Chapter Ten
Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!
PEGO MAIS uma vez o papel que está em cima da mesa e leio ele pela vigésima vez.
Ficha do paciente
Nome: Noah Stand McCay
Idade: 23 anos
Diagnóstico: Transtorno de Personalidade Borderline
Método de Tratamento: Terapia Cognitivo Comportamental
Medicação: Antidepressivos leves
— Eu sou um babaca mesmo! — Jogo o papel no chão e fico apoiado na cadeira, balançando ela.
— Noah, está aí? — Alguém bate à porta.
— Pode entrar — digo, jogando a folha no fundo da última gaveta.
— Oi. — Wanda, a secretária da gravadora, entra na sala. — O Jacob chegou para a reunião — ela avisa.
— Tá, eu já vou lá — digo, ela assente e sai da sala.
Esse nome não me é estranho, mas tento relevar os pensamentos. Guardo os papéis e os remédios definitivamente na gaveta e tranco a mesma. Coloco a chave no bolso da calça e saio da minha sala.
Assim que eu dou dois passos fora da sala dou de cara com a pessoa que eu achei que era.
— Jacob! — digo, indo na direção dele.
— Noah, que mundo pequeno — ele diz, nos cumprimentamos com um aperto de mão.
Jacob Whitesides era o gerente da banda que eu toquei um tempo no começo da faculdade. Ele está bem diferente agora, com mais barba e com muitas tatuagens pelos braços. Ele parece até um pouco mais alto.
— O que trouxe você aqui? — pergunto, quanto a gente se senta nos puffs da sala principal.
— Eu e o Samuel somos amigos há muitos anos, já que faz um tempo que eu trabalho com as bandas daqui ele me ligou — ele explica. — E você?
— Eu trabalhava na gravadora dele la em Los Angeles — explico.
— E você largou tudo lá só para vir gerenciar uma filial aqui na Big Apple? — ele indaga.
— Pois é, eu acabei de me formar e não tinha nada que me prendesse lá — explico, novamente.
— Gosto assim — ele diz, rindo. — Bom, então vamos começar a organizar toda a parte burocrática e administrativa, depois começamos a mexer com os contratos... — ele narra, conforme o que temos que fazer.
Ficamos basicamente o dia inteiro mexendo com toda a papelada, hoje é quinta-feira, temos muito trabalho até amanhã, pretendemos deixar tudo pronto para segunda-feira.
— Você fecha? — Jacob pede.
— Sim, tenho que pegar umas coisas na minha sala ainda — explico.
— A gente se vê amanhã, garoto — ele diz, dando um tapinha no meu ombro.
Assim que ele sai da gravadora eu vou até a minha sala, pego os papéis e o meu vidro de remédio. Pego a chave do carro e tranco a gravadora por fim.
Dirijo até o hotel.
Como estou aqui apenas há dois dias, estou dormindo em um quarto de hotel até achar um lugar bom para ficar um ano inteiro.
O hotel é consideravelmente grande e perto da gravadora, são apenas quinze minutos.
Deixo o carro no estacionamento, pego as minhas coisas e passo buscar a chave do quarto na recepção. Subo de elevador até o sexto andar, o único quarto vago que tinha nesse andar.
Coloco a chave na porta e entro, tranco a mesma. Deixo tudo em cima da escrivaninha e vou tomar um banho bem gelado. Logo depois de alguns minutos saio do banho e troco de roupa. Vejo que tem uma chamada perdida da Casey. Tento retornar, mas ela não me atende, então mando uma mensagem.
Eu: Oi, tudo bem? Cheguei em casa agora.
Como não recebo resposta por enquanto, vou até a escrivaninha e abro o notebook. Pego os papéis com o meu laudo da psiquiatra.
Eu estava indo duas vezes por semana e na minha penúltima sessão ela me deu o laudo, mas como eu confirmei a minha mudança para Nova Iorque, faltei a consulta em que ela me explicaria direito o laudo. Ela me receitou o remédio e disse que começaríamos a conversar melhor na próxima sessão.
Por causa da gravidez da Casey eu pretendo fazer uma viagem por mês para Los Angeles, então conversei com a doutora e sempre que eu for para visitar a Casey eu já faço uma consulta. Ela também atende online com pacientes de outros lugares que realmente precisam, então posso fazer as outras três consultas do mês pela internet.
Ligo o notebook por fim e entro no meu e-mail, a doutora Nancy é especialista em Transtornos de Personalidade, ela tem muitos livros e artigos publicados. Ela me mandou vários links e PDFs para eu ler conforme as consultas vão passando. Para que eu possa entender melhor a minha condição e aprender a lidar melhor comigo mesmo.
Começo a abrir todos os links e abro várias abas na tela e começo a leitura.
Transtorno de Personalidade
Artigo por Doutora Nancy Cooper
Transtornos de personalidade em geral são padrões generalizados e persistentes de perceber, reagir e se relacionar que causam sofrimento significativo ou comprometimento funcional. Os transtornos de personalidade variam significativamente em suas manifestações, mas acredita-se que todos sejam causados por uma combinação de fatores genéticos e ambientais. Muitos tornam-se menos graves com a idade, mas certos traços podem persistir com alguma intensidade após os sintomas agudos que levaram ao diagnóstico de um transtorno diminuírem. O diagnóstico é clínico. O tratamento é feito com terapias psicossociais e, algumas vezes, terapia medicamentosa.
Os traços de personalidade representam padrões de pensamento, percepção, reação e relacionamento que permanecem relativamente estáveis ao longo do tempo.
Transtornos de personalidade existem quando esses traços se tornam tão pronunciados, rígidos e mal-adaptativos que prejudicam o trabalho e/ou funcionamento interpessoal. Essas mal-adaptações sociais podem causar sofrimento significativo em pessoas com transtornos de personalidade e naqueles em volta delas. Para pessoas com transtornos de personalidade — ao contrário de muitos outros que procuram aconselhamento —, o sofrimento causado pelas consequências dos seus comportamentos socialmente mal-adaptativos geralmente é a razão pela qual eles buscam tratamento, em vez de qualquer desconforto com seus próprios pensamentos e sentimentos. Assim, os médicos devem inicialmente ajudar os pacientes a ver que seus traços de personalidade são a raiz do problema.
Transtornos de personalidade geralmente começam a tornar-se evidentes durante o final da adolescência ou início da idade adulta, e seus traços e sintomas variam consideravelmente em termos de quanto tempo eles persistem; muitos desaparecem com o tempo.
Leio mais umas duas páginas que ela começa a citar várias tabelas e matérias e referência de vários países do mundo.
O próximo link que eu clico é sobre o meu tipo de transtorno.
Transtorno de Personalidade Borderline
Artigo por Doutora Nancy Cooper
O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade. O diagnóstico é por critérios clínicos. O tratamento é com psicoterapia e medicamentos.
Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles.
Alguns indivíduos com transtorno de personalidade borderline também apresentam altas taxas de ocorrência em conjunto de outros transtornos mentais, como distúrbios do humor, transtornos de ansiedade e distúrbios alimentares.
Indivíduos com Síndrome de Borderline podem alternar momentos em que estão estáveis com surtos psicóticos, manifestando comportamentos descontrolados.
Acho que a minha mente vai entrar em colapso se eu continuar a ler isso, então apenas abaixo a tela do notebook e pego o meu comprimido do dia, tomo com água, pego o meu celular e vou para a cama, o mesmo começa a vibrar, é uma ligação da Casey.
— Oi! Está tudo bem, só queria saber como foi a sua viagem — ela diz, já respondendo à minha mensagem.
— Foi de boa, só um pouco cansativa, mas já trabalhei o dia inteiro. Como você está?
— Eu já disse que estou bem.
— E como vai o apartamento?
— Eu e a Jadie trouxemos o resto das minhas coisas do dormitório, ela está aqui agora me ajudando a organizar tudo.
— Você carregou peso?
— Não.
— Casey?
— Tá, só algumas caixas, mas eu estou bem, Noah. Não vou morrer por carregar algumas caixas.
— Você sabe que não pode ficar carregando caixas por todos os lados, né?
— Se acalma, não é como se fosse nascer amanhã — ela diz, rindo.
— Eu sei, mas você já sabe. Inclusive, sem cigarros, pelo amor de Deus...
— Eu sei disso, vai ser difícil, mas a Jadie já confiscou todos os meus isqueiros e qualquer maço de cigarro que eu tinha — ela diz, num tom melancólico.
— É bom mesmo...
— Bom, já que está tão preocupado com o bebê, preciso pedir uma coisa, já tem uma data para vir?
— Provavelmente daqui umas três ou quatro semanas.
— Ótimo.
— Por quê?
— Nada demais, só a minha próxima consulta, queria que você fosse comigo — ela explica.
— Ah, sim. Então eu vou ver a data e te aviso.
— Sim. Bom, eu tenho que terminar tudo aqui, a gente se fala...
— Tá bom, fica bem. Qualquer coisa me liga.
— É lógico que eu vou te ligar — ela diz, rindo e logo depois desligando a chamada.
Fico mais um tempo mexendo no celular até começar a ficar com sono, então coloco o despertador e vou tentar dormir, já que eu não dormi nada desde que saí de Los Angeles.
A luz do Sol entra pelo quarto e eu acordo, o problema de não ter cortina é que eu acordo quando o Sol nasce. Olho no celular e são cinco e quarenta ainda. Tento voltar a dormir, mas não consigo. Então resolvo levantar, troco de roupa, pego o celular e fones de ouvido, saio do quarto e deixo a chave na recepção.
Caminho até o Central Park, que é literalmente a uma quadra do hotel, começo a dar algumas voltas por lá enquanto ouço música.
As manhãs aqui são consideravelmente frias, começa a esquentar perto das nove horas, então é um horário bom pra ficar aqui.
O meu celular começa a vibrar, mas não é o despertador, é uma ligação da minha mãe.
— Bom dia, meu amor! — ela diz, empolgada.
— Bom dia, mãe. O que foi?
— Eu estou indo para Nova Iorque — ela avisa.
— Como assim?
— Tenho uma reunião aí amanhã, mas eu chego às seis horas, pensei em sairmos para jantar, o que acha?
— Hum... Pode ser, me avise quando chegar que eu te busco no aeroporto.
— Claro, meu bem. Estou entrando no avião, até mais tarde.
— Tá bom, boa viagem, mãe.
Desligo a chamada e olho no visor, são sete e meia, então volto para o hotel.
Pego a chave na recepção e volto para o quarto, guardo rápido tudo o que preciso na mochila e tomo banho, depois coloco uma calça jeans e um moletom azul, já que aquela gravadora é gelada por natureza.
Chego na gravadora às oito e meia, a Wanda está organizando uns papéis em cima da mesa.
— Bom dia, Noah! — ela diz, sorrindo.
— Bom dia... Algum recado?
— O Jacob pediu para te avisar que ele só vem à tarde e o Samuel pediu para você ligar para ele — ela avisa. — Mas se quiser eu entro em contato com ele e te passo a ligação...
— Não, pode deixar que eu falo com ele, obrigado — digo, indo em direção à minha sala, mas ela fica em pé.
— Sabe, eu estava pensando... — ela começa. — O que você vai fazer hoje? Talvez a gente podia ir naquele bar que abriu no centro? — convida, mas eu não sei bem como olhar para ela.
— Obrigado pelo convite, mas a minha mãe vem para cá hoje e eu vou jantar com ela — explico, mas ela não parece muito feliz com a resposta. — Quem sabe outro dia? — sugiro.
— É, pode ser — ela assente e logo volta para a mesa.
Não respondo mais nada, apenas entro na minha sala, tem um bilhão de coisas para fazer hoje. Então fico resolvendo tudo o que eu posso fazer sozinho.
— Noah? — Wanda bate na porta.
— Sim.
— Estou indo para o almoço, você vai sair também ou vai ficar? — ela pergunta.
— Eu... — Penso um pouco. — Eu vou sair.
Levanto da cadeira e saio da sala com ela.
— Conhece algum restaurante bom por aqui? — pergunto, ela dá um sorriso de canto.
— Vamos no meu carro — ela diz.
Saímos da gravadora e ela tranca a porta, colocando a chave na bolsa, andamos até uma Ferrari Conversível vermelha, ela entra no banco do motorista e eu me sento ao lado, ela começa a dirigir depois de organizar tudo.
A cidade é mais bonita vista de um carro que basicamente não tem teto.
Ela dirige por uns vinte minutos até chegarmos ao Lucky Strike Restaurant.
— Eu vinha muito com o meu pai aqui, tem clima de bistrô e ótimos sanduíches, e todos os pratos têm alguma influência francesa — ela explica, assim que saímos do carro.
Entramos no restaurante e ele é consideravelmente enorme, então escolhemos a mesa vaga da ponta.
— Por que veio comigo? — Wanda pergunta, assim que nos sentamos e fazemos os nossos pedidos.
— Eu não sei, não queria ficar sozinho — digo.
Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises... — esse é o primeiro pensamento que vem à minha mente, o artigo que eu li ontem à noite.
— Está tudo bem? — Wanda pergunta, me analisando.
— Sim, desculpa, estava pensando em outra coisa...
— Sei...
— Eu só não quero que você entenda isso errado... — digo. — Estamos apenas almoçando.
— É lógico, eu sei bem, você nem me conhece direito e eu nem sei se você tem namorada...
Não sei se eu devo dar detalhes da minha vida para ela, não agora. Ou talvez dizer logo seja a melhor forma.
— Bom... eu tinha, é complicado.
— Pode me contar, eu faço Psicologia, talvez tenha um conselho bom — ela diz, sorrindo.
— Espera, você faz Psicologia, mas é secretária em uma gravadora — indago.
— Pois é, ainda estou procurando por um estágio em uma clínica de verdade, por enquanto estou no que eu consegui — ela explica. — E aí, quer me contar? — insiste.
— Agora não...
— Tudo bem.
Ela dá de ombros e logo o nosso almoço chega, não conversamos sobre muita coisa, ela conta algumas coisas aleatórias sobre a faculdade e logo voltamos para a gravadora.
O Jacob teve um problema com a gravadora dele mesmo então ficou por lá a tarde toda, mas mesmo assim eu consegui resolver tudo.
Às seis e vinte recebo uma mensagem da minha mãe dizendo que ela já está pegando a mala dela.
— Wanda, você fecha aqui, tenho que buscar a minha mãe no aeroporto — peço.
— Claro — ela assente.
Volto para a sala e pego as minhas coisas.
— Noah... — Wanda me chama quando estou saindo, apenas assinto. — Obrigada pelo almoço — completa.
— Não tem de quê... — digo, ela sorri e eu saio da gravadora.
Entro no carro e dirijo até o aeroporto, são quase quarenta minutos por causa do trânsito.
— Oi, meu amor! — a minha mãe diz, quando me encontra no meio de todos.
Ela está na porta de entrada com uma mala e uma bolsa.
— Oi, mãe — digo, abraçando ela.
— Você tem que fazer essa barba — ela diz, passando a mão no meu queixo e sorrindo.
— Eu também te amo — digo, ela sorri de novo.
— Aonde vamos? — ela pergunta.
— Estou aqui há dois dias, no máximo, mas podemos ir em um restaurante perto do hotel — digo, pegando a mala dela.
Andamos em direção ao meu carro, deixo as coisas no porta-malas e entramos.
— Hotel? — ela indaga, depois que eu dou partida no carro.
— É, por enquanto estou em um hotel, mas as camas são ótimas — digo, ela dá risada.
— Eu tenho uma amiga que trabalha em uma imobiliária no centro, se quiser posso falar com ela — sugere.
— É, pode ser...
— Está tudo bem, meu amor? — ela pergunta.
Não vou estragar a felicidade dela falando do meu transtorno, não agora.
— Sim, é que eu fiquei sozinho na gravadora hoje, o Jacob não foi, tive que me virar.
Ela assente então vamos para o hotel, deixamos as coisas lá.
— Vamos à pé? — ela sugere.
— Tem certeza?
— Sim, vamos — ela diz, andando já para fora do estacionamento.
Andamos várias quadras até acharmos um restaurante bem convidativo todo de madeira por fora, entramos nele.
É um restaurante italiano, então pedimos macarrão com molho assim que o garçom vem na mesa.
— Você pode trazer uma taça de vinho tinto também — a minha mãe pede para o garçom.
— Claro.
Ele anda com os cardápios até o balcão.
— Sobre o que você está pensando tanto? — a minha mãe indaga, me tirando dos meus pensamentos.
— Não é nada — digo.
— Tem certeza de que não quer me contar nada?
— Na verdade, tem uma coisa sim.
— Eu sabia — ela diz, com um ar de vitoriosa. É lógico que ela sabe.
Somos interrompidos pelos nossos pedidos chegando à mesa.
— Me conta o que está acontecendo — ela insiste.
— É sobre eu e a Casey — digo, ela assente. — A gente terminou.
— Ah, querido... Eu sinto muito — ela diz, com a feição triste.
— Não, tudo bem. Na verdade, a gente terminou bem, eu só não sei se gosto mais dela, terminar foi melhor para todos — explico.
— Tem mais alguma coisa te afligindo? — ela indaga, me encarando como só ela sabe fazer.
— Eu preciso te contar mais uma coisa sobre eu e ela, mas você precisa prometer que não vai brigar comigo — digo, com medo da reação dela depois do que eu já contei.
— É lógico que eu não vou brigar com você — ela diz, como se fosse óbvio.
— A Casey está grávida — digo.
Ela não diz nada, apenas termina de comer a garfada de macarrão que colocou na boca, depois dá um gole no vinho e me olha de novo.
— Está me dizendo que você vai ter um filho? — ela indaga.
— Bom, é tipo isso...
— Tipo isso, não. É seu e vocês vão ter ele, mesmo vocês estando separados agora — ela diz, tentando entender.
— Sim.
Não consigo saber o que ela está pensando através da expressão facial.
— Eu vou ser avó — ela diz, por fim.
— Você está feliz com isso?
— Com certeza.
— Isso é um desastre.
— Ciclones, furacões e tufões são desastres. Não um filho, isso não é um desastre. Fica tranquilo. Isso é uma coisa ótima.
— Sabe, eu tinha uma visão de como a minha vida seria, e isso não estava nos meus planos...
— Meu amor, a vida não liga para a sua visão de vida ou pra qualquer plano que você faça, as coisas acontecem e você tem que aprender a lidar com isso. Seguir tudo o que está acontecendo e essa a beleza de tudo. — Ela tem o sorriso mais sincero que poderia dar agora.
— Honestamente, quando olha para mim nunca pensa: sabe, se ele nunca tivesse existido, eu poderia ter evitado muitos problemas?
— Absolutamente não. Eu te amo total e completamente. Você é a melhor coisa que já me aconteceu.
— Eu sou a melhor coisa que já te aconteceu? — debocho.
— Sim.
— Agora eu me sinto mal por você. — Ela dá uma risada.
— Olha, Noah, eu sei que a situação talvez não seja uma das melhores, você vai ficar um ano aqui, vão se falar pouco, mas acredite em mim, eu sei que você vai conseguir — ela diz, sorrindo. — Eu consegui em situações piores, muita gente passou por muita coisa e também conseguiu. Eu criei você e eu sei do que é capaz, tá bom?
— Eu sei, mãe.
— Eu te amo... — ela diz, por fim, com um sorriso enorme no rosto, até que o celular dela começa a tocar na bolsa. — É o Tyller... — ela diz, assustada.
— Atende — digo.
Ela atende o mesmo e conversa com ele. É uma conversa um pouco sem sentido já que eu não ouço o que ele diz, a minha mãe não fala muitas coisas e no fim ela está com o rosto vermelho se segurando para não chorar.
— Mãe, o que aconteceu? — pergunto, quando ela deixa o celular em cima da mesa.
— A Jenna... — ela diz, entre soluços, sendo na cadeira ao lado dela e ela me abraça.
— Ela está no hospital? — pergunto, ultimamente ela estava indo bastante para o hospital e ficava longos dias lá.
— Sim, mas... — Ela não consegue dizer mais de uma palavra por frase, só soluça mais ainda.
— Vai ficar tudo bem? — indago, ela me olha.
— Ela morreu, Noah — ela diz, por fim, sinto o meu corpo todo tremer e um arrepio passa pela minha coluna, a minha mãe continua abraçada em mim, chorando alto.
— Como assim? — indago, quase como um sussurro.
Não consigo nem imaginar como ela deve estar se sentindo em perder alguém que era uma irmã para ela.
— Vou ligar para um táxi buscar a gente — digo, ela assente, sai da mesa e vai até o banheiro.
Depois de trinta minutos já estamos no hotel.
Ela não diz nenhuma palavra desde que saímos do restaurante, ela está deitada na cama, enrolada em um lençol e dá para ouvir o choro alto, deixo ela no canto dela.
Sinto como se eu estivesse prestes a ter uma crise, pego o meu celular e sento na varanda do hotel, aonde o vento é gelado, acho o contado da Lara e mando mensagem para ela.
Noah: Eu sinto muito mesmo, me liga quando puder.
Ela não responde e eu não sei se vê, mas tento controlar a minha respiração, eu não posso ter nenhuma crise, não por enquanto.
Hey, obrigada por ter chegado até aqui. Primeiramente, queria deixar claro que essa obra é uma parceria com a larissahenkes
O capítulo de hoje foi escrito por mim, espero que tenham gostado.
Deixem suas opiniões, feedbacks e críticas construtivas.
Nos vemos no próximo capítulo.
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