capitulo 14

Sinto toques leves nos meus cabelos e, ao abrir os olhos lentamente, vejo Gael à minha frente. Seu sorriso é caloroso, e ele me dá um beijo suave na testa.

"Está melhor?" – pergunta, sua voz cheia de preocupação e carinho.

"Sim, estou melhor." – respondo, tentando sorrir de volta.

O Dr. Samuel entra no quarto, com um sorriso tranquilo no rosto. "Bom, Erick, acho que já pode voltar para casa. Não houve nada de anormal nos exames, apenas evite os remédios por um tempo." – ele entrega uma folha para Gael e me dirige um olhar compreensivo. "Continue o grupo de apoio, isso pode fazer uma grande diferença. Me comentaram que você estava participando. É importante para o seu progresso."

Minha mãe entra no quarto, segurando um copo de água. Ela me entrega com um olhar preocupado. "Aqui, filho."

"Obrigado, mãe." – digo, aceitando o copo e bebendo um gole.

"Vamos, é hora de ir para casa." – diz Gael, ajudando-me a sair da cama com cuidado.

"O trânsito pode estar pesado pela Páscoa, então tomem cuidado." – o Dr. Samuel finaliza, antes de se despedir e sair do quarto.

Com um último olhar para o Dr. Samuel, Gael e minha mãe me acompanham até a saída, e juntos deixamos o hospital, prontos para enfrentar o próximo capítulo dessa jornada.

Chego em casa e sou recebido por Neuza, que traz algumas frutas e cereais para eu comer com iogurte grego. Gael me ajuda a ir para o meu quarto, enquanto minha mãe organiza os presentes que recebi dos visitantes no hospital. Ela me beija na bochecha antes de sair do quarto, e Gael se deita ao meu lado.

"O que há com minha mãe?" – pergunto, ainda meio confuso.

"Desde que chegou de viagem, ela tem estado mais calma e tranquila," – responde Gael, comendo uma manga picada.

"Hum."

Acabo pegando no sono. Uma hora depois, Neuza me acorda, informando que há uma visita me esperando. Desço para a sala e encontro meu pai.

"Olá, querido, como você está?" – pergunta ele, com um olhar preocupado.

Abraço-o lentamente.

"Estou bem."

Me sento ao seu lado. Meu pai sabia de tudo que havia acontecido, ele assistiu aos vídeos das câmeras junto com Gael, e os dois conseguiram prender Filipe. Soube que Filipe estava prestes a sair da cidade quando foi capturado.

"Só precisamos do seu depoimento, Erick. Eles querem ouvir de você o que aconteceu," – diz Gael, de braços cruzados, com um olhar sério.

"Eu já contei tudo ao Gael," – digo, olhando para ele, que estava em seu traje policial, com os músculos visivelmente tensos.

"Mas é necessário que você vá lá pessoalmente," – insiste Gael, tocando meu ombro.

Meu pai me observa, aguardando minha resposta.

"Tudo bem!"– digo.

Neuza sai da cozinha para atender à porta. Alguém já havia tocado a campainha várias vezes.

"Oi... é... Erick está?" – reconheço aquela voz.

"Sim, está na sala com o Erick, é o Otávio. Entre!" – responde Neuza, abrindo a porta.

Por um momento, mal percebo o que meu pai havia dito. Vejo Otávio entrar na sala, e me levanto do sofá, posicionando-me ao lado de Gael. Otávio engole em seco ao encontrar o olhar fixo de meu pai.

"Olha, um amigo do meu filho..." – diz meu pai, com um tom amigável, mas com um olhar avaliativo.

"É, Sr. Schimutz... Não quero atrapalhar, só trouxe as matérias perdidas de Erick," – diz Otávio, visivelmente nervoso.

"Não se preocupe, garoto! Eu já estava de saída..." – diz meu pai, antes de se dirigir a mim e a Gael, que estava com o braço ao redor da minha cintura. "Então estamos conversados. Amanhã espero vocês na delegacia." – Meu pai se despede, olhando para Otávio. "Prazer em te conhecer, garoto."

"O-o prazer foi meu, S-senhor..." – responde Otávio, gaguejando um pouco.

Meu pai sai pela porta, e o silêncio paira por um momento.

"Bom, vou voltar para a delegacia. Se precisar de algo, é só me ligar, tá?" – diz Gael, olhando para mim com preocupação.

"Estou bem," – respondo, tentando transmitir uma sensação de normalidade.

Me sento novamente no sofá, e Otávio me acompanha. Ele tira a mochila das costas e a coloca ao lado do sofá. A tensão entre nós parece se dissipar um pouco, mas o ambiente ainda carrega uma sensação de nervosismo e incerteza.

"Quer dizer que agora somos amigos?" – Otávio pergunta, uma leve dúvida na voz.

"Pode se dizer que sim." – Respondo, fazendo um sinal de aspas com os dedos.

Ele me encara com um olhar diferente, como se tentasse decifrar algo. Decido mudar de assunto para aliviar o clima.

"Como foi a festa?" – Pergunto, tentando parecer casual.

"Não foi tão boa, se você tivesse ido talvez tivesse sido melhor," – ele responde, um toque de frustração na voz.

"Eu vi a festa do meu quarto. Sua casa estava cheia, e você até chamou o Vince," – digo, sorrindo.

"Sim, chamei o time..." – Ele hesita, me olhando. "Sem ofensa, mas não entendi bem por que me chamou. Tenho certeza de que não foi só para pegar a matéria."

Eu sabia que esse não era o melhor momento para tentar uma nova amizade, especialmente depois do que aconteceu com Filipe. Mas eu precisava de alguém, alguém que não fosse a Nina e sua vida perfeita.

"Eu realmente preciso de um amigo!" – Digo, a sinceridade evidente na minha voz.

Otávio sorri, e algo em seu olhar muda. Ele parece estar aceitando a chance que estou oferecendo.

"Então, parece que essa oportunidade é para nós dois," – ele diz, com um sorriso encorajador.

Eu havia lhe dado uma chance, e agora era a vez dele não estragar.

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