A Outra Eu
Da cova funda se erguem fios carmesim
À morte e à sabotagem eles dizem sim
Ao sofrer infinito seus olhos estão cedidos
Pela lâmina da dor e do desastre foram divididos
O amanhã está cego e a esperança, morta
Bebe-se um gole de pregos numa cruz torta
Dentro do calvário alguém abraça a solidão
Por giletes afiadas seus pulsos pedem perdão
Uma trilha prateada a lua cruel ilumina
É a estrada da forca que a alguém domina
Ou o golpe do gatilho que veloz o elimina?
Do céu cai um anjo de asas umbrosas
Cadáver pálido de verdes íris chorosas
Oh, meu Cristo, ela será negada?
Oh, Santo Deus, ela será afogada?
Marionete de cera do próprio destino
Enrolada nas tripas do seu desatino
E congelada, fria, em rubro escuro
Suas vísceras ardem um coração maduro
Mesmo órgão emaranhado em espinhos
Rasgos de arame o perfuram, quietinhos
Chovem adagas de seu abismo oculto
Sanguinolentos deixam este pobre vulto
E seus braços se sufocam em hostis cipós
A garganta se entope de muitos nós
Estrangulado se torce este corpo perfídio
Para arrancar fora o seu suicídio
Mas perceba: outro lado aqui desperta
De rosas negras seu rosto se liberta
Ela não teme mais as sombras densas
Depenada se conhece, no vazio pensa
Que à escuridão entregou seus medos
Onde sombrias teias tecem seus dedos
Ora, ela amou tanto alguém até se ferir
Agora alguém ela fere, e se atreve a sorrir
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