Amaldiçoado


"Oh, estão aí? Aproximem-se, não se acanhem, ouçam bem a lenda que vou lhes narrar, há muito contada de forma incorreta, por inúmeros contadores de histórias, sejam grandes escritores ou velhos em tabernas."

Um pigarro rouco.

"Qual lenda vou contar, bem não querem esperar para que comece e ... não?"

Um bufar e dar de ombros.

"Pois bem, sejamos práticos, irei contar a verdade sobre vampiros... sim, já sei que deve estar saturado de histórias de vampiros, que sabem tudo sobre as criaturas, mas receio que tais relatos estão equivocados, que os ouvidos que a ouviram estavam cheios de ruídos e a história, por sua vez, ficou tanto em pedaços quanto o Frankenstein, pois saibam meus caros jovens curiosos (sejam quais forem suas idades, sempre seremos jovens para os grandes mistérios do mundo), que se algum dia a maldição lhe acometer, sinto lhes dizer, sub a luz do sol vai padecer e infelizmente tal "brilho" não há de se fazer valer."

Uma pequena risada.

"Ah um sorriso, vejo que os agradei com minhas referências, este velho contador de histórias ainda pode se atualizar. Estão mais interessados agora? Pois bem, vamos começar."

Mais um pigarro forte.

"Há muito, em uma era de trevas para os homens, um único homem se deixou enganar e foi o culpado pela maldição propagar...

Não se sabe ao certo qual o demônio que o amaldiçoou, e dessa vez não culpo outros por esse equívoco, alguns acham que foi Hecate, também chamada de "mãe das bruxas"... bem sim, esse também é o nome da tal deusa grega, sei bem, mas nessa lenda refiro-me a um demônio... não entremos em detalhes como essa associação de nomes, bem onde eu.... oh sim, o demônio Hecate foi quem lançou a maldição.

Sabe que demônios sempre querem dominar a Terra e transforma-la em uma extensão de seus reinos de pandemônios, miséria, peste e destruição. Temos diversas representações de como pode ser esse inferno, e foi assim que começou, com um demônio querendo o caos e um humano que o ajudou."

Olhos atentos encaravam, esperando algum clímax ou ao menos alguma informação que fosse no mínimo interessante, só por que lhe tinham a atenção e curiosidade, não significava que os havia cativado.

"Em tempos sombrios, onde humanos tinham mais medo que certezas, um homem fez um acordo maligno, sim um homem você deve pensar: 'por que não uma mulher', ora veja bem, homens em sua maioria estão mais propensos a cometer erros por ganância, orgulho ou luxuria, não que mulheres não possam ser seres cruéis e assassinos!"

Uma risada.

"Pois elas podem ser muito piores que isso! Ha ha! Desculpe, não se ofendam meus caros, mas não neguem que os grandes e maiores problemas do mundo vem de homens, não é?"

Um olhar irônico.

"Esse homem era muito orgulhoso de si e suas conquistas, era respeitado entre os seus e tinha uma repulsa por perder qualquer coisa que seja, tanto que este foi o fator decisivo para o demônio lhe enganar, este homem, tinha uma mulher, assim como todos os outros, oh! Acham que sabem o final da história? Não se preocupem, não é como imaginam, não, ele não vendeu a alma pela mulher, muito pelo contrário, já ouviu dizer que homens na verdade amam e respeitam somente outros homens, mesmo que ainda tenham mulheres?

Então, esse homem tinha um protegido que lhe era muito amado e favorecido, ele era o seu favorito entre todos e em todos os aspectos possíveis, o mais habilidoso, o mais forte, o mais belo e o mais... invejado.

A inveja foi tanta que um grupo de seus próprios aliados, consumidos pelo ciúme e pela ânsia de serem também reconhecidos pelo seu senhor, que o mataram, ao encontrar o corpo de seu favorito morto, o homem gritou e clamou pelos deuses para lhe ajudar e devolver-lhe a vida perdida, mas não foram os deuses que ouviram seu clamor, não, foi um ser da escuridão.

Esse demônio ofereceu trazer a vida de seu amado favorecido de volta, mas para tanto, o homem teria que abrigar sua maldição que roubaria sua humanidade, sua pele se apagaria como a de um corpo morto, roubando sua vitalidade e impedindo que absorva e se nutra pela luz do sol, ele seria uma criatura para sempre das trevas, nunca mais sentiria o doce, o ardor, o azedo dos sabores, seu corpo rejeitaria qualquer tipo de comida humana, tendo uma sede quase animalesca que se instauraria em seu ser, ele teria o desejo por sangue e só seria saciado se o consumisse, por sua vez, se não o fizesse ficaria fraco a ponto da quase morte, mas que nunca morreria, estaria fadado a caminhar pela terra sendo um ser amaldiçoado imortal. Cego pela dor e não em plenos pensamentos, o homem aceitou."

Uma pausa dramática.

"Sim, agora pode dizer que sabe o fim desse conto, acredito que já tenha entendido que demônios não são confiáveis, assim que trouxe a alma e restaurou o corpo do favorito, ao mesmo tempo amaldiçoou o homem e tal maldição veio com tal força que seu primeiro ato, fora matar a vida que apelou para ter de volta.

Enfurecido, gritou ao demônio que ele o havia engando, já o demônio astuto, disse que o acordo fora comprido, ele o trouxe de volta, mas eles não haviam combinado por quanto tempo.

Sim, demônios são grandes mentirosos, sempre felizes em enganar. A partir daquele momento, em que matou o seu tão amado favorito, vocês já devem saber o que se procedeu, sua sede de sangue não pode ser controlada e assim, mais como ele foram criados, almas amaldiçoadas fadadas a caminhar como eternos condenados.

Viram? Eu disse que valeria a pena, não foi somente mais uma história conhecida, bem, nos despedimos por agora, talvez em uma próxima vez lhes conte uma ou outra lenda... o quê? Rápido demais? Querem mais detalhes? Bom saber que lhes cativei a curiosidade e sinto não poder mais sacia-la por agora, até algum dia, jovens curiosos."

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