18. Conversa Privada

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Jimin e Yoongi finalmente terá uma conversa esclarecedora. Vamos acompanhar.
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Ver Min Yoongi do lado de fora de seu quarto de hotel é como dois mundos colidindo. Este lugar é seu espaço seguro, ou o mais seguro possível, enquanto Yoongi é uma parte de sua vida que ele associa com dor e desgosto.

Ele fica feliz quando Yoongi não tenta abraçá-lo. Aquele constrangimento ainda está ali, como uma pedrinha cravada na sola do sapato. Ele pode se livrar disso se apenas reconhecer e, bem, essa é a maneira de Jimin reconhecê-lo.

— Two Hands. — Diz Jimin, pegando a garrafa e entrando na sala. Ele não verifica se Yoongi o está seguindo. — Você é um entregador incomum. Você não se parece nada com um.

Yoongi está vestindo o que Jimin classifica como roupas de interior, embora um termo mais casual seja 'pijama'. O outro apenas dá de ombros, olhando ao redor da sala uma vez antes de se sentar na única cadeira.

Jimin quer acabar com a tensão de alguma maneira, mas agora que todas as piadas foram ditas, sua voz parece presa na garganta, então ele se ocupa em abrir a garrafa de vinho e despejá-la em duas taças.

Enquanto entrega uma para Yoongi, ele nota o rapper olhando as garrafas de vinho vazias em sua mesa de cabeceira.

— Eu bebi era, umas 14h, então não estou bêbado agora. — Explica Jimin. — Eu só, eu precisava…

Ele se sente envergonhado. Ele deveria estar com raiva, mas tudo o que sente é as bochechas quentes e um desejo irresistível de se esconder. De desfazer o convite de Yoongi, de desfazer a ligação dele em primeiro lugar. Não é como se Yoongi merecesse nada disso.

— Você não precisa explicar. — Yoongi diz.

— Eu só tive um dia ruim. — Diz Jimin, oferecendo uma explicação de qualquer maneira.

— Eu também, na verdade. Entreguei minha carta oficial de demissão esta manhã. Mas também assinei com uma nova empresa, então… talvez não tão ruim.

— Então os rumores são verdadeiros. — Jimin brinca, caindo na beira da cama com um pequeno salto. Ele está muito nervoso para relaxar, então essa posição funciona para ele.

— Achei que você já sabia.

— Fiquei sabendo disso há alguns dias. E fiquei surpreso.

— Sim, bem.

Jimin toma um gole do vinho para evitar responder, percebendo com desgosto que Yoongi está fazendo a mesma coisa. Porra. Isso é além de estranho. Isso é mergulhar de cabeça em um penhasco proverbial, sem ninguém além de um ao outro para se segurar, apenas nenhum deles quer estender a mão e rochas pontiagudas aparecem abaixo deles e…

Talvez Taehyung esteja certo em chamá-lo de dramático.

Jimin se levanta para servir um pouco mais de vinho quando percebe que acabou e, embora evite olhar para Yoongi, pode sentir seus olhos o observando. Julgando-o.

— É, hum, bom. — Ele diz uma vez que está sentado novamente.

— Vinho de qualidade. — Yoongi concorda.

— Nada pode dar errado com Two Hands.

Jimin está totalmente ciente de quão coxo ele soa. Ele quer ser legal. Com Yoongi, ele sempre quis ser legal. Mas o rapper está tornando isso impossível. Por que diabos ele veio se só ia sentar aqui e olhar e julgar? E ele nem se preocupou em se vestir também. Como se visitar Jimin não fosse grande coisa. Um privilégio.

— Sabe, você tem coragem de aparecer aqui. — Diz Jimin.

— Eu... Você me convidou.

— Chamei a porra de um entregador, não um rapper desleixado que não conseguia vestir outra coisa que não seja um pijama.

— Essas calças de moletom são Gucci.

— Como se isso fizesse a diferença.

— Você não costuma convidar entregadores para entrar. — Yoongi ri. — Parece que estamos jogando, não é?

Jimin já estava sentindo as primeiras faíscas de raiva, mas essa risada é o que o leva ao limite.

— Isso não é a porra de um jogo, Yoongi. Estou falando sério agora!

— Você quer que eu vá para casa e me troque?

— Não! Que diabos de diferença isso faria?

— Não sei! — Yoongi abaixa o copo, olhando para ele. — Por que você não me conta? Ou você vai simplesmente desaparecer de novo por três anos?

— Muito engraçado. Insulte o falsamente acusado, por que não? Não seria a primeira vez.

— Sabe, eu quase queria que fosse verdade.

A onda de raiva que Jimin sente é assustadora.

— O que?

— Pelo menos então faria sentido o porque você fugiu! Eu poderia entender se você tivesse feito isso, mas você não fez, então você realmente não precisava ir, apenas você foi e…

— E o que eu teria feito? O que você teria feito? Você acreditou antes mesmo que eu pudesse dizer qualquer coisa. Isso depende tanto de você quanto de mim.

Yoongi ri incrédulo.

— Uau, tudo bem, claro, deixe-me assumir a responsabilidade por suas ações então. Peço desculpas, Jimin, pelo fato de você ter desaparecido por três anos. Peço desculpas pelo seu silêncio em todas as conversas em que sua voz poderia ter esclarecido as coisas. Peço desculpas por não saber magicamente que você e a porra do Choi Byungho tinham uma coisa acontecendo. Peço desculpas...

Jimin está com tanta raiva que um aceno de mão quando ele se mexe na cama quase derrama metade de seu vinho.

— Foda-se você. Você se afastou de mim. Eu poderia ter usado um amigo naquele dia, e você me ignorou como se pensasse que eu já era um caso perdido.

— Eu estava confuso! Quem não estaria? Você sabia que antes de Byungho ir para a empresa, ele veio até mim? Para pedir conselhos?

Não. Jimin não sabia.

— Ele não nomeou você. Ele apenas perguntou o que eu faria se alguém me machucasse sexualmente. Fiquei preocupado e disse a ele que deveria dizer alguma coisa. Só soube que era você quando vi o vídeo. Ele fez parecer que... — Yoongi respira fundo e ruidosamente. — Eu sei agora que foi estúpido, mas eu acreditei nele. Eu não poderia simplesmente não levá-lo a sério, se fosse real.

— Mas não foi real! — Jimin coloca os pés em cima da cama, querendo se cobrir e se esconder, desaparecer. — Não foi real. Ele mentiu sobre tudo.

— Eu... eu vejo isso agora.

— E ele continuou mentindo. Ele não parou. Ele ordenhou a história ao máximo, e você concordou com ela!

Isso não é verdade. Jimin sabe que não é. Se qualquer coisa, Yoongi foi tão silencioso quanto ele. Foi por isso que a mídia continuou pressionando por uma história, mas a única coisa que Yoongi deu foi sobre um rapper mal-humorado que só queria falar sobre música, não sobre Park Jimin.

— Eu só não entendo porque você não disse nada. — Yoongi diz. — Se você tivesse me forçado a ouvir, eu teria. Você sabe que eu teria.

— Mas eu não sabia. Você era como todo mundo.

— Você acha isso?

A raiva de Jimin dá lugar à angústia, fazendo-o sentar com a testa nos joelhos. Ele ainda segura sua taça de vinho, a haste apertada com força em seu punho, mas quase a esqueceu.

— Olha, Jimin. — Yoongi diz. — Eu estava errado. Eu deveria ter tentado ouvi-lo naquele dia. Mas depois que você saiu, fiquei com raiva. Você era um dos meus amigos mais próximos na indústria. Achei que te conhecia e de repente não conhecia e não sabia o que fazer. Eu também me senti sozinho.

— Por que você nunca ligou?

— Eu... eu deveria ter ligado.

— Por que não?

— Eu não sei. — Yoongi diz, sua voz trêmula fazendo Jimin levantar a cabeça para olhar para ele. O homem parece preocupado, seu rosto contraído como se estivesse tentando não chorar. — Talvez eu estivesse com medo de que você confirmasse que era verdade. Ou talvez eu esperasse que você ligasse primeiro. Ou talvez eu tenha me machucado também.

— Por que você…

Oh. Yoongi já havia dito isso, ele não sabia que ele e Choi Byungho eram uma coisa. Ele não sabia sobre essa parte gigante da vida de Jimin.

— Eu não contei a ninguém sobre ele. — Jimin diz como sua maneira de explicar.

— Você pensou que eu iria julgá-lo?

— Talvez. Eu… eu não estava fora do armário. Só minha mãe meio que sabia, e isso porque ela me pegou beijando um menino quando eu ainda estava no colégio, mas nunca conversamos sobre isso. Nunca falei sobre isso com ninguém.

— Porra, Jimin, sinto muito. Essa é uma maneira de merda para as pessoas descobrirem.

— Está tudo bem. Fugi antes que pudesse sentir todo o impacto disso.

— Essa foi a verdadeira razão pela qual você fugiu?

— Foi tudo. — Jimin admite. — Foi a coisa gay, mas em parte foi a empresa me demitindo e em parte a crítica, embora eu ache que isso combina com a coisa gay... Mas, principalmente, foi a coisa do amor.

— A coisa do amor.

Jimin assente. Ele não quer dizer isso em voz alta, não de novo, não agora, mas Yoongi já está piscando, suas sutis expressões faciais passando por várias emoções, surpresa, realização, compreensão, aceitação.

— Entendo. — Yoongi diz.

— Eu meio que confundi você com ele também. — Jimin diz antes que possa se convencer do contrário. — Eu disse a mim mesma que você partiu meu coração também. A amizade faz parte, mas… o sentimento é parecido.

Yoongi não diz nada por alguns segundos, então Jimin se ocupa em beber e olhar pela janela para a cidade abaixo. Ele se sente parado neste momento, mas o mundo continua em movimento. Quando olha para trás, o rosto de Yoongi está enterrado em sua palma e seus ombros tremem.

Jimin só o viu chorar uma vez, quando foi forçado a tomar uma decisão criativa com a qual não concordava e questionou sua integridade. Eles geralmente não choravam um na frente do outro.

— Eu não queria fazer você se sentir mal. — Diz Jimin. — Mas acho que é justo, já que você me fez sentir o mesmo. Então... talvez estejamos iguais agora.

— Não estamos. — Yoongi olha para cima, olhos vermelhos. Sua voz soa tensa. — Você sabe que não estamos.

Talvez não esteja. Mas pela primeira vez, Jimin quer que eles estejam. Ele quer que as coisas voltem a ser como eram antes. Ele quer poder ligar para Yoongi quando coisas como dançar e cantar parecerem difíceis. Ele quer poder ligar para Yoongi quando for rejeitado por uma paixão como aconteceu naquele dia. Ele quer tantas coisas, e ainda assim...

Yoongi não foi isso para ele naquela época, não totalmente. Ninguém foi, porque ele (JM) pensou na época que Byungho era o único que precisava conhecer seu coração.

— Sinto muito por não ter contado sobre ele. — Diz Jimin.

— Você não precisa se desculpar por isso.

— Bem, eu estou. Lamento não ter dito muitas coisas.

— É por isso que você voltou? Para dizer as coisas que você nunca disse?

Jimin assente, abaixando as pernas.

— J-JinHit está me ajudando. — Deve haver algo errado com ele que ele não consegue nem dizer o nome de Jungkook. — Eu tenho um advogado agora, mais ou menos. Ele está investigando o escândalo. E eu tenho... — Amigos. Ele toma um gole de vinho por um momento, sem saber por que está hesitando. — Hum, eu também quero ser um ídolo de novo.

Yoongi dá-lhe um sorriso suave.

— Eu meio que percebi isso quando te vi na outra noite.

— Exatamente.

— E eu sinto muito pelo que eu disse a você. Não foi justo. Eu pensei que era uma figura central na sua vida, sabe. Auto importante e tudo isso. Desculpe.

— Eu deveria ter deixado você ser, naquela época. — Diz Jimin.

— Eu posso ser agora. — Yoongi exibe um pequeno sorriso. — Eu deixarei você girar em torno de mim.

— Cale-se. Nós dois não podemos ser sóis. Nós simplesmente explodiríamos ou algo assim.

— Talvez seja esse o problema. Somos muito parecidos.

— Só que não explodimos. Nós apenas nos escondemos em nossas conchas e nunca dissemos uma palavra um ao outro sobre nada disso.

Uma coisa é entendê-lo em um nível subconsciente, mas dizer em voz alta faz Jimin perceber que, embora estivessem em lados diferentes da linha, eles fizeram exatamente a mesma coisa. Yoongi aceitou o silêncio de Jimin, mas Jimin aceitou o de Yoongi também, girando a história como uma falta de apoio, dando-lhe voz em sua cabeça porque era a história que ele queria ouvir, a história que ele precisava ouvir para empurrá-lo para longe. Se distanciar de tudo.

— Eu deveria ter estado lá para você. — Yoongi diz. — Eu sempre tentei ser. Eu... sei... dou a impressão de que não tenho coração...

— Você não dá.

— Mas por dentro eu sou muito mole.

Jimin tem que suprimir seu sorriso, e então tem que avaliar sua sanidade, porque, porque ele quer sorrir? Yoongi tem esse olhar em seu rosto, solene e pensativo. Ele está tentando expressar algo, então Jimin deve ouvir com atenção, porque é raro Yoongi se expressar através de qualquer coisa, exceto sua música.

— Não teria me custado nada verificar você. Eu queria ser um aliado de Byungho, porque era a coisa certa a fazer como seu hyung, mas eu deveria ter ligado para você porque era óbvio, quer você tenha feito isso ou não, que você precisaria de um amigo. E escondi isso de você, então me desculpe.

— É… — Jimin quer dizer que está tudo bem, mas a verdade é que ele não superou isso. — Não sei o que deveria ter feito. Não sei se poderia ter feito algo diferente. Mas se isso faz você se sentir melhor, não que eu ache que você mereça se sentir melhor. — Yoongi sorri. — Eu fiz um novo amigo em Hadong. Um sujeito improvável.

— Jung Hoseok. — Yoongi diz.

Jimin tenta não ficar surpreso.

— Você sabe que nos conhecemos lá fora?

— Eu conversei com ele na semana passada. Ele não me contou muito, apenas confessou que sabia onde você estava há mais de dois anos.

— Sim. Ele era irritante, mas eu ainda me vi ansioso por suas visitas improvisadas. — Jimin dá a Yoongi um olhar mortal. — Não se atreva a dizer a ele que eu disse isso.

— Eu nem sonharia com isso, garoto.

Jimin engole em seco, percebendo a maneira como Yoongi congela. Um deslize. O nome foi um deslize. Ainda assim, algo quente se agita no peito de Jimin, e ele não quer que vá embora. Então ele sorri, pousa o copo e se joga no colo de Yoongi, desejando carinho e amizade. Quando Yoongi o abraça de volta, o sistema hidráulico recomeça, mas eles não estão mais angustiados quanto antes.

— Eu ainda estou com raiva de você, mas eu realmente senti sua falta. — Diz Jimin.

— Também senti sua falta.

— O… — Soluço. — Two Hands é uma espécie de cura, você não acha? Beber é curativo. Talvez devêssemos beber todos os dias.

— Podemos beber todos os dias.

— Ou podemos começar devagar. Tipo, a cada duas semanas ou algo assim.

— Você não precisa falar em código. Você pode apenas dizer... — Yoongi começa e Jimin bate no peito dele, fingindo carranca em meio às lágrimas. — ... a cada duas semanas funciona bem.

— Foi o que eu pensei. — Jimin diz.

— Você não mudou.

Jimin enxuga os olhos.

— Não?

— Você ainda é um pirralho.

— Foda-se. — Ele descansa a cabeça no ombro de Yoongi, se mexendo e se contorcendo até que o outro aperta seus braços ao redor dele, segurando-o perto. Veja? Jimin não precisa dizer o que quer, e ele pode falar em código.

Yoongi terá que aguentar como sempre fez.

    
   
  
 
CONTINUA ☾ ◌ ○ °•
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Rapidinho aqui: muitos acham que Tae usa poder para influenciar JM. Mas não. Não há poder por trás de sua manipulação. O único poder que Tae usou foi pra ler os desejos. Sabe aquele amigo que te influencia facilmente, todo mundo tem ou teve um, que fica insistindo pra tu fazer algo que tu não quer, ah vamos menina, a festa sera boa, tem crush vai tá lá e insiste bastante, pois é, Tae influência assim, com palavras e conversa usando o que JM mas quer pra fazê-lo fazer o que ele quer, tipo a serpente quando tentou eva.

É isso. Agora vamos a notinha sobre o capítulo.

Desentendimento resolvido com Yoongi. Ainda bem. E Vocês o que acharam?

A verdade é que Yoongi vacilou ao se afastar. Mas no momento ele tava confuso e também decepcionado. O traste do garoto armou muito bem armado, ele filmou, e com vídeo como prova não tem como não ser a vítima e JM o agressor. Mas antes ele foi ate Yoongi e falou que alguém o abusava sexualmente e tal, óbvio que qualquer pessoa ficaria ao lado da vítima. Yoongi o aconselhou e tudo isso sem saber que era JM, até o vídeo explodir. Então sim, muito justo ele ter ficado confuso, triste, desapontado e tudo mas. O erro de Yoongi foi não ter ligado depois. Ele teve mais ou menos um ano pra fazer isso, já que JM trocou de número mais ou menos um ano depois do escândalo.

Os dois cometeram erros que contribuiu para o erro do outro. Uma corda mal amarrada que se rompeu quando ambos foram pra lados opostas. Afinal, Jimin também foi péssimo amigo e não confiou em Yoongi. ELE NÃO TINHA prova de que Yoongi era homofóbico mas escondeu um relacionamento de um ano por medo. Yoongi COM PROVAS de que JM se forçou contra um garoto tem que confiar em JM? Não pode sentir raiva, confusão, não querer confessar no momento de sentimentos bagunçado?

Agora é recomeçar e não esconder as coisas. Assim como o amor, amizade precisa de confiança, respeito e companheirismo. Se não tem isso, não é uma verdadeira amizade.

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