Amante Estilhaçado
Tempos sóbrios aqueles que te amei
Memórias galantes onde me despedacei
Pois funestos se tornaram nossos sonhos
De risos a golpes, teus olhos, tão medonhos
Cobriam o monstro que em teu peito habitas
Belos como os de um anjo, postiça senhorita
Suaves, oblíquos, mas cruéis como o frio
Afiados feito espadas, assim tão arredios
Como tu, que sóis tão insossa e devassa
Deu-me o beijo de Judas. Oh, que mordaça!
Quantas horas gastas? Quantas terras?
Escorrego sobre a lama. Tu vês e me enterras.
Infinitos perdões evoquei a todos os ventos
De joelhos fiquei, amor, por teus sentimentos
Fostes graça, devaneio, mas também ruína
Para teu gozo agora vivo no escuro. Minha sina.
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