Chapter Seventeen

Não se esqueçam de comentar e favoritar se gostarem do capítulo, obrigada!

— Como está, querida, não nos falamos desde a última vez que nos vimos... — A Tia Margot se senta ao meu lado com um taça de champanhe na mão.

      — Estou bem, tentando focar a minha atenção na faculdade e no trabalho. — Sorrio para ela. — O casamento estava muito lindo, deve estar orgulhosa.

      Tento trocar de assunto.

      — Estou. — A Margot procura a Gillian, que está na pista de dança com a El, elas dançam felizes, como se estivessem no céu, completamente felizes. — Como todas as mães, quero ver os meus filhos felizes, e você faz parte disso.

      Ela passa a mão no meu rosto.

      — O que estão fazendo? — Noah senta ao meu lado, parece um pouco cansado e ainda sim parece animado.

      — Conversando, sobre como o casamento está lindo — explico.

      — Vocês deviam ir dançar, são jovens demais para ficarem sentados. — Olho para a Margot. — Vamos, Noah, leva a Lara para dançar.

      — Ordens são ordens. — Noah levanta e me estende à mão.

      Sorrio para a gentileza e cavalheirismo obrigado dele, pego a sua mão que está um pouco quente, os seus olhos parecem ter um brilho muito especial. Faz tempo que não vejo isso nele.

      Noah me leva para a pista de dança, segura a minha cintura e eu passo os braços envolta do pescoço dele. A música não é lenta, não tem porque dançar assim, mas mesmo assim dançamos. O cheiro dele me faz lembrar dos nossos bons tempos, de quando éramos muito mais do que só amigos.

      — Você está linda hoje — ele diz, perto demais.

      — Obrigada, você também — digo, com educação.

      O silêncio entre nós se torna grande, tudo que temos é a música para não deixar tudo estranho. A música agitada acaba, mas logo, sem que o tempo permita a gente se separar, outra começa, e essa é lenta, perfeita para o nosso tipo de dança.

      I'm going under and this time I fear there's no one to save me, this all or nothing really got a way of driving me crazy.

      A música parece ter sido escolhida a dedo. Apoio a minha cabeça no ombro dele e deixo que ele me guie, me leve para qualquer lugar.

      Fecho os olhos e deixo que a saudade da gente tome conta de mim.

      I let my guard down, and then you pulled the rug. I was getting kinda used to being someone you loved.

      Respiro fundo e abro os olhos, a primeira pessoa que eu vejo é a Casey, ela sorri para mim e passa a mão na barriga, ajeitando o vestido e deixando evidente o bebê.

      — Como você se sente, animado para ser pai? — Levanto a cabeça e olho para o Noah.

      Ele me olha e seu olhos tentam me dizer alguma coisa, mas eu não consigo entender, não consigo mais ler ele como fazia no passado, preciso de palavras.

      — Não foi planejado, Lara, mas espero realmente poder dar todo o amor que o bebê precisar.

      Planejado... O que você tinha planejado para a gente? — Deixo um pensamento escapar, ainda não consigo ler esses olhos castanhos. — Esquece, foi um pergunta boba, obrigada pela dança.

      Largo ele e o deixo sozinho na pista de dança.

— Ei, Lara — Megan me chama e pela cara dela não é a primeira vez. — Estava com a cabeça aonde?

      — Desculpa, do que precisa?

      Hoje é meu dia de plantão e agora ela me chamou na sala dela, espero não seja por um motivo ruim, porque realmente estou me esforçando para não cometer nenhum erro.

      — O Adam não vai vir, pelo planejamento ele ficaria na emergência, mas vou pedir para que você fique no lugar dele e eu vou dividir a ronda com os outros residentes.

      — Tudo bem, era só isso?

      — Sim, mas, por favor, não faça nenhuma besteira. — Ela me olha, séria.

      — Pode deixar — digo para ela, com um sorriso, e saio da sala.

      Chego na emergência, peço para a enfermeira chefe o prontuário dos pacientes, a grande maioria aqui hoje é por acidente doméstico ou acidente de carro, nada muito novo, nada muito difícil. Todos já foram examinados e medicados, tecnicamente não tenho o que fazer pelas próximas horas ou até alguém entrar gritando de dor. Por isso resolvo ler os prontuários deles e verificar se estão todos bem e confortáveis.

      Quando eu passo alguns reclamam de desconforto, por causa do gesso ou por conta do medicamento.

      — Doutora Williams... — Escuto uma enfermeira me chamar, ela não para para falar comigo, mas já sei sobre o que se trata.

      Sigo ela para a porta da emergência, a sirene da ambulância fica cada vez mais alta, quanto mais perto está. Quando o veículo para e as portas se abrem, dá para ver uma criança deitada na maca, pelo tamanho tem entre doze e treze anos, a perna está enrolada por um tecido que está cheio de sangue.

      — O que aconteceu? — pergunto para o paramédico.

      — O garoto fugia do padrasto e foi atropelado. — Olho para o menino que está adormecido e dá para ver um hematoma esverdeado perto do olho dele e marcas de dedo perto do pescoço.

      A gente pega a maca do menino e leva para dentro. As enfermeiras tiram o tecido de cima do machucado e cortam a calça do menino, é uma fatura exposta.

      — Chamem o doutor Eduard, ele vai precisar colocar uns pinos aqui — digo para a enfermeira.

      A gente limpa toda a área e procura algum outro machucado que precise ser tratado, pelo raio X ele só machucou a perna seriamente, o resto está tudo bem, o que é praticamente um milagre.

      As enfermeiras preparam o garoto para a operação, enquanto isso eu vou falar com os paramédicos.

      — Cadê os pais dele?

      — O pai biológico não sabemos quem é e a mãe morreu, ele foi deixado com o padrasto que a polícia prendeu, pelo visto parece que não tinha apenas esse incidente, o cara é um lunático, também batia na mulher e teve vários casos com a polícia por dirigir bêbado.

      — Com licença, doutora Williams — uma voz muito familiar chama o meu nome, me viro para ver e o susto e alegria enchem o meu peito por ver aquela policial. Eu não posso acreditar.

      — Você está aqui, e você é uma policial! — digo, completamente feliz.

      — Sim, doutora Williams, é muito bom te ver também. — Ela mudou com o tempo, e o tempo só fez bem à ela.

      — Senti muito a sua falta, Chiara. — Abraço ela.

      — Policial Kaufmann — alguém a chama.

      — Sim, policial Smith, essa é a médica que atendeu o menino — ela diz para aquele que parece ser o seu superior.

      — Prazer, policial Morgan. — Ele me estende à mão, o homem fardado parece muito sério, parece ser um homem rígido e com poucos divertimentos na vida.

      — O prazer é meu. O garoto quebrou a perna, uma fatura exposta, nesse momento ele está colocando pinos para que o osso fique no lugar — esclareço.

      — Ele apresenta algum outro tipo de hematoma ou machucado?

      — Pelo acidente de carro, não, mas tem um hematoma roxo no olho direito e marcas de estrangulamento no pescoço — digo, o policial olha para a Chiara, que anota as minhas informações em um bloco. — Mas o ideal é fazer uma autópsia completa.

      — Muito bem, obrigado por agora, doutora. — Mais uma vez o homem estende à mão para mim e sai de perto da gente.

      — Preciso ir, foi muito bom encontrar você, esse é o meu número, me liga para a gente sair, tá bom? — Ela me entrega um pedaço de papel e vai encontrar o policial Morgan, que está passos à frente dela.

      As horas se passam e eu não consigo tirar o menino da minha cabeça, ele é tão novinho, não merece sofrer, passar pelas mãos de adultos irresponsáveis.

      O meu plantão está próximo do fim, a cirurgia do garoto já acabou há algumas horas, mas ele deve estar em um sono profundo por causa da anestesia.

      Quando termino eu vou ver como ele está, o quarto está vazio, não tem nada, nenhuma muda de roupa, brinquedo ou flores, e muito menos um parente para acompanhá-lo.

      O garoto está deitado com a perna para cima. Sento ao lado dele e espero que ele acorde, não quero que ele sinta medo quando acordar e ver que está sozinho, ele já vai sentir dor o suficiente por causa da perna.

      Seguro a mão dele, não é como a mão de um menino normal, têm calos por esforço. Ele é muito novo para isso.

      Observo o seu rostinho, o nariz é fino e comprido, os seus olhos têm grandes cílios, a boca dele está um pouco pálida, as bochechas estão um pouco rosadas. Ele tem cachos nos cabelos castanhos, tem uns arranhões no rosto, mas nada que não vá sumir em uma semana.

      Ele abre os olhos devagar e tenta se mexer, solta a minha mão e me olha assustado.

     — Quem é você? — ele pergunta, tentando se afastar.

      — Sou uma médica, o meu nome é Lara, pode ficar calmo. Está se sentindo bem? Dói em algum lugar? — pergunto, observando os olhos castanhos dele que vasculham o lugar.

      — Estou bem, cadê o meu pai? — ele pergunta.

      — Ele não está aqui, pode ficar calmo. Qual é o seu nome?

      — Arthur. Você disse que se chama Lara, né?

      — Sim, é um prazer te conhecer. — Sorrio para ele, que agora parece um pouco mais calmo. — Você está com fome, precisa de alguma coisa? — Ele não responde com palavras, só mexe a cabeça negativamente. — Tem alguém que a gente pode ligar além do seu pai?

      Mais uma vez ele mexe a cabeça negando. Deve ser estranho para ele, estar aqui, depois do que ele deve ter passado, não vou forçar mais.

       — Posso dormir aqui hoje, com você? — pergunto, olhando para ele, que também me observa. — Quer dizer, a minha casa está com um problema de encanamento, seria bom ter uma companhia ao invés de dormir sozinha em um hotel, você se incomoda?

      — Tudo bem... — ele diz. — Quanto tempo vou ter ficar aqui com isso? — Ele olha para a perna.

      — Aqui você precisa ficar no máximo uma semana, se ficar tudo bem lá. — Olho para a perna dele. — E com aqueles ferros ali, provavelmente por uns três meses, temos que ver...

      — Hum... — ele diz, baixo.

      — Você parece ser corajoso forte, se fosse eu estaria morrendo de medo e dor — comento e ele me olha. — E você não reclamou em nenhum momento até agora.

      — Obrigado.

      Ele se ajeita com dificuldade na cama e deita, cobre o braço, mas fica com uma parte de fora. Chego perto dele e ajudo a se cobrir. Ele me olha, força um sorriso de agradecimento.

      — Quer que eu apague as luzes? — pergunto.

      — Pode deixar aceso, por favor? — ele pede.

      — Sim, eu também odeio dormir de luz apagada — minto. — Vou ficar bem aqui no sofá, se precisar de alguma coisa pode me chamar.

      — Tá bom, boa noite, Lara.

      — Boa noite, Arthur.

      Deito no sofá, que não tem nada, nem um cobertor ou travesseiro, mas não tem problema, tenho absoluta certeza de que não vou conseguir dormir tão cedo.

      Fecho os olhos e vejo o rosto do Noah, lembro dele me olhando diversas vezes no casamento da Gillian, tentando disfarçar. O que era aquilo?

      As horas se passam rápido e o meu cérebro não desliga, não consigo dormir, e eu estou cansada. Fisicamente indestrutível, mentalmente detonada.

      — Para! Sai de perto de mim... — ouço o Arthur dizer e logo começa a chorar.

      — Ei, acorda, é só um sonho ruim. — Acordo ele, que me olha com os olhos cheios de lágrimas.

      — Não quero ver ele, Lara, ele não é uma pessoa boa — Arthur diz.

      — Vai ficar tudo bem, ele não vai vir aqui, vou cuidar de você. — Limpo as lágrimas do seu rosto.

      — Por quê? Por que está dizendo que vai cuidar de mim, se vai me abandonar como todas as outras pessoas?

      — Porque gostei de você, porque sinto que você vai ser a pessoa mais importante para mim, um grande amigo. Não consigo entender, ou explicar para você, mas confia em mim, eu não vou te abandonar.

      Ele fica me olhando por alguns segundos, se aproxima e me abraça. Sento ao lado dele na cama e abraço ele, sua cabeça se ajeita perto do meu peito.

      — Posso mesmo confiar em você? — ele pergunta.

      — Pode, não se preocupa com seu pai, ele não vai mais te incomodar. — Beijo a testa dele.

      — Você é médica, né? Conserta as pessoas que estão quebradas — ele diz, baixo, eu entendo que é muito mais do que apenas pernas e ossos que ele se refere.

      — Têm pessoas que estão quebradas há tanto tempo, que não tem mais conserto — digo. — Posso te contar uma história, ajuda contra os pesadelos, a minha mãe me contava quando eu não conseguia dormir.

      — Pode...

      — Era uma vez um menininho, ele tinha mais ou menos a sua idade, vivia na floresta, tinha a vida muito difícil, tinha perdido os pais muito novo, fazia tudo sozinho e se saia bem. Uma vez ele foi no vilarejo e encontrou uma jovem, a donzela parecia muito diferente das outras donzelas, mas ela andava pelas sombras. Ele se aproximou dela sem segundas intenções e a ajudou, a moça que estava cansada da longa jornada, aceitou a ajuda do camponês. Eles conversaram durante todo o caminho até a casa humilde do camponês, que a convidou para entrar já que a conversa estava muito boa. — Olho para o Arthur, os seus olhos estão fechados e parece que ele já pegou no sono, mas mesmo assim continuo. — Eles passaram horas conversando, ele descobriu que ela era uma princesa, mas estava amaldiçoada, estava se tornando uma princesa do mal. Ele não se importou com isso, sabia que a jovem moça não seria capaz de fazer mal a ele, então a convidou para morar com ele, a casa era muito humilde, mas tinha espaço suficiente para eles viverem. A jovem que não tinha para onde ir e aceitou o convite de bom grado, os dias se passaram e eles viraram melhores amigos, se ajudavam, e aos poucos, a princesa que estava destinada às trevas estava começando a descobrir que poderia se tornar melhor com a ajuda do garoto. Ainda não sei como termina, mas espero que ela consiga...

      Beijo a testa dele e fecho os olhos, imaginando como vai ser o fim para essa história.

Hey, obrigada por ter chegado até aqui. Primeiramente, queria deixar claro que essa obra é uma parceria com a larissahenkes e que esse capítulo foi escrito por ela.

Deixem suas opiniões, feedbacks e críticas construtivas.

Nos vemos no próximo capítulo.

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