A dor que eu não me lembro.

Uma semana se passou, eu não tive nenhuma resposta de Isaac e Josh já começava a desconfiar que eu estava escondendo alguma coisa dele, fiquei aliviada quando meus pais foram embora no meio da semana, não que eu não quisesse eles ali só era melhor ter menos pessoas na minha vida enquanto eu guardava o maior segredo de todos.
Tom e eu estávamos na cozinha terminando nosso café da manhã, ele falava alguma coisa sobre o seu emprego na empresa do seu pai e eu queria muito prestar atenção naquilo, mas minha cabeça estava tomada em agonia.

- Tudo bem amor, não vou te encher mais com coisas de trabalho. - Disse ele dando um sorriso sem graça.-

Olhei para ele dando tudo para não chorar, eu estava a ponto de explodir.

- Me desculpe, eu não sei o que está acontecendo comigo. - E lá estavam as lágrimas inundando meu rosto.-

Tom se levantou e começou a massagear meus ombros.

- Relaxa meu amor eu estava brincando, não precisa chorar.

- Me desculpe.

- Não peça desculpas. - Ele parou por um segundo e suspirou- Acho melhor eu avisar que não vou trabalhar hoje, você precisa de mim.

Me levantei em um pulo.

- Não!

Tom me encarou sem expressão alguma e eu soube que ele sabia que tinha algo que eu não estava contando.

- Emma... - Começou ele, mas eu o interrompi.-

- Tommy eu venho me sentindo um peso atrapalhando a vida de todos, nesse momento eu preciso que as coisas sigam normalmente. Trabalho e outras coisas de uma vida normal precisam estar presentes na minha vida.

Eu estava mentindo, mas não completamente. Se ele percebeu a mentira não deixou transparecer, ele me olhou ainda sem expressão e sorriu sem mostrar os dentes.

Tom saiu pela porta e foi quase como se ele estivesse esperando estacionado ali ao lado, eu estava a meio caminho do sofá quando a campainha tocou. Abri a porta e encontrei um Isaac totamente diferente daquele homem com roupas chiques e um carro caro, ele estava com cabelo grande e despenteado e usava roupas surradas.

- Isaac... - corri os olhos por tras de seus ombros temendo que Tom ainda estivesse por ali.- O que faz aqui?

Ele sorriu debochado.

- Você me procurou, pareceu um pouco desesperada devo dizer, mas aqui estou para te contar a história do nosso filho.

Quando ele pronunciou a palavra filho pude sentir sua voz enfraquecendo.

- Você não espera que eu te convide para entrar, não é?

- Emma, Emma seu lado mimado e infantil me impressiona. - Ele olhou pro lado, suspirou e depois me olhou novamente.- Nós fomos casados não importa se foi no papel ou não, vc era minha mulher, sempre foi minha. Não tem um canto desse seu corpinho lindo que eu não tenha percorrido e agora você tem medo de mim?

- Não tenho medo de você, mas não quero você na minha casa. - Eu podia sentir meus batimentos cardiacos aumentando a cada palavra que saia da boca dele.- Não me importa o que fomos, não sinto nada por você!

- Acho que você tem um padrão, você se apaixona por pessoas que sabe que são erradas para você, primeiro você ama com força ai então algo acontece e você odeia com força e depois volta a amar. Foi assim com seu querido Tommy, sei que vai ser assim comigo.

- Você tem razão apenas sobre você, eu devia estar louca quando me envolvi com alguém como você.

Ele me encarou em silêncio por alguns segundos, seus olhos presos nos meus sem vacilar.

- Você estava quebrada não louca, mas você não quer a verdade sobre isso então vamos ao que interessa.

- Vamos, você pode entrar, me contar o que eu preciso saber e sair. Se tentar qualquer coisa eu aciono o alarme da casa e a policia me faz o favor de te tirar daqui.

Ele sorriu, de certa forma a expressão no seu rosto dizia que ele não faria nada além de me contar o que eu queria saber e o sorriso era porque ele sabia que aquilo ia acabar comigo.

Ele se sentou no sofá e pensou que eu me sentaria ao seu lado, mas me dirigi a poltrona.

- Como quiser. - Disse ele ainda com aquele tom de deboche.- Bom, estávamos apaixonados e você sabe como é sexo quente...

- Direto ao ponto Isaac!

- Ok, se você vai ficar interrompendo. Você ficou grávida por descuido não foi nada planejado. - Ele encarou o chão.- Você tinha alguns problemas dos quais não tinha conhecimento e a grávidez foi díficil desde o começo, até que um dia você voltou do trabalho sangrando. - Ele fez um pausa e depois pigarreou- Era muito sangue então corremos pro hospital, mas era tarde demais. Perdemos ela.

- Ela? Era uma menina? - Minha voz saiu quase como um sussuro-

- Sim. - O deboche já não estava mais presente na voz dele, agora ela estava carregada de dor.-

- Ela tinha um nome?

- Sophia.

Meus olhos se encheram de lágrimas, o medo tomava conta do meu corpo, o luto por uma filha que eu nunca conheci, que eu não consigo me lembrar da sensação de ter dentro de mim.
De repende o meu choro se descontrolou, pude ver entre as lágrimas Isaac se levantar e caminhar em minha direção, ele se abaixou na minha frente apoiado em um dos joelhos, pegou meus rosto entre as mãos e me olhou nos olhos.

- Tem mais uma coisa Em, você não pode mais ter filhos, nunca mais. E apesar de toda dor que eu sinto, também me sinto feliz em saber que a sua única chance foi comigo e que você nunca mais vai ter outra chance.

Aquelas palavras sairam da boca dele e pesaram toneladas no meu coração.

- Você acha que o Thomas vai querer uma mulher que nunca vai ser uma mulher inteira?

Eu queria gritar, expulsar ele da minha casa, eu queria bater nele, mas eu não tive forças. Eu estava paralisada e incapaz de colocar meu ódio ou a minha dor para fora.
Ele me olhou com um sorriso largo no rosto orgulhoso de ter alcançado seu objetivo ali, eu estava quebrada novamente.

...

Olá leitoras(es).

Quero agradecer as pessoas que ainda não desistiram da Fic mesmo com tantas pausas nas postagens. Obrigado por não desistirem da minha obra. Espero que gostem e continuem por aqui.

- Miih

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