68. Era uma vez... frutas vermelhas

terminei esse capítulo com um aperto no peito, nossa despedida está cada vez mais perto ☹️

Boa leitura!

PENÚLTIMO CAPÍTULO

#Ousadiaealergia
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Enquanto Jungkook era trancafiado na cela, os duques de seu reino – que também estavam presos em outras celas – evitavam olhar diretamente para si pela vergonha e humilhação que estavam passando, já o alfa lupús mantinha a cabeça erguida olhando para cada um ali com a face carregada de decepção.

Só quando os soldados de Akemi se retiraram do calabouço foi que Jungkook se permitiu desmoronar.

As grades de puro metal que o trancafiava foi o objeto que encontrou para despejar toda sua frustação, Yoongi e Hoseok estavam presos na outra cela a sua esquerda pediam para que o rei parasse de dar socos nas barras pois eram em vão, mas ele não os deu ouvidos. Jungkook tinha plena consciência de que mesmo sendo um lupús não conseguiria partir o metal, porém sua cabeça estava uma zona com tudo o que estava acontecendo e seu lobo irado de raiva por saber que Jimin estava sem proteção não o ajudava, ficar quieto com seus pensamentos poderia o deixar louco, então sua única solução foi socar as paredes da cela para que a dor o distraísse até que sua parte animal se acalmasse.

Os outros alfas não usaram falar nada até que sua majestade se acalma-se, o que aconteceu logo quando Jeon percebeu que suas juntas estavam em carne viva.

Jungkook suspirou profundamente, sabia que quem olhasse de fora acharia ridículo um rei dar um piti em uma situação de crise, mas naquele momento ele não ligava mais para o que ninguém daquele calabouço achava.

Sempre fez tudo corretamente, cumprindo as etiquetas e reprimendas reais, entretanto não foi o suficiente para ganhar a lealdade dos duques e não era agora a que ganharia.

Se arriscou em olhar para o seu povo preso ao redor e mais raiva tomou seu coração, e antes de sequer pensar em gritar todos os palavrões que havia aprendido com Minseok quando ele o treinou na infância, um cheiro familiar foi captado por seu nariz. 

Maracujá.

Seu olhar vagou pelo local buscando e temendo encontrar o dono daqueles feromônios e do seu coração, mas felizmente não o encontrou e seu lobo lhe dizia que Jimin não estava de fato ali.

Confusão o tomou, por alguns segundos Jungkook achou que estava enlouquecendo, pois o aroma de maracujá estava forte ao seu redor.

Até que seu pescoço ardeu e se lembrou da marca que Jimin tinha feito em si, ela já não doía sinalizando que já tinha cicatrizado e era ela que estava lhe enviando o cheiro do ômega.

Aquilo era possível? Jungkook sentia que sim, nunca ninguém registrou esse acontecimento nos sintomas que alfas marcados sentiam, mas ele e Jimin nunca foram igual a padrão.

Enfim, o lúpus conseguiu sorrir sem mais aquele aperto no peito.

Eu te amo, meu Jimin... — Sussurrou para que só ele pudesse ouvir.

E quando seu coração acelerou e eu lobo uivou dentro de si entendeu que Jimin tinha dito que o amava de volta pela marca.

Jungkook levantou a cabeça, nenhum daqueles alfas mereciam sequer que movesse um dedo por eles, mas seu ômega e seu filhote ainda esperavam por si.

Seu filhote.

Tal pensamento o pegou desprevenido, ainda era muito cedo para afirmar uma gravidez, mas pareceu tão certo dizer que seu filhote já existia que não havia formas de negar.

Agora tinha mais uma motivação para se livrar das garras de Akemi.

— Temos que sair daqui. — Jungkook finalmente quebrou o silêncio surpreendendo os demais.

— Não adianta, majestade, Akemi é traiçoeira e tentar fugir com ela sendo imperatriz é sinônimo de morte. — Michael, um de seus duques, disse alto e temeroso.

— Ficar aqui sem lutar também, ou você acha que ela nos manterá aqui para sempre como bichos de estimação? — Yoongi rebateu ácido, cada dia que passava o duque de Daegu parecia mais saudável e sem sequelas da perda de Taehyung.— Acorda, Michael!

— Tem um jeito de sairmos daqui ilesos e até mais fortes. — Seong-Su falou calmamente encontrado nas grades de sua cela.

— Tem sim, com bruxaria. — Dandara revirou os olhos, seu vestido lilás estava manchado do barro batido que era feito o chão do calabouço e ela tentava limpá-lo mas falhava miserável mente.

— Quieta, Dandara! Do que está falando, Duque Han? — A voz de Jongho carregava uma desconfiança afiada, de Han Seong-Su podia se esperar tudo.

O duque de Kawngju deu de ombros como se não fosse nada.

— Só basta sua majestade, Jeon Jungkook, jurar que WallWolves será submisso a imperatriz. — Um coro de surpresa pode ser ouvido e logo um murmurinho começou entre os duques.

— Nunca! Majestade nunca deixará que WallWolves vire um reino subjugado. — Agora era a vez de Eun-Bi gritar indignada.

— Tem alguma ideia melhor, garota?! — Rosnou com a petulância da alfa mais nova.

— Qualquer coisa é melhor que essa sua ideia de merda, prefiro morrer com honra do que viver vendo nosso reino nas mãos de Akemi!

— Pois morra, porque é a maioria que decide!

— Que maioria? Ninguém concordou com seu plano, Seong-Su! — Dandara gargalhou.

— Pode rir, Dandara, mas você sabe que essa é realmente a única chance de sairmos daqui vivos.

— Isso não vai funcionar.

Surpreendendo a todos, Chung-hee quebra seu silêncio.

Jungkook olha espantado para o pai que estava preso na cela a sua direita, não tinha notado ele ali.

— Nada e nem ninguém conseguirá nos manter vivos.— A voz do antigo rei era cansada e conformada.— Ouve as vozes atrás da parede, Joseph? Sei que ouve, você é um lupús, mas ouça com atenção.

Jungkook não falou nada, apenas concentrou-se nos murmúrios que saiam por de trás e ficou chocado quando entendeu o que eram aquelas vozes diferentes.

— É outro calabouço e tem mais presos lá, eles falam tailadês. — Os outros alfas se agitaram com a constatação de seu rei. — Também consigo ouvir outros lupinos falando malaio, que é uma das línguas faladas em Singapura, e mandarim.

— E o que isso quer dizer, filho?

O lupús não respondeu, ainda estava concentrado em tentar traduzir algo que os lupinos estrangeiros falavam. Jungkook, mesmo com a alergia, aprendeu a falar esses idiomas por questões reais, mas tinha muito tempo desde praticou.

— Estou ouvindo conversas atrás da parede... Será que Akemi conseguiu capturar o rei de WallWolves, majestade? — Uma voz masculina perguntou em malaio.

Temo que sim. — Agora uma mulher respondeu.

Merda, estamos condenados! — Outro homem falou, agora em tailandês.

Jungkook também conseguiu ouvir alguns murmúrios em mandarim, mas conseguiu identificar o que diziam por ter muitos lupinos falando um por cima do outros.

— Akemi também capturou os reis dos outros três reinos. — Disse alto assustando o seu povo.

Com o peso do fato que acabaram de descobrir, os duques começaram a realmente temer que só lhe restasse o pior.

— Como Akemi conseguiu aprisionar todos eles?

— Do mesmo jeito que fez com a gente, só que no caso deles pediu que vinhessem testemunhar o julgamento dela pelo que fez com Chung-hee e Sandara.

— O que diabos aconteceu com o verdadeiro imperador?!

O alfa ouvia as vozes desesperadas mas não respondia, assimilando tudo o que acabara de acontecer e o que isso queria dizer sobre o que o futuro guardava para eles.

Aos poucos os duques se calaram percebendo que ninguém naquela sala tinha as respostas das perguntas que jogavam ao vento, assim Chung-hee viu a deixa para voltar a questionar o filho.

— Agora você sabe porque o plano de Seong-Su não daria certo.

Jungkook assentiu atordoado.

— Akemi não nos trouxe aqui para submissão, se ela quisesse isso teria só permanecido no trono como imperatriz, assim seríamos obrigados a se curvar para ela mesmo não sabendo como ela conseguiu tomar a coroa. — Todos os lupinos prestavam atenção no que seu soberano dizia, em busca de uma luz para a escuridão que se encontravam, mas dessa vez Jungkook não poderia livrá-los da enrascada que se meteram.

— Então para que ela nos quer aqui? — Michael disse sem entender.

— Para nos matar, Michael. — Dandara respondeu com a voz embargada, a essa altura idiotice do amigo não a incomodava mais.

— Por isso que na carta ela exigiu que os duques acompanhassem Jungkook, — Yoongi ralhou e enfatizou o nome do primo deixando os demais constrangidos por lembrar que agiram sem a ordem do rei.— WallWolves vai ficar sem a realeza para governá-lo e os outros reinos também, e como ela é a imperatriz da Ásia poderá fazer com nossos reinos o que quiser.

— E o ela quer exatamente? — Foi Hoseok que perguntou dessa vez, ele não entendia nada de política ou caprichos de rainhas loucas.

— Ela quer todos os cinco reinos para ela, sempre quis. — Chung-hee rosnou as palavras ao lembrar da época em que a rainha Saito invadiu a Índia.— Vai tomar a coroa de todos os cinco reinos e juntá-los às Terras do Imperador.

— E com a gente fora do caminho vai conseguir. — Jungkook concluiu.

O rei olhou para cada um ali presente, procurou as palavras que confortariam seu povo como sempre foi ensinado a fazer, mas naquele momento não encontrou nenhuma.

— WallWolves, China, Índia, Japão, Taiwan e Cingapura deixaram de existir.

•*🐺*•

Nunca pensou que pisaria em um local como esse, mas situações drásticas mereciam medidas drásticas.

Assim que pisou dentro da taverna um cheiro insuportável de cerveja e sujeira adentrou suas narinas, até podia afirmar que a junção lembrava bastante a vômito.

Os olhares estranhos e maliciosos dos bêbados seguiram seus passos enquanto adentrava o estabelecimento, até que finalmente encontrou quem procurava.

As roupas tradicionais das Terras do Imperador podiam enganar quem não o conhecesse de verdade, mas a cabeleira loira e o cheiro marcante de maracujá não negava que aquele que se escondia nas sombras de uma taberna imunda era Park Jimin.

— Preciso de sua ajuda. — A mulher sussurrou.

O ômega levantou os olhos até a beta e sorriu amargo, as olheiras eram bem evidentes no rosto pálido dele, arriscava dizer que Jimin não tinha dormido muito bem nos últimos dias ou até que não tenha dormido nada, mas ela entendia.

— Não sei o que é mais impressionante, — A voz dele saiu arrastada e rouca, se seu olfato não estivesse confuso pelo cheiro ruim do local poderia dizer com certeza que o ômega também cheirava a álcool. — você pedir minha ajuda ou achar que eu ajudaria você, Chika Saito. Desculpe se não lhe dou os parabéns pelo império que você e sua alfa conquistaram, me falta falsidade para fazer tal coisa.

Chika respirou fundo, sabia que seria recebida de tal forma ou até pior pelo ômega.

— Não gosto disso tanto quanto você, Jimin, por isso vim procurá-lo.

O loiro ergueu a mão para pegar o copo com o líquido levemente questionável, mas seus olhos captaram novamente o folheto com os rosto dos quatro reis desenhados e desistiu de tomar outro gole.

No papel pardo e entre os outros, estava o belo rosto de seu alfa, e escrito com letras vermelhas dizia a hora e o local em que ele seria enforcado.

— Quer que eu acredite que você não está envolvida nisso?

— Jimin, do mesmo jeito que os alfas veem os ômegas como fracos eles veem nós betas como inúteis. Akemi nunca me contou nada de seus planos e agora sequer lembra que eu existo. — Chika sussurrava para que ninguém ouvisse, porque mesmo insatisfeitos com a nova imperatriz o povo do império eram leais a pessoa no trono como cães.— Nunca entendi o que ela queria aqui, até que um dia os soldados do imperador vieram me buscar na pousada que estávamos escondidas, e quando cheguei no palácio ela já estava com a coroa na cabeça e dando ordens.

— Agora está se virando contra ela porque foi deixada de lado, que comovente. — Jimin gargalhou e acabou soltando um soluço em meio as risadas forçadas.

— Estou me virando contra ela porque não aguento mais! — Ralhou chamando a atenção do ômega para si.— Não tenho um dia de paz desde que me casei com Akemi, ela era uma alfa doce em nosso cortejo mas depois se tornou alguém com sede de poder, e nada para ela parece o suficiente, não sei quando isso vai parar e se vai parar. Eu não aguento mais. Só quero paz, só quero poder ver minha filha, só quero que tudo isso acabe!

Jimin ficou calado, mas pelo menos não estava mais debochando dela.

— Quero que me ajude a parar Akemi antes que seja tarde.

Os olhos afiados do ômega desviaram para o folheto novamente, a cicatriz no rosto de Jungkook era a prova viva de que seu alfa não desistia sem uma boa luta.

— Akemi não importa mais para mim, minha prioridade é outra.

— Ah, sim, vai salvar o Jungkook e sumir, você e mais quantos? — Agora era a beta que tinha o tom de deboche.— Não me diga que é ingênuo de achar que o exército imperial te deixaria chegar até ele, você morreria antes mesmo de chegar até ele, e ainda facilitaria o trabalho dela de matar Jungkook já que ele morreria junto contigo por causa da ligação de vocês.

O ômega não ousou falar mais nada, sabia que ela tinha razão, mas aquela era a única chance que ele tinha e se arriscaria em tentar sem hesitar.

— O único jeito de Jungkook sair vivo dessa é derrubarmos Akemi do trono.

— Seu plano parece tão falho quanto o meu. — Jimin murmurou.

— Não é porque eu sim tenho algo que faria o exército imperial ir contra Akemi e não nos atacar.

— Isso só seria possível com o verdadeiro imperador.— Disse desacreditado, mas quando Chika sorriu com suas palavras entendeu que de fato ela sabia onde ele estava.

Jimin se levantou de supetão e pegou seu baú de madeira pronto para ir aonde Chika quisesse o levar.

— Acredita em mim?

— Não tenho nada a perder. — Deu de ombros.

•*🐺*•

A cena que Jimin viu quebrou seu coração.

O imperador estava deitado em sua grande cama de seda, mas parecia tão frágil e indefeso daquele jeito.

Sua pele negra estava opaca e seus olhos sem vida, ele piscava lentamente como se lutasse para se manter acordado, todo o estado que o imperador se encontrava deixou Jimin sem palavras, mas o que mais o chocou foi o cheiro doce vindo dele e a marca cravada brutalmente no pescoço.

— E-ele é...

— Sim. — Chika falou seriamente, mas recebeu um sorriso fraco do amigo deitado na cama.— Esse é Maicon Tuan, o verdadeiro Imperador da Ásia e um ômega.

Dessa vez Jimin ficou calado por não saber o que dizer, estava sem palavras.

— Majestade, esse é o ômega que te falei, ele nos ajudará.

Maicon tentou se ajeitar na cama com o resto de força que tinha para poder ver o outro ômega melhor, e em meio ao processo seu cabelo enorme balançava sob os lençóis de seda, o loiro nunca tinha visto um ômega macho com o cabelo tão grande, provavelmente batia em sua cintura e eram estrategicamente trançados, Jimin concluiu que se não fosse toda a sua aparência adoentada, Maicon seria um ômega de tirar o fôlego.

— É um prazer conhecê-lo, Park Jimin.

— O prazer é todo meu, majestade. — Respondeu emocionado.

Depois de tantos anos ouvindo que ômegas só serviam para tarefas domésticas e que nunca seriam poderosos tanto quantos os alfas, ali estava a prova viva de que era mentira.

Jimin, no momento em que sentiu o cheiro de frutas vermelhas do imperador, soube que ele era o símbolo perfeito que todos os ômegas precisavam para perceber que não existia limites para desejar e ser.

Com um sorriso no rosto, o loiro viu que ainda não era o fim.

— Será uma honra ajudá-lo a conseguir sua coroa de volta, imperador.




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Hoje o capítulo é dedicado a ela, uma das minhas maiores apoiadoras e um anjo na minha vida!Kynnha94 , obrigado por tudo, principalmente por ter acompanhado Allergic até aqui, também me sinto honrada em ter acompanhado My Time até o fim, é perceptível o amor que você coloca em sua escrita e em tudo o que faz! Feliz aniversário, soulmate do sobrenatural 💜

O último capítulo de Allergic irá demorar um pouco a sair, pois não quero fazer mal feito,
sejam pacientes! Okay?🥰

Até mais, filhotes!

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