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RESUMO: Yuri invadiu o quarto da Miranda assim que ela voltou do acampamento, Kayama teve uma crise de ciúmes por conta do Bakugou e a discussão acabou trazendo memórias ruins à tona. Revelando que ele tentou se aproveitar dela na noite que perdeu seu pai faleceu. Por sorte, quando Hawks a salvou do assalto, ele também ligou para Aizawa. Seu padrinho a ajudou com o namorado abusivo e a lembrança fez com que quisesse terminar, mas Yuri não aceitou.

winner - conan gray detalha tudo o que ela tá sentindo (música com tradução anexada na capa, para quem quiser assistir)


- Foi o puto do Bakugou, não foi?

- Não sei porque ainda tento ter uma conversa com você.- murmurei esgotada- Acredite no que quiser, só quero você fora da minha vida.

- Vai se arrepender disso, Miranda. Não vai encontrar alguém como eu...você.- Kayama se aproximou em desespero.

A frase me enfureceu o suficiente para estourar com ele.

- Alguém que não me traia? Ou deixa eu adivinhar, alguém que me pague um jantar! Todas as coisas que você sempre se orgulhou em fazer não passam do básico, Yuri. Eu só era muito cega para ver que você não me acrescentava em nada.

- Isso não é verdade.- Yuri se apressou a negar e eu cerrei os punhos.

- Cala a boca, eu não acabei.- cortei, o sangue fervendo- Não me importa o quanto os seus pais te traumatizaram com o divórcio, você não tinha o direito de descontar isso em mim.

- Não se faça de vítima.- Kayama engrossou o tom- Ficou esse tempo todo comigo porque quis...porque no fundo você sabe que ninguém vai te aceitar se descobrirem sobre o seu pai.

As palavras reverberam pelos meus ossos, como uma promessa de que tudo o que construi na U.A desmoronaria no instante que a história vazasse. Conseguia visualizar a decepção no rosto dos meus amigos e os meus batimentos aceleraram conforme Yuri intensificava o contato visual, satisfeito em me desestabilizar.

- Ainda quero terminar.- me forcei a dizer, segurando o choro- Sai do meu quarto.

- Pensa direito, Mira.- Yuri apelou, abusando da superioridade que eu tanto odiava- Dá pra passar por cima disso, eu posso perdoar o seu deslize com o Bakugou se me recompensar.

- Vai se foder.- silabei, fechando o semblante.

- Que boca suja, Mira.- Yuri agarrou meu pulso e eu fugi do seu toque, recebendo um tapa logo em seguida- Essa escola é uma péssima influência para você.

- Não encosta em mim!- bradei, sentindo o ardor se alastrar pela minha bochecha- Qual é o seu problema, caralho?

- Você é um filho da puta!- Bakugou irrompeu pela porta como um maldito furacão- Eu vou me divertir arrebentando a sua cara!

Ele veio me ajudar?!

- É claro que você apareceria.- Yuri riu, passando a mão pelo cabelo num sinal de estresse- Com ameaças ainda por cima...parece um animal.

- Eu to pouco me fodendo pro que você pensa, seu merda!- Bakugou jogou Kayama na direção da minha escrivaninha e o estrondo dos livros caindo ecoou pelo alojamento.

Ok...isso foi satisfatório.

- Gostou tanto assim de pegar a minha namorada?- Yuri levantou, pisando nos materiais espalhados no caminho- Cuidado, ela vai acabar te trocando no final também.

- De que porra você tá falando?- Katsuki fez careta e eu quis me enfiar num buraco- Essa é a sua chance de socar o imbecil, Miranda.

A ideia era tentadora, porém, meu corpo não se movia. Que patético. Bakugou estalou a língua em irritação e ergueu as palmas, pronto para explodir o cômodo inteiro. Observei meus livros pisoteados e percebi que era uma ótima representação da minha dignidade.

- Chega, Bakugou.- Aizawa apagou a individualidade de Katsuki no corredor, que soltou um xingamento em resposta- Você vem comigo, Kayama.






Bakugou

Eu estava subindo as escadas quando escutei a discussão e a curiosidade me venceu. Já fazem alguns minutos desde que empurrei aquele babaca e meus pensamentos ainda eram consumidos pela raiva, sem entender o que me levou a arrombar uma porta para defender alguém que se provou mais do que capaz de se cuidar sozinha.

Gostaria de colocar a culpa naquele infeliz, mas no fundo eu sabia que interferi por ela.

- Devia ter feito alguma coisa, garota!- esbravejei, catando os livros no chão por impulso- Isso foi ridículo, tenho vergonha de algum dia já ter perdido pra você.

Caralho, não era o que eu queria dizer.

Por que estou tão frustrado com isso?!

- Você acha que eu não sei?!- Miranda respondeu na mesma intensidade- Eu queria ter resolvido, mas é muito mais complicado do que você pensa.

E eu tenho muitas perguntas!

- Do que você tem tanto medo, hein?- devolvi os materiais para a escrivaninha.

Um silêncio desconfortável se instalou e eu acabei observando as imagens penduradas, repentinamente consciente de que era a primeira vez que eu entrava no quarto dela. Miranda era bem minimalista, aproveitava os móveis instalados e dispensava decoração além dos desenhos expostos.

Ela até que leva jeito com arte.

- Já disse...é complicado.- Miranda respondeu enfim.

Eu não vou implorar para me contar também.

Girei os calcanhares para estabelecer contato visual e não encontrei nenhum vestígio da determinação que me impressionou no exame da licença provisória. Cerrei a mandíbula numa tentativa de controlar minha língua e decidi ir embora antes que eu explodisse com ela.

- Vou nessa, garota.- saí, colocando as mãos no bolso.






Miranda

Era muito para processar. Yuri seria expulso da U.A...e no pior dos casos, responderia criminalmente pelo o que fez comigo. Não conseguia nem me ressentir por ter sido salva pelo Bakugou novamente. Aizawa tinha evidências para sustentar a queixa, ele instalou uma câmera com áudio no meu quarto enquanto eu estava fora. Parte de mim questionava se o treinamento com Hawks foi uma desculpa para colocar o plano em ação.

Ter a liga dos vilões interessada em mim parece distante agora.

Não consigo nem me ajudar, por que alguém se daria ao trabalho?

- Eu avisei que não ia assistir calado.- Aizawa cruzou os braços, irredutível- Que fique claro, envolvi somente os seus amigos mais próximos e o Yuri não falou sobre o seu pai com ninguém.

Midoriya, Kirishima, Mirio e Todoroki...ele até que era bem observador.

- Se esqueceu do porque me colocou com o Bakugou? Eu sei quando depender dos outros.- rebati, irritada demais para considerar seus sentimentos- Devia ter me deixado resolver isso.

- Não pode me culpar por me preocupar. Você sabe o valor do trabalho em equipe quando está salvando outras pessoas...com os seus problemas, você não deixa ninguém te socorrer.

Aizawa tinha razão: Yuri me fez odiar qualquer forma de vulnerabilidade. Eu fiquei obcecada por independência depois do término,  associando ajuda à fraqueza. Ainda assim, ser exposta era humilhante demais; dedilhei o inchado na minha bochecha com descrença e acabei envolta nos braços do meu padrinho.

- Só porque ficou mais forte não significa que você tem que lidar com tudo sozinha.- Eraser suspirou e as lágrimas que restringi caíram sem controle- Estou sempre aqui para você, Miranda.

- Me sinto idiota por ter demorado tanto pra terminar com ele.- confessei envergonhada, Aizawa afagou meu cabelo com carinho- Sinto que falhei com você.

- Você nunca falhou comigo, Miranda.- assenti, acalmando minha respiração- Não se cobre demais...você só tem 15 anos.

- Dormiu mesmo no quarto do Bakugou?- Aizawa coçou a garganta, incomodado e eu me desvencilhei do abraço.

- Sim, eu tava tendo uma crise de ansiedade por causa da chuva.- expliquei devagar- O Bakugou abriu a porta para mim...conversamos sobre heróis até tarde e eu apaguei na mesa dele.

- Então era isso que ele tentou me dizer quando chamei vocês no meu escritório.- Eraser balançou a cabeça em negação- Pois saiba que essa é a primeira e única vez que vou fazer vista grossa numa situação dessas.

- Obrigada.- agradeci com um sorriso fraco- Por tudo.






Durante a semana seguinte, recebi muitas visitas; as notícias se espalhavam rápido na U.A. A maioria me direcionava olhares de pena ou tentava arrancar mais informações sobre o término que rendeu uma expulsão. Minha mente estava sobrecarregada e honestamente, eu não sabia como me sentir. Descontei meus sentimentos em comida e acabei com uma cartela de anti- alérgico em quatro dias.

Kirishima vivia soltando frases motivacionais, Todoroki começou a puxar assuntos aleatórios nas refeições e Denki me convidava para jogar video game com o Sero. As meninas sempre se mostravam prestativas, querendo me liberar das atividades domésticas ou me ajudar com a lição de casa. Ninguém mais tocou no nome do Yuri dentro do alojamento.

Midoriya foi o único que realmente perguntou como eu estava e foi tão gentil que acabei desabafando, ele me procurava todo dia desde então. Bakugou e eu continuamos treinando juntos, mas as coisas estavam estranhas desde a conversa que tivemos no meu quarto. Kayama encheu meu celular com mensagens e ligações, bloqueei o seu número no segundo dia.

Assistir Mirio se culpar por não ter percebido quem o Yuri era foi uma das piores partes...todos pareciam arrependidos de ter caído na encenação de Kayama, mas eles foram amigos por anos. Togata chegou a dizer que não merecia recuperar sua individualidade e nesse momento, conclui que não me importava com o que acontecesse com o Yuri, ele merecia tudo e mais um pouco.

Porque, mesmo que eu ganhasse o processo judicial, ele ainda sairia como vencedor. Por todas as amizades que deixei de fazer, as noites mal dormidas e o medo que instalou no meu coração. Detestava brincar de culpado...mas ele era a origem de todas as minhas inseguranças. Enxuguei o suor na testa e prometi que me esforçaria mais no treino de amanhã. Peguei a garrafa térmica no gramado, sem pressa ao refazer o caminho do dormitório. Katsuki já estava bem a frente quando Midnight chamou meu nome e tive que recuar alguns passos.

- Miranda, eu sinto muito.- Midnight me fitou lacrimejando, o retrato do arrependimento- Devia ter prestado mais atenção nele...em vocês. Largava vocês naquela casa e saia para trabalhar.

- Tudo bem, você não tinha como saber.- tentei amenizar sua culpa.

- Mas devia, eu era responsável por vocês.- ela me abraçou desajeitadamente- Você vai prosseguir com a denúncia?

- Eu não sei.- disse sincera- Provavelmente sim.

- Miranda...o que ele fez com você não tem desculpa.- Midnight começou hesitante, meu coração errou as batidas- Porém, um escândalo desses vai enterrar qualquer chance de futuro dele. Você pode reconsiderar a denúncia, por favor?

Ele quase enterrou o meu futuro.

- Não faça isso com ela, Nemuri.- Aizawa surgiu em minha defesa e eu arregalei os olhos em surpresa- Yuri tem idade o suficiente para enfrentar as consequências dos seus atos.

- Podemos conversar, Shouta?- Midnight também usou seu primeiro nome- Desculpe por ter te pedido isso, Miranda.

Era em momentos como esse que eu entendia o impulso que Bakugou tinha de xingar todo mundo. Franzi o lábio, ressentida e deixei que resolvessem suas diferenças sozinhos. Na manhã seguinte, pedi que Aizawa solicitasse uma medida protetiva contra o Yuri.





Aizawa anunciou a data do festival cultural anteontem, um evento anual onde todos os alunos preparam espetáculos, trabalham em barracas de comida ou organizam concursos. Momou obviamente foi escalada para o concurso de beleza e o resto da turma debatia sobre qual seria a nossa apresentação. No final, escolheram fazer um show musical e passaram horas insistindo para o Bakugou ser o baterista.

Katsuki negou várias vezes, mas não aguentou escutar que não era bom o suficiente na bateria e acabou se exibindo para provar seu ponto. Depois disso, ele não conseguiu mais escapar da banda.

Mina ficou encarregada de criar uma coreografia e eu me apressei a dizer que auxiliaria nos bastidores, cuidando da parte técnica com Kirishima. Assistir aos ensaios era uma boa distração, Jirou tinha uma voz incrível, Momou era habilidosa com o teclado e Tokoyami segurava o ritmo com Denki nos instrumentos de corda.

- Ainda não acredito que você toca bateria.- murmurei com um leve sorriso.

- Por que está tão surpresa?!- Bakugou questionou, ofendido- Eu sou bom em tudo!

- Achei inesperado, Katsuki.- levantei uma sobrancelha.

- Turma, quero que deem o seu melhor! Principalmente você, Bakugou.- Iida apontou para o loiro com seriedade- Essa é a oportunidade para remendar nossa imagem com os outros alunos.

- Por que estão tão desesperados para que gostem de vocês? Não temos culpa que fomos atacados por vilões, eu estou aqui para lutar!- Katsuki rebateu prontamente.

- Ele tem razão.- admiti em voz alta.

- Não preciso que você venha me defender.- Bakugou virou para mim, desconcertado

- Eu não te defendi- sorri com diversão- Apenas concordei com a sua opinião, Katsuki.

- Tanto faz, garota!- anunciou, dando as costas.

Voltamos ao normal.

Midoriya estava animado para mostrar o resultado para Eri, ele passou as últimas horas detalhando como a faria sorrir e eu percebi que era a primeira vez que eu estava genuinamente feliz desde a expulsão do Yuri. Tinha a liberdade para ser quem eu quisesse ser e usaria cada segundo ao meu favor a partir de agora.







Nota da Autora:

não esqueça de votar e comentar, por favor <3


- Miranda finalmente terminou com o Yuri e tivemos o Bakugou mais uma vez de cavalheiro dourado. Jamais reclamem de mim! Yuri vai sofrer as consequências do que ele fez.

- A Miranda se recuperou razoavelmente rápido porque já sofreu o "luto" desse relacionamento antes, mas ainda tem cicatrizes profundas e dificilmente confia nos outros. Cada um reage de um jeito...sejam gentis com quem demorar mais para lidar com os danos.

- Espero que tenham gostado. Fiquei muito feliz com as 20 mil leituras na fanfic, amo vocês!

Tiktok: japadreams | Insta: japa_dreams

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