Chapter Twenty-three

Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!

— Então, senhorita Williams, iniciamos o processo como foi pedido e em torno de duas semana, eu acredito, uma agente do Concelho Tutelar virá conversar com você e com os seus familiares. Depois disso devemos apenas esperar, ela vai escrever sobre a senhorita e relatar ao juiz, que dará à senhorita a guarda provisória. Se ele aprovar a guarda provisória em torno de três meses, se o Arthur se sentir confortável na casa da senhorita, é que sairá então a guarda definitiva — o advogado acaba de explicar tudo certinho, pela quinta vez.

     — Tudo bem, você não precisa de mais nenhum documento meu? Ou ainda falta alguma coisa? Quero ter absoluta certeza de que está tudo certo.

      — Não se preocupe, não está faltando nada, a senhorita pode ir para casa e esperar.

      — Obrigada, aliás, o senhor achou em que abrigo o Arthur está? Quero fazer uma visita.

     — Sim, aqui está o endereço. — Ele me entrega um pequeno papel dobrado em dois com o endereço. — É muito bom a senhorita ir visitar ele, mostrar para as Agentes Tutelares que você já tem uma ligação afetiva com a criança.

      — Sim.... — concordo com ele, mas estou pouco me lixando para o que vão pensar, só quero vê-lo.

      — Muito bem, caso ocorra qualquer mudança eu entro em contato com a senhorita. — Ele se levanta e me estende à mão.

      — Obrigada. — Aperto a mão dele e me retiro da sala.

      Eu preciso ir para casa, mas ao mesmo tempo não vou conseguir esperar mais nenhum segundo sem ver o Arthur, ainda mais agora que eu sei aonde ele está.

      Entro no carro e antes de ligar o motor recebo uma mensagem do meu pai.

      Tyller: Por favor, vem para casa, precisamos conversar!

      Apenas ignoro ele como estou fazendo nos últimos dias, acho que ainda estou muito irritada como ele para poder conversar sem brigar. Juro que meio que entendo a preocupação dele, mas ao mesmo tempo eu quero mandar ele ir à merda.

      Ele é meu pai, sempre esteve ao meu lado, me apoiou e me deu à mão quando eu precisei, por que agora parece que ele esta praticamente mandando eu me foder.

      Não pedi a opinião dele, não pedi a ajuda dele, apenas avisei o que iria fazer, ponto final. A opinião dele ou de ninguém vai me fazer mudar de ideia.

      Nesse exato momento sinto falta da minha mãe, talvez ela tivesse a mesma opinião que ele, ou talvez me apoiasse, não tenho certeza, mas tenho certeza de que ela iria parar um pouco, tentar ver o meu lado e dizer que não importa qual decisão eu tomasse, ia ficar tudo bem.

      Respiro fundo, saio com o carro do estacionamento.

      O endereço para o abrigo é um pouco longe do centro da cidade, em torno de vinte minutos de distância. No caminho até lá fico pensando em como o Arthur está, será que eu devo levar alguma coisa. E se ele estiver bravo comigo, por não dizer tchau quando ele foi embora.

      Tento não pensar nem nada, tento apenas imaginar o sorriso no rosto dele, mas a minha mente pensa que talvez ele esteja com dor por causa dos pinos que ainda estão na perna dele.

      Esses pensamentos estão enchendo a minha cabeça, e se eu não tomar cuidado vou bater no carro que para à minha frente por causa do sinal vermelho, é uma freada brusca, mas nada acontece com os carros, apenas vejo o cara me olhando pelo retrovisor, um senhor com um olhar bravo.

      Esperamos e quando o sinal fica verde começamos a andar novamente, cada um vai para um lado.

      Depois de mais uns minutos eu finalmente chego no abrigo, antes mesmo de entrar dá para ouvir as risadas e gritos de diversão de várias crianças. É uma casa muito grande, dá para ver que tem o quintal grande e vários quartos.

      — Bom dia — digo para a moça da recepção. — Quero fazer uma visita, o nome dele é Arthur, ele chegou aqui a poucos dias...

      — Qual é o nome completo dele? — ela logo me corta.

      — Arthur Kahan, ele tem onze anos — digo.

      Ela começa a digitar alguma coisa no computar dela.

      — Ele está aqui. — Ela falou algo que eu já sei. — O horário de visita é das dez da manhã às três da tarde, se você quiser esperar.

      Olho no relógio no meu pulso, são nove e meia, olho ao redor e têm algumas cadeiras de espera atrás de mim, sento e espero, mexo um pouco no celular e então a moça se levanta e eu olho para ela.

      — Pode preencher isso para mim, por favor. — Ela me entrega uma prancheta com uma folha.

      O papel pede algumas informações sobre mim: meu nome, telefone, a minha relação com a criança, essas coisas. Preencho o papel e devolvo para ela.

      — Fique aqui, eu vou chamar ele — ela avisa.

      Sento novamente no mesmo lugar, mas as minhas pernas começam a balançar, não consigo ficar parada. Alguns minutos depois ela volta trazendo o Arthur, ele está com o gesso na perna e os pinos, mas se apoia em muletas.

      — Oi — digo, sorrindo para ele.

      — Achei que você tinha me abandonado também — ele diz, triste, quando para na minha frente.

      Olho para a moça e ela observa a gente.

      — Eu disse que poderia confiar em mim e pode, mas você foi embora do nada e foi um pouco difícil encontrar você — explico.

      — Vai me levar para a sua casa? — Ele tem um olhar triste.

      — Lembra que eu disse que poderia demorar um pouco até você ir para casa comigo?

      — Quanto tempo? Eu não gosto daqui!

      — Juro para você que se eu pudesse tiraria você daqui hoje, mas precisamos esperar.

      — Senhorita Williams, vocês podem sair, claro que devem ficar dentro da cidade, eu vou dar uma pulseira para o Arthur, ele de forma alguma pode tirar isso e em uma hora você me liga e avisa aonde estão, até às três horas do dia de hoje ele tem que estar de volta.

      — Ele pode sair? — pergunto, surpresa.

      — Claro, isso não é uma prisão, além do mais, recebemos hoje o seu pedido para adoção, e a pulseira que eu vou colocar no Arthur é um rastreador. Se ele sair da cidade ou se o sinal avisar que vocês tiraram a polícia vai procurar vocês, eu fui clara? — ela pergunta.

      — Claro, muito obrigada. — Me viro para o Arthur. — Quer conhecer a minha casa?

      Ele abre um sorriso no rosto, como se eu o tivesse convidado para conhecer um reino mágico.

      A moça chega mais perto dele e coloca uma pulseira preta nele.

      — Não se esqueçam, até às três horas aqui, nenhum segundo à mais — ela lembra.

      Concordo com a cabeça.

      — Vamos? — pergunto para o Arthur.

      Ele se apoia nas muletas e começa a me seguir. Abro a porta do carro para ele e ele entra sozinho.

      — Você fez algum amigo aqui? — pergunto, para não ficarmos em silêncio durante todo o caminho.

      — Não tem ninguém da minha idade, têm crianças de até oito anos e adolescentes de treze até dezoito e, além disso, não consigo fazer nada além de ficar sentado...

      — Acho que daqui a pouco já vai poder tirar o seu gesso, mas você tem que ficar sentado mesmo, sinto muito.

      — Foi muito difícil? — ele pergunta, do nada.

      — O quê?

      — Me encontrar...

      — Um pouco, mas já pedi para entrar com um processo de adoção, acho que em algumas semanas você vai poder ir para a minha casa.

      Ele vira o rosto para mim e me olha.

      — Por que está fazendo isso, por que quer uma criança?

      — Perdi minha mãe há alguns meses, e eu fiquei muito mal...

      — Entendo como é...

      — E eu estava me virando bem, aprendendo ainda a viver com a dor, eu acho, mas aí eu vi você no hospital aquele dia, era meu plantão e eu estava cansada, mas quando você apareceu machucado eu cuidei de você, você não disse nada, mas só isso já fez eu me sentir bem, depois me disseram o que tinha acontecido com você e eu pensei: se eu pudesse cuidar desse garotinho todos os dias, ele poderia fazer eu me sentir bem de novo, viva. E eu cuidaria de você, daria todo o amor que você precisa. Você seria meu porto seguro e eu seria o seu. E naquele momento eu comecei a amar você... — conto

      Ele não diz nada, apenas segura a minha mão e continuamos o caminho para a minha casa em silêncio.

      Quando chegamos na frente do meu prédio ele olha um pouco fascinado.

      — Você mora aqui?

      — Sim, eu sei que uma casa seria melhor para você brincar, mas por agora é aqui...

      Ele desce do carro e começa a andar em direção à entrada, passamos pelo porteiro que apenas nos cumprimenta com um aceno de cabeça, entramos no elevador e então eu lembro que minha família provavelmente está em casa.

      — Talvez o meu pai e a minha tia vão estar em casa, você quer conhecer eles?

      — Sim, mas será que eles vão gostar de mim?

      — Tenho certeza de que estão ansiosos para te conhecer. — Passo a mão pelos cachos dele.

      Abro a porta de casa e logo vejo que a Margot está na cozinha, cozinhando alguma coisa. O meu pai e o Ansel estão na sala e a Candice sentada na mesa da cozinha tomando vinho.

      — Ela deve estar louca em pensar em adotar — o meu pai diz, antes de notar que eu tinha aberto a porta.

      — Cheguei. — Entro primeiro.

      — Lara, precisamos conversar! — o meu pai vem até mim, mas não deixo ele dizer mais nada.

      — Eu trouxe o Arthur para almoçar com a gente. — Todo mundo olha para a gente e eu abro a porta melhor para o Arthur entrar.

      Ele entra com as muletas e vejo a Margot vindo em direção a ele, toda alegre.

      — Então você é o famoso Arthur, muito prazer, rapazinho. — A tia Margot estende à mão para ele.

      — Essa é a Margot, a minha madrinha. Aquele é o marido dela, Ansel. E aquele é o meu pai, Tyller e aquela é a Candice, a esposa dela.

      Arthur me olha um pouco confuso.

      — A sua mãe não tinha morrido? — ele pergunta.

      — Ela morreu, essa é a outra esposa do meu pai. — Olho em volta e pego uma foto da minha mãe. — Essa é a minha mãe, Jenna.

      — Ela é muito bonita — ele comenta.

      — Muito prazer, Arthur — o meu pai diz, apertando a mão dele.

      — Prazer — Arthur responde, um pouco intimidado.

      — Podemos conversar, Lara? — o meu pai pede para mim.

      — O que você gosta de comer, Arthur? Eu estou fazendo lasanha para o almoço — Margot pede.

      — Eu gosto de tudo — ele responde, um pouco tímido.

      — Senta no sofá, Arthur, eu vou pegar um jogo para a gente jogar.

      Ele vai para o sofá e eu vou para o meu quarto, consigo sentir o meu pai me seguindo.

      — Como você trouxe ele aqui, Lara?

      — Está tudo bem, eles liberaram ele para passar a tarde comigo. — Abro o meu armário e procuro um jogo de charadas.

      — Lara, minha filha, eu sei que você está com raiva de mim por te dizer isso, mas adotar esse garoto não está certo, você não tem como criar ele.

      — Você já me disse isso e você está errado, tenho dinheiro suficiente para criar ele até eu me formar e conseguir receber bem como médica, você se preocupa, mas não sabe de nada, porque está por aí com a Candice. Olha, tudo bem você não me apoiar, ou não concordar comigo, não tem problema, mas isso não muda nada.

      — Lara, ele é um garoto com traumas de abandono, agressão, você não tem ideia de como ele vai crescer.

      — E por isso eu deveria abandonar ele também, olha, isso é muita burrice, ele não teve culpa do que aconteceu com ele e eu não vou deixar acontecer de novo. Se eu estivesse grávida aposto que você iria me apoiar.

      — Pelo amor de Deus, Lara, uma coisa não tem a ver com a outra — ele fala, um pouco mais alto

      — Então qual é a diferença? Ele já saber falar e já ter sofrido na vida, ele não ter saído do meu útero? Porque se essas forem as únicas coisas diferentes entre uma criança minha e ele eu não ligo. E se eu estivesse prestes a ter um filho, como o Noah, por exemplo, eu tenho certeza que daria um jeito como você deu quando a minha mãe estava grávida, como a Margot deu e como o Noah está dando. Nenhum dos seus argumentos são bons o bastante para me fazer mudar de ideia, tá. Eu te amo, pai, mas odeio isso que o senhor está fazendo, agora, com licença, que o Arthur está me esperando.

      Pego a caixa de jogos e vou para a sala. O Arthur está sentado no sofá com as mãos juntas sobre os pernas, o Ansel estava ao lado dele, procurando alguma coisa na televisão.

      — Encontrei um jogo, querem jogar? — pergunto para todos.

      — Claro, se quiserem perder — Ansel diz.

      — Opa! Estou dentro. — Vejo a Margot saindo da cozinha.

      — Ei, não pode deixar a comida queimar — peço.

      Olho para a Candice e ela tinha se levantado e ido até o meu pai.

      — Vamos jogar de dupla então? — Ansel pergunta. — Eu e a Margot contra você e o pequeno Arthur.

      — Vocês vão perder! — Arthur diz, sem muita confiança, tímido.

      — Esse é o meu garoto! — Ergo a mão e faço um toca aqui nele.

      — E se a gente ganhar, podemos encher vocês de cócegas? — Margot pergunta.

      — Podem tentar, se conseguirem ganhar! — provoco também.

      — Podemos jogar? — o meu pai e a Candice aparecem ao meu lado.

      — Claro, ainda não começamos.

      Eles se sentam, eu arrumo o jogo e explico as regras. É um jogo de charadas, bem simples, a dupla que acertar primeiro pode andar no tabuleiro, a gente pode fazer mimica se quiser. É quase um jogo sem regras.

      O som da risada do Arthur é ótima, ele parece estar se divertindo bastante, ele dá risada das mimicas mal feitas do Ansel ou do meu pai. Ele é muito inteligente, acerta as charadas difíceis e as mais fáceis me ajuda com a resposta. No fim do jogo nós ganhamos.

      — Lara, coloca à mesa para mim — Margot pede.

      — Claro. — Me levanto e vou até ela, que está tirando a travessa de vidro do forno.

      — Ele é incrível, uma criança muito inteligente — ela cochicha.

      — É mesmo... — Pego os pratos e coloco na mesa.

      — O almoço está servido! — Margot anuncia.

      O Ansel e o meu pai ajudam o Arthur a vir até a mesa, mesmo ele não precisando de ajuda, por causa das muletas.

      Arthur senta ao meu lado, o meu pai e a Candice sentam à minha frente e a Margot e o Ansel sentam na ponta da mesa.

      Todo mundo se serve, eu sirvo o prato do Arthur e depois o meu.

      — Ansiosa para ver o seu netinho? — Candice pergunta. — A Casey da à luz em poucas semanas, não é?

      — Sim, mas admito que estou tentando não me meter na vida dos meus filhos, a Gillian está casada, o Noah vai ter um bebê, acho que eles sabem o que estão fazendo. Vou só apoiá-los e estar por perto caso eles precisem de alguma coisa.

      — E você, Arthur, como é ficar com esse gesso? — Ansel pergunta, do nada.

      — O meu gesso normal coça, mas a Lara disse que vou poder tirar em alguns dias, sinto falta de correr — ele diz e pega outro pedaço de lasanha.

      — Você jogava alguma coisa na escola? — é o meu pai quem pergunta dessa vez.

      — Eu jogava futebol americano, mas não era tão bom.

      — A Lara fazia natação na sua idade — o meu pai comenta.

      — E você era boa? — Arthur me pergunta.

      — Eu era muito boa — digo, me sentindo metida. — Mas me machuquei e tive que ficar um tempo sem nadar, hoje eu nado só por diversão.

      — Quando eu tirar o gesso não vou poder mais jogar?

      — É lógico que vai poder, mas tem que ir com calma...

      Passamos o almoço todo bem tranquilo, às duas horas eu levo ele de volta para o abrigo e tenho que jurar para ele que vou voltar.

      Não aguento mais isso, essa espera, quero só ter logo o Arthur aqui comigo, não ter que dizer adeus para ele no final do dia.


Hey, obrigada por ter chegado até aqui. Primeiramente, queria deixar claro que essa obra é uma parceria com a larissahenkes e que esse capítulo foi escrito por ela.

Deixem suas opiniões, feedbacks e críticas construtivas.

Nos vemos no próximo capítulo.

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