BÔNUS FINAL
RAFAEL E MARTHA
Quando Martha despertou aquele dia, não pensou que as coisas fossem se desenrolar tão perfeitamente. Tudo começou quando aquele garoto Rafael a ligou avisando que a vadia estava almoçando em um restaurante mixuruca perto da empresa com o ex-namorado. Como essa garota era burra.
Ela precisava fazer alguma coisa, qualquer coisa para que Cristopher os visse, ele ficaria furioso.
Depois de pensar por alguns minutos, uma ideia passou pela sua cabeça e ela não pode deixar de rir da sua inteligência. Ela era realmente muito boa no que fazia.
-Alô, Cris...
-Martha, não acredito que esteja me ligando a essa hora! -Cristopher atendeu com o seu típico mau humor.
-Sim, estou te ligando a essa hora! Preciso conversar com você urgente, na verdade fazer uma oferta.
Ela sorriu e esperou alguns segundos enquanto ele mordia a isca.
-Sim, estou escutando. -Bingo!
-Não, meu querido, esse é um tipo de oferta que se faz cara a cara.
Cristopher fica em silencio e ela até olha o telefone para ver se ele havia desligado na sua cara, mas alguns minutos depois ela escuta um suspiro e não se surpreende com a resposta.
-Tudo bem. O que você tem em mente?
Isso estava acontecendo melhor do que ela imaginava.
-Há um restaurante aí perto das torres Sofer e bem, que tal um almoço?
-Olha Martha, eu não acho que isso seja uma boa ideia...
O homem estava voltando atrás, ela teria que usar artilharia pesada.
-Bom, se você prefere assim, acho que terei que conversar com a sua namoradinha... como é mesmo o nome dela? Ah sim, Amélia.
-Demônios! -Ele conjetura. -Tudo bem, Martha, você ganhou. A que hora nos reunimos?
-O que você acha de descer? Estou a duas quadras da empresa, podemos ir caminhando para o restaurante.
Ele suspira novamente.
-Tudo bem.
A cara que aquela putinha fez quando os viu, foi impagável, mas melhor ainda foi a expressão de Cristopher quando recebeu as respostas amargas dela. O ex também não estava gostando de nada. Perfeito. Para Martha, era o melhor dia da sua vida. Espera, o segundo melhor, depois da morte daquele velho decrépito.
E tudo ficou ainda mais interessante, quando depois de ela voltar até o escritório de Cristopher, e de conseguir convencê-lo a comprar o maldito chalé, passou pela porta e encontrou a maldita mulher ali parada olhando para os dois espantada.
Como ela amava isso, Cris era dela e de ninguém mais. Não era uma vadiazinha qualquer que iria conseguir fisga-lo. Afinal ela foi o seu primeiro amor.
Ele no máximo, nutria uma paixonite pela garota sem graça. Ela precisava agir rápido para recuperar o que era seu por direito. Deitada na grande cama king size, pensou e pensou e decidiu que iria começar aquela mesma noite com o seu plano, com a ajuda daquele nerd idiota, é claro.
-Rafael, olá! Como estão as coisas aí na empresa meu amor? -A última palavra saiu seguida de uma cara de nojo, que graças aos céus o idiota não podia ver.
-Oh, olá, Martha. -Comicamente, Rafael fez a mesma cara. Ele odiava aquela vadia loira, ela se achava parte da realeza, mas lamentavelmente, ele precisava dela para separar o chefe da sua mulher. Isso mesmo, Amélia era dele, e de ninguém mais.
Desde que ele entrou na empresa, ficou encantado com a mulher. Várias vezes, fez brincadeiras sugestivas e jogou indiretas, mas ela sempre ria e dizia que eles eram apenas amigos, que além do mais, ela ainda não estava preparada para uma relação seria. Mentirosa!
-O Sr. Swansen foi embora depois que você saiu e até agora não voltou. E vendo o expediente já está quase acabando, ele deve voltar só amanhã.
Martha bateu palmas e soltou um gritinho.
-Perfeito! Vá até Amélia e diga que Cristopher ligou e precisa que ela vá até sua casa, urgente! Mas só depois que o expediente acabar. Se ela perguntar o que o chefe quer, diga que ele não lhe deu mais detalhes.
-Ok. -Rafael desligou o telefone sem nem se despedir. O que Martha estava planejando? Bom de qualquer maneira não era da sua conta, desde que ela conseguisse separar os dois.
Ele se escondeu na sala onde ficavam todas as câmeras de segurança e observou aquela que dava direto na porta do escritório de Amélia, ele ficaria ali até que ela saísse e aí, colocaria o plano em pratica.
Enquanto isso, Martha colocava seu melhor lingerie e se dirigia para o apartamento do seu futuro marido. Ela não conseguia segurar o riso de excitação. Tudo estava indo melhor do que ela havia planejado.
Quando ela finalmente chegou no edifício, o porteiro não queria a deixar passar, mas ela colocou a melhor máscara de mulher preocupada e o convenceu de que o morador do apartamento 105 B poderia estar em perigo, já que não atendia a nenhuma ligação da sua madrasta.
O velho olhou desconfiado para Martha, e depois de alguns segundos a deixou passar. Seu rosto era preocupado por fora, mas por dentro ela soltava gargalhadas de felicidade.
Ao chegar no lugar, apertou várias vezes a campainha, mas o maldito não abria a porta. Ela estava dando meia volta para voltar para baixo e esperar a que Amélia chegasse -pelo menos vê-la saindo dália já seria suficiente para semear a dúvida-, quando Cristopher abriu aporta completamente bêbado, Martha quase pulou de alegria.
-O que você está fazendo aqui? Suma da minha vida!
Aquela resposta não era a que ela queria, mas serviria de qualquer jeito, vinda de um homem que não estava com suas plenas faculdades mentais naquele momento.
-Cris, o que você está fazendo bebendo assim sozinho! Pode se machucar!
Sua cara de preocupação era digna de um óscar, pensou.
Como o homem cambaleando não iria convidá-la a entrar, ela passou pela porta de qualquer jeito e sentou no sofá confortável, observando o lugar. Alguns detalhes haviam sido adicionados desde a última vez que ela esteve ali. Alguns... toques femininos. Maldita ratazana aquelazinha!
A raiva borbulhava no seu peito, mas ela não perderia tempo com isso.
-Você quer beber alguma coisa? Uma agua talvez? -Cristopher ofereceu. Sempre tão educado.
-Oh, eu aceitaria um vinho.
Ele concordou com a cabeça e foi buscar o pedido. Enquanto isso, ela localizou o copo que ele estava bebendo o whisky e colocou algumas gostas de sonífero dentro, depois de enchê-lo novamente.
-Aqui está... -Ela se sobressaltou com a rapidez com que ele voltou, para uma pessoa bêbada, até que ele se virava bem. -Obrigada! -Disse bebericando um pouco do vinho, que resultou estar delicioso.
-Que tal um brinde? -Ofereceu.
-À minha ruina? -A risada de deboche saiu seca.
-Não... à sua mais nova aquisição. -Martha piscou o olho, mas Cristopher ficou sério de repente.
-Vamos Cris, é um ótimo investimento! Além do mais, podemos voltar lá e lembrar os velhos tempos...
-Não me chame de Cris... E eu não quero lembrar de nada que tenha a ver com você! -Ele bebeu todo o liquido do copo, ótimo! -Agora se me der licença, preciso ficar sozinho....
A última palavra estava saindo arrastada e ela podia ver o remédio fazer efeito.
Rafael já estava ficando entediado quando a figura de Amélia, finalmente apareceu na tela quadrada. O que essa garota ficava fazendo até tarde na empresa?
Ele saiu rapidamente da sala e foi ao seu encontro. Precisava ser sutil, ela não poderia desconfiar de nada. Como se o universo quisesse que eles se encontrassem, ele acabou se chocando contra ela, um encontro aparentemente casual.
-Ouch! -Rafael segura o estomago, por mais que ele quisesse topar com Amélia, aquele encontro foi doloroso.
-Rafa! Desculpa eu não te vi juro! -É claro, Amélia nunca o via, em todos os sentidos.
-Não foi nada, Amélia. Mas onde você vai com tanta pressa? -Sutil, ele deveria ser muito sutil, mas as palavras que saíram da boca da mulher eram como um balsamo para seus ouvidos.
-Eu... -ela duvidou por alguns segundos, e Rafael sabia muito bem quais eram suas intenções. -Preciso levar uns papeis urgente ao Senhor Swansen, ele acabou de me ligar e pediu para que os levasse, isso se eu encontrar algum taxi a essa hora. -Maldita mentirosa, isso que ela era. Rafael sabia muito bem do romance que aqueles dois nutriam, só não pensava que Amélia fosse tão cínica. Não, a sua Amélia era uma mulher doce e quebrada que ele iria salvar, Cristopher somente a estava estragando.
Rafael espera alguns minutos para não parecer muito obvio e logo oferece a carona que estava sendo insinuada bem ali na sua frente.
-Tudo bem, eu levo você, Amélia. Então o que estava fazendo até tão tarde na empresa? -Rafael puxa um assunto ameno, enquanto descem pelo elevador até o estacionamento. Pobre mulher, se ela ao menos soubesse o que a aguarda. Mas depois daquilo, ela iria correndo para os braços do amigo, igual que aquela noite que ela ligou para ele pedindo carona até a sua casa. Desde aquele dia, ele ia tarde da noite e ficava vigiando a bonita casa algumas horas e depois ia embora. Muitas pessoas pensariam que ele era um maluco perseguidor, mas não, ele era somente uma pessoa apaixonada.
-Estava revisando algumas planilhas, você sabe fazendo o trabalho chato de um contador... mas e você o que fazia a essa hora na empresa? -Ela pergunta olhando a paisagem que passa pelo vidro do elevador panorâmico. Seu olhar pousa por apenas alguns segundos em Rafael, mas não é acusador, apenas curioso. Amélia nunca julgaria uma pessoa, ela era muito ingênua para isso.
Ele não tinha pensado em uma desculpa convincente caso ela perguntasse isso, então respondeu a primeira coisa que veio na sua cabeça.
-Havia um computador que deu prego, e como sempre, me chamaram, alguém fez uma besteira das grandes e eu tive que arrumar, estava até agora resolvendo. -Ele recebeu um olhar divertido e ao mesmo tempo cheio de pena. Rafael não queria olhares de pena, ele queria olhares apaixonados, diabos!
-Coitado de você. Ainda bem que meu computador nunca deu problema.
-Uma pena, seria um prazer arrumá-lo, para você. -Rafael sempre jogava essas indiretas, mas Amélia como sempre respondia com outra brincadeira, nunca levava a sério. Será que não era obvio a paixão que ele sentia por ela? Se Amélia pedisse qualquer coisa, ele faria. Era só ela pedir... só isso.
Eles conversaram por todo o caminho, até que finalmente chegaram no edifício daquele idiota. Rafael sentiu algo estranho no peito, quase como um arrependimento, mas ele precisava fazer aquilo, precisava que ela visse que Cristopher Swansen não era digno dela.
-Bom, chegamos. Se você quiser eu te espero e te dou uma carona para casa. -Ele queria ficar ali e ver seu rosto desolado, para poder consolá-la. Ela cairia a seus pés sem nem perceber.
-Não precisa, você fez muito por mim hoje! Muito obrigada, Rafa. -Ele recebe um beijo no rosto como agradecimento. Mas ele merece muito mais que isso! Ele está salvando aquela mal-agradecida de uma vida triste ao lado de um homem que não a merece! Como ela não pode perceber algo tão obvio? -Pode ficar tranquilo que eu peço para o guarda chamar um taxi para mim.
Rafael nem bem espera Amélia descer do seu maldito carro, e acelera para bem longe dali. Como ele foi estupido! Ela nunca vai olhar para ele como olha para Cristopher, nunca vai beijá-lo como beija aquele idiota. Ela nunca vai ser sua. Mas se ela não vai ser sua, também não será de mais ninguém.
No apartamento de Cristopher, depois de leva-lo para sua cama com muito esforço -o homem era realmente grande-, Martha tira suas roupas e fica somente de calcinha e sutiã a espera daquela vadiazinha. Ela deixou a porta aberta de proposito porque sabia que ela iria fazer um escândalo caso tivesse fechada.
Ela espera, espera e espera. Aquele garoto tinha enviado uma mensagem avisando que já estavam saindo da empresa, mas acaso estariam vindo de carroça?
Seus pensamentos são interrompidos, quando ela escuta a voz da mulher ressoar pela casa.
-Cris! Cris! -Martha não pode deixar de rir daquela situação... ela era um gênio! Quando ela percebe que Amélia está quase chegando no quarto, se coloca quase em cima de Cristopher e fecha os olhos como se estivesse dormindo.
Ela sente a presença da mulher ali dentro e se controla para não abrir os olhos só um pouquinho para ver a sua cara de decepção.
Ela solta um pequeno soluço e isso é o suficiente para despertar o homem deitado na cama. Acaso aquele sonífero era tão fraco assim? Ela teria uma seria conversa com o vendedor.
Cristopher tenta se levantar, mas Martha o segura como se ainda estivesse dormindo. Ele não pode correr atrás dela, ou vai tentar explicar tudo e seu plano irá por agua abaixo.
-Amélia! O que você está fazendo aqui? -Perfeito! Ele soltou justo aquela frase de alguém que acaba de ser descoberto fazendo algo que não deveria.
A mulher é sensata pela primeira vez e não responde nada, simplesmente se vira e volta para onde ela pertence.
-Oh Cris, me desculpe... eu não queria que isso acontecesse, juro!
Martha faz sua melhor cara de culpada, mas pelo visto não convence ao homem furioso tentando encontrar uma roupa.
-Cala essa boca Martha! Eu não sou idiota! Você armou tudo isso, assim como fez com o meu pai! Some da minha vida sua... sua vadia! Eu não quero vê-la nunca mais! Se para isso eu precise comprar aquele maldito chalé, pois que seja!
Martha fica sem palavras. Ele nunca a havia chamado daquilo e ela não iria permitir tamanha falta de respeito.
-Amélia! Me espera, eu posso te explicar! Por favor!
Ele gritava enquanto vestia uma calça qualquer e uma camisa que estava jogada pelo quarto.
-Cris, você precisa se acalmar! -Martha já não estava se divertindo com aquilo, seus planos agora eram outros.
-Olha aqui Martha, eu vou te dizer pela última vez: SOME DA MINHA VIDA! -As ultimas palavras ecoam pelo corredor enquanto ele corre atrás daquela vadia. O que diabos ela tinha que a fazia diferente de Martha? Amélia não era rica, não tinha uma educação em uma das melhores universidades do pais... ela era uma mulher simples como um copo de água.
Enquanto se vestia, o ódio crescia no peito de Martha. Ela iria se vingar, ah se ia. Aqueles dois não mereciam ficar juntos e ela seria quem os faria entender isso.
Depois de quase vinte minutos esperando no apartamento, Cris irrompe pela porta totalmente destruído. Perfeito. Aquilo era só o começo querido.
-Eu vou embora, mas eu vou voltar. -Cris a olhou desinteressado. Uma pena, ele não sabia o que estava por vir.
Martha foi até a sua casa, tomou um banho quente e demorado, se maquiou e colocou sua melhor roupa. Hoje seria um dia especial, ela faria aqueles dois entenderem, que com ela não se brinca.
Como se fosse um sinal dos céus, seu telefone começou a tocar enquanto ela bebia a quarta taça de champanhe.
-Olá Rafael querido! Então, como aquela vadia ficou depois de foi embora do edifício? -Rafael suspirou do outro lado da linha e depois cuspiu com raiva as próximas palavras.
-Não tenho ideia e não me importa, aquela puta não me merece e vai pagar caro por me fazer perder tanto tempo. Eu poderia estar fodendo com uma vagabunda qualquer nesse momento, mas não estou aqui na frente da sua casa a esperando. Ela vai entender de uma vez por todas que me pertence.
Ah se aquilo não era a perfeição pura!
-Ah meu pequeno... entendo sua decepção. Eu passei justamente pelo mesmo e sabe, estava pensando que deveríamos dar uma lição naqueles dois... o que acha? Que tal você me buscar e assim esperamos que ela chegue na sua casa, depois vamos até Cris e o fazemos entender que conosco não se brinca?
Martha pode escutar a risada diabólica do garoto do outro lado da linha. Esse moleque tinha futuro, quem sabe se ele fosse bonzinho, ela lhe ensinaria um par de truques.
-Chego aí em alguns minutos. -O telefone ficou mudo. Martha aproveitou aqueles minutos para acabar a garrafa de champanhe, ela bebeu direto do gargalo, afinal aquela era uma noite para comemorar.
Vinte minutos depois, estavam os dois naquele horrível carro do garoto a espera de que Amélia chegasse a casa.
Eles iriam dar um susto nela e depois fariam o mesmo com Cris, ou pelo menos, era isso que planejavam.
Outros dez minutos passaram e nada daquela vadia aparecer.
-Olha, acho que ela deve ter ido para outro lugar... a casa está escura, ela sempre acende as luzes quando está....
Rafael começou a argumentar e parou quando percebeu que o carro de Cris se assomava pela esquina e parou bem na frente da casa de Amélia.
Não era possível, será que eles eram tão idiotas? Não entendiam que não podiam ficar juntos?
Martha soltou um grito quando Rafael acelerou e chocou contra o carro de Cris, bem do lado do passageiro.
Aquele moleque estava maluco, e ela estava adorando aquilo.
Não sabia se era por causa de todo o álcool ingerido ou simplesmente porque queria um pouquinho mais de diversão, ela gritou animada para o rapaz:
-Vamos querido, acabemos com eles!
As coisas que aconteceram a seguir, foram tão intensas que Martha quase teve um orgasmo somente com aquela adrenalina. Eles perseguiram o carro de Cris por toda a cidade, e riam enquanto os idiotas tentavam enganá-los entrando em algum beco e depois saindo bem do lado deles.
Era para ser só um susto, mas Martha percebeu pelo olhar sombrio do moleque, que eles estavam prestes a fazer algo muito... muito melhor.
Rafael fez de conta que eles haviam perdido o carro de Cris, e de repente cruzando uma rua, ele apareceu bem do seu lado, e moveu o volante para a esquerda, pegando de jeito o outro carro, que derrapou por alguns segundos e logo capotou. Eles viram em câmera lenta cada volta que o carro dava e suspiraram quando ele finalmente parou de cabeça para baixo.
Rafael freou de repente o carro e Martha saiu saltitante pela porta e se aproximou da janela onde Amélia estava e quando está quase chegando, percebe a presença do moleque do seu lado. Ela tinha planejado dizer algumas coisas para aquela vadiazinha, mas Rafael foi mais rápido dando um soco certeiro no seu rosto.
-Não! Eu queria dizer algumas coisinhas para ela, seu idiota! -Rafael recebe um pequeno golpe do peito e tira as mãos daquela mulher de cima dele com um tapa brusco.
Ele contorna o carro e vê Cris lutando do lado do motorista para se livrar do cinto de segurança.
-Se você a tiver machucado, eu te mato! -O idiota tem a coragem de gritar.
-Não se eu te matar primeiro! -Rafael puxa sua arma e aponta para o peito de Cris, seria um tiro certeiro no seu coração, se aquela puta da Martha não o tivesse empurrado. Felizmente a arma disparou de qualquer jeito atingindo o seu peito, se ele não morresse pelo tiro, seria por hemorragia.
-Seu idiota! Eu precisava dele!
Mais tapas no seu rosto, peito e braços. Rafael a segurou com ambas mãos e a sacudiu para que a idiota deixasse de gritar. Quando ela finalmente calou a boca, ambos escutaram sirenes. Precisavam sair dali. Entraram no carro e aceleraram para bem longe.
Aquilo tinha sido incrível. Agora sim aqueles dois teriam o que mereciam.
Enquanto comiam em um restaurante qualquer que encontraram aberto a àquela hora da manhã, escutavam as notícias passando no pequeno televisor anexado em um canto da parede encardida.
Eles haviam passado a noite toda na rua e quando os primeiros raios de sol começaram a surgir, Martha reclamou que estava faminta. Então eles pararam no primeiro lugar aberto que encontraram.
Martha olhava com nojo para tudo e Rafael não pode evitar rir da situação. Quem ela pensava que era? A rainha da Inglaterra?
-Olha isso! -Ela apontou para a tv.
"Um acidente terrível aconteceu na noite passada na avenida dos Imigrantes, um carro capotou várias vezes e os dois passageiros que estavam dentro resultaram gravemente feridos. Um deles com uma ferida de bala no peito. As ambulâncias foram acionadas e ambos foram levados para de emergência para o hospital Santo Antônio..."
Os dois trocaram um olhar sinistro e quando perceberam, ambos estavam partindo para o carro novamente. Precisavam terminar o que haviam começado.
-Preciso passar em casa primeiro. -Martha disse já colocando o cinto de segurança. Rafael concordou e deu a volta com o carro rumo ao apartamento da mulher.
Enquanto ele esperava dentro do carro, tramava como faria para entrar no hospital sem chamar a atenção. Estava bolando um plano quase perfeito, quando Martha abriu a porta e entrou rapidamente.
-Vamos! O trabalho ainda não acabou, aquela mulher não vai passar de hoje viva. Você se encarrega de Cristopher, se é que ele resistiu ao disparo. -Sua risada sai amarga e Rafael não entende como ela mudou de ideia tão rápido sobre manter o idiota com vida.
-Tudo bem, vamos. -Eles pagam a conta e saem em disparada até o hospital Santo Antônio.
Entrar no hospital foi tão fácil que Martha ficou um pouco impressionada. O que o dinheiro não era capaz de comprar? Ela subornou um enfermeiro para dizer onde estava internada aquela vadia e como era de se esperar, ele falou como um papagaio. Inclusive soube onde estava o quarto de Cristopher, esse seria mais difícil de entrar pois era a UTI. Mas Rafael que resolvesse esse problema.
Ela foi direto na sala e se decepcionou ao ver a mulher dormindo. Ela sentou no pequeno sofá e leu uma revista qualquer que estava na mesinha do canto. Quem passasse por ali, pensaria que era apenas uma visitante velando o sono da paciente. Tolinhos.
Ela já estava ficando mais que entediada, quando Amélia finalmente abriu os olhos. Martha se divertiu com a expressão de confusão da garota, até que ela resolveu gritar.
-ENFERMEIRA! -Ah não, ela não permitiria que ninguém a atrapalhasse. Se aproximou da pequena puta de cabelos castanhos e colocou suas mãos naquela boca nojenta.
-Cala essa boca, vadia! Eu vim aqui para terminar o que comecei ontem... ou você acha que vai sai dessa assim, só com uma perna quebrada, querida? -Martha não resiste e dá um tapa forte na perna engessada e se delicia com o grito abafado da mulher, observando uma pequena lagrima de dor escorrer pelo canto do olho. Isso era o que ela merecia por achar que podia ficar com Cristopher só para ela.
Ela retira a mão da boca de Amélia para poder preparar o pequeno presentinho que trouxe, mas a mulher não sabe ficar com a boca calada.
-Porque? -Sai em um sussurro.
Ótimo, agora ela teria que esclarecer tudo. Afinal a vadiazinha merecia uma explicação antes de morrer, era o mínimo que Martha poderia fazer, não?
-O Cris não quis fazer o que eu pedi. Ele não quis comprar aquele chalé maldito e eu tive que resolver do meu jeito essa situação. Mas como sempre, você atrapalha tudo. Tudo! Ele não tinha que se apaixonar por ninguém... eu iria aparecer arrependida, pedir desculpas e ele ia correr de volta para mim como o cachorrinho tolo que é. Tive muito trabalho para matar aquele velho sem deixar rastros... mas com vocês, foi mais difícil. Tentei argumentar, tentei dar mais opções, eu não queria machucá-los, não mesmo, mas aquele idiota não me escutou. Ele terminou com você achando que eu não saberia quais eram suas intenções. Mas não, querida, eu não sou burra. Eu tive ajuda é claro... os ameacei e mandei tirarem aquelas fotos... vocês não tinham nem ideia do que estava acontecendo... tão tontos, passeando para cima e para baixo, enquanto ele os seguia, bem debaixo dos seus narizes.
O olhar que recebe é tão cômico! Ela pode ver o exato momento em que Amélia se dá conta de tudo, e uma risada sai da sua boca. Aquilo era hilário. Martha não podia perder mais tempo, ela tinha que acabar com aquilo rápido ou qualquer pessoa poderia entrar e atrapalhar os seus planos.
Ela dá um último tapa no rosto pálido da mulher deitada na maca e termina de dizer o que queria para poder terminar aquilo de uma vez.
-Mas hoje, querida, você não vai sair dessa viva. Você me humilhou no dia da audiência, me bateu, e isso não vai ficar assim. Se o único jeito de ter acesso à herança daquele velho desgraçado é matando os três, eu vou fazê-lo, custe o que custar.
-Não! Não faça isso, Martha! Olha, eu posso conversar com Cris e Joe, pedir para eles renunciarem às suas heranças e elas automaticamente vão todas para você, não é assim? Podemos entrar em um acordo, mas por favor, não os machuque! Não faça algo que você possa se arrepender depois!
A ingênua tenta convencê-la, mas Martha estava decidida. Era sua única oportunidade e ela não iria desperdiça-la.
-Ah, Amélia... Amélia, Amélia. Você deve estar achando que eu sou idiota não é garota? Se eu sair por essa porta, o primeiro que você vai fazer é ligar para a polícia. E eu não quero ir para a cadeia... não de novo, você não sabe como aquilo é horrível!
Aqueles tempos foram piores que um inferno. Ela foi assediada, violentada e humilhada, definitivamente a cadeia não era uma opção.
A loira não pode deixar de lembrar como foi parar na cadeia, quando tentou estafar a um pobre milionário, mas ele não era tão burro como ela pensava e acabou a denunciando. Martha tentou se comunicar com ele algumas vezes, mas o babaca desapareceu e depois teve a coragem de aparecer casado! Ela teve que fazer alguma coisa, era obvio que aquela mulher não o merecia, ela teve que matá-la. Para o bem de Richard...
-Martha, me escuta! Eu prometo que não vou ligar para o polícia, só não... por favor!
Martha não acredita em nenhuma palavra que sai daquela boca suja, ela tira a ampola de veneno e o segura entre os dois dedos, mostrando para Amélia que ela não está ali para brincadeiras.
-Isso é um perigo sabe... esse veneno produz um ataque cardíaco quase imediato, e o melhor de tudo, ele sai do organismo em alguns minutos. É quase impossível de detectá-lo... -Martha faz o procedimento que está tão acostumada ao passar o liquido da ampola para a seringa. -Mas pode ficar tranquila, você não vai sentir nada, juro!
Injeta o liquido direto no soro de Amélia e se delicia enquanto a vê dormindo para sempre. Aquilo era a visão do paraíso. Aquela mulher nunca mais iria atrapalhar os seus planos. Ela precisava gravar aquela imagem para sempre!
Martha sorria de orelha a orelha, aquilo era diversão pura! Ela ficaria ali o dia todo, não fosse Joe aparecer e empurrá-la para longe, fazendo com que ela batesse a cabeça em alguma coisa, levando sua consciência para longe dali.
Não muito distante, Rafael esperava o sinal de Martha para que entrasse no quarto de Cristopher e tirasse os tubos de oxigênio do lugar. Ela prometeu a ele que seria uma morte sem rastros, por um "erro de alguma enfermeira descuidada". Foi até fácil convencer à aquela enfermeira de que ele era parente do idiota, foi só ele jogar aquele charme, como fazia sempre com Amélia, que a enfermeira até corou, e disse que ele poderia entrar, mas teria que ser rápido. Como era fácil enganar a aquelas vagabundas. Ele estava nervoso, era a primeira vez que fazia aquilo, mas Martha havia garantido que nada iria acontecer. Pelo jeito que ela dizia aquelas palavras, parecia que ela já tinha feito aquilo várias vezes. Ele podia sentir a adrenalina no seu corpo tremendo. Ele iria entrar, Martha estava demorando demais para responder.
Colocou a bata e a máscara e estava quase entrando, mas um homem apareceu e entrou no quarto de Cristopher. Diabos!
Ele voltou para o esconderijo e esperou até que outro homem apareceu e observou o que estava junto a Cristopher. Alguns minutos depois eles se reuniram e se abraçaram conversaram algumas coisas e finalmente saíram deixando a via livre para Rafael fazer o que tinha que fazer.
Ele entrou na sala e observou o corpo inerte do chefe. A bala pelo visto não tinha o matado. Maldita Martha, se não o tivesse interrompido ele teria feito um trabalho perfeito.
Suas mãos estavam tremendo, ele alisou o cabelo do chefe, ele não merecia Amélia. Aquela vadia. Pensando bem, os dois se mereciam sim! Ele riu daquela confusão. Como alguém tão poderoso poderia estar nessa situação tão... vulnerável. Ele sentiu o poder que tinha nas mãos. Até chegou a flexionar os dedos como se pudesse sentir de fato alguma força sobrenatural. Ele estava ficando louco. Decidiu que já tinha enrolado o suficiente e que precisava acabar com aquilo de uma vez.
Se aproximou lentamente do tubo de oxigênio e puxou a mangueira de plástico devagar, saboreando cada segundo do que seria a morte de Cristopher Swansen.
-Coloca esse tubo de volta! -Ele se vira ao escutar o grito do homem que estava ali a alguns minutos atrás. Rafael se aproxima dele tirando o pequeno canivete do bolso, ótimo, teria que matar mais um idiota.
Ele pensou que seria fácil, mas o homem resultou ser bom de briga. Aquilo aumentou ainda mais sua adrenalina, ele precisava daquela luta, precisava provar para si mesmo que era melhor que ele, que todos!
O homem acerta um soco no seu nariz o desestabilizando por alguns segundos, mas ele se recupera logo após, investindo novamente contra o oponente. De fundo os aparelhos conectados a Cristopher começam a reproduzir uma sinfonia melhor até que Beethoven.
Rafael se distrai e o homem aproveita para tentar devolver o tubo de oxigênio no lugar. Não, não, não. Ele não iria permitir aquilo. Se aproxima e o puxa rápido para longe do aparelho antes que ele pudesse sequer achar o lugar certo para conectar o tubo e até consegue acertá-lo no ombro com o canivete. Depois de alguns segundos de luta, alguns moveis caem no chão e acabam distraindo-o por segundos suficientes para que o homem conseguisse derrubá-lo. Rafael é atingido com vários socos no nariz, mas ele não consegue sentir dor. A música ainda soa de fundo e ele sabe que cada soco que ganha, é uma respiração menos de Cristopher.
-Você não vai conseguir salvá-lo. -Sua voz sai afogada pelo sangue inundando sua garganta, mas mesmo assim ele consegue sorrir. Aquilo era perfeito demais! Depois de mais alguns golpes, o homem finalmente consegue acertá-lo de jeito e ele embarca em um sono profundo.
Quando ambos acordaram, estavam em uma delegacia. Era isso, estavam perdidos. Ali estava cheio de policiais e eles estavam em duas celas separadas apenas por barras de ferro maciço. Ele iria matar aquela cadela se ele fosse para a cadeia por sua culpa.
-Martha, olha para mim! -Rafael grita para a mulher que parece em um estado deplorável. Ela nem sequer se mexe.
-Olha para mim sua vadia! -Grita novamente batendo na barra com força e recebendo um grito do policial para que ficasse calado. Finalmente a mulher desvia o olhar perdido para ele.
-Seu eu for preso por sua culpa, considere-se uma pessoa morta.
Ele aponta com o dedo enquanto sussurra para que os policiais não o escutem.
-Eu já estou morta por dentro querido. Suas ameaças não vão fazer nenhum efeito em mim. Já passei por isso antes e já sei como garantir minha saída. Você não. Você é apenas uma criança que ainda não conhece nada dessa vida. Ha! Há! -Sua risada sai amarga e com uma pitada de loucura. Aquela mulher estava claramente no fundo do poço, e o pior de tudo, era que ele estava sendo arrastado junto.
-Mas eles vão pagar, ah se vão. Pode demorar, mas ela vai pagar! -Martha proferiu suas últimas palavras enquanto era levada dali por um policial direto para a cadeia.
NOTA DO AUTOR
Muito obrigada leitor por chegar até aqui! Deu um aperto no meu coração saber que essa história estava chegando ao fim, mas te convido a ler Melissa, uma historia emocionante sobre a filha do casal, garanto que você vai amar!!
Bjssss BF
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