21
対
Bakugou balançou a cabeça em negação e me puxou para dentro num piscar de olhos, como fez da última vez que apareci na sua porta. Meu coração batia acelerado pela adrenalina, mas a sensação de segurança corria com a mesma velocidade pelo meu sangue.
Ele murmurava sobre as várias regras que quebrávamos e os riscos que assumíamos simplesmente parados no escuro do seu quarto. E naquele momento, o julgamento do Yuri era a coisa mais distante no meu mundo. Um riso baixo me escapou, rendendo um olhar indignado do Bakugou, e eu sentei no chão abraçando as minhas pernas.
- Do que diabos você tá rindo? Espero que tenha algo muito importante para me falar.- Katsuki se apoiou nos joelhos para sentar à minha frente.
- Eu só...precisava te ver.- admiti, minha voz sumindo pelo excesso de vulnerabilidade- Não sei quando vou receber a sentença do Kayama, se é que ele vai sofrer alguma punição, e a minha mente não desligava.
Todo e qualquer resquício de estresse sumiu dos traços de Katsuki, me deixando ansiosa por outro tipo de afeto. Quando a sua fisionomia estava relaxava, ficava praticamente impossível resistir a ele. Lutei contra a vontade esconder o meu rosto, agora consciente do quão próximos estávamos e aguardei sua resposta num silêncio ensurdecedor.
- E como eu consigo te ajudar?- indagou sem jeito e eu quase derreti pelo carinho velado.
- Te escutar já me acalmou bastante, então obrigada por me deixar entrar.
Katsuki não quebrou o contato visual e tentei controlar a minha respiração conforme ele inclinava o tronco na minha direção. Bakugou só arrumou uma mecha do meu cabelo e conseguiu me desmontar por completo. Eu to perdida mesmo. Levei os dedos até a sua mandíbula, abaixando minhas pernas para cortar a distância entre nós.
- O Aizawa já vai me matar, então vou fazer por valer.- Bakugou soltou e eu fechei os olhos por instinto.
Não demorou para que me beijasse, mesclando cuidado com intensidade. A maneira que ele me tratava a sós destoava completamente do que mostrava aos outros. Katsuki era bom em ditar um ritmo para cada situação e às vezes eu esquecia que era a única garota que ele já beijou.
Queria que ele fosse o meu também.
Afaguei os fios dourados, aproveitando o silêncio que reinava na minha cabeça, e Bakugou se manteve numa espécie de abraço depois que separamos nossas bocas. Arregalei os olhos em surpresa e inalei o aroma suave de bambu que sobressaia em seu casaco. Enfrentamos vilões juntos e cheguei até a desmaiar na sua frente, mas era a primeira vez que ele me abraçava.
- Mesmo se aquele canalha for absolvido, ele nunca mais vai encostar em você.- Katsuki afirmou resoluto, deitando-me na curva do seu ombro- A minha garota não leva desaforo de ninguém.
- A sua garota? Fala de novo pra eu ver se escutei certo.- provoquei, dando um selinho no seu pescoço e ele movimentou a garganta.
- Você vai é dormir.- Bakugou ruborizou, se afastando desconcertado- Na sua cama!
- Tá bom.- levantei com um sorriso- Boa noite, Katsuki.
対
Katsuki sentou na cadeira do meu lado no café, me deixando tão desnorteada que não escutei nada que discutiam na mesa. Me lembrava do seu gosto na minha boca toda vez que cruzávamos olhares e quase conseguia sentir o abraço que recebi ontem. Balancei a cabeça para dispersar os pensamentos. Faltavam 48 horas para as avaliações e agora eu caminhava pelos corredores da U.A com as anotações do Midoriya em mãos. Estava travada num problema de física quântica, os cálculos não eram o meu forte, e pisei em falso por distração.
- Fujiwara- Todoroki me segurou antes que eu desse de cara no chão- Tá calor...por que você tá carregando esse blazer?
- Peguei emprestado do Aizawa ontem, aí vim devolver.- recuperei o fôlego do susto, me desvencilhando dele- Obrigada por não me deixar cair.
- Faz sentido, ficou grande demais em você.- Todoroki concluiu, sereno- Quer que eu te espere?
- Não, tá tranquilo.- dispensou com um aceno- Já já chego na aula.
Todoroki assentiu e eu entrei no escritório; Aizawa estava com a caneca que dei de presente. Eraser demorou alguns segundos pra tirar os olhos do computador e o nervoso embrulhou meu estômago. Amanheci remoendo os argumentos do Katsuki sobre os riscos de sermos expulsos e estar com Aizawa fez com que a minha consciência pesasse em dobro.
Agora já passou, basta não repetir. Cocei a garganta e estendi o blazer sobre a cadeira, Aizawa apenas sinalizou para que eu sentasse.
- Bom dia, Fujiwara.- disse grave- Como está se sentindo? Espero que tenha dormido bem.
Sim, depois de invadir o quarto do Katsuki.
- Bom dia...até que sim.- respondi seca, tentando não me enrolar nas mentiras- Acordei mais preocupada com as provas do que o veredito do Yuri.
- Isso é ótimo.- declarou com as sobrancelhas erguidas- Estou sempre aqui, seja para conversar ou oferecer um ombro pra chorar.
- Eu sei, você é o meu abrigo na tempestade.- sorri com o coração apertado e levantei, Aizawa me fitou com ternura- Vou indo, quero revisar uns conteúdos antes que a aula comece.
O meu padrinho assentiu e ao sair, prometi que focaria no que estava ao meu alcance: passar nas avaliações. Iida marcou uma sessão de estudos antes do jantar, o treino com a Mirko seria logo depois. Não sobraria tempo pra que o Yuri me assombrasse.
対
Ou foi o que pensei. Em 20 dias, o ritmo da minha vida acelerou bastante, mas não fui capaz de silenciar a agonia na espera pelo veredito. No meio disso, Mineta foi suspenso por 5 dias e a diretoria organizou uma palestra educativa sobre assédio para todos os alunos. Foi uma experiência bem desconfortável...e necessária ao mesmo tempo.
Toda a turma parecia funcionar num ritmo diferente em vista dos últimos eventos, estávamos mais unidos e absorvíamos o melhor dos combates que tivemos contra os vilões.
Com o fim das provas, eu pude me dedicar de corpo e alma aos treinos com a Mirko e finalmente me entendi com a nova arma. A corrente que Hawks me deu supria as necessidades no ataque a média distância, sendo mais bruta que o meu bastão em combate. No entanto, ela deixava uma lacuna na defesa e Bakugou não aliviava nas críticas construtivas. Chegava a ser meio engraçado o quão rápido saíamos de beijos para análises técnicas dos golpes trocados.
A essa altura, nenhum dos comentários do Katsuki feria o meu ego. Graças ao excesso de convivência, eu conseguia enxergar que as intenções dele eram boas e sentia que estávamos cada vez mais perto de achar uma forma de combinar as nossas individualidades. Também passamos a estudar libras juntos, Bakugou quase perdeu a cabeça quando eu roubei audição dele por tempo demais e o meu ouvido sangrou.
Quanto ao meu caso na justiça, na última quinta-feira, o Juiz convocou uma nova sessão e Yuri foi condenado a cumprir 5 anos dentro de um reformatório. Foi acordado que Kayama teria que prestar serviços comunitários depois da pena e frequentar um psiquiatra até receber alta. Com a prisão oficial dele, eu finalmente experimentei um gostinho de liberdade.
As coisas pareciam boas demais para serem verdade, nem mesmo sentia vontade de comer chocolate. E por mais que não me orgulhasse, escapar pra ver o Katsuki de madrugada era a minha parte favorita do dia.
Foi mal Aizawa, invadir o dormitório dele é um erro muito difícil de não repetir.
Os meus sentimentos cresciam intensamente e eu estava começando a me assustar, pois um pedaço de mim sempre procurava motivos para que tudo desmoronasse. Não queria perder o que tínhamos e mesmo que Katsuki não me desse indícios de ir embora, eu ainda esperava a decepção. Yuri fez com que a minha vida se resumisse a sobreviver ao trauma que ele instalou.
Ontem o Bakugou me deixou fazer um esboço dele e eu não me lembrava mais de quando desenhei por diversão. Nisso, eu contei que usava o desenho para extravasar fora dos treinos, como maneira de lidar com as crises. Katsuki me escutou atentamente e acabamos a noite rindo da sua obsessão com higiene bucal.
Era como se eu estivesse aprendendo a andar de novo e eu não tenho ideia do que aconteceria comigo sem uma rede de apoio tão boa. Midoriya estava mais presente do que nunca e eu conversava bastante com o Mirio, nos entendíamos bem...ele foi um dos mais conviveu com Yuri nos últimos anos.
Não há sensação pior do que se sentir traído por alguém que você confiava. A reflexão me levou até Izuku e a mentira que crescia, como uma grande bola de neve. Larguei o celular na cama e voei em direção à sala. Denki. Sero e Mina estavam assistindo televisão quando os interrompi.
- Vocês viram o Midoriya, gente?- vasculhei o ambiente e eles apontaram pra cozinha- Valeu.
- Ah você parece ocupado.- me acovardei, o coração faltava sair pela boca.
Merda, eu tenho que parar de fugir.
- Não, só tava terminando essa louça.- Izuku pegou o pano para secar as mãos- Pode falar.
Respirei fundo e fechei a porta para garantir que ninguém nos escutava. Midoriya percebeu que parecia ser um tópico mais sério, então sugeriu que fossemos dar uma volta. Concordei e demos uma caminhada razoável até eu reunir coragem para contar de uma vez.
- Faz tempo que to guardando algo importante de você. Eu só...não consegui depois que viramos amigos. Você acabou se tornando mais importante do que eu esperava. E sendo sincera, eu vim apagando incêndio atrás de incêndio desde o meu primeiro dia aqui.
Não é hora pra ficar dando desculpa, mas realmente foi uma montanha russa de emoções.
Em um semestre, superei as minhas diferenças com o Bakugou, enfrentei o Yuri, lidei com o sequestro da Eri, perdi o Sir Nighteye e tive o Shigaraki interessado na minha individualidade.
- Isso não tem nada a ver com a Liga dos Vilões, certo?- Izuku quis confirmar, engolindo em seco.
- Não.- dei risada, aliviada que as noticias eram melhores que essa.
- Bom, seja o que for, tenho certeza que não vai afetar a maneira que te vejo. Eu não me engano sobre o caráter das pessoas.- Midoriya assegurou, sorrindo de modo sereno.
- Você é gentil demais.- franzi a testa, tensa- O que eu tenho para contar envolve a sua história. A nossa. Você foi um dos motivos de eu ter entrado na U.A- o meu coração apertou- Na noite que o meu pai faleceu, ele revelou que tinha um filho com outra mulher. Você...Izuku. Foi demais para mim e tudo o que eu consegui fazer foi correr. Eu o deixei pra morrer sozinho. E passei todos os dias desde então culpada com o quanto o amava, para aceitar que uma das pessoas mais importantes da minha vida foi capaz de causar tanto sofrimento. De abandonar um bebê enquanto só faltava estender um tapete vermelho para mim.
Não consegui sentir raiva do meu pai, a saudade era o único sentimento que me preenchia ao lembrar dele.
- Eu não sei como me sentir, desculpa- Midoriya passou o dorso para limpar as lágrimas, que inundavam os olhos esverdeados que dividíamos- Por um lado, eu to feliz por ter você como irmã...mas não consigo entender porque ele não me procurou. Minha mãe é incrível, mas eu convivi com o peso dessa rejeição a minha vida inteira.
- O papai errou muito com você e carregou esse arrependimento até o túmulo. Ele disse que acompanhava seus passos de longe, o último pedido dele foi que eu te conhecesse. Quando fui morar com o Aizawa, a situação com o Yuri ainda consumia toda a minha sanidade e eu não tinha condição de revirar essa história. Mas você tornou tudo tão fácil pra mim quando nos encontramos que eu me culpo por ter perdido tanto tempo longe de você.
Izuku vestia uma expressão tortuosa enquanto processava as informações que despejei nele e a ansiedade começou a me corroer. Uma tempestade de pensamentos negativos argumentavam que eu teria sorte se ele sequer olhasse na minha cara depois disso. Respirar ficou difícil e quando pensei que fosse ter uma crise, Midoriya me envolveu num abraço apertado.
対
Bakugou
Olhei para o céu e praguejei as nuvens escuras que se aglomeravam, tá com uma puta cara de temporal. Pelo menos, a Miranda fica até mais tarde em noites de chuva. Ergui as sobrancelhas com o pensamento e o Kirishima me cutucou do nada.
- Bakubro, o que tá pegando ali?- Kirishima apontou, boquiaberto- A Miranda e o Midoriya não tão tipo...muito perto?!
- Eu sei lá, cabelo de merda.- cuspi a resposta com o batimento acelerado.
Miranda estava completamente enrolada nos braços do Deku e a minha vontade era arrebentar a cara dele, mas isso parecia algo que o imbecil do Kayama faria. Cerrei os punhos e fingi não me importar ao atravessar os dois. Me arrependi no mesmo segundo que vi o nariz dela avermelhado pelo choro, não tinha nada que eu odiasse mais do que vê-la chorando.
対
Nota da Autora:
não esqueça de votar e comentar, por favor <3
- Que saudadeee, falei que não ia abandonar hein? Rolou muita coisa nesse último semestre, inclusive outro lançamento, com 3 músicas de uma vez só! "Freedom" que deixei no capítulo pra você, "Die Alone" a nossa faixa título e "Make Me Sick", minha queridinha. Um beijo em cada um que escutar e apoiar essa artista independente.
- Youtube & Spotify (todas as plataformas musicais): Amanda Hikague
- O Izuku é na verdade, irmão da nossa Mirandinha! Yuri finalmente tá em cana, Mineta foi suspenso e o Bakugou pegou a cena completamente fora de contexto, será que vem barraco?
Tiktok: japadreams | Insta: japa_dreams
link da playlist da fic na bio
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top