- Minhas Lembranças




- Rachel? - Ela se virou imediatamente, surpresa.- Não foi um sonho! - Disse para mim mesma.-

- Eu te disse meu nome? - Essa pergunta pareceu ser para ela mesma.- Não, eu não disse.

Ela voltou a me olhar com os olhos arregalados.

- Você não me disse.

- Você se lembra de mim?

Me sentei na cama e comecei a contar o meu sonho para ela, ela sorriu e antes que eu pudesse terminar me interrompeu.

- Não existe momento certo para o amor, ele não pede licença. - Ela me olhou sorrindo.-

- Foi o que você me disse.

- Eu me lembro disso.

Segurei sua mão e a encarei com um olhar que implorava por uma resposta.

- Quem era a pessoa que disse que me amava?

Ela ficou séria e encarou nossas mãos por alguns segundos.

- Ah Em... - Três batidas na porta.-

Nos viramos e encontramos Josh parado na porta com um sorriso nervoso.

- Atrapalho?

- Não. - Dissemos ao mesmo tempo.-

Ele se aproximou de mim.

- Você me assustou. - Disse passando sua mão pelo meu cabelo.-

- Me desculpa.

Ele sorriu.

- Como se sente?

- Estou melhor. - Olhei para Rachel.- Tive uma lembrança.

Josh pareceu tenso.

- Foi sobre mim. - Disse Rachel sorrindo.-

E então os ombros do meu irmão relaxaram e ele sorriu.

- Isso é bom, não é? Devemos ir ver um médico?

- Eu não quero ver um médico agora, mas prometo marcar uma consulta em breve.

- Como você quiser. - Disse Josh com um sorriso enorme em seu rosto.-

Nunca gostei de ser o centro das atenções, mas naquele momento ver aquelas duas pessoas, que eu sentia dentro do meu coração que me amavam, compartilharem da minha felicidade me emocionou.

- Você está chorando? - Perguntou Rachel.-

- Estou feliz!

                                                                                       *

Já estava escuro lá fora quando Tom passou pela porta carregando sacolas de mercado, eu estava sentada no sofá, ele me olhou e sorriu.

- Oi.

- Oi. - Tentei sorrir.-

- Onde está Josh?

- Ele me disse que ia ao mercado, mas acho que vai ser perca de tempo. - Apontei para as sacolas que ele carregava.-

Tom pareceu tenso.

- Vou colocar essas coisas na cozinha.

- Eu te ajudo! - Me levantei.-

Fui em direção a Tom e peguei algumas sacolas, fomos para a cozinha e colocamos elas no balcão.

- Obrigado. - Disse Tom.-

- Sem problemas.

Ajudei ele tirando as coisas das sacolas enquanto ele guardava tudo em seu devido lugar, estávamos em silêncio e isso não era incomodo, era um silêncio confortável.

- Você está bem? - Perguntou Tom me tirando do meu transe.-

- Sim, por quê?

- Está pálida.

Toquei meu rosto.

- Estou?

Ele sorriu.

- Não. Só quis quebrar o silêncio.

Então eu comecei a rir e nós rimos juntos, naquele momento eu senti um impulso enorme e quis beija-lo, mas não o fiz e também nunca contei para ele sobre isso.

- Então, a quanto tempo você mora com Josh?

Ele sorriu como se soubesse de algo que eu não soubesse.

- Acho que faz apenas alguns meses.

- Ele sentia minha falta?

Tom me observou ficando sério de repente.

- Todo dia, era como se houvesse um vazio no coração dele que só podia ser preenchido por você. - Pareceu ser um sentimento que ele conhecia bem.-

Ficamos nos encarando em silêncio e pensei ter visto dor nos olhos de Tom, Josh entrou na cozinha e parou nos observando.

- Holland! - Disse ele.-

Então Tom o encarou e Josh não precisou dizer mais nada para que ele entendesse que devia sair e ele saiu da cozinha tão rápido que eu não tive tempo de dizer nada.

- Nós só estávamos conversando. - Eu disse baixinho.-

- Eu sei.

- Então, por que o mandou sair?

- Ele sabe o porquê. - Josh se sentou de frente para mim e suspirou.- É complicado.

- Complicado é perder a memória e a única pessoa que você pensou que não tentaria controlar sua vida começar a fazer isso.

Me levantei e fui para o meu quarto batendo a porta. Eu queria não ter dito aquelas palavras naquele dia, queria não ter magoado meu irmão que só queria me proteger. Mas ele nunca me culpou, porque eu não fazia ideia do que estava acontecendo naquele momento. Não demorou muito até eu ouvir duas batidas leves na porta do meu quarto, bufei e caminhei até a porta mas não a abri.

- Agora não Josh, não quero conversar.

- Sou eu, Tom.

Hesitei por alguns segundos antes de girar a maçaneta e abrir a porta.

- Está tudo bem? - Perguntei ainda segurando a porta com uma mão.-

- Sim. Eu só queria te dizer que o Josh não fez nada de errado, ele sabe o que está fazendo.

- Eu não entendo Tom.

- Eu sei, sei que é difícil para você, mas confie nele.

- Tudo bem, obrigado.

Fitei o chão, então de repente Tom passou sua mão pelo meu cabelo afastando ele do meu rosto e então me deu um beijo na bochecha.

- Boa noite Emma.

- Boa noite.

E então ele se virou e saiu caminhando lentamente, meu coração batia acelerado e eu nem sabia o porquê, observei ele andar pelo corredor e por um minuto inteiro fiquei parada com a porta aberta.

Era estranho a maneira como eu me sentia perto do Tom, era mais estranha ainda a maneira como ele agia comigo, as vezes distante e as vezes próximo demais.

Naquela noite eu dormi tranquilamente depois de tomar dois comprimidos para dor de cabeça, sem sonhos, sem lembranças.

                                                                                                    
...

Olá meus amores,

Eu gosto muito de ver a opinião de vocês sobre os capítulos, sobre os personagens, sobre literalmente tudo. Então, por favor, não economizem nos comentários e não se esqueçam de votar.

- Miih

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