IV

Draco estava ansioso para essa tarde. Havia chegado o primeiro fim de semana de passeio para a pitoresca aldeia e os alunos não podiam estar mais ansiosos. Ele passaria o dia inteiro com Harry. Não poderia pedir por algo melhor.

Ele e Harry, como sempre, faziam o pequeno ritual de todos os anos para a primeira visita.

Eles passavam a tarde sozinhos, indo em todas as lojas, usando uma ordem criada muito anos atrás: Três Vassouras tomar cerveja amanteigada, Dedos Mel repor o estoque deles dos doces mais exóticos da loja, Zonko's Logros e Brincadeiras comprar todos os tipos de brinquedos úteis para pegadinhas, Escribas Penas Especiais para Draco comprar as penas mais chiques e caras que ele encontrar e dar uma passadinha no Cabeça de Javali — mesmo que ele sempre estivesse vazio, com aparência suja e mofada.

Mas dessa vez, eles gostariam de visitar a Casa de Chá de Madame Puddifoot. Normalmente somente casais frequentavam o lugar, mas eles nunca haviam ido, nem Draco quando estava em um relacionamento com Nott.

Como estava longe do Dia dos Namorados, o lugar estaria praticamente vazio, então eles não viram grandes problemas em lá.

Ron e Hermione saíram com Ginny e Luna um pouco mais tarde do que eles, já que não tinham a mesma animação do que Harry e Draco.

— Vem logo, Draco! Se você demorar mais um minuto arrumando essa merda de cabelo, vai ficar sem as suas penas caras. — Harry o ameaçou. Ele estava aguardando o loiro no banheiro dos monitores, esperando que ele ajeitasse seus fios loiros.

Depois que ele foi nomeado monitor da Sonserina, se recusava a usar outro banheiro a não ser o dos monitores. Harry, como capitão do time de quadribol da Grifinória, tinha os mesmos privilégios, mas não os usufruia tanto quanto o sonserino.

— Você não gosta de mim, Harry? Tenha piedade comigo, meu xuxu. Se você gosta do meu cabelo, como eu sei que você gosta ficar mexendo nele inteiro, precisa ter paciência para vê-lo bonito como todos os dias.

— Você não vai desistir nunca desse apelido horroso, Dray? Tenha mais criatividade para criar algo melhor, pelo amor de Merlin.

— Não fale mal do apelido que eu criei! Ele é incrível, meu xuxu.

— Pare de falar isso! Vai me fazer passar vergonha.

— Meu xuxu. Meu xuxu. Meu xuxu. Meu xuxu... — Draco ficou repetindo diversas vezes, encarando Harry através do grande espelho do banheiro.

— Eu estou indo para Hogsmeade sem você, tchau.

— Não! Isso não. Já estou indo. — Malfoy, claramente desesperado, terminou de arrumar seu cabelo em segundos, enganchando seu braço no de Harry, andando com ele pelos longos corredores da escola até o terceiro andar.

James, Sirius e Remus, haviam criado o Mapa do Maroto quando adolescentes. Era um mapa que mostrava Hogwarts inteira e onde cada aluno estava. Esse foi um presente dado por eles para Harry e Draco no primeiro ano escolar, junto com a dica para usarem com sabedoria.

Os dois já conheciam o mapa com a palma de suas mãos e sabiam de todas as passagens secretas do castelo que eram mostradas no pergaminho.

Eles, para não perderem tempo, gostavam de ir para Hogsmeade usando a passagem secreta da Bruxa com um olho só. Era um túnel secreto que levava de Hogswarts ao porão da Dedosdemel.

— Dissendium — Draco proferiu a senha assim que eles chegaram. Assim que a senha foi dada, a protuberância na estátua da bruxa se abriu para revelar um pequeno deslizamento em um túnel.

Eles andaram, aproximadamente, durante uma hora até chegarem no porão da doceria. Como ela estava lotada, foi fácil para que eles se mesclassem junto com as outras pessoas, sem denunciar de onde vieram.

Saíram da loja sem comprar nada por hora, indo para o primeiro lugar da lista, o Três Vassouras.

Draco sentia o vento gélido roçar contra a pele exposta de seu pescoço. Era verão, mas pelas bandas de Hogsmeade sempre foi mais frio, o sol nunca trazendo o efeito do real calor.

Eles, ainda com os braços juntos, andaram calmamente até o bar, pegando uma mesa no fundo. Era um lugar quente, esfumaçado e barulhento, como estava sempre lotado de gente. Logo a gerente, Madame Rosmerta, foi até eles.

— Então, o que vocês gostariam, queridos?

— Duas cervejas amanteigadas, por favor. — Harry pediu sorridente, vendo que ela anotou o pedido deles.

Draco tinha o olhar preso no moreno, com o queixo apoiado na palma de sua mão, sorrindo para o moreno. Ele era sempre tão educado com todos e fazia questão de sorrir o tempo inteiro. Malfoy achava aquilo adorável e sempre se encontrava com um sorriso bobo direcionado ao garoto.

— Draco? Está tudo bem? Você viajou por um instante — Harry estava passando a mão em frente ao seu rosto, estalando os dedos.

— Oh, sim. Estava pensando, mas então, quando você acha que o Ron e Hermione vão deixar de cu doce e assumir que gostam um do outro? — Desconversou, girando os anéis em seus dedos.

— Acho que ainda vai demorar um pouco. O Ron não percebe nunca que ela gosta dele de volta. Ele é muito lerdo.

— Sim, me lembra alguém. — Draco tinha os olhos presos nos do moreno, tentando transmitir a sua resposta.

— Quem? — Harry perguntou confuso.

— Meu Merlin...  Bom, eu não posso dizer.

— Te perguntou.

— Vai a merda, Harry Evans Potter! Te odeio.

— Sério?

— Sim.

— Foda-se.

— Senta no pau acomoda-se. — Draco retrucou.

— Sentei e acomodei, só o pau que eu não achei.

— Desse jeito eu vou embora, sua criança.

— Eu não sou mãe de creche, não.

Malfoy revirou os olhos, levantando da cadeira, mostrando o dedo do meio para o Harry, ameaçando deixar a mesa.

— Draco! Não faz isso comigo, você que é a criança aqui. Fofoca pela metade devia ser considerado um crime — Potter resmungou, cruzando os braços irritantemente.

— Não fique assim, meu xuxu. Logo, logo você descobre quem é. — Sentou-se novamente à mesa.

— Acho bom mesmo.

As bebidas de ambos chegaram e eles degustaram do gosto doce da cerveja e da espuma espessa e bem cremosa.

Harry deixou o copo na mesa, quando havia terminado de beber e Draco desatou a rir baixinho, encarando o moreno.

— Está rindo do que, Cara Pálida?

— Você está com um bigodinho — Draco avisou e Potter tentou limpar, mas não encontrava o lugar certo, mesmo o loiro o mostrando diversas vezes onde era.

— Eu desisto.

— Calma, meu xuxu, é bem aqui — Malfoy passou o polegar pelo rosto de Harry, permanecendo uns bom segundos mais do que o necessário, tirando a espuma. Ele levou o dedo a boca, sorrindo ao lamber o doce.

Harry sorriu em agradecimento, esperando o loiro terminar de beber. Eles eram sempre assim, Potter terminava a refeição em minutos, enquanto Draco demorava um longo tempo, mas o moreno sempre o esperava terminar de comer, mesmo se demorasse horas.

— Desculpa incomodar vocês, mas vocês são um casal? — uma senhora que estava na mesa ao lado perguntou para eles.

— Ahn... Não, não somos — mas poderíamos ser, Draco pensou.

— Oh, desculpe por incomodar vocês, é que parecia bastante e eu só queria tirar essa dúvida, queridos. — A senhora se desculpou, voltando a sua atenção para a bebida.

— Vamos para a Dedosmel agora? — o loiro indagou, levantando da cadeira, tentando dissipar o clima desconfortável que se instalou no ambiente.

— Vamos. — Harry concordou, sem tocar no assunto anterior.

Eles seguiram a "lista de afazeres" por ordem, praticamente terminando o dia cheios de compras e bolsos cheios de doces. Black se sentia uma criança com suas novas penas caras e chiques, mas ainda faltava um lugar, o que Draco estava mais ansioso durante o dia todo.

Chegaram em frente a Casa de Chá de Madame Puddifoot que ficava na lateral da Rua Principal do vilarejo e entraram. Um sininho com um tintilar melodioso anunciou a entrada deles e o olhar de todos dentro do restaurante pousou nos dois.

O lugar era repleto de mesas redondas decoradas por guardanapos laçados e açucareiros da China. Draco, tentando fazer ambos saírem de vista, procurou a mesa mais distante de todos e sentou-se com Harry.

O moreno não havia proferido nenhuma palavra desde que eles colocaram o pé no lugar, parecendo angustiado em estar ali.

— Olha o mais novo casal de Hogwarts! — Um terceiranista gritou assim que viu os dois no canto da loja, se escondendo de todos.

— Dray, nós podemos ir embora? Esse lugar está me deixando desconfortável, se parece muito com o escritório da Umbrige e você mais do que ninguém sabe como eu odeio lembrar dela. — Harry pediu, olhando somente para o loiro, como se somente existissem os dois naquele lugar.

— Claro, Harry. Me desculpe por ter tido essa ideia estúpida de vir aqui.

— Não tem problema. — Potter se esforçou para sorrir e convencê-lo de que realmente não havia nenhum problema. Ele sabia como demorava para o loiro acreditar quando alguém não estava zangado por algo de "errado" que ele fez.

Madame Puddifoot estava indo atendê-los, mas Draco logo a dispensou, alegando que eles já estavam de saída.

— Cara, hoje todo mundo nos confundiu com um casal. Estranho, não? Isso nunca havia acontecido antes — Harry comentou, perdido em seus pensamentos.

— Sim... muito estranho. — Draco não entendia muito bem o porquê de ter ouvido aquilo vindo de Potter doeu como um soco no estômago.

Era o Harry, seu melhor amigo. Obviamente eles nunca seriam nada a mais. Obviamente.

xxxxxx

Alguma teoria do motivo da letra estar em itálico? Quero ver se alguém acerta.

Coitado do Dradra aiai.

Esse cap ficou até que grandinho para o padrão dessa fic, mas espero que vocês tenham gostado.

Não se esqueçam de votar <3

Até segunda que vem!

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