Capítulo 10

Mamãe, está tudo bem...

Acordo com um pulo. O que foi isso? Onde diabos estou?
Olho ao redor e não reconheço o quarto, estou quase entrando em desespero, quando duas mãos quentes me puxam para baixo.
-Volta a dormir Amélia, ainda é cedo.

Cris diz com sua voz sonolenta. Eu não acredito que ele veio aqui e dormiu comigo.
Olho para o criado mudo e o relógio marca exatamente 08:29am.
-Droga Cris! Já é quase nove da manhã! Estou super atrasada, se não for agora para casa não vai dar tempo de trocar de roupa! 

Praticamente grito empurrando o homem pra fora da cama. Ele ainda está meio grogue de sono, por isso fica mais difícil mover a grande massa de músculos chamada Cris.
-Vamos Cris, me ajuda! Vai tomar banho enquanto eu também tomo e depois você me leva la em casa!
-Tudo bem Amélia, você ganhou!

Ele resmunga e finalmente se levanta e vai para o seu quarto. Parece que ele não curte muito levantar cedo. Eu também odeio, mas também odeio chegar atrasada em qualquer lugar.
Tiro minha roupa, que consta de uma calcinha apenas, e vou direto para o banheiro. Tomo o banho mais rápido da história dos banhos e visto minha roupa, guardando a calcinha na minha bolsa, até porque usar a mesma...eca.

Saio do quarto e escuto o chuveiro do quarto de Cris ainda ligado, ele demora demais para tomar banho!
Resolvo fazer um café da manhã rápido enquanto ele termina de se arrumar. Faço ovos mexidos e torradas, ah, e café, com açúcar pra mim, sem açúcar pra ele. Espero que ele não seja cheio de frescuras.

Estou terminando de colocar tudo no balcão, quando Cris aparece mais sexy que nunca, com seu terno, gravata e o cabelo molhado. Droga, como ele consegue?
-Ate que enfim Cristopher, pensei não iria sair mais do chuveiro. Fiz café da manhã enquanto você tomava banho, espero que goste.

Digo um pouco nervosa. Cris me olha estranho, com o cenho franzido, pega sua xícara e começa a devorar tudo o que se encontra no balcão.
-Acho que você estava com fome em...
-É que faz tempo que não tomo um café da manhã tão saboroso.
-Mas são só torradas e ovos mexidos, Cris.

-Eu sei...
Esse homem é estranho.
Terminamos de comer e levo as coisas para a pia, começo a lavar tudo, mas Cris me diz que a empregada chegará em alguns minutos, que não me preocupe. Melhor pra mim, não estou com muito tempo pra perder.

Bem nesse momento a campainha toca, deve ser a empregada.
-Voce pode abrir a porta pra mim, por favor Amélia? Deve ser a Carla, minha empregada. - ele me pede enquanto vai para o seu quarto, sem nem esperar pela minha resposta. O que deu nesse homem, ele é bipolar?
Abro a porta, e levo um grande susto ao perceber que não é a tal Carla que se encontra do outro lado.

-SURPRESAAAAA! -gritam os dois rapazes junto.
-Amélia?
-Patrick, Joe?
Perguntamos em uníssono. 

-O que você está fazendo aqui?
Meu primo me pergunta com um olhar de acusação.
-Eu... eu...
-Eu precisei que ela viesse aqui para ver algumas coisas de contabilidade da empresa, ficamos até tarde revisando os livros e eu pedi que Amélia dormisse aqui. Estava muito cansado para dirigir, e não iria manda-la em táxi para casa uma hora dessas.

Cris explica me assustando, nem tinha percebido que ele estava na sala.
-Hummmm, será mesmo senhorita Amélia? Ou será que você derreteu o coraçãozinho do ogro aqui?-diz Joe olhando para o irmão em uma conversa muda.

-JOE! Respeite a senhorita Regins por favor!
-Calma Cris, era só uma brincadeira... de todas formas preciso conversar com você, será que teria uns minutos? -pergunta Joe.

-É importante? Porque tenho que levar Amélia até sua casa para que se troque, senão ela chegará tarde ao trabalho.

-É sobre o papai... -diz Joe cauteloso.
-Eu já estou sabendo de tudo mano, pode ficar tranquilo.
-Mas como...?
-Martha. 

A simples menção desse nome me causa arrepios.
-Aquela vadia! Como ela se atreveu a falar com você?
-JOE! -Patrick e Cris o repreendem ao mesmo tempo, o que me faz rir.
-Olha, realmente temos que ir, fiquem à vontade, e Joe, depois conversamos mais sobre o assunto, tudo bem?
-Tudo bem irmãozinho. 

Eles se abraçam meio desajeitados e eu olho para Pat, sem saber o que diabos acaba de acontecer. A única resposta que obtenho do meu primo, é um levantar de hombros.
-Vamos Amélia, já estamos tarde.

Me despeço dos rapazes e sigo meu chefe até o elevador.
Descemos calados até o estacionamento, cada um em seu mundo. Entramos no carro e ele dá a partida, saindo em direção contrária à minha casa.

-Aonde está indo Cristopher? Minha casa fica para o outro lado! -pergunto irritada.
-Então voltei a ser Cristopher. -afirma o homem.
-O que?
-Desde ontem você me chamou somente de Cris, e hoje voltei a ser Cristopher.
Ele está...chateado?
-E o que isso tem a ver caramba?
-Nada, deixa pra lá. 

-Olha Cris acho que você está confundindo as coisas, você mesmo disse que não queria uma relação séria, e agora está agindo como um namorado mimado!

-Me desculpa Amélia, não sei o que me deu, eu... olha vamos ao shopping e lá você compra uma roupa para ir ao trabalho por hoje, será um presente meu.

-Eu posso pagar pelas minhas próprias roupas, pelo amor de Deus Cris! Você inventa uma mentira absurda sobre o porquê de eu estar na sua casa, ai me diz que quer comprar roupas para mim... eu não entendo!

Eu sei, agora quem parece a namorada doida sou eu. Mas eu me senti magoada com a historia que ele contou para o seu irmão e para Pat. Tudo bem, eu aceitei dormir com ele só por essa noite para desestressar, mas não precisa ter vergonha de mim...arrghh porque estou assim???
-Você queria o que Amélia? Que eu dissesse que nós fizemos sexo selvagem como loucos a noite passada, para o seu primo e o meu irmão? E como disse, não leva a sério, porque eu não estou levando.

Augh! Essa doeu.
Não respondo nada, simplesmente viro para o lado e encosto minha cabeça no vidro frio. Acho que acabo de me meter em uma roubada.
Depois de alguns minutos de silêncio, Cris bate com força no volante, me fazendo pular do banco de susto.

-Desculpa Amélia, eu sou um completo idiota.
-Tudo bem senhor Swansen, não tem nenhum problema. -respondo.
Depois que eu entrar na empresa hoje, seremos somente patrão e subordinada. Nada mais, nada menos.

Entramos no shopping e compro uma saia tubinho qualquer, uma camisa de seda da cor do vinho e um sapato preto com um salto de uns oito centímetros. 

Por mais que eu seja alta (178 cm), não dispenso a elegância de um salto. Lembro que estou sem calcinha, mas nem louca vou comprar uma nova, muita gente pega nelas e podem estar cheia de bactérias. Prefiro ficar assim como estou até a hora do almoço, quando terei duas horas para passar em casa e me vestir adequadamente. Pego as sacolas com as comprar e vou até um banheiro para me trocar, ainda bem que sempre tenho um pequeno estojo de maquiagem na minha bolsa. Faço um delineado de gatinho simples, passo rímel e um batom quase da cor dos meus lábios e estou pronta.

Saio do banheiro e não vejo Cris em nenhum lugar. Será que ele me deixou aqui para ir sozinha até a empresa para que não nos vejam chegando juntos?
Ando mais um pouco e estou quase chamando um táxi, quando o vejo parado igual uma estátua, falando ao telefone. Não quero atrapalhar a sua conversa com quem quer que seja, então espero ele finalizar a ligação para me aproximar.
-Já estou pronta, obrigada novamente pelas roupas, quando receber o pagamento te devolvo tudo. Podemos ir.

Digo ríspida e já caminhando até a saída.
-Já disse que era um presente, Amélia.
Diz ele, me alcançando em poucos passos.
Entramos novamente no carro e partimos para a empresa.
O trajeto dura mais ou menos uns vinte minutos e quando estamos quase chegando eu sugiro:
-Pode me deixar uma esquina antes da empresa, assim não nos vêem chegando juntos.
-Claro que não, Amélia. 

Então estamos de poucas palavras. Aquela ligação pelo jeito mexeu com ele.
Passamos pela portaria e o guarda vem até a janela de Cris.
-Bom dia chefe, hoje os leitores de digital estão falhando, então terei que registar sua entrada manualmente. Da senhorita também. -Ele diz apontando pra mim, e eu quero me misturar com o assento de couro.

-Bom dia, Jeremias. -digo envergonhada.
-Ah! Senhorita Amélia, não a reconheci! Assine aqui por favor, e podem passar.
Assino a prancheta que ele me passa e assim que a entrego, Cris acelera para o estacionamento.
Ele continua estranho e eu tenho vontade de sair desse carro o mais rápido possível.
Subimos pelo elevador até o andar que trabalhamos e eu vou direto para minha sala sem dizer uma palavra. Cris também não diz nada, e todos no andar nos olham como se fôssemos grandes alienígenas verdes.

Alguns minutos depois, lembro que não o avisei que iria para casa no almoço, então decido avisar de uma vez para não ter que falar com ele mais tarde.
Vou até a sua sala, procuro pela sua secretaria para avisar da minha presença, mas ela não está. Resolvo tocar na porta fechada, não acho que seja algo errado.

Me arrependo na mesma hora ao ver quem abre a maldita porta.
-Sim, querida? - diz Martha com seu olhar de superioridade.

-Eu...eu queria deixar um recado para o senhor Swansen...
-Sim, pode falar senhorita Regins. - escuto a voz séria de Cris.

-Eu só queria avisar que terei que passar na minha casa na hora do almoço, eu... esqueci umas coisas importantes e terei que ir buscá-las. 

-Tudo bem, não tem problema.
-Bom querida, se isso for tudo pode se retirar. -diz a vaca loira.
O que essa mulher quer aqui? 

Oh meu Deus! Era ela que estava aqui no primeiro dia, a loira que estava saindo da sala de Cris, quando ele me chamou para a reunião! Como não percebi isso!

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