A CONFISSÃO
Capítulo 11 — A confissão
Eu já tava mole. Eu não era um exemplo quando o assunto era álcool, o que era irônico, porque eu amava um chopp geladinho e não perdia a chance de tomar umas, mas sempre ficava alto muito rápido.
E agora enquanto eu estava escorado no Yoon, que fazia uma massagem forte demais no meu ombro, eu observava Hoseok e Taehyung conversando aos sussurros em um canto da sala.
— O que será que eles estão conversando? — perguntei baixo e Jin riu, enquanto acariciava o gato em seu colo.
— Eu não sei, talvez sobre o tempo — resmungou irônico.
— Não tenho certeza, mas a mão do Taehyung na coxa do Hoseok me dá uma ideia sobre o que estão falando — Namjoon respondeu sem se importar muito. — Ele nunca falou nada pra você? — A pergunta era pra Jungkook, que parecia no mundo da lua enquanto encarava o próprio copo.
— Se ele me disse algo sobre querer sentar no meu irmão? Não — Jungkook deu de ombros desviando o olhar para Namjoon. — Se ele disse que me daria um soco se eu falasse pra alguém que ele quer sentar no Taehy? Sim. — Eu ri fraco e logo cutuquei sua coxa com meu pé pra chamar sua atenção.
— Garanto que depois de hoje você não vai levar um soco — Brinquei, tentando conseguir um sorriso, mas ele apenas concordou com a cabeça voltando a encarar o próprio copo.
— Vocês acham mesmo que beijar alguém assim é a forma certa de expor os sentimentos? Tipo... e se ele não quisesse? — A pergunta era vaga, mas Yoongi riu perto do meu ouvido, me arrepiando.
— Acho que seu pirralho tá apaixonadinho — ele sussurrou e eu senti meu estômago revirando.
— Tá pensando em se declarar pra alguém? — Jin perguntou curioso e ele não negou ou afirmou, apenas fez uma cara pensativa antes de tomar um gole. — Acho que se parece ter química é uma boa saída. Depende do contexto. Tae e Hoseok parecem na mesma vibe, por isso acho que deveriam arriscar.
— Se gosta de alguém deveria falar Jun — Eu me meti, porque ele havia comentado algo sobre alguém que ele queria ter chamado para o baile e não chamou por medo.
Ele me encarou e eu vi quando seu olhar passeou por todo lado, vendo como Yoongi apertava meus ombros e de repente eu me senti incomodado por aquele contato então segurei as mãos de Yoongi pra ele me soltar.
— Escuta, eu não sirvo pra conselheiro amoroso, mas se eu tivesse que dar uma dica, eu... — Yoongi se calou ao ouvir o celular tocando, ele tirou do bolso, leu a mensagem e suspirou. — Que porra, tenho que ir pra casa. — Disse se levantando. — O vagabundo do Niel esqueceu a chave. Foi um prazer encher a cara com vocês.
— Ah, espera aí, vamos com você. Já tá tarde e eu to começando a ficar com sono — Jin resmungou puxando Namjoon para se levantar também. — Até meninos. Me atualize depois no que vai dar isso aí. — Pediu brincando e eu ri.
Se eu não estivesse tão mole, teria feito o esforço de me levantar e acompanhá-los até a porta, mas eu estava tão confortável onde eu estava que não queria me mexer.
Encarei Jungkook que me olhava de canto e com um movimento ele se arrastou até chegar do meu lado, tomando o lugar em que Yoongi estava antes. Eu sorri, me aconchegando contra ele.
— Parece que o dia hoje foi tão caótico — resmunguei olhando para cima, tentando ver seu rosto, mesmo na posição torta que eu estava e ele riu rouco. — Acha que deveríamos deixá-los sozinhos? — Perguntei e ele negou em um movimento curto.
— Não acho que eles ligam pra isso — retrucou e, curioso, eu encarei Taehyung, que agora beijava Hoseok com vontade, deslizando a mão pelas pernas do menino.
— É como assistir um porno ao vivo — murmurei um tanto hipnotizado vendo eles e Jungkook riu baixo no meu ouvido.
— Deve ser assim que seus seguidores se sentem — Eu engoli em seco e voltei a encará-lo.
— Você viu? — A pergunta era aberta, mas ele sabia do que eu estava falando. Ele sabia o que eu queria saber e eu conseguia notar isso pelo seu rosto.
— Ainda não.
— Ainda? — questionei um pouco surpreso, porque eu não sabia ao certo o que eu esperava. Não sabia se eu esperava que ele já tivesse visto ou se eu esperava que ele me dissesse que nunca viria, mas o ainda era um talvez e isso parecia me assustar.
— É... quer dizer... — Ele se embaralhou e apenas naquele momento percebi que ele deveria estar tão bêbado quanto eu. — Eu não sei se tô pronto pra te ver com o Tae de novo. — O de novo também era um ponto que precisávamos conversar.
— Sobre isso, eu realmente sinto muito — pedi, mas ele negou.
— Não precisa se desculpar — resmungou encarando o vazio e eu voltei a encarar Taehyung, que preso no próprio mundo não notou o quão preocupante era minha conversa naquele momento. — Quer dizer, eu sabia que você e o Tae são almas gêmeas e era infantilidade da minha parte não ter imaginado que vocês faziam esse tipo de coisa. — Ele tagarelou meio embolado.— O erro foi meu por ter me apaixonado por você enquanto eu sabia que vocês eram próximos demais.
Meus olhos se arregalaram, meu coração disparou e eu senti meu estômago revirar.
— O que você disse? — Eu me afastei apenas o suficiente para encará-lo nos olhos, sem aumentar o meu tom de voz, porque Taehyung ainda estava no momento dele e eu não queria atrapalhar.
— O que? — ele me questionou confuso, como se não tivesse percebido e então seus olhos se arregalaram também e ele pareceu se desesperar. — Meu Deus, não. Eu não... não... Não era pra ser desse jeito. — Resmungou colocando a mão na cabeça, frustrado. — Porra eu queria estar sóbrio pra poder ter essa conversa.
— Jun... você tá apaixonado por mim? — A pergunta saiu baixa e sem real motivação, porque ele já havia dito, mas era como se eu precisasse de uma certeza para o que eu tinha escutado, no entanto, ao invés de uma resposta, ele desviou o olhar para meus lábios, com uma expressão decidida e esfregou seu nariz no meu, me instigando a aquilo. — Jun...
— Shhh... — ele sussurrou contra minha boca e eu me sentia quente, confuso e perdido porque porra, ele tinha sentimentos por mim.
Sua boca se roçou na minha e eu acredito fielmente que ele estava procurando por um momento, um vacilo meu, para que pudesse finalmente me beijar.
— Estamos bêbados, Jun, não é o melhor momento — Tentei o alertar. — Você tá certo, deveríamos ter essa conversa sóbrios.
— Deveria me beijar agora e esquecer o que eu disse — ele murmurou se aproximando um pouco mais, levando uma das mãos até a minha nuca, me puxando para perto.
— Está brincando comigo? — questionei incrédulo. — Você acabou de dizer que está apaixonado e... Meu Deus... — A consciência de que Jungkook gostava de mim e deveria ter me visto durante todo esse tempo com o Tae finalmente se formou e uma enorme onda de culpa me tomou, porque ele gostava de mim. — Eu sinto muito, muito mesmo, Jun.
— Exatamente pelo que você tá pedindo desculpa? — ele questionou levemente perdido, sem se afastar, e eu ofeguei levando uma mão até seu rosto.
— Por tudo. Por todas as vezes em que eu devo ter te machucado sem saber e por... — Minha voz foi morrendo e ele acariciou meu rosto, me fazendo voltar a olhar em seus olhos.
— Por não me corresponder? — Ele completou o que eu iria dizer, mas aquilo não era uma certeza.
Eu realmente não havia pensado no assunto e claro que desde que ele chegou eu estava surtando e em negativa, mas porra, eu correspondia?
Eu não sei dizer, eu gosto dele, com toda certeza eu tenho sentimentos pelo Jun, mas românticos? Como homem? Eu não sei, eu sempre pensei nele como um filhotinho fofo que merece todo amor do mundo e não como um homem que tinha desejos e sentimentos por mim.
Mas agora, olhando pra ele, eu não consigo negar totalmente. Porque a ideia não parece totalmente absurda, apenas um pouco estranha e surpreendente.
— Eu não esperava que você me correspondesse caso esse seja o seu medo — ele resmungou com um tom leve, enroscando os dedos no meu cabelo. — Não precisa surtar por isso, está tudo bem. Não é culpa de ninguém.
Eu desci meu olhar pelo seu rosto, a conclusão de que durante todo esse tempo ele estava sentindo isso por mim em silêncio era doloroso, mas saber que ele já esperava pela rejeição tornou tudo pior.
Taehyung estava certo. Eu tinha um fraco por Jungkook e não conseguia viver sabendo que algo estava o incomodando. Ainda mais que eu era o responsável pela sua tristeza.
Estávamos no quase. Nossas respirações se misturando, suas mãos me segurando, nossos olhares conectados, mas ele não iria tomar a iniciativa, porque ele esperava ser rejeitado.
Mas eu era quem tinha a palavra final e eu nunca diria não pra ele.
Sem dar espaço pra ele continuar a pensar sobre isso, eu o beijei, dessa vez ciente de que era ele e foi diferente. Não era apenas libertador ou tentador, era diferente porque era o Jun, o meu Jun, e eu sabia que ele tinha sentimentos por mim.
Senti meu corpo amolecendo e uma de suas mãos deslizou pelo meu corpo, me puxando para mais perto. Sua língua chupou a minha e eu ofeguei entre o beijo, porque aquilo era bom.
Uma parte de mim estava confusa e surtando, porque era a porra do Jungkook, irmãozinho do meu melhor amigo, e eu não deveria ter segundos pensamentos sobre ele, mas a outra parte, a que sempre o protegeria e faria de tudo por ele, queria mais do que tudo continuar em seus braços.
Seu corpo era quente e gostoso, de uma forma aconchegante e por mais mole que eu estivesse, eu ainda queria aproveitar aquele momento e dar a ele um beijo de verdade.
Minhas mãos desceram por seu peitoral, acariciando de leve e isso pareceu o acender ainda mais.
— Ji... — Ele ofegou contra minha boca, me olhando com brilho nos olhos e eu me derreti, porque eu era fraco por ele.
— Eu não vou mentir e dizer que já havia cogitado sobre isso, porque eu não tinha, mas a ideia não me parece tão ruim — sussurrei encarando seus olhos.
Eu seria verdadeiro. Não iria mentir e enganá-lo. Ele merecia a verdade e por mais que eu estivesse lhe dando uma chance, eu jogaria limpo.
— Eu gosto de você, Jun, muito, muito mesmo, mas não dessa forma — Ele não disse nada, me esperando terminar, e eu acariciei seu rosto, porque ele era o meu bebê. — Então a partir de agora eu serei mais responsável com os seus sentimentos e vou olhar você como um homem em potencial, então dê o seu melhor.
| ALWAYS |
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