Who Are You

14 de janeiro, 3:56 AM, casa de Akemi Konishi.

Akemi Konishi serviu-se de mais uma xícara de café e voltou para seu enorme e confortável sofá verde. Sentou-se e deixou um suspiro cansado escapar. Estudava o caso de Denovan há horas. Várias páginas, várias palavras, várias informações, tinha tudo e ao mesmo tempo nada. De que adiantava terem todos aqueles detalhes de cada assassinato, se no fim, não tinham os motivos concretos? Insanidade?! Por céus! Peterson Denovan era a pessoa mais sã que conhecera em toda a sua vida. Tinha a força de dez homens, afinal, espancava as vítimas até a morte e além da morte, em seguida, jogava os corpos em lixeiras na rua onde morava cada vítima. Esse era seu modus operandi. Entretanto, tudo que Konishi queria e precisava era o motivo por trás de tudo isso.

Akemi deixou seus olhos castanhos caírem de encontro com algumas fotos de Denovan quando foi preso. Balançou a cabeça negativamente. Tinha algo errado em tudo isso.

- Por que você fez isso, garoto? - falou sozinha, suspirando novamente.

Sem sombras de dúvidas, o destino que o homem teria se fosse capturado não seria nada bom, ainda mais com Colton Bouvier tomando conta do caso.

~*~

15 de janeiro, 7:00 AM, casa da família Foster.

Se o pôr do sol trás a calmaria, o nascer do sol trás a agitação, ou melhor dizendo: o remorso. O sol nasceu devolvendo a sanidade de Peterson. Por céus! Onde estava com a cabeça quando deixou America o seduzir? Seus planos definitivamente não eram esses. Iria apenas cuidar da garota - e só cuidaria dela porque era seu emprego, e seu emprego era parte do disfarce para se aproximar da irmã e fugir com ela -, não levar a jovem para o banco de trás do carro do pai dela!

Denovan tirou o capuz do casaco cinza e sua entrada foi liberada.

Enquanto caminhava com algumas roupas em uma mala, já que teria um quarto na casa, como seu trabalho pedia para estar sempre por perto, muitos pensamentos passavam em sua mente, como todo seu disfarce ser descoberto, e dessa vez ser preso, e ter que enfrentar America e Lauren hoje.

Todo assassino começa seus crimes por um motivo. Ele pode ser louco ou pode ser consciente e querer apenas vingança. Mas a história de Denovan não era uma história qualquer. Ignorou os pensamentos de como começou a matar, não queria lembrar o que aconteceu agora. Infelizmente foi pego de surpresa lembrando o dia em que Lauren descobriu tudo.

Lauren Denovan tinha apenas sete anos quando seu único e mais velho irmão começou uma trilha de vingança sangrenta.

FLASHBACK

A garota sentia o rosto doer de tanto chorar e abraçava o próprio corpo encolhida em um dos sofás da sala. Louis, seu padrasto estava no quarto gritando, bêbado mais uma vez. Ouviu a porta dos fundos bater e não segurou, foi ver o que era.

Andou em passos lentos até a cozinha e pelo vidro da porta pôde ver seu irmão sair.

Lauren não queria ficar sozinha com um homem bêbado e descontrolado em casa, então saiu também e acompanhou os passos do irmão de longe.

Estava frio e ela andava há um bom tempo. Já estava cansada e percebendo que preferia ter ficado em casa.

Peterson virou em uma rua tranquila da área rica da cidade e a garotinha achou aquilo tudo muito estranho. Mais estranho ainda quando o irmão entrou em um beco. Pensou em se aproximar, no entanto aquilo era errado e ela nem deveria estar ali. Ignorou tudo, não tinha como voltar atrás agora, então caminhou determinada e encostou o corpo na parede, tentando ouvir algo.

Outro homem estava lá com seu irmão, ela não sabia quem era, mas eles falavam, ou melhor, discutiam sobre coisas que Lauren era nova demais para entender e que tinham o nome do seu pai.

Um momento de silêncio ocorreu e logo um barulho de algo caindo no chão despertou a menina. Seu irmão poderia estar em perigo. À vista disso, foi para a entrada do beco e se surpreendeu com o que viu. Um homem estava no chão, sangrando enquanto seu irmão batia mais e mais nele, em várias partes do corpo. Ela ficou observando aquilo estática e assustada demais para fazer algo. Peterson estava de costas para a entrada do beco, assim não fazia ideia de que ela estava lá. Ele pegou o corpo do homem, que nesse ponto já deveria estar morto, segundo a vista de Lauren, e o levou até a lixeira do beco, como se aquele homem não fosse nada além disso, um lixo.

Foi nesse momento que mesmo sendo nova Lauren entendeu tudo. Ela assistia o noticiário, sabia das mortes e dos corpos encontrados em lixeiros, sabia que os crimes eram cometidos pelo American Psycho. E seu irmão era o American Psycho.

Se antes preferia ter ficado em casa, agora não tinha dúvidas disso. Já estava chorando novamente. Nada machucou a garota como saber que seu irmão era um assassino. Ela tinha medo dele, tinha nojo. Só queria correr para longe dele.

Denovan parou encarando a lixeira e respirou fundo, pronto para se virar.

- Você é o American Psycho. - Lauren gritou, o assustando. - Você é um assassino.

Ele deu dois passos para se aproximar, mas era tarde demais, a irmã já estava correndo e chorando desesperadamente.

Lauren correu e bateu histericamente em uma casa qualquer. Sentiu o coração doer imensamente quando disse para os donos que sabia a identidade do American Psycho.

Não demorou em a policia chegar até a casa que Lauren morava com o irmão e o padrasto. Peterson estava no sofá assistindo televisão como se nada tivesse ocorrido, como se tivesse aceitado seu destino. Os policiais apontavam armas para a cabeça dele e diziam o que ele poderia e não poderia fazer.

Louis desceu para a sala perturbado e segundo os policiais, no estado em que estava não cuidaria bem de Lauren daqui para a frente, ainda mais com a garota precisando de cuidados diferenciados depois do que viu. Por isso ela foi para a adoção.

Contudo, não se importava com a adoção, estaria melhor em qualquer outro lugar.

E foi naquela noite que teve a maior decepção de sua vida.

FLASHBACK

Parou de andar bruscamente.

Odiava pensar nisso, odiava lembrar que viu sua irmã tão decepcionada. Tinha que mudar isso, teria tempo para conversar com a irmã, mesmo que no começo não seja de bom grado para ela.

Entrou na sala, logo vendo uma America Foster jogada no sofá branco. Usava roupas simples e claras, seus cabelos estavam jogados por trás do sofá e suas pernas estavam alongadas pelo tapete, dando assim uma bela vista para Peterson. Ela estava tão inerte, tão vulnerável. Tinha consigo a imagem de uma deusa angelical, não o pedaço de perdição que pôde provar ontem. E sim, definitivamente queria provar mais e mais. Entretanto, Christopher o tirou de seus devaneios com sua filha.

- Derek. - falou animado, caminhando até Peterson. - Pontual... - olhou o relógio. - Gosto muito de funcionários assim. - sorriu sem mostrar os dentes e Denovan fez o mesmo de maneira forçada. - America, querida - olhou para a garota que fitava Peterson com nojo. -, este é o Derek Harrington, ele será seu segurança e esteve ontem na boate.

Ela levantou do sofá e fitou os olhos de Denovan, dizendo:

- É, eu sei. - forçou um sorriso furtivo. - Já o conheço - virou o olhar para o pai, sem expressão e voltou os olhos para Peterson. -, e muito bem. - sussurrou.

A garota deu as costas e saiu rebolando para o que ele acha que seria a cozinha no tempo em que uma mulher saiu de lá acompanhada de uma garota morena um pouco mais velha que America.

- Derek, essas são Kloé - Christopher apontou para a mais nova que o olhou com malicia. - e Cora. - a mais velha sorriu educada.

Ficaram minutos conversando sobre como funcionaria seu trabalho na casa, até que ele não se aguentou e teve que perguntar:

- Vocês possuem outra filha? - direcionou o olhar para Christopher e Cora.

- Sim. - a mulher respondeu com um sorriso. - Lauren é nossa filha adotiva.

Ela sorria com orgulho de ter mais uma filha e adotiva, sinal que Lauren era feliz ali.

E se seus planos de aproximação estragassem essa felicidade da irmã?

~*~

15 de janeiro, 14:45 PM, cobertura luxuosa de Hurley Ortiz.

- Então está querendo dizer que seus superiores estão achando que eu ajudei Denovan? - questionou, com as veias quase saltando e uma raiva no olhar tão aparente que o rapaz na porta teve vontade de recuar um passo para trás. - Isso é um absurdo! - gritou. -Quem já se viu?!

- Senhor, estão apenas o convidando para comparecer na delegacia amanhã e responder algumas perguntas sobre o caso American. - o garoto tentou explicar. - Ninguém insinuou nada.

- Ah, claro! - esbravejou. - Estão me convidando para ir até lá assim como convidam alguém para uma after party. - diminuiu a voz, mas a irritação continuou presente. - Não sei o que você e seus superiores pensam, mas sou um advogado sério, garoto. - mentiu, ajustando o terno.

Parte daquilo era verdade, era sim um advogado sério, menos no caso de Denovan. Prometeu para Jeanine, mãe de Peterson e Lauren, antes de morrer que cuidaria de Denovan e o tiraria de encrencas. Estava fazendo coisas erradas, porém a promessa para a mãe do American Psycho continuava firme, mesmo sabendo que ela não teria orgulho do filho se o visse agora. No fim, era tudo por uma boa causa, de certa forma.

- Senhor, por favor, eu só entrego os recados. - o mais jovem suspirou. - Então, assine o papel e irei embora.

Hurley recuperou a linha, derrotado, e puxou o papel e a caneta das mãos do garoto.

- Me diga, quem assumiu o caso? - perguntou enquanto rabiscava o nome na linha.

- Colton Bouvier, senhor. - replicou.

O coração e a respiração de Hurley pararam por um momento, ao ouvir o nome do francês.

Entregou as coisas ao rapaz, que agradeceu aliviado, e em seguida fechou a porta. Passou as mãos no rosto, preocupado. Se Colton fosse tão bom como parecia, Peterson estava em problemas.

~*~

15 de janeiro 16:50 PM, casa da família Foster.

Peterson caminhava pelo gramado tranquilamente e vigiava a casa junto dos outros seguranças em ternos pretos. Conversando com alguns enquanto ajudava, já que America não iria sair de casa naquela tarde. Explicaram-o que Christopher não era tão limpo quanto aparentava nos jornais. Acabou se metendo em uma enrascada com quadros roubados e agora os ladrões os queriam de volta. E fora isso, todos temiam que Peterson voltasse para buscar Lauren.

Explicaram também que Lauren era irmã do maior assassino da América como se ele não soubesse e fosse algo extremamente sigiloso. E era, para a segurança dela.

O que não sabiam é que ele já havia voltado. E pensando nisso, seu juízo voltou e resolveu que acabaria com os possíveis problemas entre ele e America após a serenata no banco de trás. Isso ainda o fazia sorrir, e no momento em que lembrou, se pegou sorrindo sozinho.

Entrou na casa e avistou uma das empregadas, que indicou onde era o quarto de America. Subiu as escadas receoso, pensando em como conversaria com ela. Chegando ao corredor cercado por quadros, um dos primeiros lugares da casa que conheceu e o mesmo corredor que abrigava o escritório de Christopher, viu America, como se esperasse por Peterson. Parada na porta de seu quarto e com a cabeça encostada na parede, mais uma vez ela parecia tão vulnerável e incrivelmente frágil, como se a mínima coisa a pudesse machucar de maneira tão profunda que machucaria as pessoas ao redor, era como se estivesse ansiando proteção.

- Eu... - tentou pronunciar e olhou o chão de maneira confusa. - Eu vi você pela janela. - explicou. - Imaginei que viesse aqui.

- Acertou. - disse e caminhou até ela.

Se era para terem uma conversa, que isso ocorresse logo.

- Eu acho que devemos parar por aqui. - proferiu, de maneira calma.

- E esquecer? - indagou, inseguro e surpreso. - Pensei que eu fosse o homem que queria. - provocou com um sorriso furtivo.

A verdade é que não sabia o motivo de estar insinuando que não queria esquecer e sim continuar. Mas, continuar o quê? Continuar a transar com a filha do chefe? Colocar a segurança de America em perigo por ser um assassino procurado? Pôr seu plano no ralo por algo que só aconteceu uma noite? Não era tolo ao ponto de arriscar tantas coisas por uma transa. De fato, America fora algo diferente, só que chega, acabou! Ela estava bêbada e ele estava com necessidades depois de tanto tempo preso em um sanatório sem sexo. Estava determinado em acabar com aquilo agora, por mais confuso que seja.

- Eu não acho que isso que fizemos seja certo. - gesticulou, fitando as mãos.

Por mais que ele não quisesse, tinha que concordar.

- Você tem razão. - tentou sorrir, mas não conseguiu.

America forçou-se a sorrir e entrou no quarto, como se a conversa houvesse acabado, afinal, estava pronta para dormir o que não conseguira na noite passada e hoje pela manhã. E Denovan virou-se para descer e voltar para o jardim, entretanto, o barulho de uma porta sendo aberta o atrapalhou.

Algumas vezes o mundo para, mas, só para você, porque ele continua rodando para as outras pessoas. No entanto, para isso acontecer você precisa de um motivo muito bom, uma pessoa muito especial para causar isso. Apenas a pessoa que ama é capaz de mover seu mundo por você.

Lauren Denovan. Lá estava, finalmente. Encarava o irmão aparentando estar desesperada por dentro, sua respiração era acelerada e seus fios negros cobriam seu olho esquerdo. Ela tinha cabelos negros como os do pai, mas o resto de suas feições era iguais as de Jeanine, a pele clara, a boca em um tom suave de vermelho quase que proposital para a pele e os olhos verdes. Fitando-a, o estado do homem não estava muito diferente do de Lauren. Não era desespero, era pânico o que tinha em si.

Ela estava tão grande, tão diferente. Não parecia a sua Lauren.

- Pete... - choramingou.

(Você sente a minha falta?)

- Meu amor. - se aproximou. - Como... Como soube que era eu? - tentou falar outras coisas, mas o momento era complexo demais para isso e estava com medo, já que ela o reconheceu, sinal de que seu disfarce não poderia ser tão bom.

(Sou um louco?)

E como ele esperava, ela o olhou com repulsa e deu um passo para trás.

(Eu estou perdendo o controle do seu amor?)

(Se você me quer ou não, eu preciso saber)

- Você pode enganar a América toda, mas não pode enganar quem o ama. - abriu novamente a porta do seu quarto e virou-se para ele. - Seja lá o que queira aqui, não vai conseguir. - sua voz era pura determinação e choro. - Eu amo você, mas no momento eu te odeio, por mais estranho que seja. - ela chorava, provocando as lágrimas que ele prendia com força. - Eu não sei mais quem é você, afinal, acho que nem você mesmo sabe. - entrou no quarto e deu uma última olhada para o irmão. - Mas com certeza não é o meu irmão.

E assim como a pessoa pode mover seu mundo, ela pode o destruir em um piscar de olhos.

(Eu preciso saber)

~*~

15 de janeiro, 19:00 PM, quarto de hotel de Colton Bouvier.

Colton Bouvier se deliciava com uma xícara de chá, sem tirar um grande sorriso dos lábios. Estava completamente satisfeito. Pegaria o assassino que ninguém conseguiu pegar, seria ainda mais conhecido e teria feito sua vingança.

- O advogado foi chamado ? - questionou indo até o ajudante, que lia um livro.

- Sim, senhor. - proferiu. - Entretanto, não foi possível grampear o celular dele.

Se Colton era tão famoso e eficaz, com certeza não era totalmente dentro das leis. Claro que era apenas um detalhe entre vários outros.

- Parece que alguém tem algo a esconder. - sorriu mais ainda. - Parece que pescamos dois peixes, Cameron.

Imaginou o quanto seria prazeroso ver Peterson Denovan em roupas de presidiário e lidando com os outros detentos, que eram, sem dúvidas, melhores e piores que ele. E assim gargalhou.

~*~

15 de janeiro, 19: 45 PM, casa da família Foster.

Quando se tem sete anos, você chora por cair e se machucar.

Quando se tem treze anos, você chora pela morte do animal de estimação.

Quando se tem vinte e três anos, você chora por um coração partido.

(Quem é você hoje?)

(Você será o sol ou a chuva?)

Mas ele não podia evitar, não é mesmo? Afinal, o que pensara? Que era só fugir do sanatório, se infiltrar na casa da família adotiva e no fim sequestrar a própria irmã? Definitivamente, não! Lauren era feliz naquela casa, só estava abalada por sua culpa, porque soube que fugiu do sanatório, e que outro motivo seria se não ela?

(Quem é você amanhã?)

(Você me fará sorrir ou me trará tristeza?)

E agora lá estava ele, chorando no quarto disponibilizado na mansão Foster por Christopher, iluminado apenas pela luz fraca de um abajur. Chorava em silêncio, mesmo o choro querendo se alarmar. No momento, já cogitava se entregar, só que seria suicídio, e Hurley o impediria. Ele precisava de algo, um motivo para ficar e lutar e sua irmã poderia não estar mais entre sua escassa lista de motivos, ela não aguentaria toda a dor ao redor dele.

(Quem você será quando eu estiver perdido e com medo?)

(Quem você será quando não tiver ninguém lá?)

Ouviu o barulho de algo sendo aberto com certa delicadeza e odiou a si mesmo mortalmente por não trancar a porta. Tudo pareceu se iluminar quando viu America e seu cabelo loiro quase reluzente. Parecia que ela tinha o poder de iluminar não só o quarto mas a vida nebulosa e obscura de Denovan.

(É tão estranho como o mesmo rosto)

(Pode te fazer feliz e te trazer tanta dor)

Ela sentou-se em silêncio ao lado do homem. Nunca soube o que fazer em uma dessas situações. Então foi apenas ela mesma.

(É tão estranho como o mesmo rosto)

(Pode fazer você amar até doer)

- Sabe, eu vim até aqui para dizer que tinha mudado de ideia, e deveríamos manter uma amizade com transas ocasionais. - fitou o teto e ele a encarou com o rosto molhado. - Mas acho que não é uma boa hora para te jogar na parede e transarmos feito animais.

Denovan soltou uma gargalhada abafada.

O que a garota tinha de diferente? Talvez nada. Só que ele gostava de ouvir o som da risada dela junto da dele. Gostava de apreciar o tom dos seus olhos. E gostava da maneira como ela o fazia se sentir bem. Ela poderia estar certa, começariam uma amizade, com ou sem sexo.

(Para onde nós vamos?)

Ele continuava chorando em silêncio, era hora da garota fazer algo. Depositou seu braço nos ombros de Denovan e fixou seus olhos nele.

- O que aconteceu? - questionou, sabia que nem o conhecia o suficiente e que não tinha o direito de perguntar.

(Eu preciso saber)

- Eu fiz algumas coisas terríveis. - tentou respirar normalmente. - E minha irmã me odeia.

- Bom... - ela suspirou, tentando pensar. - Eu não sei o que você fez e também sei que não posso perguntar. - aproximou-se mais, sem segundas intenções, só sentia o corpo dele tremer e queria fazer algo. - Eu era obrigada a crescer dentro de igrejas, Derek, e aprendi que se até Ele pode perdoar, nós, que não somos nada além de meros mortais, também podemos perdoar. - os dois observavam o chão. - Demora, mas sua irmã também precisa de tempo.

Ele a olhou novamente, queria falar algo, só que simplesmente não sabia o que dizer e nem como dizer, tanto que abriu e fechou a boca várias vezes. America entendeu o gesto. Segurou o rosto molhado de Peterson com as mãos, sussurrando que não precisava falar nada, e em seguida beijou de leve os lábios do rapaz. America o soltou e ele a encarou.

Em um gesto rápido, ele a abraçou mais forte e deixou o choro se alarmar, soluçando enquanto America acariciava seu cabelo.

Percebendo agora, não queria estar em outro lugar ou em outros braços. Tinha que ser ali, naquela casa e com aquelas pessoas, independente de qualquer coisa.

Talvez, ele já tivesse encontrado seu motivo para ficar e lutar, mas, claro que era cedo e orgulhoso o suficiente para admitir para si mesmo.

(Quem é você hoje?)

(Porque ainda sou a mesma) - Who Are you, Fifth Harmony

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top