3. Deixe esse negócio ir para baixo
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No capítulo anterior Jungkook falou que ajudaria Jimin em troca de sua alma. Será que Jimin concordará com os termos de Jungkook. Veremos...
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— Você pode mesmo? Me ajudar?
— Eu posso. — JK diz, sorrindo perigosamente. — Mas no final de tudo isso você não vai se importar se eu comer sua alma, vai?
— Que porra é essa?
JK parece surpreso com o tom de Jimin.
— O que? Eu disse algo errado?
Jimin olha o homem de cima a baixo, incapaz de dizer se ele é real. Às vezes o homem parece tão seguro de si, enquanto outras vezes parece um pouco nervoso, como se não estivesse confortável em seu próprio corpo. Jimin não consegue entendê-lo.
— O que você quer dizer com 'comer minha alma'? Por que diabos você diria isso? O que diabos isso significa?
— Significa comer sua alma. Você sabe, tipo, absorvê-la em meu ser para que eu me torne mais poderoso.
Qualquer ansiedade persistente se dissipa completamente então, e Jimin se vê rindo.
— Você é louco, cara. Apenas volte de onde você veio, ok? Eu vou ficar bem sozinho.
Mas quando Jimin se afasta, JK estende a mão e o agarra, segurando-o no lugar. O homem se inclina para perto dele, seus corpos quase encostados um no outro, e quando Jimin olha para aqueles olhos intensos, vê um flash de vermelho. Acontece tão rápido que ele pensa ter imaginado, ou que é um efeito da luz, exceto que não há luz ao redor deles, exceto a lua.
— F-faça isso de novo. — Jimin pede.
Os olhos de JK ficam vermelhos mais uma vez, e desta vez a luz dura alguns segundos. Jimin sente seus joelhos cederem e sabe que teria caído se não fosse pelo aperto de aço de JK em seu braço. Então, seus quadris avançam e de repente eles estão se tocando.
Jimin culpa sua fome por toque pelo que acontece a seguir. Três anos é muito tempo para ficar sem sexo, e nem a melhor pornografia nem suas habilidades de masturbação aprimoradas conseguem compensar a falta de outro corpo. Então, quando seu pênis roça a coxa de JK, o membro... estremece.
É óbvio pela maneira como os olhos de JK voltam ao marrom escuro, arregalando-se ligeiramente, que ele notou. Jimin está legitimamente envergonhado, mas de certa maneira também aliviado.
— Hum... — Jimin dá um passo para trás, embora isso lhe doa. Ele precisa oferecer algum tipo de explicação. — Não me interpretem mal, mas... isso foi meio sexy.
Bem, é apenas a verdade. JK não parece tão surpreso ao ouvir isso. Enquanto Jimin pensa se deveria retratar a declaração, os lábios de JK se abrem em um sorriso.
— Foi meio sexy, não foi?
Eles começam a caminhar novamente, lado a lado, JK vestido todo chique e preparado para os ventos frios da noite, e Jimin ainda de pijama, os dedos dos pés ficando dormentes. Ele estremece, agarrando os cotovelos sobre o peito para se aquecer.
— Aqui. — Diz JK, tirando o casaco e colocando-o sobre os ombros de Jimin.
Jimin olha para seu rosto, mas JK não está olhando para ele. Seu olhar está fixo na terra que abraça o caminho, provavelmente tentando localizar a casa de Jimin, embora não saiba como é. Jimin puxa o casaco em volta dele, surpreso que cheirava a algum tipo de perfume floral.
— Obrigado. — Diz ele.
— Então, Jimin, o que você quer?
— O-o que você quer dizer?
— Eu presumi que você queria sua carreira de volta, mas se houver mais alguma coisa, posso conseguir para você.
— Justiça. — Responde Jimin, a palavra saindo de sua boca com tanta facilidade que ele se surpreende.
— Você quer se vingar de Choi Byungho?
— Eu só quero que as pessoas saibam a verdade.
— Fácil. Então temos justiça. Temos carreira. Temos fãs. Algo mais?
Jimin franze a testa.
— Não há um limite?
Há um momento de silêncio antes de JK responder.
— Eu acho que não? Na verdade, nunca fiz isso antes. — Jimin observa o homem esfregar a nuca como se estivesse nervoso. — Este é o meu primeiro negócio. Nunca cheguei tão longe com um cliente antes.
— Oh. — Os passos de Jimin vacilam. — Ok, JK, posso chamá-lo assim? Hum, você vai precisar me dar um pouco mais. O que... exatamente… você é? E se você comer minha alma, isso significa que eu vou morrer? Isso não anularia o propósito de recuperar minha carreira e meus fãs?
— Sim, JK está bem. Eu sou um demônio e...
— Você é um o que?
— Demônio.
— Você é... você é o diabo?
— Não o diabo. Um demônio. Há muitos de nós. É apenas semântica de qualquer maneira. Não importa.
Jimin está concordando com a cabeça, mas sinceramente ele não está entendendo. Diabo, demônios, há mais de um dele. Outros que podem fazer os olhos brilharem vermelhos assim. Jimin olha com ceticismo para JK, percebendo sua forma obviamente humana, a falta de chifres do diabo e o jeito encantador que ele fala.
Demônios deveriam ser assustadores, não é? Mas este é tudo menos isso.
— Respondendo sua última pergunta. — Diz JK. — Existem algumas opções quando eu comer sua alma. Seu corpo pode morrer e eu posso mandá-lo para o submundo, onde você defenderá meu território. Ou posso deixar você continuar vivendo, mas você vai me pertencer. De qualquer maneira, você cumpre minhas ordens por toda a eternidade. Você se torna meu cachorro.
(Modo figurativo. Ele quis dizer sendo obediente)
Jimin solta uma risada.
— Por que diabos eu iria querer ser seu cachorro?
JK parece magoado.
— Não é tão ruim. Eu seria um bom mestre.
— Acho que eu não seria um cachorro muito bom.
— Não importa. Assim que eu comer sua alma, você terá que cumprir minhas ordens. Você ainda pode fazer suas próprias escolhas. Eu não tirarei todo o seu livre arbítrio. Apenas, você sabe, minhas decisões terão prioridade sobre as suas.
Jimin franze os lábios.
— Eu poderia simplesmente decidir fazer isso sozinho. Afinal, não vejo o que você pode fazer que eu não possa, além de deixar seus olhos vermelhos e curar minha bunda bêbada.
— Desejos.
— Huh?
JK está olhando para ele agora.
— Eu posso ver os desejos mais profundos de um ser humano. Posso manipulá-los para fazer o que eu quero. Embora eu não vá fazer isso com você. Se você decidir ser cliente, só vou olhar para dentro de você se você me pedir. Caso contrário, você está fora dos limites.
Jimin sorrir.
— Todos os demônios são tão educados? Ou é só você?
— Somos todos um pouco diferentes. Posso contar mais sobre isso se você aceitar o acordo.
Eles ainda estão andando cegamente neste caminho, a casa de Jimin em nenhum lugar à vista. Jimin olha para trás com uma carranca, imaginando se eles vieram para o lado errado. Estranhamente, ele está começando a se sentir confortável aqui fora. Talvez porque não há ninguém por perto, exceto eles. Talvez porque JK esteja aqui e, diabo ou não, JK acha que ele é inocente.
— Posso pedir que minha alma não seja comida? — Jimin pergunta.
— Ahá! Ótima pergunta! Não. É um dos pedidos proibidos. Há uma lista completa deles no Guia do Diabo para Negócios. Posso lhe mostrar o livro algum dia, se quiser.
Jimin se vê rindo do entusiasmo do homem. JK não deve ter mentido quando disse que esse é seu primeiro negócio. Ainda assim, Jimin está convencido de que é apenas um sonho estranho que está tendo. Ele pode estar enrolado em seu sofá em casa, pelo que sabe.
— Tenho alguma suspeita de que estamos indo na direção errada. — Diz JK.
— Sim. Eu tenho certeza.
— Certeza?
— Certeza.
Eles ficam em silêncio a maior parte do caminho de volta. O coração de Jimin parece leve pela primeira vez, não livre de toda a sua bagagem, mas pelo menos não tão pesado. Ele pode andar com animação em seu passo. Ele consegue lidar com estar do lado de fora. Ele se pergunta se se sentirá assim amanhã, ou se o sol da manhã destruirá qualquer progresso que ele tenha feito esta noite.
É fácil fingir que nada disso é real na escuridão.
Quando Jimin vê sua casa, ele meio que se decepciona. JK é assim... uma lufada de ar fresco. Muito melhor do que a reciclagem do ar viciado em sua casa, apesar de Hayoon fazer seus melhores esforços para arejar o espaço abrindo as janelas.
Os passos de Jimin diminuem quando eles se aproximam da porta da frente.
— Talvez haja mais uma coisa que eu queira.
— O que é?
Jimin pega no tecido do casaco de JK.
— E se eu não quiser dizer?
— Desde que não viole as regras, é permitido. Mas você terá que me dizer em algum momento, ou então não poderei ajudá-lo a obtê-lo.
Jimin já está concordando.
— Sim. Isso faz sentido.
— E, olhe aqui. — JK enfia a mão no bolso da calça, tirando um cartão de visita e entregando a ele. — Você não precisa decidir agora. Você pode entrar em contato comigo quando estiver pronto. Teremos que sentar e analisar contratos e outras coisas de qualquer maneira, então talvez seja melhor deixar isso aqui por esta noite.
Jimin pega o cartão de visita e, enquanto olha para ele, aperta os olhos para ler o que diz: JK, Devil, yourdeviljk@gmail.com.kr
JK tira o casaco dos ombros de Jimin, recolhendo-o de volta.
Fica frio sem ele. E honestamente, Jimin se sente pequeno. Ele não é muito menor do que o outro homem, mas está descalço e de pijama. Não é à toa que JK o abordou e decidiu dar uma mãozinha. Ele é tão patético que até o diabo sente pena dele.
— Então é isso, hein. — Jimin diz.
— Por agora.
Jimin devolve o sorriso a JK, meio que gostando de como os olhos do homem parecem brilhar com malícia e uma promessa para o que está por vir, tão claro mesmo nesta noite escura.
— Não perca isso, ok? — JK diz, apontando para o cartão de visita. — Hadong é bom, mas meio fora do caminho para mim.
— Onde você mora?
— Seul.
O diabo vive em Seul.
Antes que Jimin possa dizer qualquer outra coisa, JK levanta a mão em adeus, vira-se e vai embora. Jimin olha de volta para o cartão de visita, um pouco apreensivo porque está cheio de uma nova onda de esperança, e pela primeira vez ele não quer deixá-la ir.
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Há um afundamento no meio da cama onde Jimin está sentado de pernas cruzadas, as mãos cuidadosamente apoiadas nos joelhos. Se alguém o encontrar, irá parecer que ele está meditando quando na verdade está tentando se convencer de que o que está prestes a fazer é realmente o que está prestes a fazer.
Ele tirou todas as roupas do armário e as jogou desarrumadas dentro de uma mala aberta. Transbordando-a. Ele tem coisas demais. E ele ainda tem que pegar sapatos, produtos de higiene. Ele quer levar seus travesseiros e lençóis. Ele quer levar seu Xbox. Ele quer levar pacotes do famoso chá verde de Hadong, embora nunca beba.
Faz uma semana desde o encontro com o diabo. Desde que conheceu o demônio. Jimin enviou um e-mail para ele alguns dias depois, dizendo que está interessado em levar as coisas adiante, ao que JK respondeu:
"Perfeito! Estou tão feliz que você está interessado. Você se importaria de viajar para Seul para uma reunião para discutir os detalhes? Estou ciente de que isso é uma grande distância para você, mas tenho assuntos urgentes para resolver. Este é o endereço."
Eram 2 da manhã quando Jimin respondeu espontaneamente que sim, ele adoraria passar no escritório de JK. Ele acordou de manhã arrependido, depois se sentindo animado com isso, depois ficando nervoso ao perceber que está totalmente despreparado para sair de casa.
Uma batida o distrai momentaneamente, e Hayoon enfia a cabeça na sala.
— Jimin-ssi? Trouxe a tesoura de cortar cabelo que você pediu. Você gostaria de fazer isso agora?
Jimin assente, deixando Hayoon colocá-lo em uma cadeira para que ela possa transformar seu cabelo em algo mais apresentável.
— Você acha que estou tentando levar muitas coisas? — Ele pergunta, olhando para sua mala.
— Não. Você pode levar o que quiser.
— Certo.
A tesoura está cortando, cortando, e o silêncio é enervante.
— Não sei se vou conseguir chegar à estação de trem. — Diz ele.
— Você gostaria de dirigir até Seul?
A perspectiva é tentadora. Seria muito mais fácil. Mas…
— Eu não dirijo um carro há três anos. E-eu não sei se me lembro como.
— Posso levá-lo. — Diz Hayoon.
— Não. Você não precisa ir.
— Jimin-ssi, eu não me importo...
— Está tudo bem. Vou pegar o trem.
Jimin já havia comprado uma passagem de qualquer maneira. Uma passagem só de ida para o diabo. Ele solta uma risada suave. Hayoon continua cortando seu cabelo e Jimin compara o som ao destino cortando o fio de sua vida.
Afinal, ele está prestes a vender sua alma.
Nessa noite, ele se barbeia, apara as unhas e esfrega o corpo tanto que sua pele fica vermelha. Ele fica acordado até tarde, andando de um lado para o outro no tapete, dobrando e desdobrando roupas, tentando colocar o máximo que pode em uma única mala. Ele continua olhando pela janela, imaginando se será capaz de dar um único passo para fora da porta quando chegar a hora de sair pela manhã.
Desde aquela noite, ele evita o ar livre como uma praga, voltando à sua rotina habitual de fazer nada.
Quando se aproxima das 4 da manhã, Jimin finalmente deita a cabeça para descansar, jogando e virando por mais uma hora antes que a exaustão tome conta. Ele tem que pegar o trem às 9h se quiser chegar a Seul a tempo de encontrar JK. O encontro deles não será antes das 16h, mas isso dará a ele um espaço de duas horas para deixar suas coisas no hotel e navegar pela movimentada cidade cercada por pessoas e obstáculos e sabe-se lá o que mais...
Os olhos de Jimin se abrem para a luz do sol entrando em seu quarto pelas bordas da cortina. Ele geme em seu travesseiro, desejando poder voltar a dormir. Não há nenhuma maneira dele sair hoje. Sem chance.
— Jimin-ssi, você está acordado? Temos que partir em meia hora se você quiser pegar o trem. — Diz Hayoon, batendo suavemente na porta.
— Não.
— Jimin...
— Eu não vou!
A porta se abre revelando Hayoon parada ali com as mãos nos quadris. Parece que ela está acordada por horas, seu cabelo em um rabo de cavalo, maquiagem leve pontilhando seu rosto. Jimin inveja a facilidade com que ela acorda as manhãs. Geralmente, ele leva horas apenas para sair da cama.
— Você vai perder o trem. Você não disse que isso era importante?
— Não posso, Hayoon-ssi, não fui feito para isso. — Jimin enterra o rosto sob os lençóis apenas para serem arrancados dele um segundo depois. Ele engasga, levantando-se para pegá-los de volta, mas Hayoon já os está enrolando em seus braços. — Hayoon-ah!
— Se troque e desça. Fiz café para você. — Diz a mulher e sai do quarto, levando os lençóis com ela.
— Porra.
Meia hora depois, Jimin está parado na porta da frente com Hayoon observando-o de um lado. Ele está vestindo jeans e um moletom enorme. Seu chapéu está puxado para baixo e ele usa um par de óculos escuros para fins de disfarce, quando estiver cercado por mais pessoas.
Ele está parado ali há cinco minutos, olhando para a porta fechada e se contorcendo em seu Converse enquanto tenta relembrar seus motivos para encontrar JK em primeiro lugar.
Isso é tão desnecessário. Ele não disse a Hoseok outro dia que não precisava de ajuda? Ele está perfeitamente contente em ficar nesta casa pelo resto de sua vida. Pelo menos as coisas são previsíveis ali. Ninguém irá acusá-lo falsamente de algo que ele não fez. Ninguém irá partir seu coração.
— Você quer que eu abra a porta? — Hayoon pergunta.
Jimin balança a cabeça.
— Eu entendi.
Seu coração dispara quando ele abre, apertando os olhos quando a luz do sol entra. É muito mais fácil fazer isso no escuro e quando está bebendo.
Ele registra uma dor contra a palma da mão onde está apertando a alça de sua mala com muita força, mas porra ele não consegue fazer isso. Balançando a cabeça, ele dá um passo para trás, apenas para Hayoon envolver os dedos em seu braço.
— Jimin-ssi, está tudo bem. Ninguém está lá fora.
— N-não agora, mas a estação de trem vai estar lotada. As pessoas vão saber quem eu sou. Hayoon, eu não posso, eu não posso. Eu... eu só quero ficar aqui. Não posso ficar aqui?
Jimin sente um nó na garganta, seus olhos estão lacrimosos e suas bochechas coradas, ele sabe que está prestes a chorar.
— Ei. — Diz Hayoon. — Eu disse a você que faria uma curta viagem a Seul em breve, para ver alguns amigos, não foi?
As lágrimas de Jimin param, as palavras aliviam o aperto em sua garganta.
— Você não fez.
— Bem, eu vou fazer. Que tal eu levar você aonde você deverá ir no meu caminho?
Jimin assente, agachando-se enquanto respira fundo e estremecendo. Suas pernas tremem e ele nem sequer deu um passo para fora da porta. Ele deveria ter se preparado um pouco melhor para isso, talvez praticado sair todos os dias. Em vez disso, ele adiou, dizendo a si mesmo que ficaria bem quando chegasse o dia.
Hayoon trás o carro o mais perto que pode da casa, e tudo o que Jimin tem que fazer é dizer a si mesmo que está indo de um lugar seguro para outro para se convencer a descer o caminho curto em direção a ele.
Ele mantém os olhos baixos o tempo todo, e Hayoon ajuda a colocar sua mala no porta-malas. Ele não solta um suspiro até que seu traseiro esteja sentado com segurança no banco da frente do carro. Quando Hayoon se move para girar o botão do rádio, Jimin ergue a mão para detê-la.
— Sem música. — Diz ele, ciente de que está sendo egoísta. — Por favor.
— Claro. Nos podemos conversar.
— Sim.
Jimin tenta ficar acordado, ele realmente tenta, mas no final ele dorme as quatro horas inteiras que leva para chegar ao hotel. Hayoon estaciona o carro no estacionamento de hóspedes e diz:
— Você quer que eu faça o check-in para você e depois lhe entregue a chave?
Jimin está tão perto de dizer sim, e começa a se sentir culpado por quão idiota ele está sendo.
— Hum, eu posso fazer isso. Acho que vou ficar bem daqui. Mas Hayoon-ssi…
— Sim?
— Você tem onde ficar? Posso arrumar um quarto para você.
Hayoon parece que está prestes a discutir, como se ela não quisesse tirar vantagem dele, mas ela está fazendo demais e Jimin precisa recompensá-la de alguma maneira. Ele está ciente de que ela pode ter mentido sobre ver amigos, que foi sua maneira de acalmá-lo. Ela faz coisas assim desde que ele era pequeno.
— Claro, Jimin-ssi. Eu gostaria disso.
É mais fácil com Hayoon ao seu lado. Ela fala, e tudo que Jimin tem que fazer é pagar, embora Hayoon que tenha feito o pagamento quando Jimin percebeu que seu cartão de crédito tinha seu nome. Ele irá transferir dinheiro para ela mais tarde. Ele nem precisa dizer a Hayoon para pedir a eles que seus quartos estejam próximos um do outro. Ela sabe o que ele precisa.
Uma vez lá em cima, Hayoon diz a Jimin:
— Me mande uma mensagem ou bata na minha porta se precisar de alguma coisa. Você precisa de uma carona para onde está indo?
— Não. É do outro lado da rua.
— OK. Quanto tempo você acha que ficaremos em Seul?
— Eu não sei. — Jimin responde. — Talvez alguns dias? Tudo bem?
— Claro. Sinto falta da cidade grande.
Assim que eles se despedem, Jimin afunda na cama do hotel com um suspiro exausto. Ele tem algumas horas antes de ver JK e quer passar algum tempo pensando nas coisas que quer. Se não houver um limite, talvez ele deva aproveitar esta oportunidade para pedir o máximo que puder.
Ele está meio cochilando quando seu telefone apita com uma mensagem. Assustado, Jimin olha para a tela, acordando imediatamente quando vê que já são 16h e ele ainda não está vestido adequadamente.
Merda.
Jimin lava o rosto, abre a mala e veste uma camisa um pouco mais apresentável, uma laranja forte que meio que pendura em seu corpo, mas é muito confortável. Ele passa as mãos pelo cabelo algumas vezes, se perguntando se deveria colocar maquiagem, quando foi a última vez que ele fez isso?
No final, ele passa um pouco de base para esconder o sono, pega um chapéu, óculos escuros e sai correndo da sala.
JK havia deixado um recado para ele:
"Você está aqui? Encontro você no saguão."
São 16h34. Sua pressa para chegar a esta reunião ajuda a acalmar alguns de seus nervos. Olhar para os pés enquanto caminha também ajuda, embora ele olhe para cima a cada dois segundos para se certificar de que não irá se esbarrar em ninguém.
Toda vez que alguém olha em sua direção, ele sente seu estômago revirar de desconforto. Mas pelo menos ele não está congelado como naquela manhã. Talvez isso seja um progresso.
Jimin empurra a porta de vidro para o prédio de escritórios, maravilhado com o quão intocado tudo parece. Tudo é polido e reluzente, e numa das paredes tem até um daqueles telões com imagens alternadas, mostrando propagandas de grupos musicais famosos e ídolos e...
Jimin arranca os óculos escuros, piscando algumas vezes. De jeito nenhum. Aquele é....
— Jimin, você veio!
A voz faz Jimin pular de sua pele. Apesar do significado das palavras, ele fica horrorizado por um momento por alguém o ter reconhecido. Mas é apenas JK. JK o diabo. JK, cujo rosto está colado na porra da parede.
Jimin o observa, vestido com calças bonitas e uma jaqueta com o capuz puxado para cima. É uma roupa muito incompatível, definitivamente não é o que Jimin espera do demônio bem vestido. Mas então, JK não é exatamente a pessoa mais normal, e se ele (JM) cavar mais fundo, Jungkook nem é uma pessoa.
— Que porra é essa, você é um ídolo? — Jimin sibila. Sua voz parece alta no saguão quase vazio. — Pensei que você fosse o diabo.
— Um demônio, não o diabo.
— Você não respondeu à pergunta.
JK parece perplexo.
— Sim eu sou. Na verdade, estou surpreso que você não saiba quem eu sou. Você não lê as notícias? Ou pelo menos olha as redes sociais?
— Claro que não. Eu fico longe dessas coisas.
— Certo. — Diz JK, batendo um punho na palma da mão. — Isso faz sentido. Se você for sensível, pode ser difícil voltar aos holofotes.
Jimin zomba.
— Não sou sensível.
— Claro. Bem, siga-me. Temos muito o que discutir.
Eles estão sozinhos no elevador, e Jimin olha JK de cima a baixo mais uma vez, menos sutilmente desta vez. Com um sorriso, JK abre o zíper de sua jaqueta, revelando uma camisa azul-esverdeada muito mais bonita por baixo, tem gola, botões e tudo.
— Você estava usando a jaqueta para se esconder? — Jimin pergunta.
— Eu não queria ser cercado por paparazzi enquanto esperava por você.
Jimin limpa a garganta na tentativa de se livrar de um súbito carinho pelo homem. Agora que consegue vê-lo corretamente, Jimin pode dizer o quão bonito JK é. São suas feições, com certeza, mas também a maneira que ele se comporta, um estranho cruzamento entre autoconfiante e tímido, como se ele estivesse se esforçando muito para parecer de uma certa maneira quando estar sentindo algo completamente diferente por dentro.
Jimin consegue se relacionar muito bem com o sentimento.
— Gostei do seu corte de cabelo. — Diz JK quando as portas do elevador se abrem.
Jimin está prestes a responder quando vê uma placa na parede: JinHit Entertainment. É a mesma empresa que Hoseok assinou um contrato, um pouco menor; eles contratam muitos artistas solo. Jimin se pergunta por um segundo que tipo de ídolo JK é, e se o fato de ser um demônio tornava isso diferente.
Quando JK o leva a um grande escritório com vista para a cidade, os olhos de Jimin se arregalam.
— Isso pertence a você? Eles dão escritórios aos ídolos agora?
JK fecha a porta, fecha as persianas e senta-se.
— Por favor, sente-se. — Diz ele.
Jimin obedece, mordendo o lábio inferior enquanto JK começa a tirar os papéis de uma maleta, colocando-os sobre a mesa.
— Qual é o seu nome verdadeiro? JK é seu nome artístico? — Jimin pergunta.
— JK é o meu nome demoníaco. Jeon Jungkook é meu nome verdadeiro. Como um ídolo, eu apenas me chamo Jungkook.
— Isso não é muito criativo.
— Seu nome artístico não era apenas Jimin?
Jimin dá de ombros. Ele está tentando falar através de seus nervos, mas não consegue parar de olhar para os papéis nas mãos de JK, Jungkook. Contratos, ele imagina. Muito oficial.
— Vamos passar pelo processo passo a passo. — Jungkook diz, virando um papel para Jimin e colocando uma caneta em cima dele. — Deixe-me apenas confirmar, você definitivamente quer fazer isso?
Jimin sente que não tem escolha neste momento. Ele viajou todo o caminho de volta para Seul, pelo amor de Deus, para a cena do crime. Então ele assente.
— Bom. — Um sorriso aparece na fachada profissional de Jungkook. — Isso é emocionante, estou animado por você.
Por mais louca que toda essa situação seja, Jimin sorri também.
Jungkook pega o primeiro formulário.
— Primeiro, gostaria que você fizesse uma lista de desejos. Tudo o que você quer acontece aqui. Vamos passar por isso juntos e vou garantir que nada viole nenhuma regra.
— Você disse que eu poderia colocar um lá e informá-lo sobre isso mais tarde.
— Vamos fazer isso primeiro então. — Jungkook diz, recuperando um livro preto fino de sua pasta. Ele abre em uma página no meio, deslizando-a sobre a mesa. — Apenas certifique-se de que não seja um desses.
Jimin vê assassinato, roubo e suborno e outros tipos de crimes. Há outros tipos de regras também: não pedir a um demônio para salvar uma vida, não pedir para trazer alguém de volta dos mortos, não pedir nada que possa negar o pagamento final: a alma de Jimin. Mas não há nada aqui que se pareça com o que Jimin quer, então ele se recosta com um sorriso.
— Tudo bem.
Jimin preenche a lista de desejos com Jungkook observando ele como um falcão. Os três primeiros eles já haviam discutido: justiça, sua carreira e seus fãs. No quarto, Jungkook fica vermelho, mas diz que está tudo bem, para ele (JM) continuar. Quando Jimin escreve 'KBBQ' como o quinto, Jungkook o para.
(O quarto saberemos depois. E KBBQ é churrasco coreano)
— Você quer que eu te leve para comer KBBQ? — Ele pergunta.
— Isso é estranho?
Jimin não come essas coisas há anos. Jungkook está olhando para ele um pouco estranho, e Jimin se pergunta se ele deveria explicar que não quer ir sozinho. Parece estúpido agora que está no papel.
— Não é estranho. — Jungkook diz. Ele acena com a mão. — Continue.
O encorajamento faz Jimin adicionar coisas como compras e karaokê e uma viagem à Ilha de Jeju à lista. Ele considera por um momento se deveria colocar a Disneylândia antes de decidir com um meio aceno para si mesmo que também pode. Se ele está desistindo de sua alma, e sua liberdade, então ele quer ordenhar esse demônio por tudo que ele vale.
— O que devo escrever para aquele que quero manter em segredo?
— Desconhecido até revelado. — Jungkook responde, batendo na mesa uma vez para cada palavra.
Jimin rabisca e entrega o papel, dizendo:
— Aí está. A lista de desejos de Jimin para o diabo.
Ele fica estranhamente feliz quando Jungkook sorri.
Jungkook entrega-lhe o contrato então. Jimin olha para ele surpreso. Ele esperava algo mais... antiquado. Não um documento legal padrão.
— Isso faz sentido? — Jungkook pergunta quando Jimin começa a preencher algumas das informações básicas, seu nome, aniversário e informações de contato.
— Parece bom para mim.
— Certifique-se de ler os termos e condições. — Diz Jungkook, e algo em sua voz faz Jimin olhar para cima. Jungkook exibe um olhar nervoso. Ele está inclinado para a frente em seu assento, torcendo as mãos, os lábios puxados para trás em uma linha apertada.
— É bom. Tudo está muito claro. — Diz Jimin, sem saber por que sente a necessidade de confortar um demônio.
Jungkook olha para ele, e por um segundo seus olhos mudam para uma cor vermelha escura, queimando e fazendo a frequência cardíaca de Jimin aumentar drasticamente. Ele olha de volta para o contrato, esperando que suas bochechas não estejam obviamente vermelhas.
Termos e Condições. Ele começa a ler como Jungkook pediu, mas quando vê um quarto do caminho que é apenas a mesma besteira legal de sempre, para de ler e pula para a última página.
— Você leu tudo? — Jungkook pergunta.
Obviamente não. Ainda assim, Jimin mente diz:
— Sim. Estou pronto para assinar.
Jimin não espera permissão, apenas faz. E então ele olha para cima. Ele sente uma estranha sensação de alívio. Ele sabe que ficará nervoso mais tarde, mas agora, ele sente como se estivesse tomando as rédeas de sua vida e parece... bom.
— Última coisa. — Jungkook diz, estendendo a mão.
Jimin a pega, amando como aquela grande palma o aperta. Jungkook tem a pele macia. Ele tem mãos quentes. E seus olhos estão brilhando novamente. Sua mão está esquentando, ficando mais quente, tão quente que Jimin pensa que sua pele está prestes a ser queimada, e então, uma dor lancinante em seu pulso.
Jimin olha para baixo, pulando com um grito, mas Jungkook não solta até a dor desaparecer e Jimin estar olhando para uma tatuagem muito real que diz: 1.
Quando Jungkook solta sua mão, Jimin diz:
— Que porra, você não disse nada sobre uma tatuagem!
— Estava nos termos e condições! Você disse que leu! Por que você assinaria se não leu tudo?
— Eu...eu… — Jimin tenta esconder seu constrangimento, a voz saindo mais dura do que o pretendido. — Estava muito longe na lista. Fiquei entediado.
— O contrato era chato?
Jimin dá de ombros em concordância. Mas então o rosto de Jungkook cai e ele pega o contrato de Jimin, folheando-o cuidadosamente.
— Feedback é bom. — Jungkook murmura. — Para que eu possa fazer melhor da próxima vez.
Esse demônio é tão... estranho. Antes que Jimin saiba o que está fazendo, ele estende a mão e coloca a mão no braço de Jungkook.
— Está bem. Só não gosto de ler T&Cs. A culpa foi minha.
(T&Cs: Termos e condições)
Jungkook não parece convencido, mas finalmente deixa o contrato de lado. E então ele pega o pulso de Jimin em sua mão, passando um dedo pela tatuagem. A sensação é tão real e humana que Jimin jura que seu pau faminto por toque irá contrair novamente, embora desta vez Jungkook não seja capaz de sentir.
— Não dói, não é? — Jungkook pergunta suavemente.
— Não mais.
O dedo de Jungkook continua roçando o braço dele, subindo até chegar ao cotovelo. Abruptamente, ele solta, recostando-se em seu assento e não encontrando os olhos de Jimin.
O pau de Jimin definitivamente se contrai.
— Hum, então, o que... — Ele não tem chance de terminar a pergunta pois a porta se abre e um estranho entra. Imediatamente, Jimin luta para recolocar o chapéu e os óculos escuros, mal olhando para cima quando uma voz cortante diz:
— O que é isso, Jungkook? Por que você está no meu escritório?
Jungkook fica de pé uma fração de segundo depois, pegando os papéis da mesa e colocando-os em sua pasta.
— Eu pensei que você estava de folga, quero dizer...
— Quem é você?
Jimin demora um segundo para perceber que a pergunta é dirigida a ele. Ele poupa um olhar para cima, puxando o chapéu mais para baixo. Ele mal contém o suspiro quando percebe para quem está olhando: Kim Seokjin, CEO da JinHit Entertainment, o CEO mais jovem do setor. Jimin sempre o admirou e muitas vezes desejou ter dado uma chance a essa agência quando foi convidado para uma audição.
— Eu...eu sou...
A voz de Jimin não está funcionando corretamente. Sua mente está disparada, e de repente ele está completamente convencido de que Seokjin revelará sua presença em Seul para todos. Jimin estará nas manchetes novamente, ele estará no Twitter e no Naver novamente, e nenhum conteúdo será bom.
— Meu amigo. — Jungkook diz, salvando-o. — Ele está visitando de fora da cidade. Eu... só estava me exibindo um pouco. Desculpe?
— Pirralho atrevido. — Diz Seokjin. Suas palavras são duras, mas ele está sorrindo. Ele olha para Jimin. — Prazer em conhecê-lo…
— Chim. — Jimin consegue dizer, o antigo apelido vindo à mente na hora certa. Ele se levanta, curvando-se, suas próximas palavras saindo de seus lábios, — Desculpe por invadir. Eu deveria ir agora. Eu... eu... — Ele olha para Jungkook, que está olhando para ele, e pelo menos ele tem o bom senso de parecer apologético. — Vejo você mais tarde, ok?
Jimin sai correndo de lá.
Pirralho atrevido? Ele tem um milhão de outros nomes que quer chamar Jungkook. Mas então olha para o pulso, a tatuagem olhando para ele quando ele percebe o quão real tudo isso é. No final de tudo isso, aquele demônio malcriado e atrevido estará no comando dele.
Ele está fodido.
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Jungkook é o demônio mais fofo que existe. Nunca pensei que chamaria um diabo de fofo. A que ponto eu cheguei fanfiqueiras....
Espero que estejam gostando da história. Obrigada por ler e comentar.
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