Satirismo - Parte I



Por Marco Antônio...

A última reunião que participei no banco me subtraiu pelo menos três horas da minha paciência. Como há muito tem me acontecido, não consigo manter-me concentrado na taxa do consignado, sendo corrigido por várias vezes pelo gerente. Tampouco nos números expostos no balanço fornecido pelo departamento contábil. Lembro-me de ter trocado a receita pelo valor da despesa e percebi várias sobrancelhas juntando com estranheza.

Tenho trinta e quatro anos de idade e há cinco ocupo o mesmo cargo, sou consultor que cuida exclusivamente de empréstimo pessoal. Nesses cinco anos nunca fui indicado para uma promoção e reconheço que não tenho qualquer interesse em sair da minha zona de conforto. Me formei em Economia, estagiei e permaneci no banco, não fui atrás de especializações, não possuo ambições. Tenho medo de esforçar-me demais e isso só tem piorado.

O que causa esse comportamento distraído é algo íntimo demais. Estou sempre excitado. Meus pensamentos voltados exclusivamente para uma coisa, minha droga...

Sexo!

Minhas condições financeiras poderiam ser melhores, caso eu progredisse profissionalmente. Boa parte do que recebo destina-se aos gastos com o vício, pornografia online paga, saunas, shows de sexo ao vivo, produtos eróticos e prostituição. Essa diversão toda não custa pouco. Para eu Marco Antônio, não é diversão. É como a água, o arroz, feijão e a proteína.

Não sou obtuso a ponto de não compreender que o que tenho é uma compulsão por sexo, tratável como qualquer outro transtorno. Difícil é aceitar ajuda quando nossa ignorância glamouriza a hipersexualidade como um superpoder.

Encontrei o Fabian no Café onde ele trabalha, justo quando achei que eu estava abaixo da linha da merda do final do poço do inferno. Até então não havia conseguido manter um relacionamento por muito tempo e foi com ele que passei a me concentrar no quanto sexo pode ser bom.

Como era costumeiro, me sentei e esperei que alguém trouxesse o cardápio. Nunca pedi preços e nunca peguei o troco que sobrava. Tampouco olhava na cara dos atendentes, pois dificilmente olho nos olhos das pessoas, sinto como se desconfiassem que tenho esse problema.

Aquele final de tarde eu marquei um encontro com um casal de acompanhantes de luxo, Viviane e Bruno que me proporcionariam um ménage à trois. Aguardei essas pessoas que não vieram por sentimentos, porém, por mim sem ressentimentos, apenas mais frustração posteriores.

— Moço, já escolheu? — Uma voz de timbre rouco me aborda e só pelo jeito de falar faz com que eu me arrepie.

Meu pau estava duro marcando minha calça social cinza clara com seu volume e uma mancha a molhava devido as gotas do pré-sêmen que verteram a tarde toda, pela falta de uma punheta.

Não resisto em olhar o dono da voz. Magro, moreno claro e mais alto que eu, que tenho apenas 1,75, sem muitas curvas do tipo magricelo. Chama-me a atenção suas feições, pois seu rosto é muito bonito. E que olhar! Olhar pidão, jeito de olhar de peixe morto. São segundos que desenho a cena em minha cabeça. Esse cara ajoelhado entre minhas pernas me mamando gostoso.

Acho que ele saca que estou excitado, pois morde o lábio inferior e me provoca mais ainda.

— Um cappuccino? — Ele decide por mim, diante de minha súbita perda de fala.

— Meu jovem, onde fica o toalete? — Fui dezenas de vezes naquele Café, mas nunca utilizei o banheiro.

Ele se aproxima e responde baixo:

— Pode usar o lá de casa. — piscando para mim, ele sai de perto para trazer meu pedido. 

Seu corpo vestido com o elegante uniforme não mostra formas atraentes, por isso preciso de sua nudez misteriosa, preciso gozar agora mesmo, tanto que saio do estabelecimento apressado e entro em meu carro, abro meu zíper enquanto descem os vidros, baixo minha cueca e salta meu caralho tão dolorosamente duro que é ali mesmo. Só dou uma cuspida na mão para não esfolar a vara. Bato uma punheta tão desesperada que meu prepúcio quase arregaça para trás.

— Ahhhh... — Largo aquele gemido com vidros abertos, apenas um pessoa passa e não presta à atenção. 

Hoje acordei pensando me exibir, precisei me mostrar e não foi bem como eu queria. Queria mais. Público e platéia. Queria que o atendente me chupasse no pequeno estacionamento para sermos vistos. Essa loucura em minha cabeça dura o tempo de eu achar alívio, esguichar porra que estava "encarcerada" por quatro horas, pois ao meio dia já tinha me masturbado.

Sem virar caso de polícia, fecho meu zíper olhando a sujeira que ficou pela minha calça. Junto o que posso da porra e chupo meus dedos e cheiro minha mão que fede a esperma. Minha excitação começa outra vez. Preciso daquele rapaz.

Quando entro no estabelecimento, encaro descaradamente as pessoas que passaram pelo carro. Um casal. Adoro foder casais e por mim eles serviria bem. Penso em como seria enlouquecedor bater uma com o cabelo longo da garota loura envolto em minha vara.

Meu problema é a indiscrição que meu estado excitado sempre causa. O cara ao lado dela está pronto para vir tomar satisfações por eu estar olhando a sua fêmea.

— Ei cara, seu cappuccino. — O atendente percebe tudo e empurra-me com uma das mãos espalmada no meu peito largo.— Senta aí, moço.

— Desculpe, estava...

— Sei o que estava... Está maluco? Não, você é louco, é algum maníaco sexual? Clientes que viram sua exibição agora a pouco nos pediram para chamar a polícia.

— E chamaram? — Pergunto despreocupado.

— Toma seu cappuccino e cai fora.

Fazia tempo que ninguém se atrevia a falar comigo assim, isso me dá uma excitação diferente, faz-me pensar em como seria, ser dominado por ele.

— Desculpe, pelos transtornos. Poderia me ligar neste número? Garanto que não lhe faria mal. Sou...

— Sim eu sei que é o senhor e foi só por isso que não chamamos a polícia. Agora, apenas vá para sua casa.

Saio de cabeça baixa como se acatasse a ordem do atendente daquele Café. Em minhas novas fantasias sou o submisso. Ou seja, tudo que vejo, ouço e sinto, eu relaciono com sexo, como um tempero favorito que gostamos de adicionar em cada prato.

Chego a minha residência, um sobrado grande e sem luxo que dividi e aluguei para outras três pessoas, depois que Eva foi embora. Em tom de brincadeira lhe digo que é a mulher da minha vida. Eva foi minha babá, passa dos sessenta anos e a primeira mulher a me "masturbar" ainda bebê, não é nada bizarro, eu tive um problema de fimose e se não fosse sua experiência com seus próprios filhos, eu teria que passar por algum procedimento cirúrgico naquela fase.

Preciso de um banho imediatamente. Estou catingando a esperma desde o almoço quando gozei dentro da cueca esfregando-me ao canto da minha mesa antes de daquela reunião à tarde. Não fazia dez minutos que eu saíra para urinar e masturbei-me, gozando dentro e na tampa da privada como se quisesse marcar meu território.

Na solidão do meu banheiro posso relaxar e me masturbar de forma mais lenta com os olhos fechados e imaginando o quanto de tesão aquele bonito atendente irá me proporcionar. Faço um anel com a junção do polegar e o indicador que fica apertado na circunferência da minha vara, que só tem vantagens na grossura e não no comprimento, devendo ter algo perto de 15 ou 16 centímetros. Abro meus olhos para acompanhar o resultado da minha nova brincadeira. Não aguento e descarrego a tensão e a porra toda no vidro fumê do meu box, não é algo que abunda depois de tantas gozadas, mas o suficiente para fazer escorrer um filete esbranquiçado.

Entre punhetas e visitas a cafeteria, conheço melhor o atendente que passa a ser mais que um rosto, passando a ter também um nome para mim: Fabian.

Fabian me corresponde desde sempre e nunca se privou de me satisfazer dentro do meu carro mesmo. Oralmente, despudoradamente e satisfatoriamente. Satisfação por pelo menos dez ou quinze minutos. Minutos de paz para o meu pau e minha mente.

Chegamos ao apartamento minúsculo de Fabian, antes dos meus dez minutos para restabelecer o físico. Entro amassando e beijando aquele cara, mais alto e muito mais dotado que eu, mas não tão ávido quanto sempre estou.

Eu o fodi por trás, socando quase desesperado meu pênis dolorido dentro do rabo guloso, isso ali contra a porta da sala, depois na poltrona individual fui cavalgado em movimentos furiosos, em seguida no seu banheiro o fiz gritar a plenos pulmões, sabendo que aquele espaço faz a voz ecoar muito mais alto. Na cama, Fabian, de quatro dava seu cu, apenas na intenção de me satisfazer, o que já não posso chamar de prazer e sim de tortura, pois minha compulsão pelo sexo está longe ser algo excitante, é doentia. E meu pênis está machucado por isso...

Mais tarde, desnudos nos sentamos para fumar alguma coisa na sacadinha onde ele coloca um varal de chão com toalhas de banho e suas roupas íntimas. Então finalmente falamos alguma coisa que não se resumam a gemidos e protestos relacionados à atividade sexual.

— O que você sente, Marco?

— Fome. — Gargalhamos. Depois do vigor da foda que durou horas, a fome é obvia. — E tesão.

Fabian fica sério e me encara.

— Você não é normal, cara. É disso que estou falando. Comporta-se feito cadela no cio. Pensa em algo além de sexo? Você trabalha em um banco que exige concentração, eu creio. Consegue se concentrar em seu trabalho?

— Não consigo. — Respondo levantando-me e me apoiando ao cercado da sacada pequena. Minha nudez pode ser vista por quem olhar com mais atenção para o meio do gradeado e isso me deixa ereto, querendo foder Fabian ali mesmo. Ouvindo-o gemer daquele jeito escandaloso. Sem demora, minha vara dá uma pulsada ao ar livre, minha pélvis encaixada entre as barras de metal do cercado só fazendo minha excitação crescer descomunalmente.

— Saia agora mesmo da sacada.

Quando me volto, Fabian me olha assustado como se eu fosse lhe arrancar algum órgão. Como posso lhe explicar que seu jeito cheio de atitude repentina me causa um tesão animal, mesmo quando sou um cordeiro obediente?

— Precisa me castigar por isso, Fabian.

— Cai fora. — Ele me diz empurrando meu peito com apenas um de seus dedos. Tudo que vi, foram lábios bem feitos que sabem chupar divinamente, o olhar que parece estar sempre com tesão, os mamilos bicudos pela brisa por culpa da brisa em sua pele, o cacete amolecido...

— Me deixe ficar. Amarre-me, me castigue.

Ele arregala os olhos grandes e diz:

— Você me assusta.

— Fabian, eu tentarei me controlar só um pouco. Só preciso ficar. Deixe que eu fique essa noite. Preciso de ajuda.

— Que ajuda? — Aquele jeito levemente delicado causa-me arrepios fortes. — Você é estranho, está me assustando e olha só, eu não tenho grana... Tá me ouvindo? Não tenho mais erva também. Sai ou chamo a polícia.

— Fabian, eu tenho um problema, não consigo... Penso em fazer isso o tempo inteiro. Só me aceite. ­— Levo o prepúcio que cobre metade da minha glande totalmente para trás. — Não tenho paz.

— Que se foda. Vai, vai, vai...

Ele fala apressando-se em buscar seu celular no bolso da calça que ficou no chão quando entramos.

— Só preciso me vestir e não volto a lhe procurar.

É sempre desse jeito quando alguém me conhece melhor. Ou tiram proveito ou se assustam como Fabian. Me visto completamente, ajeitando meu pênis duro feito um consolo de diamante. Tão duro e tão babado. Tenho sorte de ter vestido um sobretudo, dá-me o aspecto de lorde a quem me vê caminhando. Vêm a casca de um homem que ostenta uma falsa dignidade ao caminhar. Nada mais que isso.

Por respeito ao desejo de Fabian, tentei evitar o café por dias, mas acabava indo lá somente para olhar aquele magricelo que me deixou encantado. Ele não resiste e acabamos saindo outras vezes, geralmente acabando com ele me expulsando de sua pequena moradia. Até que ele descobre que mantenho outros casos.

Preciso de todos esses casos, quase todos com apego demais e sentimento de menos.

— Marco. Quantos nós somos?

— Gosto de você, Fabian.

— Não gosta de ninguém, quer apenas foder. Quantos?

— Apenas quatro fixos e mais outras pessoas que acho por aí. Além daquelas a quem pago...

Fabian dá uma sonora e sarcástica risada.

— Apenas fixos! — então tenta ser natural e pergunta: — Nomes. Onde estão essas pessoas? Quem são?

— Fabian, Lavínia, Rodolfo e Noah.

— Ah, estou entre eles que ótimo! — Fabian me fere mostrando seu desgosto. — Lavínia? Tem mulher nisso também?

— Não é mulher, o Luciano é trans, a quem alugo parte da minha casa, o Noah é filho de um primo e Rodolfo está sem emprego, o conheço há muito tempo.

— E mora todo mundo na mesma casa?

— Moramos. Como uma família, como se fossemos todos casados, mas ao mesmo tempo sem compromisso, sem cobrança. Eles sabem do meu, desse meu... problema. Não temos ciúmes...

—Tá, tá... Sabem que você não presta então?

— Fabian, jamais pedi para ser assim. Não aguento mais. — Passo a mão no meu cabelo. — Isso é foda, na hora da foda não sinto culpa, mas quando tudo passa me sinto assim. Sou um homem vazio. Tenta me entender que não consigo falar muito sobre isso.

— Não é tão fácil de aceitar isso também. Quando veio me falar na cara dura que trepa com outros três sujeitos, porra. Você já curtiu alguém de verdade, Marco?

— É complexo.

— Se é complexo para você, pensa em como eu me sinto. Até gosto de ficar com você, mas sei lá... Você se cuida? Comigo "encapa", mas com os outros? Tem nome esse lance que você sente? É igual obsessão...

— É. — Dificilmente converso com outras pessoas como faço com o Fabian e interpreto sua "inquisição" como preocupação. Me apresso em explicar quando suas sobrancelhas se juntam. — Satiríase é ninfomania de homem. 

— Mora todo mundo junto... ­— divaga. — Não está criando nenhuma centopeia humana, não é?

— Que brincadeira pesada! — Fabian ri e eu faço apenas um ar de riso.

— Minha compulsão é por sexo, preciso de sexo, pago por sexo, respiro e me alimento disso. Jamais machuquei alguém, a não ser que fizesse parte de uma brincadeira sexual. As fantasias pelas quais já paguei foram: masoquismo, chuva dourada, ser amarrado e masturbado por horas, dupla penetração, levar vela derretida pelo corpo, asfixia, fisting e exibicionismo. Só. As demais fantasias são mais tranquilas, ménages e grupal...

— Que? — Fabian dá mais uma risada. — Só? Eu me achava um safado só por ter transado com um casal num terreno baldio. Isso é loucura. Porra, eu gosto de você. Tá. Eu topo.

— Hum?

— Te ajudo, mas vai seguir cada instrução bem certinho. Se desobedecer te arrebento de porrada. Primeira coisa: Vá para sua casa. Te ligo outro dia e vou descobrir se tem cura pra essa porra.

Sorrio com medo dele e medo de afastá-lo. Ainda não sei como será o processo que usará comigo e essa nova ansiedade me excita como a um garoto, como se eu tivesse regressado ao período da inocência quando sequer sabia o que sexo significava.

Quero manter Fabian em minha vida e entre meus casos. Preciso de Fabian, mais do que os outros, pois só com ele tenho conseguido abrir minimamente meu coração. Busco sua companhia no final de seu expediente para conversarmos e isso me dá um pouco de esperanças que ainda posso mudar.

Quando o deixo em frente ao seu prédio, despeço-me com um beijo e sofro antecipadamente com a abstinência dele, mesmo quando chego a minha casa e encontro Noah seminu, lendo jogado no sofá. Então abre seu sorriso branco, basicamente me chamando para fode-lo até a exaustão.


***

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