Capítulo 40
Elisa envolveu-me em seus braços com intensidade, ainda estremecendo pelo relato que acabara de ouvir, os ecos da minha jornada, sem dúvida, ecoando em seus pensamentos.
Contei sobre minha jornada por Aranthia, omitindo os detalhes sombrios: rostos que se desvaneceram sob minhas mãos, dias entre os Ignis e os suspiros roubados por Asher. Essas últimas confidências, entretanto, reservava para compartilhar apenas com minha prima.
Todos me encaravam, seus semblantes oscilando entre choque e compaixão.
— Então, ele simplesmente te diz que existem malucos religiosos e te convida para dar uma espiada? Sério porra? — A indignação de Caleb transbordava, seus olhos cravados no vampiro.
— Você descobre que há um grupo caçando sua espécie e resolve sair da segurança da sua aldeia para fazer uma visitinha? Incrível! — Arlan ironizou, a incredulidade pintada em suas palavras — Pelos Deuses!
— Não foi bem assim — retruquei — Aceitei porque ansiava por conhecer o mundo, por testemunhar com meus próprios olhos como era a vida além dos limites da nossa aldeia.
— E quase pagou com sua vida por essa curiosidade. — Selene interveio, sua voz soando pela primeira vez desde o início da história.
— Não teria buscado respostas por conta própria se ao menos você tivesse se dado ao trabalho de compartilhar algo comigo — minha voz soava áspera, carregada de uma raiva pulsante — Queria saber se tudo aquilo era real, já que minha família optou por se esconder do mundo lá fora. Optamos por nos proteger, ignorando o sofrimento dos outros bruxos de Aranthia.
Uma onda de calor percorria meu corpo, como se o próprio fogo do abismo estivesse ansioso para escapar e consumir tudo em seu caminho. A sensação era pegajosa, incômoda, os sussurros que eu acreditava terem cessado agora ressurgiam, instigando-me a agir, a liberar toda a fúria contida.
Levantei-me, meus olhos fixos na minha avó, enquanto meu sangue fervia, enredando-se em chamas pelo meu corpo.
— Bastava perguntar — Caleb murmurou com suavidade, mas mantive meu olhar firme na bruxa — Não precisava se arriscar indo até lá, e, acima de tudo, deixando todos nós preocupados.
Os olhos de Selene encontraram os meus, ainda sem emitir uma palavra, mas neles brilhava uma emoção que se assemelhava a arrependimento. Aquela fragilidade fez com que minha raiva recuasse alguns passos.
— Não foi apenas culpa dela — Asher, que permanecera ao meu lado em silêncio durante todo o relato, finalmente se manifestou.
— Certamente não, a culpa é sua. — Caleb retorquiu, levantando-se do antigo tronco em que repousava, a fúria reluzindo em seu olhar.
— De novo não — Elisa murmurou.
Uma tormenta de discussões tumultuadas e vozes estridentes desenrolava-se, e eu estava à beira de sucumbir àquela confusão, os sussurros tornando-se mais ensurdecedores do que as próprias vozes deles. Cada fibra do meu ser queimava, como se o sangue que fluía em minhas veias fosse uma larva incandescente.
Sentia uma urgência avassaladora de me afastar de todos, antes que o tumulto interior que ameaçava emergir conseguisse se libertar.
— Querida? — Selene chamou-me, interrompendo meus passos apressados.
— Não — gritei, e os sussurros reverberaram minha voz.
“Não, não, não” persistente, ameaçador, o burburinho continuava a me atormentar.
Eles devem ter percebido que algo estava errado, pois num instante estavam de pé, aproximando-se cautelosamente, como se eu fosse uma fera selvagem que precisasse ser domada.
O fogo, selvagem e voraz, irrompeu ao meu redor sem que eu lançasse sequer um feitiço, devorando a grama sob meus pés e deixando para trás um círculo pútrido. O cheiro de queimado impregnou o ar, o odor carregava também um toque de algo podre, que fazia minhas narinas arderem. As expressões em seus rostos entregaram o medo.
Elisa tentou se aproximar, mas Arlan segurou seu braço, e aquele simples gesto desestabilizou-me. Ele pensava que eu a machucaria? Que representava um perigo para a pessoa que eu mais amava no mundo?
— Preciso dar uma volta — minha voz parecia vir de algum lugar distante, como se pertencesse a outra pessoa. E então acrescentei para impedir que me seguissem — Sozinha.
Caminhei por trilhas antigas, cercada pela sinfonia da natureza, na tentativa de afastar os ecos caóticos que ainda reverberavam em minha mente. A cada passo, sentia a textura da casca das árvores sob meus dedos, como se o contato com a natureza pudesse ancorar minha alma tumultuada.
As sombras alongavam-se, pintando um quadro de quietude, enquanto a luz da lua banhava tudo em seu prateado manto. A brisa fria acariciava meu rosto, trazendo consigo uma sensação de renovação. No entanto, por mais que tentasse mergulhar na serenidade do lugar, as vozes insistiam, sussurrando promessas e tentações.
Encarei o horizonte tingido de prata, buscando encontrar um vislumbre de clareza dentro de mim. A energia pulsante do lugar parecia vibrar em sintonia com os ritmos frenéticos que ecoavam em meu interior.
O que estava acontecendo comigo? O medo de perguntar a alguém era tão intenso quanto o receio da resposta que poderia obter.
Em toda minha vida, sempre me senti diferente, deslocada, estranha até. Cresci em uma aldeia pacífica, onde as pessoas pareciam não compartilhar dos meus anseios contraditórios e perigosos. Nunca me senti verdadeiramente acolhida, ou compreendida. Nem mesmo Asher, que compartilhava a mesma fome e instinto, parecia verdadeiramente compreender.
Será que mais alguém ouvia vozes na cabeça? Eles sentiam a ânsia de matar, de destruir? Eu não entendia por que eu carregava algo tão terrível e sombrio dentro de mim. Sentia-me errada, desprezível. Tinha certeza de que, se contasse para minha família sobre todos esses sentimentos que me assolavam, eles me rejeitariam, enxergando-me como a aberração que sou.
Imersa em meus dilemas, fui surpreendida pela sua chegada silenciosa. Em um piscar de olhos, os braços de Asher envolveram-me, trazendo consigo um conforto que eu ansiava, mas não tinha coragem de admitir. Comecei a tremer em seus braços acolhedores, incapaz de articular uma única palavra.
— Estão preparando algo para comermos. Foi difícil, mas parece que concordaram que era melhor eu vir atrás de você. — Seu sussurro próximo ao meu ouvido era suave como uma carícia, enviando arrepios pelo meu corpo.
— Você deveria ficar longe de mim, sou um perigo — murmurei, tentando me desvencilhar dele, minha voz trêmula e incerta.
— Não tenho medo de você. — Ele respondeu, afastando-se um pouco para que nossos olhares se encontrassem.
— Por que me sinto assim? Por que sou tão errada? — Questionei desesperada, sentindo o peso do fardo sobre meus ombros — Por que essa vontade de destruir?
— Talvez você tenha passado tanto tempo mantendo tudo tão trancado aí dentro que agora seja difícil manter o controle — Sua voz soava calma, tranquilizadora — Mas você só precisa se acalmar, você sabe que não quer ferir ninguém.
Diante de Asher, todos os meus problemas pareciam desvanecer como sombras na luz do sol. Era reconfortante como ele conseguia me envolver, proporcionando uma sensação única de pertencimento e compreensão. Ansiava por essa calma, como se pudesse afastar todos os tormentos que me assolavam.
Sob o brilho prateado da lua, no seio da serenidade do bosque, nossos corpos convergiram como se uma força invisível os guiasse, numa dança de almas famintas por conexão. Movida por um desejo urgente de esquecimento, meus lábios buscaram os dele com determinação.
Seus lábios, suaves como pétalas de rosa, receberam os meus, e o mundo ao nosso redor desapareceu, deixando apenas a doçura inebriante do momento. As mãos dele, gentis e seguras, traçaram trilhas de ternura sobre minha pele, desencadeando sensações que eu mal ousava imaginar.
Cada toque, cada olhar, cada suspiro tornou-se uma sinfonia de emoções delicadas, entrelaçando-se num ritmo suave e apaixonado.
Os olhos de Asher, repletos de ternura e admiração, mergulharam em minha alma, desvendando segredos e medos com a mesma sutileza com que acariciava minha pele. Não havia pressa, apenas o fervoroso desejo de nos perdermos um no outro, de nos tornarmos um só sob o manto estrelado do céu.
Alcancei os botões de sua camisa com uma urgência ávida, impulsionada por um instinto novo e desconhecido. Cada botão desabrochava sob meu toque e quando o último cedeu, minhas mãos buscaram sua pele como se ele fosse água e eu estivesse sedenta há uma eternidade.
— Mor — seu aviso veio suave, mas urgente, quando meus dedos, selvagens e sem controle, avançaram em direção ao fecho de sua calça.
— Preciso de você, por favor — minha voz ecoou com uma ansiedade desmedida, liberta de qualquer vestígio de pudor.
— Você não está pensando com clareza…
— Estou, eu quero você, aqui, agora. — interrompi sua fala com determinação, minhas palavras carregadas de uma urgência que transbordava de mim — Sempre ignorei todas as minhas vontades e instintos. Mas não hoje, não agora.
Seus olhos, repletos de preocupação e cuidado, buscaram os meus como se procurassem alguma hesitação. No entanto, minha determinação não vacilou. Eu estava imersa no desejo que queimava dentro de mim, guiando-me por uma força irresistível.
Ignorando seu aviso silencioso, meus dedos hábeis deslizaram pelo fecho da calça, quando sua mão firme deteve minha tentativa de avançar além, mas antes que eu pudesse objetar, seus lábios encontraram os meus novamente em um beijo impetuoso, carregado de desejo e urgência. Sorri satisfeita com a percepção de que seu controle ruíra como o meu.
Enquanto meus sentidos se embriagavam com a proximidade do seu corpo, Asher gentilmente me conduziu ao chão, onde a grama acariciava minha pele com uma suavidade irresistível. Seus lábios exploravam cada curva do meu pescoço, desencadeando uma cascata de sensações que percorriam todo o meu ser, despertando um anseio voraz por mais.
Cada beijo, cada carícia, era uma promessa de prazer e descoberta, uma dança íntima de corpos que se buscavam em meio à escuridão da noite. Os sussurros cruéis que uma vez me atormentaram deram lugar a um clamor por mais, por uma entrega total ao êxtase que nos envolvia.
À medida que as últimas barreiras caíam, deixando-nos nus diante um do outro, o calor da sua pele contra a minha era como experimentar um pedaço do paraíso. Mas quando seus lábios traçaram um caminho ardente pelo meu corpo, encontrando cada ponto sensível com uma precisão enlouquecedora, senti-me mergulhando direto no fogo de Abaddon.
Cada toque era uma chama ardente, incendiando meus sentidos e me levando a um abismo de prazer inexplorado.
Quando nossos olhares se encontraram em meio à intensidade do momento, não foi preciso palavras para expressar a entrega.
Com um sussurro trêmulo de consentimento, entreguei-me ao desejo, mergulhando em um universo de prazer que transcendia qualquer limitação. Em seus braços, encontrei a redenção que tanto ansiava, perdendo-me no labirinto infindável da paixão que nos unia.
E naquele instante mágico, em que nossas almas se uniram em perfeita harmonia, senti uma alegria nunca sentida, uma paz que me deixava inebriada.
Oi povo!
Apesar do acontecimento em si já estar planejado desde o começo, eu confesso que não imaginei que chegaria a escrever a cena, e para mim, foi um desafio e tanto.
Queria agradecer as maravilhosas IVI_RAISE e Park_Jhessuk, que leram o que escrevi me incentivaram, caso contrário, eu teria ficado com "e eles se amaram a noite toda" hahahaha 💜
No mais, é isso 😘
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