Lá estava eu parada no topo da escada esperando por Adam como uma criança espera por um amiguinho. Havia paz em meu coração, mas também havia uma sensação de familiaridade.

- Você sempre gostou dessa vista. - A voz de Tom quebrou o silêncio.-

Me virei o encarando.

- Como você sabe disso?

- Você me disse uma vez. - Ele deu de ombros.-

- Agora você quer falar do passado? - Bufei.-

- Na verdade Josh me contou sobre sua decisão de esquecer o passado e começar do zero.

- Engraçado, não me lembro de Josh ser tão fofoqueiro.

- Emma, por favor, eu só quero ter essa chance com você também, de começar do zero e ser seu amigo.

A forma como ele falava meu nome me fazia duvidar de mim mesma e por mais que eu quisesse dizer não pra ele naquele momento eu não pude, porque se eu quisesse deixar o passado para trás não poderia carregar uma raiva de coisas que eu não me lembrava.

- Se é pra começar do zero todo mundo merece uma chance. - Sorri sem mostrar os dentes.-

Tom suspirou aliviado e sorriu para mim e nesse momento a porta se abriu e Adam entrou.

- Emma? Desculpa a porta estava destrancada.

- Isso não siginifica que você não precisa apertar a campainha! - Disse Tom entre os dentes.-

- Todo mundo merece uma segunda chance, lembra? - Sussurei para ele em seguida me virando para Adam.- Oi Adam, veio rápido mesmo em!

Desci as escadas e o abracei e quando voltei meu olhar para Tom no topo da escada ele não estava mais lá, tinha passado por nós como um furacão deixando para trás apenas o barulho do bater da porta.

Adam e eu caminhamos até o sofá e nos sentamos, houve uma pausa e alguns suspiros antes de alguém começar a falar.

- Então, eu te devo desculpas. -Começou Adam.- Principalmente por não te contar sobre o beijo, aquilo foi precipitado e nem poderia acontecer, você não sabe o quanto eu estava errado naquele momento. Foi uma grande traição!

Franzi a testa.

- Por que traição? Eu namorava?

Adam quase engasgou com a própria saliva, seus olhos correram a sala em busca de respostas.

- EU, - ele quase gritou- eu que namorava.

Eu sabia que era mentira, podia sentir isso no ar. Mas minha decisão de esquecer o passado era real e eu não iria forçar nada.

- Ah sim. - Assenti.- Eu também te devo desculpas pela maneira como reagi com aquela lembrança é que as vezes quando me lembro das coisas também me lembro de como me senti e de repente to sentindo aquilo denovo.

- Então é assim que funciona?

- Eu não sei bem como funciona, é tudo uma bagunça e por isso eu resolvi não tentar mais. Não quero mais correr atrás do passado.

Ele me olhou e sorriu sem mostrar os dentes.

- Deve ser cansativo.

- É exaustivo demais, mas agora eu vou ficar bem.

- Você tem seus amigos para isso!

Ele me abraçou e eu relaxei, estava tudo bem.

*

Era tarde da noite, Josh tinha saído misteriosamente sem me dizer muito sobre aonde ia e eu estava deitada no sofá da sala sozinha vendo um programa de TV sobre vestidos de noiva quando a campainha tocou me fazendo tremer.

Me sentei e respirei fundo me livrando do susto e então a campainha começou a tocar sem cessar, caminhei rápidamente até a porta e posso dizer com toda certeza do mundo que o que eu vi não era esperado.

Tom estava parado na porta, seu cabelo e roupas estavam molhados, seus olhos com as bordas vermelhas.

- Tom você mora aqui, sabia?

- Perdi minha chave. - foi mais um sussuro do que uma afirmação direta-

- Você esta bem? - Perguntei-

- Posso entrar Em? - Ele nunca me chamava de Em-

Dei espaço para que ele entrasse e quando ele passou por mim o cheiro de alcool encheu meu nariz, com certeza ele havia bebido e muito.
Ele entrou e parou no pé da escada de costas para mim, fechei a porta e estava caminhando em direção ao sofá quando sua voz me fez parar.

- Josh está em casa? - Ele ainda estava de costas-

- Ele saiu não sei exatamente para onde.

Tom suspirou alto quase como se estivesse aliviado em saber que Josh não estava ali e então se virou para mim, seus olhos afogados em lágrimas, seu peito subindo e descendo como se ele estivesse prestes a se jogar de um penhasco.

E foi quase isso, ele veio em minha direção tão rápido, suas mãos seguram meu rosto enquanto seu dedo fazia carinho em minha bochecha.

- Eu posso estar sendo a pessoa mais egoísta do mundo nesse momento, mas eu não posso passar mais nem um segundo sem ter você Em!

Seus lábios encontraram os meus e eu me senti em queda livre. A sala estava iluminada apenas pelo brilho da TV, nossos corpos eram sombras dançando em conjunto, nossa respiração ofegante preenchia todo espaço e eu não podia desejar mais nada além de que aquele momento fosse infinito.

Quando nos deitamos na minha cama naquela noite cheios de culpa, amor e euforia havia uma sensação de familiaridade, Tom me segurando como se eu fosse a última coisa que importava no mundo, meus dedos brincando em nossas mãos entrelaçadas, o silêncio confortavél, nossa respiração tão lenta e sincronizada.

- Eu não sei como vai ser amanhã, mas se eu pudesse escolher um momento para pausar e reviver ele para sempre seria esse. - Eu disse encarando seus lindos olhos castanhos.-

Ele sorriu, um sorriso de plena felicidade.

- A maioria das pessoas só percebem a importância dos momentos quando eles viram memórias e eu sempre fui esse tipo de pessoa, sempre deixei minha vida passar como se eu pudesse ter as pessoas e os momentos especiais para sempre. Você me ensinou a ver a vida de forma diferente, nós não erámos estranhos e eu não vou entrar em detalhes sobre o passado, mas nós tinhamos algo especial e quando eu perdi aquilo, quando perdi você eu entendi a importância de cada momento, obrigada Emma Scott.

Se aquilo era estar caindo em um penhasco totalmente em queda livre eu poderia fazer aquilo para sempre...

...

Olá leitores.

Venho em primeiro lugar pedir desculpas pela minha ausência, eu perdi um membro muito especial da minha familia e com o Luto eu perdi a vontade de escrever. Hoje com paz no coração e sabendo que a minha estrelinha quer me ver fazendo o que eu amo lá de cima consegui escrever esse capítulo para vocês, espero que gostem.

Até a próxima,

- Miih