Chapter Twenty-one

Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!

— Como assim levaram o Arthur? — pergunto para uma das enfermeiras. — Ele teria alta só em alguns dias...

      — Não sei dizer direito, doutora Williams, mas pelo que parece foram as duas mulheres do Conselho Tutelar que levaram ele. O doutor Renalds aprovou que ele tivesse alta mais cedo.

      — Vocês não podia ter deixado ele sair daqui! — digo, saindo de perto dela.

      Ando pelos corredores até achar o quanto aonde ele estava. Abro a porta e não tem nada aqui, o quarto está branco e impecável, como se não tivesse recebido nenhum paciente, pronto para o próximo.

      — Doutora Williams, precisam de você na emergência pediátrica — uma enfermeira me chama.

      Não consigo parar de olhar para o quarto mesmo assim, é como se alguém tivesse tirado um pedaço de mim e levado embora.

      Ando pelo hospital imaginando se eu vou ver ele em algum lugar, mas isso não acontece. Chego na emergência e me avisam de um pequeno acidente de carro.

      — O pai está em cirurgia e a mãe foi fazer um raio X — a enfermeira explica. — A criança se chama Molly, ela tem cinco anos e se recusa a falar com qualquer enfermeiro que chegue perto dela.

      — E por que me chamaram? — indago.

      — Quem sabe ela goste de você, assim como as outras crianças gostam — a enfermeira completa.

      Pego o prontuário da Molly e ando até a maca aonde ela está deitada.

      Assim que chego, vejo ela deitada, agarrada a um ursinho de pelúcia roxo, ela abraça ele com tanta força que a espuma perto de uma das pernas furadas está saindo para fora. Ela tem um cabelo bem loiro e curto, a pele extremamente branca, a bochecha tem um pouco de sangue que vem de um ferimento na testa. Ela está encolhida.

      — Molly Terrense? — chamo-a pelo nome que está no prontuário, ela não me olha, continua focada em passar os dedos pelo urso dela. — Está tudo bem, você pode conversar comigo... — digo, me aproximando da maca dela. — Te deixa mais confortável se eu fechar as cortinas? — pergunto, ela abre os enormes olhos verdes para mim e balança a cabeça positivamente.

      Faço o que eu disse, fecho as cortinas em volta da maca, ela se senta na mesma e cruza as pernas, deixando o urso no meio das mesmas.

      — Ele rasgou a perna no acidente — ela murmura, apontando para a perna do urso que eu havia notado.

      — Você acha que está doendo?

      — Não! O senhor Marshmallow é bem forte — ela explica, ainda olhando para o urso.

      — E você está com dor ou é forte como ele? — indago, chegando mais perto da maca.

      — Eu não sinto dor — ela diz, convicta.

      — Posso olhar o seu machucado? — pergunto, deixando o prontuário na ponta da maca e me aproximando dela.

      — Não! — ela grita, abraçando o urso dela.

      — Tá bom, eu não vou te tocar — explico.

      — Me desculpa... — ela pede, algumas lágrimas descem pelos olhos dela.

      — Está tudo bem.

      — Você pode concertar o senhor Marshmallow? — ela pergunta.

      — É lógico — digo, mesmo sabendo que ele só precisa de agulha e linha roxa.

      Ela estende as mãos com o ursinho nas mãos e me entrega o mesmo.

      — Ele está muito machucado, tem que ser carinhosa com ele — ela explica, como se realmente fosse um ser humano ou tivesse vida.

      — Eu vou cuidar bem dele, mas você precisa me prometer uma coisa — peço.

      — Tá bom. O que é?

      — Eu preciso cuidar dos seus machucados depois.

      — Hum... — Ela me olha com cuidado por alguns minutos. — Tá, eu prometo.

      — Ótimo — digo, colocando o ursinho deitado na maca.

      Pego as linhas que normalmente usamos para dar pontos e pego as outras coisas simples para sutura.

      — Ele não chora — Molly diz, enquanto eu costuro o ursinho.

      — Ele é bem forte — digo, ela sorri.

      Depois de alguns minutos ele está pronto, sem espuma para fora. Ela pega o ursinho e abraça como se fosse uma vida.

      — Agora eu posso limpar o seu machucado? — pergunto, apontando para a testa dela, que tem um corte de uns cinco centímetros.

      Ela assente e eu pego algumas coisas para limpar o local e ver se vai precisar de pontos ou algo a mais.

      Como foi um acidente de carro, creio que ela estivesse no banco de trás sem cadeirinha ou em uma cadeirinha mal presa no banco, já que o corte está em um local que faz parecer que ela foi arremessada de um lugar para outro. Provavelmente para o banco da frente ou de lado em alguma porta.

      Ela abraça o urso todas as vezes que eu passo soro e remédio em cima do machucado. Leva alguns minutos para limpar tudo e para eu conseguir enxergar melhor o mesmo.

      — Pronto — digo, depois de colocar um curativo transparente em cima do machucado. — Você foi uma menina muito corajosa — elogio, pegando um pirulito no bolso do meu jaleco, entrego para ela.

      — Obrigada! — Ela levanta da maca e me abraça.

      De repente as cortinas se abrem e uma mulher loira alta aparece.

      — Mamãe! — Molly grita, correndo para ir abraçar a mulher. — Mamãe, olha! Ela concertou eu e o senhor Marshmallow! — ela continua.

      — Que bom, meu amor — a mulher diz, ela me olha e sorri.

      — Se cuidem — digo, jogando as minhas luvas no lixo e saindo da cabine.

      Ando pela emergência e têm várias pessoas por aqui hoje, talvez seja bom eu me distrair com eles hoje, mesmo eu não conseguindo tirar o Arthur da minha cabeça nenhum segundo.

      Não faço ideia de onde ele está ou com quem está. Por um momento penso se as mulheres que vieram, eram realmente do Conselho Tutelar.

      Se isso for realmente verdade, talvez estejam enviando ele para um abrigo qualquer por aí, deixando ele à deriva de novo.

      Tenho que parar de pensar nisso antes de surtar de verdade e sair daqui para ir atrás dele.

      O dia demora mais do que o normal para passar. Deixo algumas coisas no hospital mesmo, pego as minhas coisas no armário e vou para o meu carro no estacionamento.

      Não tenho nada para fazer em casa e eu estou morrendo de fome. Passo em um drive-thru de uma lanchonete perto de casa. Pego hambúrguer e batata frita. O trânsito está um caos, levo quase uma hora para chegar em casa.

      Chego em casa e ligo as luzes, eu sempre deixo tudo escuro quando saio, então quando eu volto começo a bater em tudo até achar os interruptores.

      Deixo o meu lanche em cima da mesa e vou para o banheiro. Tomo um banho e troco de roupa. Pego os meus livros para estudar para a prova que eu tenho amanhã. Como enquanto assisto ao noticiário. Depois fico na sala lendo os meus livros.

      Demoro para dormir, mesmo assim coloco o despertador, mesmo que eu consiga ter sono agora, tenho apenas duas horas de descanso.

O Sol nasce e o meu despertador começa a tocar freneticamente. Finalmente hoje é sexta-feita. É o último dia da semana de provas e temos apenas a prova hoje, estou de folga da residência. Então estarei em casa no máximo às duas horas. Porém à noite vou jantar com o meu pai e a Candice.

      Ultimamente meu pai vem com mais frequência para Los Angeles, depois que a minha mãe morreu ele me vê e me liga mais vezes. Me visita com certa frequência, mas sempre me sinto como se eu não fizesse parte dessa vida dele com a Candice, mesmo assim aceito sair com eles de vez em quando.

      Saio da cama e vou passar uma água no corpo. Depois me enrolo na toalha e pego alguma coisa para vestir. O clima está estranho ultimamente, não se decide entre quente ou frio, então eu sempre saio com uma roupa longa porque pode ventar a qualquer momento.

      Pego uma calça preta e uma blusa de moletom cinza, calço um tênis branco e penteio o cabelo. Pego tudo o que eu vou precisar e saio do apartamento.

      Pelo fato de ser cedo, não tem tanto trânsito assim. Chego na faculdade em poucos minutos.

      Encontro a Kayla e o Sam na mesa perto da nossa sala. Eles estão com os livros enormes em cima da mesa. Temos uma prova de uma das matérias mais difíceis desse ano, uma prova sobre Doenças Infecciosas e Parasitárias.

      — Bom dia — digo, me aproximando e me sentando com eles.

      — Sem bom dia hoje — Kayla diz.

      — Até parece que essa prova vai definir a vida de vocês — brinco, Kayla me olha como se fosse voar em mim e me estrangular agora mesmo.

      — Estudou? — Sam pergunta, me encarando.

      — Não muito — digo, tentando fazer pouco caso, mesmo tendo me matado na noite passada.

      Ficamos mais trinta minutos ali. Kayla pede para nós fazermos perguntas para ela sobre o conteúdo, ela acerta todas até que dá o horário de entrar na sala.

      Ficamos cerca de três horas fazendo essa prova imensa de quase seis páginas. Às vezes alguns professores não têm piedade das nossas pobres almas.

      Todos saem da sala às onze da manhã.

      — Que prova fodida! — Kayla quase grita.

      — Eu acho que fui bem — Sam diz, isso é o suficiente para Kayla querer matar ele, então não falo nada.

      Andamos até o refeitória para pegar o nosso almoço de hoje. É pizza de queijo. Pegamos seis pedaços e vamos para o campo dos fundos da faculdade. É um campo enorme que ficou vago para alguns treinos dos times da faculdade.

      Sentamos em baixo de uma árvore enorme. Colocamos a caixa com os pedaços de pizza e os copos de refrigerante no chão. Largamos as mochilas e nos sentamos.

      Uns cinco minutos depois os meninos do time de Baseball da faculdade começar a fazer o treino aeróbico deles bem perto da gente.

      — Péssima hora para me deixar excitada — Kayla diz, comendo um pedaço de pizza.

      Ver eles treinando me traz algumas lembranças que eu não sei se quero ter agora.

      — Está tudo bem? — Sam pergunta, me tirando dos meus devaneios.

      — Hum... claro... — respondo, pegando um pedaço de pizza.

      — Você disse que tinha uma coisa para contar para a gente — Kayla indaga.

      — Certo... — Analiso as expressões deles me esperando falar. — Vocês lembrar do Arthur?

      — Aquele menino da emergência? — Sam pergunta, ele me viu com ele, não sei se a Kayla lembra dele, assinto para ele.

      — Eu vou adotar ele — digo de uma vez.

      — Oi? — Kayla se engasga com o refrigerante e Sam me encara sem expressão. — Como assim você vai adotar ele, Lara?

      — Eu não sei explicar, mas eu preciso fazer isso, se vocês podem me falar que é loucura e que eu tenho a vida toda pela frente para fazer isso, eu sei! Já me disseram isso — digo, quase me levantando.

      — Realmente é tudo isso, não quero te deixar triste, essa atitude é linda, mas é uma loucura — Kayla completa. — Eu sou sua amiga e vou te apoiar em todas as suas decisões que não envolvam matar alguém, mas ainda acho uma loucura.

      — E quando isso vai acontecer? — Sam pergunta.

      — Ainda não sei, na verdade, ontem eu fiquei sabendo que duas mulheres do Conselho Tutelar levaram ele para um abrigo, não sei de mais nada agora. Não faço ideia de como tudo vai acontecer — desabafo.

      Kayla me encara com compaixão, se aproxima de mim e me abraça.

      — Eu juro que quero que tudo dê certo — ela diz, me abraçando forte.

      — Eu também — Sam concorda.

      — Obrigada, eu vou precisar do apoio de vocês caso alguém da adoção queira conversar com vocês para saber se eu não sou louca ou psicopata — digo, eles riem.

      — Vamos falar que você é sã — Kayla diz. — Meio louca, mas no bom sentido.

      Terminamos o nosso almoço e eu decido ir para casa. Eles vão dar uma volta pela faculdade, não sei exatamente pelo quê.

      Assim que saio da faculdade dou de cara com o Marcus encostado no muro.

      — Lara! — ele me chama, faz tempo que eu não vejo ele, já que ultimamente eu não estou frequentando a boate.

      — O que você quer aqui? — pergunto, ainda receosa.

      — A gente pode conversar? — ele pede.

      — Marcus, eu tenho algumas coisas para fazer agora — minto.

      — Me desculpa... por aquele dia...

      — Eu já disse que está tudo bem. Aconteceu e ponto.

      — Queria saber se a gente pode tentar de novo, prometo que aquilo não vai acontecer — ele tenta se explicar.

      — Eu não quero mais, Marcus. Por favor, não seja babaca — digo, mas antes mesmo de ele tentar falar algo eu saio de perto.

     — Lara! — ele me chama mais uma vez, mas já estou entrando no carro.

      Dou partida no mesmo e vou para casa.

      Fico a tarde toda deitada no sofá tentando limpar a minha cabeça, vendo séries ou algo do gênero, mas nada dá certo.

      Tento entrar em contato com o pessoal do Conselho Tutelar, mas ninguém me atende e eu estou a ponto de sair daqui e passar em todos os abrigos infantis dessa cidade até acha o Arthur.

      Quando estou quase tomando a decisão de fazer isso, o meu celular começa a tocar. É o meu pai.

      — Oi, pai — digo, tentando agir naturalmente.

       Oi, filha. Tudo bem?

      — Claro, e vocês?

       Estamos ótimos, vou passar com a Candice em um lugar e já estamos passando aí te buscar.

      — Eu já disse que posso ir de carro, pai — insisto.

       E eu faço questão que você vá com a gente — ele explica.

      — Tá bom, pai. Até daqui a pouco.

      — Eu te amo, meu amor.

      — Eu também te amo.

      Desligo o celular logo em seguida e vou tomar banho.

      Depois que eu estou pronta eles chegam exatos dez minutos depois. Desço pelo elevador e encontro a enorme Land Rover vermelha na frente do prédio.

      — Boa noite — digo, entrando no carro.

      — Boa noite, querida — Candice diz, me olhando pelo espelho, sorrio de volta. Ela está com os cabelos louros brilhando, acho que saiu do salão agora.

      — Boa noite, pequena — o meu pai diz, sorrindo.

      Ele dá partida no carro e nós vamos para o restaurante que a Candice reservou.

      Depois de vinte minutos já estamos sentados em pequenas mesas redondas. O restaurante é bem menos chique do que eu esperava.

      — Quais são as novidades? — Candice começa a perguntar.

      — Nada demais, residência... provas... — digo, sem importância.

      — Você parece um pouco triste — ela completa.

      — Têm algumas coisas acontecendo — digo, sem pensar agora.

      — Como assim? — o meu pai pergunta.

      — Eu preciso te contar uma coisa — digo, ele me encara com preocupação.

      — Está tudo bem? — ele pergunta.

      — Quero saber a sua opinião sobre eu adotar uma criança...

      Ele não diz nada, apenas me encara e olha para a Candice.

      — Adotar uma criança, Lara? Você está louca? — ele indaga, por fim.

      — Não, nem um pouco — falo, meio triste com a reação dele.

      — Lara, eu acho que você está pensando muito com o coração e pouco com a razão — Candice interfere.

      — Exatamente — o meu pai concorda. — Lara, você não tem estabilidade financeira, está na faculdade, não tem renda, não é casada... — Ele começa a citar tudo o que eu já sei. — Você não vai fazer isso.

      — Lara, você não pensou na situação toda, não é? — Candice segue as falas do meu pai.

      — Filha, eu tenho certeza de que você acha essa solução incrível, por seja lá qual for o motivo, mas não é apenas adotar uma criança. Tem muita coisa envolvida. Você precisa ter uma casa adequada, precisa de muito dinheiro para criar por muito tempo até os dezoito anos. Exige esforço, você está começando a sua vida agora, em menos de um ano você vai se formar...

      — Pai...

      — Esse não é o momento, Lara. — Ele age como se eu estivesse pedindo permissão.

      — Pai, eu quero isso e eu estou disposta à lutar contra tudo — explico.

      — As pessoas por trás da adoção vão querer conversar com a sua família, comigo, com a Margot... Não acho que vai ter muita gente ao seu favor...

      — Você realmente está dizendo que não vai me apoiar? — indago, novamente incrédula. — Caso você não saiba, tem muita gente ao meu favor... — digo, pego a minha bolsa e saio da mesa antes mesmo das refeições chegarem.

      — Lara! — o meu pai me chama, algumas pessoas olham para a gente, mas eu apenas saio do restaurante.

      Fico esperando algum táxi chegar e pego o primeiro que vejo, peço para me levar para casa.

      Logo a pessoa que eu achei, do fundo do coração, que ia ser a primeira a me apoiar, me diz esse tipo de coisa.

      Nessas horas eu começo a sentir muita falta da minha mãe, tenho certeza que ela saberia ao certo o que me dizer e o que fazer. Ela saberia me consolar e me fazer pensar direito.

Hey, obrigada por ter chegado até aqui. Primeiramente, queria deixar claro que essa obra é uma parceria com a larissahenkes

O capítulo de hoje foi escrito por mim, espero que tenham gostado.

Deixem suas opiniões, feedbacks e críticas construtivas.

Nos vemos no próximo capítulo.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top