VII
Tudo estava escuro.
A única visão que Harry tinha, era da escuridão. Ele conseguia escutar alguns ruídos no fundo, mas só isso. Os ruídos eram como um mugido de uma vaca, mas vil vezes mais alto e ensurdecedor.
Potter olhava para os lados, procurando onde o animal poderia estar. Sons de patos batendo agressivamente contra o chão vinham de trás do garoto, que virou-se de supetão.
O semblante de uma vaca rosa surgiu e Harry a encarou confuso. Ela tinha traços estranhos, o lembrava uma professora que ele teve no ano anterior, Dolores Umbrige.
Ela precisa feliz. Agora uma luz forte batia contra o animal, sendo possível notar todos os seus traços. A vaca continuava mugindo, mas o som começou a soar doloroso.
Harry, mesmo com medo, aproximou-se dela, tentando ajudar de alguma maneira. Sua pele começou a adquirir uma tonalidade vermelho sangue. Pequenos cortes preenchiam seus braços e corpo, formando a mesma frase que Potter tinha uma cicatriz em sua mão.
"Não devo contar mentiras."
Seus mugidos ficavam cada vez mais desesperados e agonizantes. Era visível em sua expressão que ela estava pedindo por ajuda.
A vaca não tinha mais a feição de Umbrige, e sim de uma vaca comum, mas que estava sofrendo. A professora apareceu atrás do animal com uma expressão maníaca. Harry suspirou alto de susto, tentando correr e sair dali, mas suas pernas não se mexiam, não o deixavam sair do lugar.
— Harry!
— Harry, acorda!
— Ele não vai se acalmar tão facilmente assim — Hermione falou.
— Harry, foi só um pesadelo, acorda. — Ron colocou uma mão sobre o seu ombro, tentando acalma-lo, mas foi inútil.
O garoto não abria os olhos e estava encolhido em si mesmo, parecendo tão pequeno no meio da cama do dormitório.
— Eu vou chamar o Draco, só ele consegue acalmar o Harry numa hora dessas. — Ginny bradou exasperada.
— Mas ele está no Salão Comunal da Sonserina dormindo, como você vai entrar lá? — O irmão indagou.
— Foda-se, darei meu jeito. Eu invado aquele porra se for preciso.
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— Malfoy! Abre essa merda de porta agora. — Ginny gritou, batendo com força na parede, onde era a entrada da casa das serpentes.
Um primeiranista sonserino, provavelmente com medo do tom de voz assustador da ruiva, abriu a porta. Ela invadiu o salão comunal, sem se importar com os olhares confusos direcionados a ela.
— Onde fica a porra do quarto privado do Malfoy? Preciso falar com esse loiro oxigenado agora! — A grifinória perguntou para Pansy, que estava passando.
— O que ele fez dessa vez? Entrou em uma briga novamente por conta de Potter?
— Não, surpreendentemente não. Mas tem a ver com o Harry.
— Bom, não irei questionar nada, mas fica lá em cima. — Apontou para um quarto com uma porta de aparência requintada no topo das escadas.
Ginny foi até lá rapidamente, chutando fortemente a porta ao ponto de quebrá-la. Todavia, não foi preciso, já que o loiro a abriu.
— Abre... logo... essa... merda! — Weasley exclamou, não notando que já estava aberta, acabando por acertar o calcanhar de Draco.
— Ouch! O que foi isso, Ginny? Veio aqui espancar-me? Eu tenho direitos!
— Foda-se os seus direitos, Malfoy. O Harry precisa de você.
O Harry precisa de você.
Preocupação preencheu o corpo do loiro no instante que aquelas palavras chegaram em seus ouvidos.
— E-Ele está bem? Aconteceu algo? — Draco indagou, com a voz trêmula, a ansiedade eminente em sua voz.
— Eu não sei. — Ela começou a explicar enquanto eles corriam até o salão comunal da Grifinória. — Ele estava sonhando com algo e começou a suar e tremer, não abrindo os olhos por nada. O Harry só consegue se sentir calmo com você.
Draco tentou conter o sorriso que queria surgir em seu rosto por falarem que seu garoto só se sentia calmo com ele. Essa não era a hora, agora ele estava mais preocupado com o o moreno.
— Eu acho que já sei o que pode ter ocorrido. Ele teve uma melhora desses pesadelos quando nós estávamos de férias. Acho que a vinda de volta a Hogwarts trouxe más lembranças a tona.
Ginny concordou, sem saber ao certo o que responder. Ela não era tão próxima de Harry, mas sabia que ele passou por alguns problemas no ano passado.
Draco estava vestindo seu pijama e calçando suas pantufas, mas não se importou em sair dessa forma.
Eles entraram na casa dos leões em abrupto, Draco foi correndo velozmente até o dormitório coletivo onde Harry ficava.
Malfoy, já conhecendo aquele lugar como a palma de sua mão, foi até a cama do moreno. Ele o encontrou virado para o outro lado, totalmente encolhido em posição fetal, com o travesseiro pressionado fortemente contra sua cabeça.
Hermione estava agachada ao seu lado, tentando chamar sua atenção de alguma forma, mas era inútil. O garoto não respondia, somente choramingava palavras incompreendíveis.
— Harry... — Draco murmurou, aproximando-se.
— Dray? — Ele indagou baixinho, sua voz soando embargada.
— Olá, meu xuxu! Pode explicar-me o que aconteceu?
Draco, em um gesto com as mãos, indicou que todos deixassem o quarto, os dando privacidade. O recinto logo se esvazioue eles estavam sozinhos.
Malfoy — ao notar o desconforto do moreno com a situação — deitou na cama na parte vazia atrás dele. Draco passou os braços ao redor da cintura fina dele. Entranhou-se dentro do cobertor junto com o garoto, tentando deixar o ambiente agradável — assim ele se sentiria confortável para falar.
— Eu tive outro sonho...
— Tipo aqueles que você tinha ano passado, antes de entrarmos de férias?
— SIm. Mas esse era pior... ELe parecia engraçado, mas se tornou totalmente assustador e peculiar.
— Você quer falar mais sobre isso? — Draco perguntou, começando a fazer carinho no caabelo dele.
— Eu não sei. Pode parecer meio bobo, mas ela estava sofrendo tanto, Dray. Parecia doer muito. Igual como foi no ano passado. Você sabe, a Umbrige inventava milhões de desculpas para que eu fosse torturado naquela sala durante as detenções.
— Harry, ela não está mais aqui. Dumbledore, aquele inútil, tomou ser cargo de volta e agora você não precisa mais se preocupar com isso.
— Eu sei, mas voltando para cá, é como se eu tivesse revivendo tudo aquilo novamente.
Draco pegou a mão esquerda do moreno por baixo do cobertor, onde tinha uma cicatriz escrita: "Não devo contar mentiras." Ele a dedilhou carinhosamente, sabendo exatamente onde ela estava.
Ele a conseguiu durante uma das aulas da professora de Defesa Das Artes Das Trevas do ano anterior. Umbrige estava falando que Voldemort nunca existiu e que foi um surto coletivo, banalizando a morte da mãe de Harry e de Draco.
Essa aula era dividida entre a Grifinória e a Corvinal, sendo assim, somente Harry a escutou falando aquilo naquele momento. O garoto sentiu muita raiva da professora e levantou da cadeira, dizendo que ela estava errada e que suas mães morreram como heroínas, não em um simples acidente de carro — como ela estava ensinuando.
Isso resultou em diversas detenções por semana e Dolores puxava farpas durante todas as aulas que ela dava a Harry, porque sabia que ele se afetava mais, fazendo-o sempre ter detenções. Sempre dolorosas e traumatizantes. Ele saía com sua mão doendo como o inferno todas as vezes e Draco ficava puto com ela, mas Harry o empedia de fazer algo, ou ele seria o prejudicado.
Malfoy sempre passava uma poção — era mais como uma pomada — que aliviava a dor do moreno e masseava sua mão delicadamente, tentando amenizar o desconforto.
— Você tem todo o direito de se ssentir dessa maneira e não é algo bobo. Tente trocar as memórias que você tem com ela, por outras, pensando em diferentes circunstâncias felizes que acontesseram com você lá.
Harry assentiu baixinho:
— Eu vou tentar. Obrigado por vir aqui tão rápido, você sempre acalma-me.
— Não há de que, meu xuxu. Eu sempre virei por você. Sempre.
Harry passou suas mãos ao redor dos braços firmes do outro, aproximando-se do pequeno abraço.
Eles ficaram em silêncio por alguns instantes. Draco estava deixando o moreno se acalmar por completo, antes de falar algo.
— Harry.
— Hm?
— Você lembra quando nós transformamos a Umbrige em uma vaca rosa, colocando poção polissuco em sua bebida?
— Sim! Essa sua ideia, do Fred e do George foi a melhor de todas. Acho que ela nunca se esquecerá disso — Harry riu baixinho, virando-se para enterrar a cabeça no peito do maior.
— Pense nisso quando alguma lembrança ruim envadir a sua mente.
Harry ficou em silêncio por alguns instantes, mas se pôs a rir em segundos.
— Você está rindo da minha frase fofa, Harry? Que absurdo é esse? — Draco perguntou brincando.
— Não! Eu estou rindo ao lembrar de como a Umbrige ficou puta ao notar que havia se tornado uma vaca rosa.
— Esse foi um dos melhores dias da minha vida. Mas agora, você terá o pior da sua. Terá uma punição por fazer-me pensar que estava rindo de mim. Ataque de cosquinhas!
Draco passava seus dedos ágeis pela barriga de Harry, onde era seu ponto mais sensível, rindo ao o ver se contorcendo pelas cócegas. O moreno ria altamente, tentando tirar as mãos do loiro dali, mas ele era persistente.
Nessas horas, Draco queria parar o tempo para ouvir a risada de Harry eternamente.
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Esse é o meu cap fav e eu amo demais.
Não se esqueçam de votar e mandar um beijo para a Bia!
Já estão de férias? Eu sim, to muito feliz com isso.
Até segunda que vem.
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