Capítulo 34

1012 PALAVRAS

O ar estava pesado e abafado, na entrada do antigo duto de ventilação da mina de carvão. A escuridão parecia uma entidade viva, densa e sufocante. Nathan segurava firmemente a corda que sustentava Gabi, que estava sendo descido com cuidado para uma área mais profunda do duto, onde ele poderia instalar o aparelho de ventilação. Cada movimento era calculado; o som das botas de Gabi raspando contra as paredes do duto ecoava pela mina como um sussurro ameaçador.

— Está tudo bem aí embaixo? Perguntou Nathan, a voz baixa para evitar qualquer ruído que pudesse perturbar a instabilidade do lugar.

— Tudo bem até agora; respondeu Gabi, com esforço. Ele estava carregando o equipamento de ventilação, pesado e volumoso, mas que tinha o potencial de salvar vidas caso o ar dentro da mina ficasse insuportável.

Gabi finalmente alcançou uma pequena plataforma de solo no interior do duto. Lá, com movimentos cuidadosos, ele começou a posicionar o aparelho. Era um projeto que ele vinha aperfeiçoando há anos: um ventilador que funcionava silenciosamente, sem causar vibrações que pudessem provocar desabamentos.

Enquanto trabalhava, Gabi sentia o suor escorrendo por seu rosto. Ele sabia que o tempo era crucial. Se o ar não começasse a circular logo, seria perigoso para quem estivesse preso dentro da mina e isso incluía Elizabeth.

— Vou ligar agora; anunciou ele.

Nathan, que permanecia no topo do duto, sentiu o coração acelerar. Ele apertou a corda com ainda mais força, preparado para qualquer coisa.

— Certo, estou pronto; respondeu Nathan.

Um leve clique ecoou no espaço, quando Gabi ativou o aparelho. Por um momento, houve silêncio absoluto, seguido por uma sensação quase imperceptível no ar. O ventilador começou a funcionar, movendo o ar de maneira suave e constante.

— Está funcionando! Exclamou Gabi, sua voz carregada de alívio.

Nathan inalou profundamente e percebeu a diferença. Era sutil, mas já era possível sentir o ar circulando melhor.

— Bom trabalho, Gabi. Vamos tirá-lo daí.

Com cuidado, Nathan começou a puxar a corda, trazendo Gabi de volta para a superfície do duto. Quando ele finalmente emergiu, ambos trocaram um olhar de satisfação e alívio.

— Este aparelho pode ser a diferença entre vida e morte; disse Gabi.

Nathan assentiu.

— Vamos usá-lo bem.

Enquanto se preparavam para deixar o duto e voltar ao ponto de encontro com Bill e Gab, Nathan e Gabi seguiram por um dos túneis laterais da mina. O espaço era apertado, e o som de seus passos ecoava como trovões na escuridão.

Foi então que Nathan viu algo no chão, perto de um pequeno declive. Ele se abaixou e pegou uma bolsa.

— O que é isso? Perguntou Gabi, aproximando-se.

Nathan examinou a bolsa com cuidado. Era de couro, desgastada pelo tempo, mas ainda intacta. Ele a segurou firme.

— Parece que foi deixada aqui recentemente. Vamos sair daqui antes de abri-la.

Gabi concordou, e os dois saíram da mina com pressa, cientes de que o lugar era instável e perigoso.

Nathan e Gabi finalmente chegaram ao ponto de encontro na floresta, onde Bill e Gab aguardavam. Ambos estavam tensos, olhando os arredores em alerta. Quando viram Nathan segurando a bolsa, seus olhos se estreitaram.

— O que é isso? Perguntou Gab, aproximando-se.

— Achamos na mina, em um dos túneis; respondeu Nathan. Ele colocou a bolsa no chão e começou a abri-la com cuidado.

O que encontraram dentro deixou todos em silêncio.

A primeira coisa que Nathan retirou foi um maço de fotos. Ele as segurou à luz de uma lanterna, e sua expressão mudou de curiosidade para confusão.

— São fotos da Elizabeth... Murmurou ele.

Bill e Gab se aproximaram para olhar.

— Deixa eu ver isso. Disse Bill, pegando algumas das fotos.

As imagens mostravam Elizabeth anos atrás, em Hamilton, antes de se mudar para Hope Valley. Ela estava impecavelmente vestida, usando vestidos elegantes que realçavam sua beleza natural. Em algumas fotos, ela parecia quase uma princesa, com um brilho sofisticado que contrastava com sua simplicidade atual.

Mas não era isso que chamou a atenção de Nathan. Em várias das fotos, havia um homem jovem ao lado de Elizabeth. Ele era bem vestido, com trajes que indicavam riqueza e status. Seu olhar para Elizabeth era de intensa cobiça, como se ela fosse uma posse que ele desejava ardentemente.

— Quem é esse? Perguntou Nathan, virando-se para Bill.

Bill olhou as fotos com mais atenção, e de repente sua expressão ficou sombria.

— Eu sei quem é.

— Quem? Insistiu Nathan, a voz tensa.

Bill levantou o olhar, os olhos cheios de raiva e indignação.

— É Charles III.

Nathan franziu a testa.

— Charles III? Quem é esse?

Bill respirou fundo, tentando conter a frustração.

— Ele era de Hamilton. Veio aqui anos atrás para pedir Elizabeth em casamento. Os pais dela fizeram de tudo para uni-los, mas Elizabeth recusou. Ela casou com Jack Thorton. Ele fez uma pausa, como se estivesse recordando um episódio doloroso. Os pais dela nunca a perdoaram por isso. E Charles... bem, ele nunca superou.

Nathan ficou em silêncio, processando as informações.

— Então ele tem motivos para querer machucá-la... ou pior.

Gab, que até então estava em silêncio, falou:

— Isso explica por que ele a teria levado. Mas por que agora? Depois de todos esses anos?

Ninguém tinha uma resposta clara.

Nathan continuou a examinar a bolsa e encontrou outros itens. Havia uma blusa preta enorme com capuz, que parecia algo usado para se disfarçar. Havia também um revólver, ainda carregado.

— Ele estava planejando isso. Disse Nathan, com os olhos fixos no revólver.

Bill apertou as mãos em punhos.

— Ele está jogando conosco. Ele sabia que encontraríamos isso.

Foi então que Bill gritou, sua voz ecoando pela floresta:

— Eu vou matar Charles III se ele fizer algo com ela...

O grito de Bill reverberou, carregado de tensão e raiva, enquanto o grupo absorvia a gravidade da situação.

Nathan apertou os punhos. Ele sabia que o tempo estava contra eles. E agora, com Charles III como o provável culpado, a missão de salvar Elizabeth ficava ainda mais urgente e pessoal.  

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