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対
No fim das contas, eu ganhei! O que me rendeu uma boa sessão de aplausos e diversas ameaças do meu adversário esquentado. Até ele pedir outra revanche e tomar a vitória para si...e então, eu exigir outra partida. Esse ciclo continuou tarde a dentro e conforme o céu escurecia, o resto da sala gradualmente desistia de nos acompanhar.
- Trégua? - propus e ele deu ombros.
Deve estar tão cansado quanto eu para ceder.
- Nem sei porque gastei tanto tempo com você.- Katsuki cruzou os braços e eu revirei os olhos.
Quando todo mundo foi embora?
- E aí, quem ganhou?- Kirishima apareceu às nossas costas.
- Eu.- Bakugou afirmou e meu semblante imediatamente se fechou.
- Não sei aonde.- me apressei a contradizer e Denki soltou um risinho abafado.
- Já chega de videogame pra vocês dois, vamos jantar.- Aizawa decretou mesmo que mal tivesse energia para dar tal ordem.
- De onde é que você veio?- arregalei os olhos e levantei do sofá, subitamente ciente de que tinha me aproximado de Katsuki durante o jogo.
- Iida me mandou mensagem.- Eraser explicou e eu murmurei em assentimento, todos fomos para a mesa.
Todoroki me cumprimentou quando ocupei o lugar de sempre, eu sorri de boca fechada em sua direção. Izuku contava animadamente sobre algum fato relacionado ao All Might para Uraraka e Bakugou parecia a um triz de jogar seu copo em cima deles ao assistir a cena. Midoriya pareceu perceber que falava alto e parou no meio da história, eu apenas balancei a cabeça em negação.
- Desculpa, me empolguei.- Izuku pediu e voltou a comer.
- Por mim, pode continuar.- anunciei, recebendo um olhar hostil de Bakugou.
Meu celular vibrou antes que eu pudesse perguntar o que deu nele. Ignorei a notificação seguinte e respirei fundo, verificar agora seria grosseiro. Porém, duas outras mensagens chegaram quase no mesmo instante...então fui obrigada a pegá-lo no meu bolso para colocar no silencioso.
-
Togata Mirio - 8:00 p.m
Fugiu como um gatinho assustado pra se encontrar com o Mirio
Vai mesmo dar em cima dos meus amigos agora?
Nem sei porque estou surpreso, você sempre gostou de receber atenção de homem.
Togata Mirio - 8:01 p.m
Eles não vão te aceitar como eu fiz, Mira. Não se conhecerem você de verdade
Mas saiba que não fiquei chateado ou bravo...eu mudei desde o nosso término. Vou estar aqui quando eles se cansaram, ok?
Togata Mirio - 8:02 p.m
Pense com carinho e qualquer coisa, me liga (vê se me desbloqueia logo)
Vou apagar essas mensagens, to devolvendo o celular pro Togata.
-
Engolir a comida depois de ler tudo isso foi...desafiador. Por sorte, eu não ficaria com as louças e assim, me forcei a dar mais três garfadas, inventei que tinha muita matéria atrasada e tranquei o meu quarto.
Eraser provavelmente percebeu a mudança repentina, por mais que eu tenha me esforçado para manter uma feição neutra. Isso se Jirou não tiver notado o quão alto meu coração batia. Deus, eu realmente esperava que estivessem distraídos demais para se darem conta.
Abri o caderno e rabisquei outra de nossas memórias. Odiava ter que admitir, mas não podia culpar os traços borrados na adrenalina ou raiva, eu estava com medo. Apavorada só de pensar no que ele poderia fazer a seguir, no que poderia espalhar por aí.
Eu o odiava.
Odiava que ele ainda tivesse o poder de me fazer sentir algo além de desprezo. Yuri entendeu tudo errado, pra variar...por que ele simplesmente não me esquece? A ponta do meu lápis quebrou devido a minha frustração e chequei o relógio de canto, largando o desenho pela metade.
Tenho que dormir.
対
Essa segunda estava mais agitada do que o usual. Era isso ou as três horas de sono que tive estavam começando a expirar. Vou ter mesmo muita matéria para estudar hoje, não consegui pegar quase nada do que passaram nas aulas teóricas.
Falta pouco, mais três voltas e posso encerrar o dia.
- Mira, podemos encerrar mais cedo se precisar.- Midnight sugeriu, preocupação brilhava nos olhos azuis ao ver o quanto eu ofegava.
Fitar aquele azul-ciano foi como tomar um banho de água fria...Yuri se parecia bastante com ela. Expulsei a comparação de minha mente e desviei o olhar, agarrando minha garrafinha à esquerda.
- Não, vamos continuar.- neguei obstinada e bebi o resto da água num só gole.
O treino terminou vinte minutos depois e o que mais me surpreendia não era o fato de ter sobrevivido ao circuito que ela decidiu adicionar, mas Bakugou ter perdido a oportunidade de me insultar. Eu tinha certeza de que no segundo que eu demonstrasse qualquer fraqueza, ele faria da minha vida um inferno.
Talvez ele tenha um código moral, afinal.
Meu corpo pesava a cada passo e não tinha nada que eu queria mais do que desabar na minha cama depois de um banho quente. A noite já havia caído e a U.A estava vazia, o ruído do atrito dos nossos sapatos raspando pela gramada sendo o único som presente conforme retornávamos para o dormitório.
- Você quer ser número 1 também.- Bakugou soltou e para minha surpresa, não se alterou no processo.
Eu falei disso pra alguém da turma?
- Sim.- confirmei, meio atordoada por estarmos tendo essa conversa de forma civilizada.
- Vai ter que passar por cima de mim, então.- avisou em tom de ameaça, apesar da pontada de divertimento que deixou transparecer.
Um sorriso involuntário brotou em meu rosto diante da ideia e Katsuki estalou a língua em irritação. Estou ciente que encarar a concorrência sempre esteve incluso no pacote, foi o que eu quis responder.
- Tá feliz com o que? Não vou ter muito trabalho se continuar comendo pouco e dormindo mal, garota- empurrou meu ombro e eu fingi ter sentido o dano ao passar a mão pelo local com sobrancelhas franzidas- Nem doeu, larga de ser fingida.
Se percebeu tudo isso...que eu não estava nas melhores condições e por isso, preferiu não falar nada sobre o treino de hoje...eu realmente o julguei errado.
- Bakugou, quem é seu herói favorito?- mudei o assunto e ele ignorou minha pergunta- Nem sei porque tento.- bufei, desistindo de criar conversa.
A casa já era visível e eu fiz questão de entrar primeiro, Bakugou xingou baixinho em meu encalço. Não vou jantar com ele, volto depois do banho. Fui direto para a escada e antes que eu pudesse subir o terceiro degrau, a grave voz ecoou pela propriedade.
- All Might, cacete.- Bakugou respondeu relutante- E o seu?
- Hawks- ele riu e eu o encarei confusa, de cima- Que foi?
- Nada- fechou a porta, enfim- Boa noite, Miranda.
Ele acabou de usar meu primeiro nome?
Nada de "garota" ou "filha da puta"?
Deus, ele era completamente incompreensível. Ainda assim, eu o retornei com o máximo de educação que consegui reunir dentro de mim.
- Boa noite, Bakugou.
対
No dia seguinte, Kirishima foi minha dupla em outra aula e terminando a atividade, ele me chamou para almoçar na sua mesa. Com o perigo de encontrar Yuri pelos corredores em mente, eu aceitaria qualquer oportunidade de ser acompanhada.
Bakugou, Denki, Sero e Mina já estavam sentados com suas respectivas bandejas quando chegamos. Todos me cumprimentaram e foram simpáticos, bom, exceto por Katsuki, que apenas virou a cara. Se bem que...ele não ter reclamado já é quase um milagre.
O resto desta terça-feira, felizmente, passou rápido. Midnight até nos liberou 5 minutos mais cedo do treino com a justificativa de que teria que sair para resolver algo urgente. Finalizamos a última série de exercícios sem ela e agora, esquentávamos o que sobrou da janta.
Dessa vez, silêncio não preenchia o ambiente e o tópico da discussão atual era a emergência que Midnight teve. Sendo o segundo dia que ele puxava um assunto sem implicar, eu começava a desconfiar que Bakugou era mais suportável se não tivesse ninguém por perto.
Eu até arriscaria dizer que estava me divertindo enquanto ouvia mais uma das teorias que ele resmungava e me surpreendia com sua criatividade para xingamentos. Meu prato estava na metade quando o barulho de passos interrompeu a conversa e a expressão de Katsuki perdeu a suavidade por completo. Midoriya hesitava em se aproximar, tinha as duas mãos enfiadas no bolso do casaco e nos encarava como se esperasse por uma autorização.
- Perdeu alguma coisa na minha cara, nerd de merda?- Bakugou falou antes que eu pudesse ter a chance de convidá-lo para sentar conosco.
- É que eu...queria fazer companhia pra Miranda também, Kacchan.- Midoriya murmurou baixinho.
- Não acredito que me esperou pra comer!- felicidade contagiou meu tom conforme ele confirmava e o sorriso crescia- Ainda tem bastante na panela, vem cá.
- Eu vou nessa.- Bakugou anunciou mal-humorado, já recolhendo sua louça.
Deus, essa inconstância dele me mata.
Eu preferi não protestar contra, apesar da irritação que estampada em meu semblante. Esperei até que o som de uma porta batendo indicasse que Bakugou chegou ao seu quarto e tentei descontrair aquele clima com Izuku.
- Midoriya, por que você chama ele de Kacchan?
- Ah, é porque eu conheci ele quando criança. É um diminutivo para Katsuki.- Izuku respondeu, nostálgico com a memória.
- Mentira...eu jurava que você tava revidando o Deku.- quase cuspi o suco pela mesa.
- Não!- corou, entendendo meu raciocínio- Eu...nem pensei que poderiam levar pra esse sentido.
- Pior que não parece o tipo de coisa que você falaria.- dei risada e ele coçou a nuca, desconcertado.
De onde eu tirei que ele usaria puta raivosa em público?
- Obrigada pela companhia, Midoriya.- agradeci, sorrindo no processo.
- Imagina. Vocês têm se esforçado bastante, né?- Izuku puxou a jarra para se servir- Deve ser incrível ser selecionado para receber aulas extras.
- Nem sempre, mas...acho que estou aprendendo a gostar.
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Quarta marcou a metade da semana e o meu alívio por não ter visto Yuri era mais do que genuíno. Acima de mim, o sol se despedia e meus ossos reclamavam ao fazer o caminho de volta para o alojamento.
- Vai querer jantar o que?- Bakugou demandou, me fitando ladino.
- O que sobrou.- dei ombros.
- Não vai rolar, Kirishima acabou de mandar mensagem avisando que hoje não conseguiram guardar.
- Ah, entendi. Vou tomar banho primeiro e depois faço algo pra mim, não precisa se preocupar.
Katsuki simplesmente revirou os olhos com a minha resposta...ou a ausência dela. Deixei que ele saísse na frente e segui para meu quarto. Quando desci, passando a mão pelo cabelo molhado, dois pratos estavam dispostos na mesa.
- Eu já ia ter o trabalho de fazer a minha janta mesmo.- Bakugou justificou-se rispidamente e eu tentei controlar meus batimentos.
- Valeu, de verdade.- agradeci, sentando na cadeira à sua esquerda.
- É só macarrão, garota.- ergueu uma sobrancelha, confuso e eu segurei a lágrima que ameaçou cair.
Queria que fosse.
O flashback praticamente infestou minha mente. Como se eu estivesse numa cozinha semelhante a essa, há quase um ano atrás...vivenciando outra das ridículas brigas que eu tinha com Yuri. Era rotina sair das sessões de quimioterapia do meu pai e ficar na casa dos Kayama. Midnight estava trabalhando naquela noite e Deus, como eu ouvi por pedir que ele fizesse a comida.
"Resolve alguma coisa sozinha alguma vez na sua vida."
"Toda vez é isso. Caralho, eu não sou seu pai."
Eu mal sabia ligar o fogão naquela época, meu pai sempre fez questão de preencher a lacuna que minha mãe deixou com sua morte. Todas as vezes que me oferecia para auxiliar, ele dizia que meu único serviço era estudar e aproveitar o chef que eu tinha ao meu dispor. Eu sentia muita falta dele. Procurar ajuda passou a ser um sinal de fraqueza a partir daquela discussão com Yuri...só o pensamento de depender de alguém era suficiente para me apavorar.
- Ficou ótimo, Katsuki.- elogiei, incapaz de tirar o estúpido sorriso do meu rosto.
Um vestígio de rubor ameaçou cobrir suas bochechas enquanto ele entreabria a boca para me responder.
- É Bakugou pra você.- vestiu o habitual semblante fechado e eu ri.
- Já te chamei pelo primeiro nome antes!
- Não chamou não.- contestou, enrolando mais macarrão no seu garfo.
- No dia que eu usei minha individualidade em você.- relembrei, cruzando as pernas - Sabe né? Quando te derrubei no gramado e a Midnight nos apagou segundos depois.
- Foi só porque me pegou de surpresa- bufou, virando a cara levemente- Na próxima, quem vai sentir o gosto da grama é você.- prometeu, agora esbanjando um sorriso letal.
- Mal posso esperar, Katsuki.- provoquei, recebendo um levantar de sobrancelhas em aviso.
Se não reclamou de novo, significa que posso usar Katsuki.
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Sexta chegou mais rápido do que antecipei e eu mal conseguia escutar o que Aizawa monotonamente explicava com os meus pensamentos tão longe da sala de aula. Aquela breve conversa no parque ecoava pela minha cabeça e nenhum conteúdo estava apto a competir pela minha atenção no momento.
Se eu dormir um pouco mais tarde, devo conseguir revisar essa matéria.
Eu tinha que dar uma resposta hoje...e ver Mirio significava correr o risco de esbarrar com Yuri no processo. As chances eram bem maiores do que durante o horário de aula, porém, não tinha muito o que fazer nesse caso. Minha decisão estava tomada.
Portanto, assim que o sino tocou, disparei para o corredor e comecei a procurar. Desci as escadas para checar o pátio, nada. Continuei pelo gramado e quase derrubei um dos alunos na pressa, pedi desculpas e prossegui para o refeitório dessa vez.
Achei! E nenhum sinal do Yuri.
Suspirei em alívio e desacelerei o passo, recuperando a compostura enquanto acenava para Nejire e Tamaki.
- Miranda! Eu ia ligar pra você agora mesmo.- Mirio me cumprimentou radiante- Já tem sua decisão?
- Sim.- afirmei, agitada e ele me encarou, esperando que eu completasse a frase- Quer dizer, a minha resposta é sim.
- Ah, que bom!- ele sorriu abertamente- A entrevista é amanhã de manhã, tudo bem por você?
- Sem problemas. Obrigada, viu?
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Nota da Autora:
não esqueça de votar e comentar, por favor <3
- Muitas cena do Bakugou e Miranda nesse cap, esses dois já estão quase amigos.
- Revelei um pouco mais da relação do Yuri com a Miranda também.
O que vocês acham que ela tem medo que o Yuri fale?
- Ah, ela aceitou a proposta do Mirio. No próximo eu esclareço isso melhor!
- Obrigada por lerem.
Tiktok: japadreams | Insta: japa_dreams
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