Capítulo 23
O som constante de bip estava fazendo a sua cabeça latejar, mas de alguma forma ajudou seus sentidos retornarem. Suas pálpebras apertaram duramente antes de abrirem e revelar uma visão turva inicialmente. Levou alguns minutos, mas quando finalmente ganhou foco, deparou-se com teto e paredes brancas.
Ele engoliu em seco, porém se arrependeu por que a sua garganta latejou amargamente de dor. Miguel gemeu e esforçou para acalmar a tensão em seu corpo. Olhou ao redor tentando descobrir onde estava.
As lembranças vieram como filme mudo em sua mente. Recordou perfeitamente despedindo-se dos amigos no sítio quando cada grupo entrou determinado carro, ou quando pararam no posto gasolina para abastecer e quando por fim Miguel criou coragem para contar ao seu namorado sobre sua viagem para França.
O acidente era um borrão em sua mente, mas Miguel podia lembrar-se do medo que o avassalou. Miguel tentou sentar, somente para tombar para trás e gemer de dor. Olhou em sua volta e descobriu que tinha um braço imobilizado além de um grande curativo em sua cintura do lado direito.
— Enfermeira... Enfermeira... — Ele chamou repetidas vezes por ajudar, porém quando a porta abriu, revelou sua mãe no lugar da enfermeira. — Mãe?
— Miguel, meu filho! — Beatriz disse com a sua voz emocionada. Ela apressou para ficar ao lado da cama. Sua sedosa mão tocou os fios dourados de seu filho. — Está tudo bem. Você ficará bem!
— O que aconteceu? — Miguel perguntou. Parecia que havia diversos cascalhos em sua garganta, por que ela doía e sua voz estava rouca.
Beatriz desviou os olhos segurando as lágrimas. — Mãe... Cadê Gustavo? Mãe... — Miguel insistiu. Ele sentou aperto em seu coração. Não poderia ter perdido seu Gustavo. Não ele. — Ele... Não...
— Calma! Guto está bem... Dentro do possível. — Beatriz apressou em acalmou seu filho. — Vocês dois sofreram acidente de carro. Você teve fartura no braço e uma hemorragia interna. Passou longa cirurgia, mas médicos garantiram que ficará bem!
— E Guto? Mãe...
— Ele bateu a cabeça. Parece que teve um inchado no cérebro. Passou por cirurgia, mas ainda não acordou. Os médicos falaram que cirurgia foi sucesso, mas devido inchado, Guto não acordou. Estão esperando que inchaço diminua para descobrir os danos.
— Danos?
— Cérebro é uma área delicada. Uma batida forte pode causar diversos problemas. — Ela disse.
Miguel sentiu os olhos arderem. As lágrimas vieram como uma cachoeira. — É minha culpa...
— Não querido, foi acidente. O caminhão entrou na contramão. Motorista estava alcoolizado. Não foi culpa de vocês. — Beatriz disse.
Miguel negou com a cabeça. — Não! Eu escolhi péssimo momento para conta para Gustavo sobre a viagem. Ser não tivesse falado... Ou dito antes...
A mulher soltou alto suspiro. Tinha imaginado que o filho ficaria fragilizado quando acordasse e descobrisse estado do namorado, mas não imaginou que tanto. Aquela mudança só trouxe problemas até agora.
Beatriz pegou copo descartável e encheu com água da jarra. Levou aos lábios do filho. — Beba... Precisa hidratar!
— Não quero...
Miguel tentou desviar a boca, mas sua mãe não estava indo permitir.
— Precisa sim! Não vou deixar ver seu namorado se não ser cuidar. — Beatriz apelou.
Miguel deu por vencido e tomou pequenos goles de água. A dor na sua garganta pareceu aliviar momentaneamente.
— Quanto tempo...
— Três dias! Você ficou desacordado por três dias! — Beatriz informou. — Seus outros amigos estão bem!
O loiro acenou e manteve-se calado. Seu perto doía em aperto. Queria que tudo não passasse de um sonho ruim e logo fosse acordar e descobrir-se nos braços de seu namorado.
— Eu quero vê-lo...
— Querido...
— Eu preciso...
Beatriz suspirou. — Ok, mas antes o médico bem examiná-lo. Ser ele disse que pode sair da cama, o levo para ver Gustavo.
— Os pais dele...
— Eles vieram há dois dias! — Beatriz disse.
Depois de alguns minutos o médico responsável pelo caso de Miguel veio vê-lo. Conferiu os dedos nos monitores nas máquinas interligadas ao jovem e além alguns exames físicos. Anotou tudo em tablete.
— Eu posso ir ver meu namorado?
O médico olhou para acima inicialmente confuso. Ele tinha em torno de 42 anos, os cabelos negros e olhos mel. Conservava beleza e porte atlético.
— Oh, o jovem que estava com você no acidente? — Indagou.
— Sim! — Loiro respondeu. Já tinha muitas coisas para lidar, não queria enfrentar alguém preconceituoso.
— Eu vou pedi enfermeira para trazer cadeira de rodas. Não recomendo que ande e esforce. Seu corpo levará algumas semanas para se curar. — Médico disse.
— Obrigada! — Beatriz disse.
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Lucas olhava para a televisão, mas sua mente não estava focava nas imagens. Ele sentiu uma inquietação desde acidente. Não podia acreditar que tudo aquilo havia acontecido. Ele assistiu camarote o carro dos amigos cabota diversas vezes.
Ambos passaram por arriscada cirurgia, e por sorte o caso de Miguel era mais leve. O garoto estava em recuperação e os médicos tinham grande expectativa, era Guto que o preocupava. O moreno sofreu uma forte batida na cabeça e agora estava em coma.
Lucas levantou e desligou televisão. Não podia ficar em casa sem fazer nada. Daniel havia ido para faculdade, Yuma e Valentina não podia sair porque deveria estudar para as provas finais da escola.
Lucas foi ao banheiro dando ajeitada no cabelo, calçou sua sandália havaiana preferida e pegou chave de casa. Ele trancou e seguiu para fora do prédio.
O ruivo decidiu ir de táxi, pois não queria enfrentar Busão lotado. Entrou e indicou endereço. Sentiu nervosismo crescer em dobro dentro dele. Depois do sítio, não havia visto ou falado com Henrique. Claro, havia concentrado em seus amigos, mas também estava fugido do loiro.
No sítio as coisas pareciam mais simples e fácil lidar, contudo, depois saíram Lucas não sabia dizer o que eles realmente tinham. Ele queria, não tinha como negar, todavia tinha medo e seus receios. Mas naquele momento deixou tais estorvos de lado.
Pagou a corrida e olhou para cima. Aquele prédio era moderno e elegante. Dava ar imponente e poderoso. Nunca tinha visto antes, mas Rique havia dito que poderia vir quando quisesse.
Soltando bufada de ar, Lucas entrou prédio e conseguiu autorização na recepção para subir. Quando chegou ao décimo andar, ele olhou abismado para decoração.
— Uau!
Ele sabia que Henrique tinha empresa voltada para moda. Eles produziam desfiles, revistas e até campanha de publicidade, porém, será que era regra até os funcionários serem lindos?
Aproximou da secretaria. — Eh... Bom dia! Eu posso falar com Rique?
A garota de cabelos pretos e terninho preto olharam regateiros. — Não tem ninguém com esse nome!
— Claro que tem Henrique. Ele é o Dono? Ou Administrador? — Lucas disse chateado. Será que a mulher não poderia perceber que pelo apelido ele era amigo do sócio?
— Por favor, retire-se da empresa ou chamarei seguranças. — Ela falou.
— Sua... — Lucas parou xingamento. Ele tirou celular do bolso da bermuda e discou para loiro. — Ei Rique... Sim, tudo bem! Eu vim vê-lo. Sei que devia ter ligado antes... Onde estou? Na recepção, mas a sua secretária disse vai chamar segurança para me tirar daqui!— A morena arregalou os olhos. Inicialmente recusou acreditar naquele garoto, mas quando o PABX da sua mesa tocou anunciando ramal do seu chefe, ela engoliu seco.
— Olá? Ah, Senhor Henrique. Claro, vou mandar entrar. Desculpa... Eu... Ok! — Ela disse voltando o fone para gancho. — Pode entrar. Segue corredor direito. É a porta de vidro. — Falou.
Lucas deu sorriso superior. Toma vadia!, Ele gritou mentalmente. Moveu-se colocando manejo nos quadris e seguiu para direção sala de Henrique.
Soltou pesado suspiro quando se colocou diante da porta. Ruivo girou a maçaneta e entrou, somente para se esbarrar contra o corpo de alguém.
— Ai. — Gemeu massageando nariz. Olhou para cima e corou ao ver Henrique. — Oi!
— Olá ruivinho! — Disse com largo sorriso. — Fiquei muito feliz ao saber que veio me visitar. — Falou.
Lucas coçou a nuca — Não quero atrapalhá-lo... Eu estava em casa... Entediado... Pensei se você... Quer ir almoçar? Ou tomar suco?
Henrique deu largo sorriso. — Eu adoraria! Estava pensando convidá-lo para jantar, mas almoço é melhor! — Disse. Ele foi até a mesa e pegou o seu celular e carteira. — Vamos? Ou quer conhecer primeiro à empresa!?
— Eh... Prefiro sair com você. Não se importar? — Lucas disse.
Rique deu os ombros e colocou a mão no final das costas do outro homem, guiando-o para fora da sua sala. Todos no trajeto olharam curiosos para chefe e o ruivo ao seu lado. Não era novidade que Henrique tinha terminado com Leonardo.
— Paula vou almoçar. Não devo retorna mais hoje. — Rique disse para secretaria que havia sido grosseira com Lucas e entrou elevador com seu ruivo.
Os dois entraram no estacionamento e ocuparam o belo carro. Rique dirigiu pelas cidades paulistas. Não fora muito longe, por que decidiram ir a restaurante culinário italiano. Os dois fizeram seus pedidos e quando estava comendo, Lucas decidiu tocar assunto.
— Eu... O que somos?
Henrique olhou para cima.
— Como?
Lucas corou. Ele se sentia estúpido. Fosse uma garota não se sentiria assim. Mas tudo era muito novo para ele. — O que somos? Somos ficantes... Namorados... Amantes...
— O que deseja ser? Eu serei o que desejar! — Rique disse. — Eu pensei que queria ir devagar com as coisas.
Lucas olhou ao redor. Tomou seu copo engolindo grande gole do suco e o depositou sobre a mesa. — Eu gosto de você! Não sou confiante em... Relacionamento gay... Mas tenho certeza que não quero ficar longe de você!
Rique olhou carinhosamente. — Lucas, quer namorar comigo?
O ruivinho segurou sua respiração. Sentia as pernas bambas e coração pulsar loucamente. — Eu quero! — Corou ao perceber que tinha falado alto e ganhou atenção de alguns clientes. Abaixou a cabeça querendo sumir. — Eu aceito!
— Ohh... Temos comemorar! — Rique levantou a mão chamando garçom.
— Sim, senhor.
— Me ver seu melhor vinho! — Pediu.
— Seu louco, não precisa. — Lucas disse.
— Você merece muito mais! — Henrique tinha um grande sorriso nos lábios, deixando o ruivo sem jeito e aceitando de vez. Quando garçom retornou, os dois serviram da bebida violeta e brindaram antes de deliciarem na bebida fermentada.
— Pode deixar, não vou apressar as coisas. — Rique disse.
— Obrigado! Ah, podemos ir daqui para hospital? Dona Beatriz me ligou avisando que Miguel acordou. Quero ver meus amigos. — Lucas disse.
— Com certeza, também quero vê-los. Apenas vamos buscar Gui antes na escola. — Rique disse.
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Ao chegar à escola de Guilherme, eles avistaram o menino escorado na parede do prédio escolar. Lucas sorriu e saiu do carro quando Henrique encostou ao lado da calçada.
— Guilherme! — Lucas gritou alegre. O menino desviou o olhar do chão e olhou para o ruivo e no mesmo momento ele abriu um enorme sorriso e correu rapidamente para Lucas e o abraçou, o ruivo riu gostosamente pelo impacto e retribuiu o abraço.
O abraço entre os dois trouxeram olhares das pessoas que estavam saindo da escola e principalmente o olhar carinhoso de Henrique ao ver a cena e sem tardar ele se juntou ao abraço, que ao ver para algumas pessoas vira que os dois homens adultos pareciam mais um casal do que um casal de amigos, o que trouxe desgostos por partes de alguns.
Mas para aquele grande e emocionante abraço os olhares de asco não atrapalhou aquele momento, pois para Henrique, Guilherme e Lucas estavam muito ocupados sentindo a alegre um do outro, isso dava para ver nos olhos e sorriso de cada um.
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A cadeira de rodas demorou quinze minutos para chegar ao seu quarto o que deixou Miguel nervoso, por ele já estava correndo para encontrar o seu amado Guto, mas ainda o loiro continuava fraco para fazer isso.
Com ajuda da enfermeira e da sua mãe ele saiu da cama e sentou na cadeira, ele agradeceu sem jeito a enfermeira, que sorriu gentil para Miguel.
— Quem vai me guiar?— Perguntou ao colocar a mão nas rodas para começar a circular pelo quarto. Andar de cadeira de rodas era um pouco estranho, mas também era convidativo para o seu corpo, mesmo que ele estivesse se sentindo um inválido.
— Pode deixar! Eu o levarei!— Disse Beatriz, no mesmo momento a porta fora aberta revelando o médico, que sorriu para o seu paciente.
— Vejo que a cadeira foi entregue e vejo também que está ansioso para ver o outro paciente.
Miguel assentiu. — Sim, o quero ver logo... Mamãe pode apressar isso?
Beatriz sorriu. — Com licença doutor, temos um rapaz muito apressado aqui!
O médico simplesmente riu e afastou da porta para eles passarem. — Qualquer coisa pode me chamar, Senhorita Beatriz!
Miguel franziu o cenho ao perceber a troca de olhares pelo médico bonitão e sua mãe. O loiro viu que em três dias coisas começaram a acontecer quando estava desacordado, mas logo isso foi tirado da sua mente com a imagem de Gustavo ao escutar o que ele contou antes do acidente, o que trouxe mais culpa para o seu peito e arrependimento.
Demorou cinco minutos para chegar ao quarto de Gustavo quando Beatriz abriu a sua porta Miguel a interrompeu.
— Mãe, por favor, eu entro sozinho!
— Mas Miguel...
— Não! — A interrompeu. — Eu preciso ir sozinho, entenda!
Beatriz olhou para o seu filho e viu que os olhos dele estavam marejados, doía nela que o seu pequeno estava sofrendo.
Ela suspirou e saiu de frente da porta para que o loiro passasse. — Se é o que você quer! Vou buscar um café no refeitório, mas logo estarei aqui se algo precise.
— Sim, obrigado! — Ao terminar de falar Miguel entrou no quarto e fechou a porta deixando a sua mãe no corredor.
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Beatriz se caminhou até o refeitório onde tinha algumas enfermeiras lanchando e pessoas de aparência cansada, que a mulher logo constatou que eram os acompanhantes de algum paciente. Ela caminhou até o balcão e pediu um copo de café e logo foi atendida por uma simpática moça.
Beatriz ao receber o copo descartável com o liquido preto logo se viu numa duvida, ou se sentava ou ia voltar para esperar o seu filho, mas logo foi tirada dos seus pensamentos ao sentiu um toque no seu ombro, o que a fez assustar e sem querer derrubar o café no chão.
— Oh! — Disse a loira ao ver o seu café no chão, mas logo os seus olhos desviaram para o homem que entrou na sua frente e ela o reconheceu, era o médico que estava cuidado do seu filho.
— Oh, peço desculpa, não era para eu ter chegado assim! — Disse envergonhado ao ver o que tinha acabado de fazer.
— Não se preocupe, era que eu estava distraída! Não foi culpa sua, não se preocupe! Só vou limpar isso! — Antes de dar um passo para ir buscar algo que limpasse o chão ela foi interrompida pelo médico. Beatriz olhou confuso para ele.
— Não se preocupe pelo café no chão, mandarei a faxineira limpar, por favor! Vejo que a senhorita está cansada e isso não tem importância... Para me desculpar pelo seu café derramado, quer lanchar comigo? — O médico tinha um pequeno sorriso gentil nos lábios, o que deixou a loiro um pouco envergonhado e sem graça.
— É...
— Por favor, é um pedido de desculpas! — Ele insistiu. Beatriz assentiu contragosto e logo depois ela foi guiada pelo médico até uma mesa. — Fique aqui, irei buscar o nosso lanche! — Ao terminar de falar, ele voltou para o balcão e pediu dois sanduíches e dois copos de café e também chamou a faxineira para limpar o café derramado no chão.
Demorou poucos minutos até o médico voltar sorridente para a mesa onde Beatriz estava sentada, ela além de ter a aparência cansada, tinha as bochechas rosadas.
— Aqui está o nosso lanche, espero que goste de sanduíche de peito de frango... Droga era para ter perguntado o que você gostava. — Ao falar o médico levou a mão na testa e olhou sem graça para loira, que estava tentando não rir. — O que foi?
Beatriz não aguentou e soltou uma breve risada. — Nada, mas foi engraçado a sua cara de preocupado, eu que devo pedir desculpa por isso... E o senhor não precisava ter me perguntado o que eu gostaria de comer, um sanduíche de peito de frango está de bom tamanho, obrigada! — Ela mordeu o seu sanduíche.
— A gente tem que parar de pedir desculpas e aproveitar esse pequeno intervalo, antes que me chamem! — Os dois sorriram e morderam os seus sanduíches. — E ah, não me chame de senhor, por favor, chame pelo meu nome, Ricardo! Certo?
Beatriz assentiu. — Ricardo... Vou lembrar-me!
Os dois ficaram alguns minutos em silêncio apreciando o pequeno lanche, até o médico Ricardo pigarrear. — Vejo que está um pouco cansada, devo afirmar que não dormiu bem esses três dias!
— Não dormi, foi algo terrível passar esses três, ver o meu filho ferido depois de um acidente, acabou comigo e devo supor que a mãe de Gustavo está sentindo o mesmo. Perguntou-me onde ela estar, pois não há vi até agora, sei que ela não estava no quarto de Guto.
— A senhora Munhoz? Há vi no telefone, ela disse à enfermeira que ia pegar umas coisas com o marido dela no apartamento do filho, logo, logo estará aqui! Sei o que você esta passando, afirmo que ser médico nunca é fácil, nos primeiros dias que comecei a trabalhar na minha profissão foi meio difícil, mas com o tempo, desculpe a palavra, ficamos meio realistas com o paciente, o que acontece com ele, a dor de antes, agora é pouca ao ver perdendo um deles. Eu nem devia estar falando nisso, isso com certeza vai estar-te...
— Não, não! — Beatriz o interrompeu. — Você só esta falando um pouco da sua profissão, entendo um pouco o que você diz, mas como mãe de um paciente sei que deve ser difícil passar todas as noites num hospital, ver gente morrendo, pessoas feridas, doenças... Não entendo muito, pois minha profissão é outra, médico e chef de cozinha são coisas diferentes.
Ricardo fez cara de surpresa. — Não acredito que estou falando com uma chef de cozinha, uau!
Beatriz riu. — Não precisa fazer essa cara, ser chef de cozinha não é nada demais e também para aqueles que têm o próprio restaurante. — Deu de ombros.
— Além de ser chef de cozinha tem o seu próprio restaurante? Uau duas vezes! — A fala de Ricardo a fez a rir. — Diga-me qual é o nome? São Paulo é grande, mas quem sabe eu já não tenha comido lá!
— Duvido muito! O meu restaurante não é muito chique... Ele se chama Bella Luna, nome simples, para um restaurante simples!
— Um nome muito bonito, mas infelizmente nunca fui nele... Se você me passar o endereço dele, com certeza logo, logo estarei comendo lá... Se os meus plantões me deixar! — Na mesma hora começou a chama o doutor Ricardo numa emergência nos altos falantes.
— Como eu disse, se eles me deixarem... Falaremos depois Bea, depois você me passara o endereço do restaurante e muito obrigado pela excelente companhia! — Ricardo deu um beijou a bochecha da loira e saiu do refeitório, deixando uma Beatriz paralisada.
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Minutos antes...
Miguel inspirou e aspirou três vezes tentando criar coragem para seguir em frente, mas antes de andar com a cadeira até o leito do namorado, ele olhou ao redor do quarto e vira vários balões e flores, o que trouxe um pequeno sorriso ao loiro.
Dava para ouvir a máquina apitando com os batimentos cardíacos que serviu para lhe dar certo alívio.
Ao tomar coragem Miguel andou com a cadeira de rodas até o lado do leito e pela primeira vez em três dias o loiro viu o seu Guto, que estava muito diferente do seu moreno.
A pele antes corada, agora estava pálida, dava para ver na cabeça do moreno tinha um curativo. Ao redor do corpo dele dava para ver várias escoriações. Aquela cena de Gustavo todo arrebentado e desacordado trouxe lágrimas ao loirinho, que pegou a cadeira mais próxima para se aproximar mais do corpo do seu amado.
Ao se sentar ele deitou a cabeça no colchão chorando e começou a passar a mão no rosto do moreno.
— Desculpa meu amor, desculpa! — Ele murmurou, e as lágrimas desciam igual uma cachoeira pelo seu rosto, nublando a sua visão. — Me perdoe, olha o que eu fiz com você... Por favor, meu Guto, acorda, por favor! Estou com tanto medo, meu amor, muito! Quero ver você sorrindo, quero ver você acorda para branda os meus medos... Por favor! — A voz de Miguel já estava embargada por causa do choro.
— Volte para mim! Prometo Gustavo, prometo que nunca sairei de perto de você, farei de tudo, cuidarei de você, só volte para mim e me desculpe por ter dito aquilo naquela hora, se não fosse por isso, a gente estava em casa, não você assim...
Miguel abraçou o corpo de Guto, que estava ligado a algumas máquinas, mas felizmente ele estava respirando, o que permitiu o loiro beijar diversas vezes o rosto arrebentado do namorado.
— Eu te amo tanto, meu amor! Acorde meu anjo, acorde, por favor, é a única coisa que te peço... Acorde! — Ao terminar de falar Miguel beijou os lábios do seu namorado, ele ainda estava chorando, a dor no peito só aumentava, o medo o assolava, mesmo sentindo o seu anjo respirar e o seu coração bater, ele estava com medo de Gustavo nunca acorda, isso o estava o matando.
Continua...
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