser queimado, sua angústia se transformando em um entorpecimento que ele acolhe, porque pelo menos com isso ele não precisa pensar. Ele não precisa reconhecer a realidade pelo que é, e talvez possa fingir que a qualquer momento Jungkook irá entrar pela porta e dirá: Brincadeirinha!
Jimin se levanta do chão, enrolando-se no cobertor e enterrando o rosto embaixo dele. Ele não precisa pensar se dormir; ele só espera que, se sonhar, seja bom, onde Jungkook o segura e enche seu corpo de beijos, assim como naquela manhã.
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Jimin tropeça ao sair do avião. Ele se sente péssimo. Ele tem certeza de que parece assim, tendo passado a maior parte das três horas de viagem de avião bebendo tanto Chardonnay quanto eles lhe deram.
A realidade o alcançou muito rapidamente quando ele acordou e viu as coisas dele e de Jungkook espalhadas pelo quarto. Felizmente, eles dividiram uma mala, mas Jimin precisou empurrar e apertar muito para caber na mochila de Jungkook as várias lembranças que eles compraram.
E agora ele está de volta, embriagado e exausto, olhando para qualquer lugar menos para as pessoas que o cercam, se aglomerando de todos os lados. Ele usa um chapéu e óculos escuros, então tem certeza de que ninguém o reconhece, mas sem Jungkook, com o conhecimento de que ele havia partido, Jimin sente aquela vulnerabilidade voltar, tanto que pula quando alguém esbarra nele.
— Desculpe. — Diz o estranho, seguindo em frente.
Jimin abaixa ainda mais o chapéu, obscurecendo ainda mais sua visão e tentando se manter firme em seus pés.
Quando chega ao carrossel para pegar sua mala, ele jura que alguém está apontando para ele, mas não há como ele ser reconhecido. Depois de todo esse tempo, ele recusou que fosse agora. Ele não estava pronto. Ele não queria isso. Assim não.
Não sozinho.
Leva dois puxões para tirar a mala do trilho, e ele tem uma fração de segundo para se arrepender de ter bebido tanto no avião pouco antes de tropeçar nos pés e cair de bunda, o corpo tombando para trás, o chapéu e os óculos escuros caindo.
— Porra.
Ele levanta apressado, ajeitando suas roupas, seu disfarce, seu eu, e então sai correndo de lá, ignorando os murmúrios que o segue. Eles não são reais; é apenas sua imaginação, pelo menos é o que ele diz a si mesmo.
Racionalmente, ele sabe que não há razão para se importar. Seu nome está limpo e ele está subindo cada vez mais, mas suas bochechas ainda estão em um tom furioso de vermelho e ele está suando muito.
Não ajuda que seja um dia muito quente hoje. Quando Jimin sai do aeroporto, o calor o atinge com força total, e ele diminui a velocidade, já desejando estar de volta ao doce aeroporto com ar condicionado.
Donghae deve vim pegá-los. Pega-lo. Seus olhos procuram no meio-fio por um carro familiar, mas em vez disso Jimin vê cabeças voltadas para ele, alguém com o telefone apontado para ele, outro tirando uma foto com sua DSLR.
Ele quer sentir raiva, mas em vez disso sua boca fica seca, suas mãos ficam úmidas e ele acha difícil se mover de onde está. Eles sabem quem ele é. Não é difícil adivinhar. Seu pequeno acidente com a mala não passou despercebido, e agora uma jovem que ele não conhece se aproxima dele, movendo a boca e perguntando algo que ele não quer ouvir.
— D...Desculpe, eu... — Ele tenta se virar.
— Espere, você é Park Jimin, não é? — Ela pergunta. — Eu sou uma grande fã.
Uma fã.
— Eu tenho que ir.
— Tudo bem. — Há decepção em sua voz. Onde está Jungkook quando precisa dele? — Hum, eu só queria dizer que o que aconteceu com você foi terrível. Estou feliz que você está de volta.
Jimin acena com a cabeça em resposta, inclinando seu corpo para longe dela para que ela entenda a mensagem e o deixe em paz. Mas seus passos são hesitantes, seus lábios entreabertos como se ela quisesse perguntar algo a ele. Ela parece pensar melhor, virando-se um segundo depois para sair.
— Espere! — Que porra ele está fazendo? A mulher se vira novamente, olhos arregalados. Jimin tira os óculos escuros apressadamente, empurra o chapéu para cima apenas o suficiente para que ela possa ver seu rosto. — O...Obrigado. Eu... estou feliz por estar de volta também.
Ela sorri, inclinando ligeiramente a cabeça. Antes que ela possa dizer qualquer outra coisa, Jimin avista Donghae. Ele dá a ela um pequeno aceno e então dispara, quase colidindo com o carro com a rapidez com que se move.
— Só você? — DongHae pergunta.
— S...Sim. Jungkook... Ele não vai voltar por um tempo. Hum... Algo aconteceu.
Donghae não faz perguntas, apenas carrega o porta-malas com a mala e deixa Jimin afundar na segurança do banco de trás. Ele cruza os braços, virando-se para olhar pela janela. Não foi uma grande multidão que o notou, mas aqueles que o notaram estão todos olhando em sua direção, como se esperassem ter um último vislumbre.
Como se essa fosse a maior emoção que eles tiveram o dia todo.
Eles não deviam se sentir assim.
Não há nada de especial nele.
Jimin recusa a ajuda de Donghae para levar sua mala. Ele pode fazer isso sozinho. Honestamente, ele só quer ficar sozinho. Uma vez no elevador, ele tira o chapéu e os óculos escuros, suspirando pesadamente, dizendo a si mesmo para esperar mais um minuto antes de desmoronar.
Uma surpresa espera por ele no apartamento, sufocando suas lágrimas.
Por um segundo, Jimin fica sem palavras. Ele sente como se tivesse voltado ao passado, aquele cabelo loiro sedoso, aquele pijama Burberry, o sorriso irônico que só servia para zombar dele.
— Você.
— Oi, Jimin.
— Não quero falar com você.
— Foi você quem me mandou uma mensagem.
Jimin é atingido por uma estranha sensação de déjà-vu. Ele e Taehyung não compartilharam uma conversa assim, uma vez?
— Eu não.
— 'Ele se foi.' Foi isso que você me mandou. — Taehyung se levanta, caminhando e pegando a mala dele para colocá-la de lado, levando as mãos aos lados do rosto de Jimin. — Você está bem?
Jimin o afasta, tropeçando para o refrigerador de vinho de Jungkook. Ele le os rótulos, os olhos seguindo seu dedo enquanto o move para frente e para trás, procurando por um dos frascos que Yoongi lhe deu algumas semanas antes.
— Jimin.
Sua mão treme quando ele pega o que quer, levando-o para a ilha da cozinha antes de vasculhar uma gaveta em busca de um abridor de garrafas.
— Jimin pare.
Ele arranca o invólucro de alumínio da tampa da garrafa, tentando três vezes enfiar a ponta do abridor de garrafas na rolha, mas não consegue. Ele suspira frustrado, prestes a desistir quando Taehyung pega a garrafa dele, assim como o abridor, aparentemente prestes a ajudá-lo antes de suspirar também.
— Não vou ceder ao seu problema com a bebida. — Diz Tae.
Jimin sente suas bochechas queimarem de fúria.
— Você não pode me dizer o que posso ou não fazer.
E quando Jimin tenta pegar a garrafa de volta, Taehyung se afasta, deslizando-a para longe dele.
— Você precisa chorar.
— Já chorei o suficiente.
— Então grite em vez disso.
— Gritar sobre o quê? — Não lhe ocorre que está gritando agora. — Sobre como ele me deixou ? Sobre como ele disse que me ama e depois foi embora? — A dor ainda está tão fresca, o Chardonnay que ele consumiu naquela manhã não fez nada para entorpecê-la. — Ou que tal como Byungho não é mais humano? Ele é apenas um fantoche! A porra de uma marionete!
— Acho que vocês dois aprenderam da maneira mais difícil o que realmente significa tirar a alma de alguém.
O tom de Taehyung é zombeteiro e Jimin não pode deixar de dizer:
— Foda-se.
— Eu avisei a ele. Eu avisei você também.
— Você quer dizer suas declarações enigmáticas que não faziam sentido? Que porra de aviso foi esse?
Taehyung zomba, liberando o vinho e o abridor de garrafas enquanto volta para a sala.
— Tanto faz. Beba até ficar inconsciente, eu não me importo.
Jimin é apenas uma sombra em seus calcanhares.
— É isso? Eu te desafio e você desiste?
— Só estou deixando você fazer o que quiser.
— Você é um hipócrita do caralho!
Quando Taehyung se vira, Jimin para abruptamente e eles ficam cara a cara como se fosse algum tipo de confronto, um esperando que o outro desmorone primeiro.
— Você é o hipócrita. — Diz Taehyung.
Jimin fumega.
— Como diabos eu...
— Eu pensei que você queria ser diferente. Não era esse o objetivo do seu acordo? Em vez disso, você fede a álcool e nem me pergunta o que podemos fazer para traze-lo de volta. Quem está desistindo agora?
A boca de Jimin cai aberta.
— Traze-lo de volta?
— Sim, Jimin.
— Ele pode voltar?
Taehyung se vira, murmurando algo para si mesmo enquanto se joga no sofá e cruza os braços.
— Você não pode simplesmente dizer isso e depois se calar. — Diz Jimin. Quando Taehyung não responde, Jimin sente sua fúria crescer. — Isso é exatamente o que quero dizer! Hipócrita. Você obviamente se importa o suficiente para estar aqui, mas no momento em que alguém percebe, você finge que não dá a mínima. Eu não preciso lidar com essa merda de tsundere agora!
— Você passou muito tempo no Japão. — É tudo o que Taehyung diz.
— O que?
— Não estou tsundere. — Mas Jimin percebe, a maneira como as bochechas de Taehyung ficam rosadas antes dele desviar o olhar. — Só estou... estou tentando. EU…
— Você o quê?
— Eu estraguei.
Os pensamentos de Jimin param. Ele não esperava isso.
— Eu não deveria ter feito o que fiz, mas não posso simplesmente me virar e ser humano. Eu nunca poderia. Jungkook se encaixa aqui, mas eu… — Os olhos de Taehyung piscam para Jimin antes de desviar o olhar novamente. — Ele nunca precisou de mim, mesmo quando não tinha onde morar. Ele encontrou um lugar para si imediatamente. Mesmo que tenha sido ele quem lutou para se encaixar em casa.
— Então... o que, você estava com ciúmes?
— Não.
— Tae.
Taehyung dá de ombros.
— Talvez um pouco. Olha, vir para o reino humano sempre foi uma viagem de poder. Eu fui ensinado que crescer. Eu acreditei nisso. A maioria dos demônios o faz.
— Certo. — Jimin diz amargamente. — É tudo apenas um jogo para você.
— Eu... eu não sei. Eu não sei mais. — Taehyung parece inseguro, e Jimin se vê sentando em frente a ele, encarando o demônio que se recusa a encará-lo. — Mas eu não sou como Jungkook. Ele... pertence aqui.
Jimin puxa o lábio inferior com os dentes, tentando entender.
— Mas quando Jungkook chegou aqui, tudo que eu conseguia pensar era que ele estava fazendo tudo errado. Ele é um demônio. Ele não deveria estar tentando mimar os humanos ou fazer com que eles se tornassem seus fãs. Foi errado e ainda assim... ele estava feliz, sabe?
Algo na voz de Taehyung faz Jimin segurar a língua. Esperar um pouco mais.
— Eu me preocupei com ele, no entanto. Ele amava tanto esse lugar, e não estava fazendo nada para ficar. E então ele foi atrás de você para fazer um acordo... Quanto mais eu descobria, mais me preocupava como tudo isso terminaria. Eu não queria ser tão enigmático embora. Eu pensei que estava sendo óbvio, para ser honesto.
Taehyung solta uma risada forçada e Jimin revira os olhos.
— Acho difícil de acreditar. — Diz Jimin.
— Talvez eu soubesse o que estava fazendo. — Admite Taehyung, embora com relutância.
— Isso é mais parecido com isso.
— Olha, Jimin, é assim que eu sou. Não sou uma boa pessoa e gosto de brincar. Apenas sentar aqui falando com você assim está me fazendo estremecer. Mas eu preciso que você saiba que sinto muito e que você não deve deixar o desaparecimento de Jungkook arruinar qualquer progresso que você fez.
Ouvir Taehyung é como ser jogado para frente e para trás em uma quadra de tênis. Ele nunca sabe onde poderá cair, quão forte será o próximo golpe da raquete, qual parte de Taehyung poderá vencer o revezamento.
Mas pelo menos parece que Taehyung não tem intenção de deixar o jogo terminar. Ainda não.
— Como faço para trazer Jungkook de volta? — Jimin pergunta.
— Pensei que você nunca fosse perguntar. — Taehyung responde, e sorri, mas não é zombeteiro. É amigável, talvez o mais amigável que Jimin já viu. — Você não precisa fazer nada.
— Eu... eu não?
— Estou indo embora.
— Indo embora?
— Vou voltar para casa. Vou trazê-lo de volta para você. Vou ajudá-lo a conseguir esse final feliz.
Do jeito que Tae fala, é como se houvesse mais do que apenas trazer Jungkook de volta.
— Tae...
— Boa viagem, certo? — Taehyung passa a mão pelo cabelo, parecendo resignado. — Eu acho que meu Jungkookie terá um tempo muito melhor no reino humano sem mim aqui para incomodá-lo. Você também.
Se Jimin achou que entendia Taehyung antes, ele estava errado. Toda vez que ele acha que o entende, Tae vai e faz algo assim. Por trás das brincadeiras, das mensagens enigmáticas e do tom zombeteiro, há uma bondade que o diabo parece não saber como expressar.
Talvez seja pela maneira como os olhos de Taehyung brilham na luz, ou pela maneira como suas palavras se quebram naquelas palavras: Você também. Mas Jimin não pode deixar de sentir pena do diabo, com pena dele e depois se perguntando o que ele podia ter feito para melhorar.
Apesar de tudo que Tae fez, Jimin já está a caminho de perdoá-lo.
— O que você vai fazer? — Jimin pergunta.
Taehyung apenas levanta uma sobrancelha, uma brincadeira fingida que Jimin não gosta.
— Eu gostaria de permanecer enigmático até o fim, se você não se importar.
— Foda-se.
— Foda-se você também. — Diz Taehyung, mas não há mordida, apenas mais brilho em seus olhos.
Taehyung se levanta, balançando a cabeça como se tivessem acabado de ter uma boa conversa, como se tudo tivesse sido esclarecido, como se não houvesse mais nada a dizer.
Eu perdôo você.
Jimin pode dizer isso. O outro merece? Ele não sabe. Mas ele sabe o que está sentindo, e esse sentimento diz apenas três palavras: eu te perdôo.
Os olhos de Jimin seguem Taehyung enquanto ele se dirige para a porta, os segundos entre agora e quando ele a alcança diminuindo, bem, o segundo. Tudo está acontecendo muito rápido, a vida de Jimin sempre seguindo em frente antes que ele tenha tempo de alcançá-la.
— Você realmente vai me deixar também?
O tom de Jimin é acusatório. Uma vez que as palavras saem de sua boca, ele não consegue descobrir o que o possuíu para dizê-las, mas permanece no ar e deixa Taehyung congelado. Jimin só consegue ver suas costas agora, mas Tae parece tenso, como se ele quisesse dizer algo mais, como se ele não fosse embora assim, como se ele finalmente fosse explicar para Jimin que há uma parte de ele que se importa.
Mas ele não diz nada, apenas completa sua jornada até a porta.
A voz de Jimin cai para um sussurro, ao mesmo tempo covarde e exigente, esperando que Taehyung esteja ouvindo, embora ele se recuse a olhar para trás.
— É melhor trazê-lo de volta. — Diz Jimin. Então mais suave. — É melhor você voltar também.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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O que Taehyung poderá fazer para Jungkook voltar? Sera que ele vai voltar também? Vocês perdoaram ele pelo que ele fez? Eu confesso que sou fraca... Taehyung errou, seu maior erro foi filmar. O resto foi apenas ele sendo o demônio idiota. Mas apesar de idiota ele foi verdadeiro. E ele alertou a todos. Ele foi apenas ele mesmo no final das contas: um demônio se divertindo e ao mesmo tempo tentando ajudar.... Gosto do personagem? Não. 🤣 Mas entendi o lado dele e perdoei as babaquice que ele fez já que ele vai trazer JK de volta. Hipócrita, eu sei🤭😅
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