Wonderland

Sinopse: Não entendo o porquê de ter acabado por perseguir um coelho que usava um paletó e corria como se estivesse atrasado para algum lugar. Também não entendo o porquê de ter me distraído e caído em um buraco que me levou à um mundo muito estranho.E entendo menos ainda o porquê de ter me apaixonado tanto por um garoto-gato daquele sonho bobo.

(N/A: Bolinhos, primeiramente quero de coração agradecer a @nichu que fez a nossa maravilhosa capa *-* você é um anjo, bb, thanks sz. Vcs notaram as orelhinhas na cabeça do Jimin?? *-*, enfim. E queria agradecer a @Kimminyoongi por ter betado esse capítulo, sua lindaaa, obrigada szszszE bolinhos, essa daqui é uma releitura de Alice no país das Maravilhas galerooo, uma adaptação do desenho de 1951, amei escrever isso, não fazem ideia. Mas, antes de tudo preciso avisar umas coisas à vocês: Olhem, não quero que se importem com as atitudes rápidas e pouco pensadas do Jungkook. Lembrando que isso daqui é uma ficção, nada condiz com a realidade em si, então apenas aproveitem a estória. Boa leitura!!!)


Chapter 1

Bem, o dia havia sido uma merda. Realmente, eu não conseguia encontrar nada que pudesse ser capaz de me animar naquele momento. Estava estressado, triste, tudo o que me impedia de sorrir no momento. Estava à caminho de casa, onde provavelmente iria ficar um pouco melhor, mas mesmo assim, eu só desejava dormir e apenas acordar quando aquilo tivesse acabado.

Bom, em resumo, meu dia havia sido complicadíssimo, exatamente porque o meu chefe havia me demitido, apenas porque encontrou alguém que podia me substituir por ser bem melhor na área. E estava tudo bem nisso se não fosse a forma ignorante de como ele havia dito que eu não fazia mais parte da corporação.

Estava realmente triste naquele dia em si. Não conseguia ver nada pudesse me fazer sorrir. Mas, mesmo que não estivesse tudo acabado, até pensei em ir comer em um fast-food, porque eu estava com fome, apesar de triste.

Andar pelas ruas de Seoul movimentadas enquanto sentia lágrimas quererem se formar em meus olhos era doloroso, mas prontamente não permiti que aquilo acontecesse, afinal, eu não era tão fraco assim, porém, despedidas sempre foram meu ponto fraco.

Via as pessoas sorrindo, felizes com qualquer coisa e basicamente me sentia inferior, porque era como se eu não fosse o suficiente para ser feliz daquele jeito. Mas, mesmo assim, ergui a cabeça e logo comecei a imaginar outras mais possibilidades que me fossem vantajosas, tais como mandar o meu currículo para outra empresa até ser aceito. E era exatamente isso que eu faria quando chegasse em casa.

E, pensando nisso, acabei tendo a ideia de passar a tarde no shopping que eu mais gostava. Afinal, eu precisava esfriar a minha cabeça, ou ela certamente explodiria em dores.

Peguei o primeiro ônibus que sabia que me deixaria bem próximo do shopping e peguei meu celular, conectando os fones e prestei atenção nas letras das minhas músicas favoritas. Elas eram um tanto quanto tristes, mas eu nunca deixei que a melodia triste me atingisse, todavia, naquele momento, parecia perfeito para que eu me afundasse naquilo. Mas, eu não estava realmente triste, na realidade, eu estava tentando não ficar e estava me saindo bem.

Respirei fundo e encostei minha têmpora direita na janela do ônibus, vendo os carros indo vindo e vindo e comecei a pensar na vida, como de costume. Pensar que eu não ia mais trabalhar naquela corporação me deixava chateado, porque eu tinha alguns amigos lá, mas apesar de tudo, eu nunca senti raiva da pessoa que estava me substituindo. Era claro, era apenas o mundo corporativo agindo e eu fui uma vítima fácil.

Quando o ônibus estava aproximando-se do meu ponto, eu prontamente me levantei, quase deixando o celular cair no chão, mas o fone o segurou. Apertei o botão que solicitava a parada do veículo e esperei até que ele parasse no ponto. Assim que parou, as portas se abriram e eu desci, sem me preocupar com nada, afinal, aquele shopping fazia parte da minha vida e eu não queria levar quaisquer decepções para lá.

Enchi meus pulmões com ar e adentrei o local. As pessoas iam e vinham, era um shopping bastante conhecido e famoso na região. Andei uma boa parte, ainda ouvindo músicas, mas já não prestava atenção nas mesmas que eram tristes.

Quando cheguei na praça de alimentação respirei aquele ar repleto de cheiros dos diversos fast-foods que ali havia e me senti confuso em qual deles escolher, mas acabei deixando-me guiar até um qualquer. Comprei dois hambúrgueres e me contentei comendo-os, bem devagar, procurando não deixar que aquela situação me controlasse. No caso, a vontade avassaladora de chorar.

Assim que terminei de comer, levei minha bandeja até o lugar onde a deixaria e andei um pouco pelo shopping, prestando atenção nas coisas que me agradava naquele lugar. Uma delas, era principalmente a iluminação que era sempre tão nítida e agradavelmente amarelada. Eu gostava, me sentia bem.

Mas, não fiquei muito tempo por lá, por mais que eu gostasse, eu precisava voltar para casa e tomar um relaxante banho quente para não deixar que as impurezas daquele dia me atingissem mais. Estava farto, não queria mais que aquilo me perturbasse tanto, porque, afinal, não havia sido nada demais. Eu certamente conseguiria outro emprego depois.

Foi pensando nisso que deixei o shopping e caminhei até o ponto onde pegaria o ônibus que me deixaria bem próximo da minha casa. O ônibus não havia demorado tanto para chegar e, mesmo porque, eu não contei os minutos por estar aéreo demais naquele momento.

E enquanto estava sentado em um dos bancos, eu observava da janela o movimento do lado de fora do veículo. A cidade era tão bonita de noite... Porém, continuei a tentar espantar quaisquer pensamentos que me deixasse chateado, focando em esquecer logo aquilo.

No entanto, a falta de experiência nesse assunto me deixava cada vez mais desconfortável com a situação.

Mas, assim que desci do ônibus, não demorou muito para avistar a minha casa no final da rua. Era uma rua longa, mas não demorava a chegar até lá. No entanto, enquanto eu andava por ali, não sei se estava ficando louco, ou o que, mas eu jurei ter visto de relance um animal qualquer saltitando pelos arbustos que não eram de verdade.

Me senti na obrigação de olhar melhor e foi isso que eu fiz; mas, como eu já imaginava, não tinha nada ali. Me senti uma pessoa esquizofrênica, porque afinal, onde já se viu encontrar animais selvagens em um bairro nobre em Seoul?

Suspirei e andei mais depressa, mas, mesmo assim, consegui ver um coelho branco correndo pelos arbustos. Esse não era o pior, mas sim que ele usava um paletó e um relógio de bolso, antigo demais. Eu estava ficando louco, era a minha única hipótese.

Porém, cogitei a ideia de correr atrás dele e descobrir o porquê de ser tão misterioso, afinal, era um coelho de paletó e relógio de bolso de época, eu não podia deixar isso passar, mesmo que minha mente me alertasse que era apenas fruto da minha imaginação.

Corri para o meio dos arbustos, vendo-me em uma espécie de quintal com direito a gramado e tudo, até tinha uma árvore ali, o que não me surpreendeu. Era provavelmente o quintal da vizinha amante da natureza e tinha nos fundos de sua casa uma área repleta de flores junto a duas árvores.

Mas aquilo não me interessava, eu precisava seguir aquele coelho branco que usava um estranho paletó. E, quando o deixei quase que sem saída, encurralado em uma árvore qualquer, aproximei-me e vi que ele era peculiar, usava um óculos na ponta do nariz. Eu ri, mas não deu-me tempo para mais nada, apenas correu para trás da árvore e sumiu.

Franzi o cenho e corri para trás da árvore, sem entender nada; mas assim que contemplei aquele buraco no chão, que fazia parte daquela árvore, tive a certeza que não havia jeito, eu havia perdido o coelho branco para sempre.

Mas então, uma estranha curiosidade me bateu, eu precisava olhar mais de perto aquele buraco, porque não parecia ser uma simples toca de coelho, era muito mais profundo e misterioso. Aproximei-me ainda mais, ajoelhado no chão e incline meu corpo para frente.

– Olá? – Chamei um pouco alto, ouvindo a minha voz ser ecoada diversas vezes e então, notei que era bem profundo. Mas, quando percebi aquilo, aproximei-me ainda mais, fazendo minhas mãos escorregarem pela terra, que simplesmente cedeu ao meu peso, me derrubando dentro do buraco.

Eu sentia meu corpo cair bem rápido ali para dentro, era desesperador, tentei gritar por ajuda, mas minha voz não saia, apenas podia sentir a queda livre e via algumas imagens de coisas aleatórias, improváveis de estarem ali, um exemplo: um piano que tocava sozinho, assim como xícaras que conversavam entre si, relógios falantes, e eu percebi que era apenas um sonho bobo.

Até que, após ter sentido o meu corpo cair rápido, a velocidade foi diminuindo e pensei que o chão estivesse se aproximando cada vez mais, fazendo-me ficar desesperado, porque, apesar de ser apenas um sonho, eu conseguia sentir o meu estômago congelar por completo. Mas eu imaginava que, antes mesmo de tocar o chão eu acordaria, pois já tive inúmeros sonhos desta forma.

Consegui ver meu reflexo em um espelho na parede e a velocidade a qual eu caia diminuiu tão bruscamente que até estranhei; eu estava quase parado no ar, flutuando, vendo meu reflexo. Meu cabelo estava todo bagunçado pela queda, junto ao meu rosto tranquilo, porque eu estava ciente daquele sonho.

E então, após aquilo, senti meu corpo cair na velocidade normal, como se tivesse chegado ao final e finalmente cai no chão. Mas, pelo contrário do que imaginava, eu sequer havia me machucado, estava tudo bem.

Olhei ao redor e estava dentro de uma sala estranha, com uma mesa bem ao centro da mesma. Franzi o cenho, mas mesmo assim, andei até a mesma. Em cima dela, havia um frasco com uma bebida que mais parecia suco de maçãs. Havia uma frase amarrada à garrafa, e ela era: beba-me. Eu não era louco de beber algo completamente estranho daquela forma, ainda mais quando eu estava dentro de um simples e bobo sonho.

Ah, mas era isso! Eu estava dentro de um sonho bobo, eu podia qualquer coisa, não?

– Olá? – Ouvi uma voz grossa dizer e levei um susto, procurando pelo dono da voz, enquanto segurava a garrafinha bonitinha. – Aqui embaixo! – A voz guiou meus olhos até a mesma, e notei que mais abaixo havia uma porta, que estava falando. Estava falando comigo. – O que faz com essa garrafa em mãos, garoto? – A porta me perguntou.

– E-eu... – Eu não sabia o que dizer. Era uma porta que estava falando comigo. – Eu não sei...

– Essa é boa. Bem, antes de tudo, você leu o que está escrito na garrafa? – Me perguntei e eu assenti, com muita vergonha, pois aquele era o sonho mais estranho que eu já tive. – Então, o que veio fazer aqui?

– Eu vim procurar pelo coelho branco! – Respondi prontamente, como se fosse a minha maior missão naquela vida. – Você poderia me ajudar? – Perguntei, crente de que ele fosse me ajudar.

– Ah sim, eu sei quem é. Ele está aqui, atrás de mim. - Respondeu e eu sorri, indo correndo até o mesmo e aproximei minha mão para abrir a porta, mas ele apenas negou. – Não, você precisa de uma chave. – Olhei ao redor, não encontrando chave alguma ali, apenas ri. – Beba antes, sim? – Ele me pediu e eu franzi o cenho.

– O que acontece se eu beber isso? – Perguntei.

– Por que não descobres? – Sugeriu e eu senti-me desafiado. Virei metade da garrafinha em minha boca, sentindo o sabor adocicado de pêssegos frescos em meu paladar. Senti-me mais leve, mas assim que notei que havia diminuído de tamanho e percebi que havia ficado do tamanho exato da porta falante, eu aproximei minha mão da maçaneta novamente, mas ele negou mais uma vez. – E a chave? – Perguntou divertido.

Olhei ao redor, me assustando quando notei que a chave estava em cima da mesa. Ela magicamente havia aparecido por ali, eu me irritei.

– Mas eu sou minúsculo, eu não consigo! É impossível. – Bufei.

– Nada é impossível. Veja.

Olhei para baixo da mesa e lá havia um pequeno cofre. O peguei e abri, vendo diversos biscoitos escrito: coma-me. Dei de ombros e resmunguei um simples "eu quero só ver" e senti meu corpo crescendo assustadoramente rápido.

– Ah! Você está parecendo um baobá agora! – Disparou a rir a porta. Senti meus olhos começarem marejar, porque, afinal, eu jamais sairia dali. Eu era gigante demais. As lágrimas começaram a cair, sem que eu pudesse as prender.

– E se eu nunca mais sair daqui? – Perguntei à porta, fazendo algumas lágrimas caírem e pingarem na porta.

– Oh, não se preocupe, eu já sei como. – A porta parou de rir. – Ainda há um pouco da bebida na garrafa, não há? – Perguntou e eu assenti. – Beba.

E foi o que eu fiz. Bebi o pouco que restava e me tornei pequenino novamente, não da altura normal, mas minúsculo.

– Abrirei uma exceção à ti. – A porta disse e se abriu. – Você me fez rir muito. Tome cuidado e boa sorte na tua busca pelo coelho branco.

Eu sorri em agradecimento e atravessei a porta com empolgação, notando ali, um mundo cheio de coisas magníficas. Haviam animais falantes, eu não estava com medo, mas sim muito encantado com aquilo.

E bem, avistei o coelho branco correndo para o meio das árvores da floresta que ali havia. Eu não tardei e corri até lá, sem me preocupar se me perderia ou não. Mas, vendo que o coelho corria muito mais rápido que eu, mesmo assim, acabei por me perder.

Estava parado no meio da floresta, sem saber para onde havia ido o coelho. Suspirei em frustração e olhei ao redor, procurando o caminho que fiz até ali, mas não me lembrava. Revirei os olhos e me sentei em uma rocha que havia no meio da clareira e descansei ali.

Até que, após uns cinco minutos, escutei barulhos profundos das folhas das árvores. Arqueei uma sobrancelha, imaginando inocentemente que poderia ser o coelho branco e me levantei, andando até onde o som estava vindo. Sorri e pensei que finalmente conversaria com o coelho.

Entretanto, percebi que não era o coelho. Eu vi olhos felinos, azuis, como o mar profundo e me arrepiei. Eram assustadores, mas mesmo que fossem intimidadores, eu gostaria de saber mais sobre aquilo.

– Olá? – Eu perguntei, esperando por respostas, mas não recebi nada além de um rosnado felino. – Quem está aí? – Perguntei, requerendo respostas.

Ao invés de receber as minhas tão preciosas respostas, eu apenas vi um par de orelhas de gato por cima das plantas e, lentamente um alguém se fazia presente; era um garoto com orelhas de gato e olhos felinos.

– É apenas um garoto. – Eu ri, dizendo à mim mesmo, como se pensar que fosse um tigre, ou até mesmo um leão fosse a coisa mais absurda que eu já pensei na vida.

O garoto saiu completamente detrás das folhas. Ele usava uma blusa listrada com azul e branca, uma calça preta e não usava sapatos. Sua pele era leitosa, bonita e sem imperfeição alguma. Eu me senti encantado com o mesmo. Os cabelos loiros e as orelhinhas da mesma tonalidade me chamaram a atenção igualmente.

– Não sou apenas um garoto. – Ele respondeu, com um ar extremamente firme. Eu me afastei minimamente, mas ele se aproximou de mim. Ele era fofo, mas eu ainda não sabia nada sobre ele. – Bem, o que faz aqui? – Perguntou.

– Eu vim procurar pelo coelho branco. – Respondi entusiasmado. – Ele me chamou a atenção, e eu preciso vê-lo. – Eu disse e o garoto-gato pareceu refletir sobre isso.

– Hm... Eu sei onde ele está. – Disse com um sorriso ladino e eu pendi a cabeça para o lado.

– Onde? – Perguntei.

– Bom...Você terá de vir comigo. – Sorriu, movendo as orelhinhas, como se estivesse animado. Era fofo.

– B-bem... – Suspirei e comecei a pensar. – E-eu acho que sim... – Hesitei.

– Então temos um acordo? – Ele perguntou e eu posicionei a mão em meu queixo, pensativo sobre.

Era tentador a ideia de aceitar aquilo, mas eu não queria perder a oportunidade de conhecer tudo aquilo, vivenciar coisas as quais eu jamais iria viver caso continuasse atolado naquele meu trabalho e, principalmente, na minha vidinha sem emoção alguma.

Eu iria me arrepender, eu sentia isso.

– Sim. – Estendi minha mão e ele deu um sorriso largo e bonito de se observar, exibindo os dentes muito bem alinhados e perfeitos. Claro que os olhos sumiram com isso, não pude deixar de notar. E, inclusive, ele iniciou uma risada gostosa, a qual me fez sorrir involuntariamente. Aquele garoto-gato era realmente muito adorável, apesar de misterioso.

Enfim, ele parou de rir e me encarou seriamente. Seus olhos azuis com uma linha reta no lugar de uma bolinha, era tão negra e atraente quanto a de um gato de verdade. As orelhinhas se levantaram, atentas, enquanto ele estendia lentamente sua mão, a fim de que eu a apertasse. E assim eu fiz, ao levar minha mão de encontro à sua, porém, ele a afastou, levantando-a com um sorriso sacana nos lábios. Só então, percebi que suas presas estavam à mostra, me fazendo arquear uma sobrancelha.

Ele era mesmo real?

– Espero que saiba o que está fazendo, ciente dos perigos que irá enfrentar ao meu lado, garotinho. – Avisou, me fazendo suspirar e revirar os olhos. Mas que merda de perigos que ele está falando, afinal?

– Estou disposto a qualquer coisa, apenas... – Uma pausa. – Me mostre.

Ele apenas sorriu, exibindo completamente as presas felinas que ele possuía e eu vi quando suas orelhas pularam, como se ele estivesse contente com algo e bem, eu sorri com isso, pois foi realmente adorável. Então ele apertou minha mão com força, me fazendo sentir a maciez extrema de sua mão. Céus, ele parecia um gato!

– Mas – Ele fitou o fundo das minhas orbes, me fazendo sentir um arrepio percorrer rápido pelo meu corpo. – Me diga seu nome, garotinho. – Piscou e sorriu para mim. Aquele sorriso cheio de dentes, exibindo suas presas afiadas.

– Me chamo Jeon Jungkook. – Eu disse e vi suas orelhinhas pularem novamente. E foi minha vez de sorrir. – E você, garoto gato? – Perguntei naturalmente.

Porém, ele começou a rir alto, como se alguém estivesse fazendo cócegas em si, mas era apenas seu modo de rir mesmo. Eu arqueei uma sobrancelha, confuso, pois na minha visão, não havia dito nada demais, ao ponto de ver lágrimas escorrendo por seu rosto inteiro, molhando-o. Eu ri minimamente, mas ainda confuso. Ele limpou o canto dos olhos e me fitou, ofegante, assim que terminou de rir.

– Não sou um garoto. – Ele disse e eu franzi o cenho. – Sou um gato. – Respondeu sério. Concordei com a cabeça. – Mas todos me chamam de Mestre Gato, ou apenas Jimin. – Riu fraco. Percebi que suas presas haviam sumido, dando lugar a dentes normais. – Mas Jimin é apenas para os íntimos, o que é realmente uma raridade, pois quase ninguém costuma falar muito comigo. Sou um gato ocupado, no final das contas. – Explicou e eu achei fofo.

Mas ainda acreditava que estava sonhando.

– Um gato, uh... – Eu alisei meu queixo e ele sorriu sem mostrar os dentes e assentiu, como uma criança brincalhona. – Não posso te chamar de Jimin? É muito melhor que Mestre Gato, sabe? – Ri, vendo suas orelhas se curvarem para trás e sua expressão ficar mais séria, como se estivesse magoado, ou irritado. – E-eu falei algo errado?

– Escute aqui, Jeon – Ele se aproximou de mim e eu me mantive imóvel, congelado. Ele passou por trás de mim, girando ao meu redor e então, senti algo felpudo e macio tocar meu nariz, me fazendo cócegas e uma vontade súbita de espirrar me atingiu. E então, só depois percebi que o gato possuía uma cauda. E essa estava esfregando-se contra meu nariz, me fazendo querer espirrar. – Você ainda não tem intimidade o suficiente comigo para me chamar de Jimin. Poucos a tem, então, entenda que você não é nenhuma exceção. – Sussurrou em meu ouvido, enquanto esfregava sua cauda listrada da mesma cor que sua blusa em minha orelha, me fazendo cócegas, novamente. Me arrepiei, pois sua voz havia mudado drasticamente de fininha e infantil, para uma um pouco mais grossa e sedutora.

– E quando eu a terei?

Minha voz soou para fazer aquela pergunta sem que eu sequer a controlasse. Eu não estava mais raciocinando e eu sabia que tinha algo ligado com o fato de que eu só fiquei assim com aquela voz. A voz sedutora do menino-gato. Eu olhava para um ponto fixo e perguntei aquilo que eu sequer sabia que havia sido perguntado. Não estava sendo eu mesmo. Mas não queria que aquilo parasse, principalmente quando os lábios gordinhos do gato encostaram-se ao meu ouvido, lambiscando ali e senti um arrepio violento percorrer meu corpo no exato momento.

Só então percebi que ele havia usado suas presas para morder a cartilagem da minha orelha; mas não havia machucado, foi até que uma sensação boa.

– Quando eu quiser.

Respondeu com sua voz normal, afastando-se de mim e percebi que eu havia voltado ao normal, junto de sua voz. Eu vi um pouco contido, pois aquilo era realmente um tanto quanto confuso, mas estava muito interessante. O Mestre Gato era até que um ser engraçado e fofo. Isso quando não era sedutor como estava sendo naquele momento.

– E o que faremos agora, Mestre Gato? – Perguntei e novamente suas orelhinhas, que estavam para trás, saltaram e seus olhos azuis brilharam. Oh! Eu sequer havia percebido que suas pupilas estavam dilatadas quando estava perto de mim, pois agora elas estavam voltando ao normal.

– Cedeu à sua vontade de chamar-me pelo correto? – Aish! Aquele gato era muito convencido.

– Não, eu só queria ver suas orelhas saltarem, é fofo. – Comentei e ele corou, tampando suas orelhas de gato com suas mãozinhas pequenas e macias. E então, quando olhei um pouco para o lado, atrás de si, pude ver sua cauda. Era realmente muito fofa, felpuda e listrada de azul-marinho e branco, tão branco quanto a neve, assim como sua blusa.

Ele rosnou para mim, exibindo um lado de seus dentes e vi sua presa esquerda. Esse gato era bipolar, só pode.

– Vamos, quero lhe mostrar algo que você irá gostar, com certeza! – E então, ele sorriu. Sim, ele era realmente bipolar, cheguei à tal conclusão. Mas até que era engraçado.

Ele segurou firmemente em meu pulso e me puxou, adentrando a floresta que havia bem ao nosso lado. Me senti um pouco inseguro, mas, estranhamente o cheiro de cerejas silvestres que o Mestre Gato exalava era tão agradável que eu simplesmente me esqueci de que estávamos dentro de uma floresta e continuei correndo junto á ele, que parecia conhecer exatamente aquele lugar. Eu sorri, o menino-gato era realmente adorável.

Eu andava pela floresta, com um pouco de receio por causa de possíveis insetos que iram pular em mim ou que iriam sugar todo o meu sangue, me deixando realmente com um mal-humor, coisa que eu menos queria naquele momento.

O garoto-gato parecia conhecer bem aquele lugar, já que não havia parado para pensar, ele desbravava corajosamente aquela floresta que não era normal, pois havia muitos elementos que não existia fora desse sonho. As árvores brilhavam e o chão também, era estranho e belo de se ver.

Sorri em meio àquilo, porque estar dentro de um sonho tão bom daquele jeito era realmente satisfatório, principalmente quando se havia um garoto-gato realmente gato, por assim dizer. Qual é?! Ele não era real!

O modo na qual as orelhinhas se moviam era curioso para serem de mentira, mas mesmo assim, eu apreciava a visão de tê-lo andando bem à minha frente com aquela cauda que se movia se um lado e para o outro de forma que prendia meus olhos naquela região.

Mas, de certa forma, eu ainda não o conhecia totalmente, não sabia para onde ele estava me levando, muito menos quanto tempo levaria para chegarmos ao lugar que ele estava nos levando, então, por pura preocupação minha, resolvi começar:

– Para onde está me levando? – Perguntei e ele riu, diminuindo a velocidade dos passos. O imitei. – Ei! Mestre Gato! Eu não tenho sequer a sua permissão para chamar-te pelo teu real nome, que seria Jimin, mas, pelo menos poderia me responder? – Procurei manter a calma, afinal, era apenas um sonho.

Ele parou de andar completamente. A cauda movia-se mais inquieta daquela forma, o que parecia que o garoto estava intrigado, ou até mesmo irritado, mas eu não sabia definir, porque eu havia o conhecido não tinha nem duas horas.

– Estou te levando até o Coelho Branco. – Ele respondeu simplório e eu ri. Com o meu riso, o Mestre Gato simplesmente sorriu de lado e arqueou uma das sobrancelhas, como se estivesse deveras calmo com uma pessoa como eu. – Por quê? Não confias em mim? – Ele perguntou risonho, e eu apenas neguei brevemente pela pergunta mais do que esquisita. Afinal, nos conhecíamos há apenas alguns minutos.

– Não é bem assim, você diz tanto em confiança, eu não te conheço o suficiente para tal. – Respondi e ele abaixou as orelhinhas de uma forma tão tristonha, mesmo que em seu rosto nenhuma expressão realmente dizia aquilo. Suspirei, retornando a lembrar de que tudo aquilo não passava de um mero e bobo sonho. – Tudo bem, me desculpe. Poderia apenas me levar até o Coelho Branco? – Sorri, confiante e as orelhinhas se ergueram, mas não por completo.

– Mas é claro. – Disse apenas aquilo e voltou a andar pela mata, com aqueles pés descalços, sem se preocupar com insetos, ou pedras que poderiam machucar seus pés – aparentemente – extremamente delicados, assim como ele por completo.

Ele não parecia ser um gato, como havia me dito, mas sim um garoto perdido, ou qualquer coisa assim. Parecia ser também uma criança, pois a pele alva, sem resquícios de imperfeições ou até mesmo cansaço estava mais do que claro para mim; ele poderia ser uma criança que se perdeu naquele mundo. Mas, como eu estava sonhando, era possível que eu já tivesse visto aquela criança em algum lugar, por isso o sonho com ele.

E bem, eu não queria acordar daquele sonho, pois era muito realista e eu estava começando a gostar. Não iria mais reclamar de nada que aquele garoto-gato quisesse me proporcionar, porque eu não sabia quando eu iria acordar daquele sonho. Não queria acordar nunca mais.

– Está tudo bem? – Perguntei e ele assentiu, sem me encarar. E eu, que estava logo atrás de si apenas acelerei meus passos até o lado dele e toquei seu ombro coberto pela blusa listrada de mangas longas. Suas orelhinhas saltaram em surpresa e eu sorri. – Ei, vamos, me leve até ele, eu confio em você, Mestre Gato. – E então, eu vi um sorriso lindo se formar em seus lábios fartos. Sorri igualmente.

Oh, ele parecia mais com um anjo, juntamente daquelas características de gato.

– Vamos, eu conheço um atalho, mas esteja ciente de algo – Ele me alertou e eu assenti, pretendendo que o mesmo continuasse a dizer: – Esse atalho é um pouco arriscado. Então, já que você confia tanto em mim, procure confiar mais, só sairemos vivos de lá caso você confie a sua vida em minhas mãos. – Ele dizia tudo com uma calmaria incrível na voz, o que fez me assustar brevemente, porque... Era realmente bem realista, eu diria.

– Mas o que é isso? É real? – Perguntei e ele riu. Segurou em meu pulso e começamos a andar, como se nada houvesse acontecido. Eu revirei os olhos.

– É o que você quiser que seja.

[...]

Estávamos andando há bastante tempo, tempo suficiente para que eu começasse a sentir um pouco de fome, mas não queria avisar o Mestre Gato, porque eu estava com vergonha. Após termos continuado a caminhar, nós não havíamos trocado nenhuma palavra sequer, então não seria nada agradável para mim avisá-lo que eu estava com fome, então apenas dei de ombros e continuamos andando. Mas parecia que aquele coelho nunca ficava mais perto de nós, ou parecia que o garoto-gato não estava de fato me levando até ele. Ou ele não sabia onde estávamos.

– Estamos perdidos? – Perguntei, sem me preocupar em parecer indelicado. Estava ficando cansado e irritado. Ele olhou para mim e bufou. Segurou em meus ombros, me parando e os forçou para baixo, na intenção de me fazer sentar no chão e, assim que encostei em uma pedra, me sentei confortavelmente na mesma. Arqueei uma sobrancelha quando ele se afastou de mim. Não questionei, pois imaginei que ele voltaria.

Olhei ao redor, procurando algo para me distrair. E, quando percebi, uma pequena buzina de bicicleta pelo chão gramado, repleto de flores, resolvi esticar meu corpo e pegá-la, apenas para me distrair, mas assim que segurei com força na mesma, ela começou a se mover literalmente sozinha, me deixando assustado, mas então percebi que era um pato com a cabeça de buzina de bicicleta. Estranhei aquilo, mas mesmo assim deixei com que o pato fosse embora.

Suspirei e continuei sentado, até que ouvi o Mestre Gato me chamando e eu apenas crispei os lábios, indo em direção ao som. Quando cheguei até um lugar um pouco aberto, havia uma árvore de frutinhas vermelhas que pareciam ser ótimas.

– Aqui. Elas são deliciosas. – Pegou uma para mim e me deu na boca. Sorri com aquele ato. Era fofo, igual a ele. – Ah! Sua boca está suja. – Segurou a barra de sua blusa e passou em minha boca, limpando-a. – Essas frutinhas mancham muito. – Comentou aleatoriamente. – Come mais, você vai parar de ser chato assim que comer algo. – Disse, calmamente e eu revirei os olhos. Ele era muito esperto.

– Não estou chato. E nem sou. – Respondi, me desvencilhando de sua mão. Segurei a mesma pelo pulso e olhei fixamente para seus olhos felinos que estavam com as pupilas dilatadas, como se fosse um humano normal agora. Ele me encarava e as pupilas mudavam um pouco seus tamanhos, uma hora estando redondas e outra uma linha gordinha. Mas, aquele azul me encantava. Me deixava curioso, com vontade de saber mais sobre ele, na verdade, tudo sobre ele.

Mas, de repente, enquanto encarava seus olhos tão descaradamente, olhando para dentro de sua alma felina, meus olhos, automaticamente foram descendo lentamente por seu rosto, que, por conta de ser menor que eu, o Mestre Gato estava com a cabeça erguida em direção a minha, e eu com a mesma abaixada. Olhei seu nariz perfeito, pequeno e arrebitado, de uma forma fofa de se ver e me perdi ali por breves segundos. Olhei mais para o lado, contemplando a bochecha gordinha que, por sua vez, estava levemente corada em um rosado encantador. A respiração estava encostando em meu queixo, me fazendo delirar por breves momentos.

Até que a minha atenção fora toda voltada aos seus lábios. Os lábios que beiravam a perdição. Eles eram rosados e perfeitos, gordinhos e apetitosos, da forma que eu gostava. Sua boca estava entreaberta e exibia brevemente suas presas, que acabavam encostando no lábio ínfero, me deixando um pouco confuso sobre a minha sanidade. Eu o queria...

– Jeon – Me chamou e eu levei um susto, ao que meu rosto estava quase colado ao dele. – Temos que ir. O quão antes irmos, mais cedo chegaremos até seu destino. – Ele disse e eu senti meu coração se apertar, mas mesmo assim, resolvi ignorar aquele fato. – Não se preocupe, chegaremos lá rapidinho.

Eu assenti, porque afinal, eu confiava nele, não é?

[...]

– Jungkook, aqui é o desfiladeiro. – Ele explicou. Havia uma montanha, e uma passagem pelo meio, me fazendo desconfiar. Era muito assustador. – Não se assuste, olhe, é só seguir as minhas orientações que vai ficar tudo bem. – Ele tentou me acalmar, mas mesmo assim, continuava um pouco assustado.

Suspirei. Eu olhava aquela entrada da montanha e me sentia um pouco zonzo, porque, afinal, ele havia dito que era um desfiladeiro ali e, pelo que eu havia entendido, iríamos passar por ele. E eu não queria fazer aquilo, eu estava com um mal pressentimento.

– O que acha de... Talvez voltarmos, hm? – Sorri amarelo e ele apenas negou, entrando pela passagem na montanha. Eu revirei os olhos e o segui, sem muitas opções do que fazer.

Ali dentro da entrada da montanha, estava realmente escuro e eu pouco enxergava, mas o tanto que eu podia ver, era usado para ver onde eu pisava. Não seria louco de pisar em falso e cair em algum outro buraco. Suspirei e via que o Mestre Gato andava com a maior calmaria do mundo, que eu não conseguia entender como, mas resolvi imitá-lo. Era como se nada pudesse abalá-lo.

Continuei a caminhar, vendo muito pouco, mas ainda assim conseguia enxergar o garoto-gato na minha frente, movendo de uma forma tão intrigante a sua cauda que me permiti perder em pensamentos enquanto via-a se mover de um lado e para o outro.

– Jungkook – Ele chamou a minha atenção e eu dei um mini pulo de susto pela surpresa. - Vamos passar por uma pequena ponte, mas não se assuste, está tudo bem. – Ele ditou e eu imaginei uma ponte pequena, que não demoraria tanto até atravessar para o outro lado.

Mas assim que pousei meus olhos na tal "ponte", eu quase caí para trás. Arregalei os olhos e quis sair correndo, mas o gato segurou o meu pulso e me puxou para seu lado.

– Me deixe ir embora! – Falei, tentando me desvencilhar de seu aperto.

– Ah, mas que franguinho – Comentou. – É só um tronco caído aí no meio desse precipício. – Ele disse da forma mais calma que seu tom de voz podia alcançar e eu apenas tremi de medo.

O precipício era imenso e no fundo dele havia pedregulhos afiados que me apavoraram em demasia. Eu apenas queria fugir.

– Vamos, confie em mim, Jungkook. – Ele pediu, de uma forma que me deixava irritado e com raiva, mas eu, ao invés de respondê-lo, apenas fechei com força os meus olhos, querendo abri-los e ver que tudo não se passava de um sonho bobo, mas assim que os abri, percebi que o Mestre Gato já estava do outro lado daquele penhasco.

Cocei meus olhos para ter certeza do que estava vendo e percebi que sim, o Mestre Gato estava realmente do outro lado. Eu estava louco, era um fato.

– Jungkook, venha. – Ele pediu, me fazendo rir em escárnio.

– Não! – Gritei para que ele ouvisse. – Vem você. – Fiquei sentado no mesmo lugar, sem querer me mover.

– Pare de ser tão fresquinho! É só andar aí em cima, não tem erro. – Ele disse calmamente e eu mordi o lábio inferior. – Respire fundo e venha, não há o que temer. – Disse e eu suspei.

Fiquei de pé e andei alguns passos para perto do tronco caído, logo pisei nele, ficando de pé no mesmo, com muita dificuldade para me equilibrar. Neguei rapidamente com a cabeça e desci do mesmo, voltando ao lugar onde eu estava.

– Jungkook! – O gato resmungou, irritado. – Venha, eu prometo que nada irá dar errado. – Ele prometeu e eu suspirei.

Estava decidido. Eu iria. Afinal, era apenas um sonho, eu não iria me machucar de forma alguma.

Resolvi voltar a subir no tronco. Enchi meus pulmões com ar e ergui a cabeça, vendo o gato no final, sorrindo confiante para mim. Eu sorri de volta, avançando um passo, desequilibrando totalmente. Sorte que o começo do tronco ainda havia um pedaço de terra logo embaixo, assim eu não iria cair no precipício.

- Venha correndo o mais rápido que você conseguir, Jungkook! - Ele pediu e eu estranhei, mas resolvi obedecê-lo.

E eu corri, o mais rápido que pude pelo tronco. Na realidade, no começo eu consegui manter-me firme ali em cima, mas após isso, eu pisei em falso e bem... Eu escorreguei para o lado e cai.

Não entendi bem como, mas o Mestre Gato simplesmente estava ali, de uma hora para a outra, no meio do tronco, segurando a minha mão. Arregalei os olhos.

– Eu disse que nada iria acontecer. Agora venha. – Ele me ajudou a levantar e eu suspirei em alívio, quando conseguimos correr até o outro lado.

– Ah! Eu consegui! – Comemorei e o gato simplesmente revirou os olhos. – Quer dizer que nós conseguimos. – Corrigi e ele sorriu, abanando as orelhinhas.

– Ótimo. – O gato comentou eu sorri. – Acho que já podes me chamar de Jimin, temos muita confiança um no outro. Não é mesmo? – Ele sorriu abertamente e eu continuei feliz da forma que estava. – Agora o que acha de irmos andando, sim?

– Acho uma excelente ideia.

[...]

Havíamos andado bastante pelo caminho que o Mestre Gato, ou melhor, Mestre Jimin havia trilhado, apenas pelo que sua mente lhe dizia. Éramos guiados pelas lembranças dele, afinal, a floresta era completamente igual, caminhos totalmente iguais, não sabia se estávamos indo para o lugar certo, mas mesmo assim, não deixei enganar, porque consegui avistar ao longe, uma cerca branca, pequena e muito bonita.

– Chegamos. – Ele ditou e eu sorri, um tanto quanto empolgado com aquilo. Mas afinal, havíamos chegado aonde exatamente?

– Onde chegamos? – Perguntei e ele riu gostosamente, fazendo suas orelhinhas saltarem.

– Ao Chapeleiro Maluco. – Ele respondeu e eu arqueei uma sobrancelha. Não estava entendendo.

– Chapeleiro? – Perguntei. – Ele é doido?

– Ele? Ah, é sim. Mas não se preocupe, as melhores pessoas são assim. – Aquela frase havia mexido com algo em meu interior adormecido. Talvez fosse a adrenalina de estar ali naquele mundo estranho.

Apenas assenti e nos aproximamos do cercadinho, no meio do mesmo havia um pequeno portão. Jimin apenas o abriu e passou, pedindo para que eu também passasse. Sorri e pedi licença, assim que avistei uma mesa gigante com diversas xícaras e bules de chá. Arqueei uma sobrancelha.

– Oh, ainda bem que vocês chegaram! – Ouvimos uma voz animada soar pelo local. – Já está na hora do chá. – Olhei para frente e para os lados, procurando pelo dono daquela voz grave.

Meus olhos pousaram em um rapaz que usava uma cartola verde, bem alta em sua cabeça. Eu ri levemente, pois ele era estranho. Segurava uma xícara de chá e estava completamente empolgado conosco ali.

– Ah, olá, Taehyung. – Jimin o cumprimentou e eu apenas fiz uma reverência.

– E quem é o garoto? – Ele riu do cumprimento do garoto-gato e perguntou para mim. Inalei o máximo de ar que eu podia. Estava com um pouco de vergonha, porque na realidade eu era uma pessoa bem tímida, mas resolvi deixar aquilo de lado.

– Eu me chamo Jungkook. Jeon Jungkook. Muito prazer. – Eu me aproximei e estendi minha mão para que ele a apertasse e foi engraçado quando ele fez isso, porque não sabia a hora exata de parar de chacoalhar a mão. Eu ri.

– Adorável. – Ele sorriu. – Agora, por que não se sentem? – Perguntou caridoso e eu prontamente me sentei, sentindo o cheiro característico de chá de espalhar pelos meus pulmões. – Vamos, escolha qualquer xícara. – Lancei um olhar pela mesa e contemplei as mais diversas xícaras que existiam, escolhendo uma simples, rosada com flores verdes delicadas e estendi a mesma para que Taehyung colocasse chá. – Bem, Jimin sente-se aí. – Pediu e o citado apenas obedeceu, escolhendo uma xícara qualquer também.

– Estou em uma busca. – Comentei, após tomar um belo gole do chá que estava delicioso.

– Oh, é mesmo? Pelo quê? – Perguntou curioso. Jimin sorriu, de uma forma fofa, abaixando as orelhinhas.

– Bom... – Fiz uma pausa e tomei mais um pouco do chá. – Pelo Coelho Branco. - Respondi e ele sorriu.

– Sabe, ele estava bem aqui, mas teve que ir embora. – Disse.

– O assunto está muito legal, mas eu realmente preciso pedir algo importante por agora. – Jimin disse, terminando de tomar seu chá.

– E o que é? – Taehyung perguntou, despreocupado, apenas experimentando seu chá.

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