Chapter Thirty-three

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— Lara, precisamos focar mais na sua especialização, você me disse que queria Neuro, né? — Megan pergunta.

      — Isso...

      Estamos na sala dela, aparentemente ela está fazendo isso com todos os Residentes do último ano.

      — Você vai passar a maior parte do tempo com o doutor John Newman, ele é novo aqui, começou há um mês, por isso você ainda não conhece ele. Você vai ser a Residente fixa dele, está bem?

      — Sim, sem problemas.

      — Ótimo, eu já falei com ele e ele vai estar te esperando na sala dele.

      — Certo, obrigada.

      Um médico novo parece uma boa coisa, e ainda ser uma Residente fixa é maravilhoso, significa que eu vou ter muito mais contato com a minha área de atuação.

      Entro na sala do doutor Newman e ele está sentado digitando alguma coisa bem rápido.

      — Bom dia, doutor Newman, eu sou a sua nova Residente, Lara Williams.

      — A Megan me falou um pouco sobre você, ela me disse que, apesar de algumas coisas, você parece ter mesmo talento para a Neurologia — ele diz, me olhando. — Estou animando para trabalhar com você.

      — Obrigada.

      — Sabe o que eu mais gosto nos Residentes? — Ele não espera que eu responda. — Vocês têm a mente fresca, pronta para absorver coisas novas, vocês são como bebês prontos para aprender uma coisa nova. Então deixa eu ver o que você já sabe.

      — Como assim?

      — A nossa primeira paciente juntos, essa é a dona Rosé, ela tem setenta anos. — Ele se levanta e vai até a parede onde têm vários raios X e tomografias para todos os lados. — Ela caiu ontem e quebrou um osso na cervical, mas por um milagre ela não está paraplégica, mas não é só isso, ela também rompeu um vaso no lóbulo temporal, por isso ela caiu. Bom, na minha opinião, eu primeiro iria mexer na fratura, colocar um placa de gesso para que ela tenha mais mobilidade e não force tanto a coluna, e depois iria conter a hemorragia que por hora não é um problema. Você concorda comigo ou teria outra abordagem para essa paciente?

      Olho novamente para os raios X dela e as tomografias que ela tinha feito.

      — Na verdade, eu faria diferente, o sangramento é na área da memória, muito importante para qualquer pessoa, se ela esquecer quem é não vai importar se ela consegue ou não andar e para a família dela também. Além disso, o sangramento não parou de fato, ele só está indo mais devagar, se alguma coisa mudar na cirurgia você tem que parar o procedimento na coluna e ir direto para o cérebro, então ela corre o risco de ficar paraplégica e pior ter morte cerebral.

      — Muito bem, cérebro primeiro. O que mais você vê? — Ele olha para os exames e eu faço o mesmo.

      — A coluna dela já está bem danificada na L1 e na L5, isso não é muito bom, não acho que fazer uma aplicação de gesso ou qualquer coisa seja a melhor o opção, se fosse eu, não ia mexer na coluna dela. Seriam duas cirurgias e em uma senhora de setenta anos o processo de cicatrização é bem mais demorado. Prefiro deixar ela com o colete, e depois da cirurgia repensar em um processo menos invasivo.

      — Certo, mas sobre a hemorragia, que processo é melhor de ser usado na sua opinião, o que você faria para conter o sangramento?

      — Eu usaria o método de trepanação, é bem menos invasivo, depois que o sangramento estiver contido, monitorar ela com um eletrencefalograma e com um encefalograma.

      — Bem pensado, e quais são os risco de usar desses métodos?

      — Usando o método de trepanação o maior risco é infecção, e existe muita dificuldade para fechar também.

      — Isso é verdade, mas é só para quem não tem prática. Tirando a infecção, não tem nenhum risco maior para a paciente?

      — O cérebro pode inchar e criar líquido, ou no pior dos casos, voltar a sangrar.

      — Mas vamos torcer para que isso não aconteça, né?

      — Como eu fui? — pergunto, por fim, é obvio que ele estava me avaliando.

      — Muito bem, eu fiz exatamente isso que você falou, mas isso era óbvio, qualquer coisa seria uma idiotice pela idade da paciente...

      — Você já fez a cirurgia? — pergunto, confusa.

      — Sim, esses são os exames de ontem. — Estão bem do nosso lado. — Sem hemorragia, ou inchaço, e ela já acordou e está bem animada.

      — Não entendi, porque pediu a minha opinião se já fez a cirurgia?

      — A Megan pode dizer que você tem talento para a Neuro, mas eu não te conheço, Lara. Na verdade, não conheço muitas pessoas daqui, e eu jamais deixaria uma estranha, Residente ainda por cima, colocar as mãos no cérebro de uma pessoa sem saber como ela pensar ou age. Não me leve a mal, você se saiu bem...

      Eu entendi, mas me senti insultada.

      A manhã inteira eu sigo ele, ele é rápido, não só em caminhar, mas em explicar as coisas, me sinto um pouco enferrujada, como se ele estivesse mil passos à minha frente e, de certa forma, ele realmente está.

      E finalmente a tarde chega ao fim, hora de ir para casa. Descansar e erguer os meus pezinhos para cima.

      Mas antes quero conversar com a Chiara, colocar a conversa em dia, já faz mais de dias que a gente não se encontra. Então eu vou na casa dela, sem nem saber se ela vai estar lá ou não.

      — Preciso conversar com você, tem algum tempo agora? — pergunto, quando ela abre a porta.

      — Oi, até que eu queria, mas o meu irmão está aqui agora, vai passar uns dias aqui comigo. — Ela parece um pouco preocupada. — Ele brigou com uns meninos, a minha mãe achou que eu podia ajudar ele.

      — Por quê? O que houve?

      — Você não entenderia...

      — Oi, Lara, quanto tempo! — Phil aparece na porta, ele é um adolescente agora, bem diferente do garotinho que eu vi pela última vez.

      — Vai passar uns dias aqui?

      — A minha mãe queria que eu esfriasse a cabeça, então ela me mandou para cá — Phil diz.

      — Por quê? — A Chiara se afasta da gente e vai para a cozinha.

      — Você não ia entender... — Ele segue ela.

      — Por que vocês continuam falando isso? — peço, um pouco irritada com todo o mistério.

      — Ele brigou com uns meninos, depois que, à principio, disseram que ele era a coisa mais suja que eles já viram... — Chiara resume.

      — É sério? — pergunto, assustada, não achei que isso ainda acontecesse, ainda mais nesse país que devia ser um país livre e justo para todos.

      — Particularmente, eu dou razão ao Phil. — Ela olha para ele. — Mas isso não significa que está certo, te apoio, mas você sabe que estava errado.

      — Eu sinto muito por você passar por isso — digo.

      — É normal, mas têm algumas vezes que isso chateia. Sei lá, cara, é 2041, já era para todo mundo ver que as diferenças não são nada de mais, daí vêm esses idiotas que são educados por outros idiotas e falam coisas idiotas.

      — Você falou muito idiota nesse seu discurso. — A Chiara dá risada.

      — Podia ter falado coisa muito pior... — ele falou sério para a Chiara. — Mas sabe, Lara, essa parte você não entende, porque se um dia alguma coisa acontecer com você as pessoas vão pensar: coitadinha, ela devia estar andando em uma área perigosa, tragam a lista de bandidos negros, com certeza que foi um deles! Agora se acontecer alguma coisa com a gente, as pessoas falam: com certeza que isso foi briga de gangue, nem vale a pena gastar tempo com ele, joga ele em uma cela e tenta achar algum crime que ele tenha cometido em algum período da vida. — Phil revira os olhos, por revolta.

      — Você exagerou um pouco, mas é tipo isso — Chiara diz. — É que, Lara, o mundo evoluiu muito, com certeza, não ia querer viver cento e cinquenta anos atrás, mas as coisas hoje em dia ainda não estão as mil maravilhas, é pouquíssima, mas ainda existe cinco por cento das pessoas que preferem cruzar a rua do que passar do nosso lado. E isso são coisas que você aprende a lidar quando é criança, não se deixar afetar por essas coisas, a gente tem que aprender a erguer a cabeça em vez de andar de cabeça baixa. Coisas que aposto que você nunca teve que aprender.

      — Acho que o mundo, ou a grande parte, não é mais racista, digo isso sem noção de nada, mas sei que o mundo inteiro ainda é guiado pelo pré-conceito, e isso vai demorar mais séculos até mudar.

      — É por isso que você não pode brigar com as pessoas, um menino negro e um branco brigando, quem você acha que vai ser preso primeiro! — A Chiara dá um cascão na cabeça do Phil.

      — Você é uma policial, não pode tipo, sei lá... — Phil parece tentar pensar em alguma coisa.

      — Eu posso fazer tudo o que é certo, e tudo que está ao meu alcance para mudar as coisas, mas não sou o mundo, você sabe disso, a mãe e o pai te explicavam isso desde que era pequeno.

      — Só que algumas vezes é mais difícil se controlar...

      — Auto controle é tudo na vida, Philipe, se você não tem isso, não tem quase nada — Chiara diz.

      — Você é tão chata.

      — E você é tão estupido. — Ela mostra a língua para ele.

      Ele pega um pouco de Coca-Cola na geladeira e senta no sofá, voltando a assistir alguma coisa na televisão.

      — O que eu vou fazer com esse menino aqui por duas semanas? Ainda tenho que trabalhar amanhã. — A Chiara está pensativa.

      — Eu tenho treze anos, eu vou ficar bem sozinho! — Phil avisa.

      — Me lembra porque você está aqui! — Chiara responde.

      — Touché.

      — Amanhã eu não vou ter nada para fazer, vou passar o dia com o Arthur, a gente vai na praia, se você quiser eu tomo conta dele — digo.

      — Tem certeza?

      — Sim, vai ser divertido.

      — Você vai ficar com a Lara amanhã — Chiara avisa para o Phil, que provavelmente já ouviu.

      — Vocês vão ficar me jogando de um lado para o outro?

      — Para de drama, rapazinho, e tira esse tênis do meu tapete branco! — Chiara para atrás dele.

      — Eu vou indo, amanhã venho te buscar, Phil, perto das três horas.

      — Ah, você não tinha uma coisa importante para me dizer? — Chiara pergunta.

      — Não era nada de mais. Tchau...

      — Depois me manda mensagem então — ela pede.

      — Tá bom, tchau...

      Dirijo até o apartamento do Noah, que não é tão longe daqui. Prometi para mim que ia tentar achar um tempo para ele, nós queremos mesmo que isso dê certo, por mais cansada que eu esteja hoje, estar com o Noah não vai ser uma tarefa difícil, não vai me deixar mais cansada, tenho certeza que só de ver ele isso já vai me deixar mais feliz.

      Chego no prédio, depois que o porteiro liga para o Noah perguntando se eu posso entrar, eu subo e encontro ele com a Maya no colo, ela está chorando.

      — Oi, tudo bem? — Dou um selinho nele.

      — Mais ou menos, essa pequena não consegue dormir, eu não sei mais o que fazer. Acho que tem alguma coisa errada, eu liguei para a Casey, ela disse ia vir para cá me ajudar.

      — Deixa eu ver se eu te ajudo, me dá ela aqui. — Com calma ele me passa ela. — Oi, amorzinho. O seu papai está assustado e isso te deixa assustada, né? O que você acha de tirar uma soneca, hum?

      Deito ela e ela resiste um pouco, então dou a mamadeira e ela para. O Noah finalmente respira.

      — Você não pode ficar agitado com ela, isso deixa ela agitada — digo.

      — Vou ligar para a Casey, dizer que está tudo bem. — O Noah pega o celular do bolso.

      — Isso, não deixa ela preocupada. — Olho para esses olhinhos verdes que me encaram. — Né, Maya, vamos deixar a sua mãe calma?

      — Oi, Casey, ela está bem, já fiz ela dormir... Não precisa vir, já está tudo bem... Tenho certeza, levo ela amanhã de manhã... Tá bom, boa noite, tchau! — Então ele desliga.

      — Pega ela aqui — digo, os olhos da Maya ainda estão resistindo ao sono, mas são uns segundos até ela finalmente vacilar e dormir.

      O Noah se aproxima e pega ela devagar, ele passa a mão no rostinho dela, dá um beijo e coloca ela no berço, por um segundos parece normal, parece que somos uma família.

      — Obrigado. — Ele vem até mim e me dá um selinho.

      — De nada, você não pode se desesperar toda vez que alguma coisa não é como você espera, vai deixar ela ainda mais assustada.

      — Entendi, quer ver um filme?

      — Na verdade, só vim te dar um oi, eu preciso ir para casa descansar, e estou precisando de um banho — confesso.

      — A gente assiste um filme e depois eu te ajudo com o banho. — Ele me beija.

      — Vamos fazer assim, eu aceito o filme e o banho a gente deixa para outro dia. — Olho para o berço da Maya.

      — Claro, então vamos pedir comida, eu estou morrendo de fome! — Ele se senta no sofá e eu sento ao lado dele.

      A gente compra comida chinesa e pegamos um filme de ação para assistir. Os meus olhos já estão como os da Maya mais cedo, quase fechando.

      — Está com sono, quer ir para a cama? — Noah pergunta.

      — Eu estou suja, preciso ir para casa — digo, sonolenta.

      — Eu te levo, então...

      — Deixa o filme acabar primeiro — peço, eu estou tão confortável com a cabeça no colo do Noah que eu não quero me mexer.

Hey, obrigada por ter chegado até aqui. Primeiramente, queria deixar claro que essa obra é uma parceria com a larissahenkes e que esse capítulo foi escrito por ela.

Deixem suas opiniões, feedbacks e críticas construtivas.

Nos vemos no próximo capítulo.

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