Ferrugem e Picolé - Parte Final
Mas e cadê o meu Picolé? Que não era meu e sim da Pati Carneirinho que estava ainda mais bonita do que sempre foi na infância. Eu não o vi naquele final de ano e isso me deixava "aéreo" porque eu ficava sonhando acordado mesmo e rolava até uns sonhos meio sacanas com o cara, aqueles que a gente fica com vergonha de si.
Ele continuou sendo o cara albino, lógico, e daí? Eu continuei sendo ruivo e sardo, agora era aprendiz de mecânico e com isso o Marcelo, meu irmão mais velho se folgava e sobrava pra eu fechar o estabelecimento.
Na terça de carnaval de 95, não pintou ninguém pela manhã inteira, mas o Marcelo me fez ir pra lá. Poxa, nem hora extra ia receber. Cavalo! Eu tava com o "demo" no couro e quando deu quatro horas eu tomei a decisão de me "pirulitar" dali.
Pensa na figura: 1,70 de altura, entroncadinho, cabelo cacheado, ruivo sardo e liso, sem pelo no corpo pra me deixar com aquele jeito de macho ursinho. Eu andava com aqueles macacões jeans, fazia calor e... que papo chato. Eu baixava a porta quando escutei o ronco de uma moto. DT 125 Yamaha só pelo som, mas quando virei nem vi a cor do veículo, vi apenas um cara alto, branco e de barba no queixo.
Num sorriso de canto de boca, ele me cumprimentou e veio em minha direção, então me prensou contra a porta de metal da oficina e grudou sua boca de homem na minha. Puxou meu cabelo e mordeu meu pescoço e...
— Fernando! Ei!
— Opa, Alce... Júnior. Opa, tá embarcado, heim... — vermelho ficamos quando o estágio da vergonha é avançado. Eu devia estar bordô, roxo ou cores mais escandalosas. Foi uma viagem na hora errada.
— Fechou? Desculpa, é que essa moto é do Alceu, tô aprendendo andar e aproveitei pra passar aqui e conversar com o Marcelo pra dar uma olhada.
— É?
— Mas ele já foi, né?
— É...
— Como estão as coisas?
— Bem.
— Ah tá. Vou indo.
— Não. Me dá uma carona?
Porque eu precisava de carona se tava de bici? Eu queria só dar uma grudada nele e o Picolé apenas disse: "Sim sobe que hoje vou te dar aquilo que você sempre quis bem na sua boquinha..."
— Bah, Fernando não dá. Imagina se caio e derrubo você. Eu estou aprendendo, quem sabe mais pra frente.
— Claro, é... tá certo. Quer entrar e sentar pra conversar?
— Não. Tô meio assim com a Joice, não posso atrasar pro encontro.
— E a Pati, porque tu terminou com ela?
— Ela que terminou, mas esquece...
— Não. Como que ela termina, porquê que terminou? No mínimo te traiu.
Ele deu uma risadona, parecia com aquela risada do final da música Thriller.
— Tá, Fernando. Eu que pisei na bola.
— Mas ela deve ter sido a culpada.
Poxa o Picolé parecia um anjo, claro que ele era a vítima.
— Sim e não, mas deixa pra lá...
Nunca, eu pensei. Preciso saber ou morro se não souber.
— Como assim?
— Não deu mais, eu dei uma pressionada pra ver se "rolava", entendeu? São quase dois anos, sacou? Aí ela disse que quer casar virgem.
— Ahh sim, entendi. Você quer dizer ERAM quase dois anos. Terminou terminado, né? A Joice não é lance sério é só um lance né?
— Tamo saindo.
— Bom, eu estou disponível. — quase me ofereci pra ele que só sorriu. Sorriu e isso já queria dizer algo, mesmo que fosse: "e o quico?"
— Ei, vai ter luau, mais tarde quando escapar da Joice, vamos nos encontrar na Brava.
Um encontro???
Ele me chamou para um encontro!
Eu flutuei até em casa. Tomei banho e nem lembro se a água estava quente ou fria, se eu jantei ou não. E não ouvi nada do que a minha mãe gritava furiosa. Só lembro que eu tinha sido chamado para um encontro com o cara, meu Picolé, Alcebides Júnior. Eu nunca tinha beijado um cara ia ser a primeira vez e por isso me arrumei na "beca".
Quando chego na sala a mãe ainda está aos gritos.
— Vai onde guri? Não vai sair de noite, nem pensar.
— Tá, só vou na praia com uns colegas.
— Tu não se manda ainda.
— Mas...
Ela só apontou pro meu quarto. Eu baixei a cabeça e fui porque tava bem queimado com meu pai e não ia levar umas cintadas daquele tamanho pra depois o Marcelo contar pro pessoal da oficina e eu ser motivo de gozação.
O jeito era viajar ao som de Roxette que era a melhor banda daquela época. Peguei no sono e o que houve por dias, semanas e meses foi uma sequência de coisas corriqueiras que irritam pela lerdeza em que se arrastam.
Picolé era mais velho que eu e até para chegar aos dezoito teve a sorte de chegar antes. Eu nem o via mais e aos fins de semana ele devia sair com a Joice, nem sei pra onde. Sei que ganhou um carro do velho dele. Caranga, quero dizer. Um golzão chaleira turbo.
Meee, da turma antiga, só ele e o Mandíbula que tinham carro, afinal éramos uns bostas e não era qualquer pai classe média baixa que poderia dar um presentaço desse. No caso, o pai dele podia porque o velho trabalhava na Souza Cruz, era um cabeção lá dentro, mas as demais famílias por ali, se melhorassem muito suas condições financeiras poderiam dar uma bici nova, nada mais que isso.
Eu não era da panelinha do cara e por isso ficava sonhando acordado. Por eu não ser lá muito atraente com meu cabeção ruivo, minhas sardas e minha estatura, comecei a me sentir meio complexado. Acho que isso tinha em a ver com o fato de eu não ser notado por quem eu queria que me notasse. O cara nem conversava mais comigo quando "pintava" na oficina do Marcelo, eu não era o cara maneiro que ia mexer na suspensão do "chaleira" pra rebaixar o carro. Era só o ajudante ali. E comecei a me esquivar do cara e achar que tinha que me libertar do seu "domínio".
Ah como eu era boboca.
Porque eu achava que éramos um do outro? Porque eu achava que eu tinha que ser ele? Porque eu achava que ele ia me "dar uma colher de chá"?
Picolé não era meu, de certo nem homossexual era. Eu ainda era da turma que lá por 95 preferia camuflar e não dar bandeira. Eu até pensava que ia mudar, que era fase e que eu tinha que deixar rolar algo com uma moça e quem sabe estaria "curado". Aí decidi que ia dar uma chance pra Isabel, uma gatinha que morava lá pra Itaipava. Meu irmão Fabinho tinha umas amiguinhas, tinha várias delas que viviam enganchadas com ele e aquele Luan, o amiguinho "diferente". Eu não conhecia tantos caras que eram bichas e tinha medo de soltar a minha pantera interior porque minha família não aceitaria. Isso era fato.
Naquela época, meio perto do inverno, o movimento da oficina tava quase parando e o Marcelo, pau no cu, queria me pagar menos ainda. Eu estava quase marcando 18 anos e claro que ia dar uma bicuda naquela merda de emprego e fazer outra coisa que nem sabia ainda. Discutimos na frente de clientes, pois ele adorava pisar e "sentar" na minha cabeça, até que eu surtei e joguei a chave de roda no seu peito e saí possesso da oficina.
Cheguei em casa e a mãe não encheu meu saco. Estranho. Ela estava quietona escolhendo feijão pra cozinhar e levantou os olhos, mas continuou calada. Naquele silêncio eu pude ouvir a música que vinha do meu quarto que dividia com o Binho. O safado tinha colocado uma fita do Ace of Base do Marcelo no meu toca fita e saía aquele som estéreo pela casa, alto pra caramba... O som que rolava no quarto não permitiu que ele me escutasse chegando e quando abro a porta:
— ??????????
Eu não sabia pra quem olhava. A Isabel pelada ou meu irmão com o pinto de pé, tendo acabado de meter na menina. Mas não era só isso. Só? Hahaha... O Luan tava pelado e se masturbando deitado na minha cama. Era muita gente pelada, todos com 14 ou 15 anos. E eu com quase 18 nunca tinha comido, dado, mamado ou feito aquilo "ali" que aquelas crianças estavam fazendo. Fiquei assustado e olhei cobiçoso pro guri pelado na minha cama que tentava se tampar todo envergonhado.
— Nando, ei Ferrugem... — Meu irmão estava preocupado que eu fosse fazer alarido com aquilo. Afinal eu estava meio chocado. Meio não, eu estava assustado e não era pelo meu irmão pelado comendo uma menina que ficava me dando bola, nem pelo molequinho descascando o bem-te-vi na minha cama. Aquilo era algo até saudável, mas eu era virgem com quase 18. Esse era o problema, eu era virgem e nunca tinha levado ninguém pra fazer um bola-gato no meu quarto e com plateia então? Menos ainda.
Eu não fui parido fui cagado.
Eu era virgem. Meu irmão de 15 anos transava e eu não. E o Luan? Luan estava tentando liberar os "girinos" olhando para qual dos dois?
Quando saí do transe, eu estava sozinho com o Binho que estava de short e com um olhar consternado.
— Vai falar pra mãe?
— Claro que não, moleque de bosta. Ficou louco?
Minha vida se resumia a cada dia que eu vivia. Se o dia fosse bom eu achava que a vida era boa, se o dia fosse bosta minha vida era um limão azedo. Fiquei uma semana em casa de boa, sem a mãe perturbar e cadê o meu pai? Tinha acontecido algo estranho por ali e ninguém falava muito. Minha mãe conservava ainda aquele comportamento de mulheres das antigas e não queria contar que o pai tinha largado ela por causa de outra mulher. Aquilo se caísse no ouvido da vizinhança seria uma desgraça, porque a mulherada em volta era do tipo da mãe, dona de casa que se juntavam pra tomar mate doce e fazer fofoca de tarde e quem não faziam fofoca eram as que trabalhavam fora.
Eu sentia falta de estudar, tinha saudade dos amigos da escola e não tinha preguiça de trabalhar, mas ia ajeitar alguma coisa pra fazer com a carteira assinada.
Não dei muita atenção ao que minha mãe estava passando, porque nossa educação lá pelos anos 80 e um pouco dos anos 90 ainda colocava pais e filhos a uma distância muito grande um do outro. Eu lembro que sentia mais medo que carinho por ela. E meu pai que era um ruivão gordo e bruto, bom, desse eu sentia falta. Nunca que eu ia sacar que uma mulher fica do jeito que minha mãe ficou por estar com acúmulo de coisas sobre si.
Eu tinha minha vida pela frente e não ia ficar preso em casa por sua causa. Ela tinha o Binho e o Marcelo. Eu ia sair fora e viver minha vida. Dos muitos Fernandos que existem por aí, eu representava o Fernando determinado, eu era o Ferrugem e decidi que ia batalhar pela minha vida e pelo meu cara. Meu delicioso Picolé.
Uns anos se passaram. Uns dez anos só... um grande salto para a humanidade...
Pô... chupei muito picolé. Cara que delícia cremosa quando escorre pelo canto da boca, derretendo. Nossa! Branquinho, cor de leite... hum...
— Nando? Tá esquisito... tava me olhando como se eu fosse um pedaço de carne assada. — é exatamente o Picolé, chamado também de Alcebides.
— Ei, mudando de assunto, tu prefere mesmo que te chamem por esse "xingamento"? — eu tenho essa mania de soltar pérolas ou melhor, disparar merda pela boca e tomar algum esculacho merecido. — Merda, eu quis dizer, não prefere só Júnior?
— Chama como quiser, por mim... — ele não termina a frase e eu completo mentalmente: "posso chamar de meu?" — Que bacana da sua parte em aceitar meu convite pra tomar uma gelada. Ainda estou tentando digerir o fim do meu casamento. Muitos amigos se afastaram quando comecei a namorar. Pressão de família, entende?
— Aham, perfeitamente. Se não fosse a pressão familiar, eu e tu... — agora tomei coragem, lá vai — tínhamos seguido o sacerdócio.
— Seu exagerado — ele solta a melhor e mais sexy gargalhada — És o único animado o suficiente pra me tirar da fossa.
— Sempre, pra você, não tem hora... nem dia ou noite, madrugada, primeira comunhão — na cama, na mesa da sala, sobre a máquina de lavar... dou pra você onde me encoxar — Verdade cara, sempre. Sou teu amigo pra isso. Pra ser usado e abusado.
— Não seria justo eu abusar de você. Capaz de me tornar insuportável como a Marília disse que me tornei nesses poucos anos juntos.
— Que malvada essa mulher.
Ops, tá faltando coisa.
Espera...
Rebobinei, mas não vou me estender como os dez anos a seguir se arrastaram depois dos meus dezessete, afinal certas coisas eu fiz ao contrário, namorei uma moça, começando com mão na mão, mão naquilo, aquilo na boca e aquilo naquilo, o "Fernandinho" fez dois anos e a pensão está em dia, ok? Mais um ruivo no mundo e o Picolé divorciado.
Ah, sobre o meu filho? Foi uma escorregada, não era pra ter entrado com tudo, mas nunca tinha feito com uma mulher e digamos que escorrega melhor, desliza gostoso e não tem ereção que se mantenha... confesso que havia ficado sobre o muro com minha orientação e aconteceu. Mas ficamos melhor como amigos. É isso. Fernandinho é uma benção.
Alce... Picolé casou, não recebi convite e nem que recebesse eu ia naquele "velório" dele com a dona Encrenca. Até hoje não o perdoei...
— Tá distraído, amigo. — de novo ele me desperta. Como que faço pra entrar no assunto e será que vale a pena?
— Cara, bebe, beba todas que hoje é por minha conta. Te dou carona. Te faço café. Levo na cama...
— Ei! Não precisa se incomodar comigo.
— Nunca. Ia ser um prazer... — muito prazer. "Tanto prazer... nem imagina o que guardei esses anos pra você. Sem querer me gabar, mas sei dar muito prazer na cama também."
— Sua cara é de cansado, Fernando. Às vezes se perde no nada.
— Não, não. Eu posso ficar a noite inteira acordado contigo. Amanhã é domingo, podemos ficar na cama até tarde. Hum?
— É. Foda é ficar sozinho. — puta merda, porque ele não capta minhas ideias?
— Quero ficar com você.
— Obrigado. Esse momento tá difícil mesmo. Tenho sorte em ter você aqui.
— Me beij... disponha, Alcebides.
— Júnior. Pode me chamar assim, eu gosto.
Esse filho duma p... professora, vai me escapar por mais dez anos?
— Vai dormir lá no conjugado comigo. Vamos beber até vomitar e depois, tu me enraba, bate na minha cara, me parte em dois e volta a ser feliz.
— Hahahaha... Tu é a melhor pessoa desse mundo. Só macho que se garante é capaz de falar isso. Ainda mais que tua bunda é bem "notável".
— Ah!!!
Eu falei brincando querendo dizer a verdade e ele disse a verdade querendo que parecesse uma brincadeira. Bebemos, eu vomitei, chorei, confessei meu amor por ele, ele não parou de rir por horas, pedi pra ele me comer e ele me pegou. Torto de birita, o Picolé deu aquilo que implorei por anos e não foi fantasia não. Eu fiquei até com medo porque meu furifício "hétero" donde antes só saiam coisas, foi desbravado de quatro, de lado, na cama, na mesa e sobre a máquina de lavar. Assado, dolorido e inchado, meu pobre toba.
— Tu, Alcebides, teve a coragem de me levar a sério e botar no meu???
— Fernando, tu implorou a metade da noite, tá fazendo cena porque?
— Sou macho.
— Pois, o macho que fez a Pati Carneiro me largar depois de contar pra ela que eu era "gay enrustido". Fez a Marília me proibir de te convidar pro casamento por ciúme. Tu tá de putaria e se fazendo de desentendido desde o segundo grau e agora que topei, vai deixar eu me queimar no inferno sozinho.
— Tá doendo. Falei de zoeira. — eu sei, eu sei, eu quis meter o louco com medo da reação dele. Falei até mais grosso pra desmanchar a impressão "errada", tsc, tsc, tsc, ai que tosse, ah deixa pra lá. — Mas... eu disse que era só na bordinha...
— Tu provocou, me chupou como um mamífero selvagem, disse que se guardou pra mim... mó breguice, mas eu gostei. Porra, difícil foi dar conta...
— Agora que comeu, que usou e vai jogar fora, vaza. Não vou suportar, você que eu curto desde adolescente, pisando no meu coração.
— Eu também te curtia, mas era complicado.
Não, não. Juro que é fato e não uma pegadinha ou sonho... é uma bosta de clichê cor de rosa no final, mas acabei por finalmente conquistar meu Picolé que tanto quanto eu, aderiu aos apelidos e me chama só de Fe. Fezinho. Olha que gracinha. Alcinho e Fezinho.
Uns anos depois...
— Cara tu ainda é bem ligado que sou tarado por você...
— Muito ligado. Não tá com dor na mandíbula, Fê?
— É uma dor satisfatória, man...
Como descrever o prazer de fazer um oral pela manhã no cara que você curte? Foi um aniversário de namoro regado a sexo puro. Não moramos juntos, logo pernoitamos num motel onde deu pra variar um pouco de ambiente e posições. Dar de pé pra um cara muito alto é desconfortável... pra ele, mas a "bagaça" fica rija que parece que a glande vai explodir. Depende mesmo de como ele me cata, é cada gozada melhor que outra. E ninguém aqui tem um monumento no meio das pernas não, o dele ainda é mais fino que o meu, melhor ainda porque o prazer anal é algo que me faz subir pelas paredes e o que vale no caso, é a pegada. Picolé não cansa e não ejacula fácil e depende do meu humor, varo a madrugada com ele dentro de mim de qualquer jeito e destroçado como estou nessa cama de motel de beira de rodovia.
Virou do avesso a história?
Virou como nossas vidas viraram.
Porque na contramão do tesão e a realização de estar com quem realmente se ama e que está totalmente disposto a construir um caminho ao teu lado, tem o preconceito, as coisas negativas que tem forças quase sobrenaturais para desestabilizar. Porém foi especial ficar com ele de um jeito inusitado e pra finalizar mantemos nosso caso às escondidas há mais de dez anos, mas tem gente desconfiando já. Deve ser porque não disfarço o ciúme, já nos pegaram aos beijos e usamos anéis de compromisso iguais. Nem dá para notar.
***
esse é mais um daqueles romances que comecei com vontade e fui perdendo o pique... e tenho vários desses inacabados que vou ajeitar e postar por aqui. mas não são grande coisa kkk
Agradeço as leituras e deixo uns beijinhos♥
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