ADAPTAÇÃO

To animado com essa história. Vocês também?

Capítulo 3 — Adaptação

Quando eu saí do banho, Jungkook estava na cozinha comendo e não havia nem sinal de Taehyung em lugar algum.

— Ele tá no banho — resmungou baixo como se soubesse o que eu estava pensando.

— Tudo bem, eu imaginei que fosse algo assim — respondi, me sentando na sua frente. — Então... como foi a viagem? — Ele me encarou confuso e logo abaixou a cabeça.

Quando ele era mais novo, era mais fácil conversar com ele, mas agora que havíamos crescido e nos visto muito pouco no ano anterior era como se estivéssemos nos conhecendo novamente. Era constrangedor e estranho.

— Foi normal, nada demais — Ele bebeu um pouco do Milk shake antes de continuar. — Não precisava ficar preocupado.

— É fácil falar. Aqui não é muito seguro e as estações podem ser confusas.

— Tá falando isso porque se perdeu na primeira vez? — questionou, claramente querendo rir da minha cara.

— Garoto, era feriado e tava lotado — eu me justifiquei, mas ele gargalhou e eu só não fiquei mais bravo porque Jungkook ficava uma gracinha rindo assim.

— Certo, não foi porque você e meu irmão são duas toupeiras.

— Não foi.

— Certo — Concordou enquanto dava outra mordida. — O que foi? — Perguntou quando percebeu que eu o encarava e, assustado por ter sido pego, eu desviei o olhar.

— Nada. Eu só... nós vimos tão pouco durante esse ano. Como foram as coisas lá?

— O mesmo de sempre — Deu de ombros. — Meus pais ficaram o ano todo choramingando pela falta de vocês e tentando me convencer a ficar. Depois vocês vieram para o feriado de primavera e eles se acalmaram.

— E na escola? — questionei porque aquele sempre era um tópico complicado pro Jungkook, mas ele deu de ombros novamente, como se não tivesse resposta. — Não teve um baile de formatura ou eu sei lá, alguma coisa?

— Teve, mas eu não fui — respondeu encarando a mesa, mas logo notou minha reação dramática ao saber que ele não foi ao baile. — Essas coisas só são legais com um par.

— E porque não chamou alguém? Teria sido divertido — Insisti, mas ele negou.

— Eu tinha uma pessoa em mente, mas ele não aceitaria.

Deus, ele tinha um crush. Ele tinha um crush em Busan. Alguém que ele queria levar ao Baile e que, por algum motivo, não aceitaria o convite. Taehyung estava certo, Jun já está nessa idade.

— Do que estão falando? — Taehyung apareceu na cozinha sem camisa enquanto secava o cabelo.

— Nada demais — Deu de ombros e eu suspirei, ele era um garoto de poucas palavras.

— Pensei que já estaria na cama — ele murmurou me encarando e eu apenas confirmei.

— Eu tava esperando você sair do banho, vou pegar meu travesseiro — avisei já saindo da sala, mas parei no lugar ao escutar a pergunta baixa.

Vocês... vão dormir juntos? — Eu encarei Jungkook por alguns segundos, meu estômago revirou.

Não era como se fosse a primeira vez ou que ele não soubesse que fazíamos esse tipo de coisa, mas a forma como ele me olhava parecia diferente de uma forma geral.

— Vamos, o Jimin ainda é um monstro de abraçar — Taehy resmungou sem real vontade e depois de alguns segundos, quando Jungkook abaixou a cabeça, desviando o olhar, eu apenas aceitei que deveria ir.

Peguei meu travesseiro, meu carregador e voltei para o corredor, indo em direção ao quarto do Tae, quando ouvi uma parte da conversa.

— Escuta, não vou botar regras ou coisas assim, você veio pra cá porque quer liberdade e o período de faculdade é pra coisas assim — Taehyung começou a dizer e suspirou fundo — mas em alguns momentos Jimin e eu vamos precisar de privacidade, entende?

— Vocês tão... — Jungkook não terminou a pergunta, mas eu quis rir por ele imaginar algo assim.

— Não, Jimin é meu melhor amigo — Tae afirmou e, diferente de mim, não tinha tom de risada em sua voz, como se não quisesse que Jungkook tivesse dúvidas quanto aquilo. — Temos uma relação de carinho e amor, mas não do tipo romântica.

— Mas daquela vez...

— Somos solteiros, Jun, e você tem que admitir que ele é um gostoso — Tae se justificou sem deixá-lo terminar sua fala e eu fiquei com uma pulga atrás da orelha, porque que vez foi essa? — Ás vezes ficamos, mas é só diversão, nada além.

— Eu acho que ele gosta de você — Jungkook murmurou para baixo e eu pensei em voltar para a cozinha e gritar com ele, porque pelo amor de Deus, o que esse menino anda pensando.

— Não — Taehyung riu. — Disso eu tenho certeza. — O silêncio voltou a reinar e eu apenas fui para o quarto, com a certeza de que eu tiraria aquilo a limpo com o Tae.

Ele demorou um pouco para entrar no quarto e quando entrou, foi para o banheiro escovar os dentes. Quando voltou, me encarou com uma cara de safado.

— Você ouviu, não ouviu? — perguntou sem precisar saber a resposta, porque ele me conhecia o suficiente para saber que sim, eu tinha um ouvido muito bom e era um puta curioso. — Olha, se estiver apaixonado por mim... é só dizer.

— Cala boca. Você sabe que eu te amo, mas não assim.

— Diz isso, mas adora sentar no meu pau — provocou rindo.

— Taehyung — o repreendi.

— Tudo bem, eu paro, mas tem que admitir que é engraçado que ele pense isso.

— É o que todo mundo pensa quando vê a gente junto.

— Que seja — Ele suspirou, se sentando de vez na cama. — Qual o problema?

— O Jungkook falou algo sobre "aquela vez" — eu respondi fazendo aspas. — Que vez é essa?

— Tem certeza que quer saber e acabar com a sua imagem do "bebê Jungkook"? — Deus, o que aconteceu?

— É tão ruim assim?

— Bom... Não, mas eu sou um grande filho da puta, então... — Eu dei um tapa nele por estar brincando naquela hora e ele apenas se esquivou rindo. — Olha, eu fiquei pertubado durante um tempo com isso, então acho que talvez devêssemos deixar isso de lado. É passado.

— Mas...

— Se estiver tão curioso pode perguntar pra ele.

Eu estava curioso como o inferno, mas se Taehyung ficou pertubado e se era algo tão difícil de falar, talvez eu não queira saber e se fosse algum problema, Tae teria me contado.

Acabamos dormindo embolados, mas quando eu acordei, ele não estava mais lá. Taehyung costumava sair cedo para seu trabalho em uma cafeteria ali perto e eu aproveitei o tempo na cama para subir uma nova foto no meu perfil.

A foto tinha o recorte certo para só mostrar nossos quadris. Tae ainda estava com o pau dentro de mim e sua mão disponível apertava meu quadril, fazendo pequenas marcas de dedo.

Era o tipo de foto que gerava comentários pesados e as vezes tentadores, mas, para mim, era a lembrança da noite em que chegamos meio altos de uma festa e acabamos transando na mesa da cozinha porque, de acordo com o Tae, eu pulei em cima dele e disse que se ele estava com fome, poderia me comer.

E eu não estava errado, ele poderia mesmo, eu gostava da sensação de transar e o fato de ser o Tae apenas me dava a segurança de que no dia seguinte eu não precisaria sair correndo ou mentir meu nome.

Mas Jungkook estava errado, porque eu não era nem de longe apaixonado pelo Tae.

Levantei da cama com preguiça e depois de ter escovado os dentes e ido ao banheiro, me senti pronto para começar o dia.

Claro que depois de um ano seguindo uma rotina, era novo ver o Jungkook jogado no nosso sofá enquanto comia uma torrada e assistia um filme que parecia violento.

— Bom dia... — murmurei indo para a cozinha e, ao não ouvir sua resposta, eu dei dois passos para trás. — Sabe, agora que moramos juntos seria legal se você me respondesse, mesmo quando o Tae não está.

— Bom dia — Foi seco.

— Dormiu bem? — Ele me encarou com uma cara de poucos amigos e eu quis rir, porque eu estava sendo implicante.

— O que quer afinal?

— Eu não sei, acho que só te atrapalhar — respondi bem humorado, desistindo de ir para a cozinha e me jogando no sofá ao lado dele. — O que está assistindo?

— Eu não tenho certeza, só liguei a tv e estava passando — ele murmurou mordendo a torrada e eu me estiquei para pegar uma delas do seu prato.

Apesar da implicância, ele não resmungou ou reclamou, apenas aceitou que eu iria roubar a comida do seu prato.

— Que horas o Tae chega? — questionou encarando a TV.

— Tudo isso é saudade? — provoquei.

— Não. É que quando ele está, você costuma me deixar em paz — Devolveu a provocação e logo sorriu de uma forma que deveria ser fingida, mas foi fofinho, porque mostrava apenas seus dentes da frente e ele ficava com cara de coelhinho. — Que foi? — Só me toquei que o encarava com uma cara de bobo quando ele chamou minha atenção e ao notar, eu me endireitei, me afastando um pouco já que estamos super perto.

— Eu... eu só acho que estava com saudade de você — As palavras saíram em um tom baixo e logo notei que tinha sua atenção em mim, com direito a grandes olhos pretos.

Você acha? — perguntou meio perdido e eu concordei, me recusando a voltar atrás.

— É, quer dizer, você é fofo e engraçado e mesmo que sempre tente me irritar, eu gosto da sua companhia — contei tentando o fazer se sentir confortável comigo, já que aparentemente ele tinha algum tipo de aversão a mim.

Talvez se eu mostrasse que gostava dele, ele se sentiria à vontade e passaria a me tratar melhor também.

Você gosta? — perguntou se aproximando um pouco e eu sorri.

A ideia de que toda aquela birra era apenas porque ele tinha ciúmes do irmão e me achava uma ameaça ou que eu não gostasse dele, era um pouco louca, mas poderia ser real.

— Claro, você achava que não?

— Eu achei que você só me tolerava por conta do Tae — Eu franzi o cenho ao ouvir aquilo porque era um absurdo. Eu passei a vida cuidando desse moleque para ele me dizer isso! — Achei que gostasse dele e que eu fosse o "irmãozinho" irritante.

— Tá brincando? Esqueceu de todas as vezes em que o Tae ia para o clube de fotografia e era só nós dois na sua casa? — disse com um sorriso, encolhendo minhas pernas em cima do sofá e ele analisou minha posição antes de voltar para meu rosto. — Claro, nem sempre você me queria por perto, mas a gente viu todos os filmes dos piratas do caribe e zeramos mario kart, eu até te ensinei como passar daquele chefão.

— Eu lembro — ele respondeu em um sopro e se ajeitou melhor no sofá. — Você me ajudou com o terno e a dançar no primeiro baile. — Eu sorri, porque não era só eu que tinha lembranças fofas. — Você tava lá no aniversário do clube e ajudou o Tae a me animar... Você sempre esteve lá. — Sua voz foi morrendo aos poucos e seus olhos passeavam pelo meu rosto.

Aquele aniversário ainda apertava o meu peito e se eu pudesse, socaria cada um dos alunos da sala dele que não vieram. Tínhamos feito uma festa bonitinha e...

— Opa! — eu resmunguei o afastando com a minha mão no seu peito quando ele se inclinou na minha direção. — Você...

— Não. Eu só... — disse nervoso e se afastando. — Só tinha uma coisa no seu rosto e eu ia soprar. — Ele não olhava pra mim e parecia uma desculpa, mas a ideia de que Jungkook realmente havia se inclinado para me beijar parecia assustadora.

— Ah, tudo bem. Eu só me assustei porque tava distraído — respondi sem graça. — De qualquer forma, eu gosto de você, Jun e tô feliz que esteja morando com a gente agora. — Eu tentei sorrir, mas ele se levantou pegando seu prato e indo em direção a cozinha.

— Claro... — sussurrou, enquanto se afastava aos poucos de mim. 

| ALWAYS |

Espero que estejam gostando

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