(ESSE CAPÍTULO CONTÉM GATILHOS SOBRE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA!!)

     Calada e com a cabeça baixa,
     te ouço falar,
     palavras cruéis e que rasgam meu peito.

     Diz todos os meus defeitos,
     como eu não me encaixo nos padrões,
     e sempre ressaltando o quão ridícula
     eu sou.

     Com lágrimas nos olhos,
     sinto as palavras
     saírem da minha boca,
     num gesto quase automático.

     Uma onda de alívio percorre meu ser,
     finalmente tomei coragem
     para dizer como me sinto;
     que ele sempre esteve errado
     e no fim das contas,
     eu não era tão ruim como ele dizia.

     Mas, como sempre, fui silenciada,
     como um celular,
     que você coloca no mudo,
     para não ouvir a ligação.

     Um soco,
     rápido e ligeiro,
     rasgou a minha pele,
     e foi seguido por outros.

     No fim, eu sempre me arrependia,
     pois sabia que ele nunca iria embora,
     e se fosse,
     levaria minha vida consigo.