capitulo 20
Otávio não estava na cama quando acordei. Por um momento, fiquei confuso, questionando se a noite anterior tinha sido apenas um sonho. Levantei, ainda sentindo o calor do lençol em meu corpo, e olhei ao redor do quarto. Havia uma blusa branca sobre o abajur, que vesti rapidamente. Ao me aproximar da janela, avistei Otávio no fundo do quintal, em uma casinha de madeira pintada de azul, com um telhado de telhas vermelhas. Desci até lá.
Ao entrar na casinha, fiquei surpreso ao ver vários utensílios mecânicos pendurados em ganchos, cordas organizadas, e alguns equipamentos de malhação espalhados. Otávio estava levantando pesos, seus músculos tensos e definidos com o esforço. Encostei-me no portão de madeira, cruzando os braços, apenas o observando.
"Sentiu minha falta?"– ele perguntou, sem interromper o exercício.
Caminhei até ele, segurando seu rosto e beijando-o com firmeza. Seus braços envolveram minha cintura, e ele me levantou do chão, girando-me no ar. Ao me colocar de volta no chão, ele comentou brincando:
"Se meu pai te visse com essa roupa, tenho certeza que ele surtaria."
Fiquei um pouco aflito. "Seu pai está aqui?"
Otávio riu, segurando minha cintura. "Não, ele e minha mãe viajaram. Eles estão separados, mas dizem que só viajam a trabalho."
Relaxei um pouco, alisando meu dedo no seu peito e beijando-o novamente, enquanto passava a mão nas tatuagens em seus braços. Ele começou a explorar meu corpo com as mãos, até que apertou meus glúteos com força, me arrancando um gemido involuntário.
"Onde você dormiu?"– Gael gritava do outro lado da linha.
"Na casa do Otávio," respondi, tentando manter a calma.
"Erick... Você sabe o quanto eu me preocupo com você?"
"Eu estou bem, Gael. Não precisa se preocupar, sei me defender."
"Tenho as minhas dúvidas... Já sofri quando aqueles caras te sequestraram, não quero te perder novamente."
Olhei para Otávio, que acenava para mim de longe, e sorri. Ele estava vestindo uma blusa do time de futebol. "Gael, te vejo mais tarde," finalizei, desligando o telefone.
Desci do capô do carro de Otávio. Ele me pegou e me beijou, como se quisesse afastar todas as preocupações.
"O que vamos fazer hoje, Sr. Wruck?" perguntei, me afastando um pouco dele, mas ainda mantendo um sorriso no rosto.
"Vou buscar meu irmão no aeroporto, ele está voltando do Rio. Vou dar uma festa de boas-vindas para ele, e seria ótimo que meu namorado comparecesse!" Ele disse, com um sorriso travesso.
Soltei uma risada. "Nossa! Já somos namorados?" provoquei, rindo.
"Bom, pensei que..." Ele começou a explicar, mas interrompi, me enroscando no seu pescoço e o beijando novamente.
"Tudo bem," sussurrei contra seus lábios, aceitando o que parecia ser um novo começo entre nós.
Aguardei ao lado de Otávio enquanto esperávamos o desembarque do seu irmão. De repente, um grito ecoou: "Ota!" Otávio se levantou e foi ao encontro dele, os dois se abraçaram e riram juntos, parecendo duas crianças felizes. Otávio pegou as malas do irmão, e eu me levantei para me apresentar, mas não estava preparado para a visão que tive. O irmão mais velho de Otávio era incrivelmente bonito. Ele tirou os óculos escuros, revelando um sorriso perfeitamente alinhado e músculos que se destacavam sob a blusa preta e a calça jeans rasgada nos joelhos.
"Tudo bom, me chamo Renato. Você deve ser Erick, acertei?" Ele perguntou com confiança.
Assenti com a cabeça e repeti meu nome, ainda um pouco surpreso.
"Bom garoto, já que se conheceram, vamos embora?" Renato disse, dando um cascudo em Otávio, que respondeu com um sorriso.
Eu ri ao ver os dois brincando, pareciam tão à vontade um com o outro. "Como fez para ter mais músculo que eu?" Otávio perguntou, visivelmente impressionado.
"Fiquei no exército dois anos, irmão. Não sou mais o franzino. Agora você é!" Renato respondeu, socando o braço de Otávio, e eles riram juntos.
A conversa tomou um rumo inesperado quando Renato perguntou, "E aí, pegando alguma gostosa bunduda? Alguma gostosa que eu possa enfiar a cara nela?"
Fiquei tenso, aguardando a resposta de Otávio.
"Estava saindo com uma garota muito gostosa, mas agora não estou seriamente com ninguém!" Ele respondeu, mas seu olhar encontrou o meu, e um misto de sentimentos passou por mim.
Ajudei Otávio a levar as malas do irmão para o quarto de hóspedes na casa dos seus pais. O ambiente estava carregado de uma tensão silenciosa.
"Me desculpe..." Otávio disse de repente.
"Pelo o quê?" Perguntei, tentando entender.
"Pelo que falei antes. Eles não sabem que sou gay!" Ele admitiu, a voz carregada de conflito interno.
"Você é gay?" Perguntei, com ironia evidente.
"Eu..." Ele começou, mas antes que pudesse continuar, eu o interrompi.
"Tudo bem, Otávio. Você não quer nada sério o bastante, já entendi isso. Você é de uma profunda contradição." Falei, saindo do quarto, sentindo uma mistura de frustração e decepção.
Enquanto me dirigia para a sala, Renato me parou no caminho. "Meu irmão é bastante idiota," ele disse, o tom sério.
"O que você disse?" Perguntei, confuso.
"Como ele pode dispensar uma pessoa como você por medo de ser descoberto?"
Antes que eu pudesse responder, Renato se aproximou, segurou meu rosto e me beijou profundamente. "Você merece um homem, não um moleque!" Ele disse, mas eu neguei com a cabeça, sentindo-me ainda mais perdido. Alisei meus lábios, tentando processar o que havia acabado de acontecer, e saí da casa sem olhar para trás.
Quem eles pensam que são? pensei, que podem me beijar e dizer essas coisas, e tudo vai ficar bem?
Ao chegar em casa, a situação só piorou. Gael estava conversando com dois policiais na sala. Ele se virou para mim, com uma expressão séria.
"Erick, esses são o sargento Sullivan e o sargento Laving. Vieram falar com você."
Mas essa agora, mais um problema! pensei, sentindo o peso de mais uma situação prestes a desabar sobre mim.
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