Capítulo 32

PALAVRAS

O som dos cascos dos cavalos ecoava pela estrada de terra batida, enquanto o vento carregava consigo o aroma familiar de Hope Valley. Robert e Cody cavalgavam lado a lado, suas silhuetas cansadas contrastando com a paisagem iluminada pelo sol da tarde. Depois de um ano e meio longe, o peso das longas jornadas e do treinamento no Alasca começava a desaparecer diante da expectativa de estarem finalmente em casa.

— Lá está; disse Robert, apontando para a placa desgastada que anunciava:

Bem-vindo a Hope Valley

Sua voz, apesar de rouca pelo esforço dos últimos dias, carregava um tom de alívio e emoção.

Cody sorriu, sentindo a familiaridade do lugar aquecer seu coração. Ele ajustou a posição no cavalo, ignorando a dor do braço ainda fraturado.

— Finalmente; disse ele, quase em um sussurro. Estamos de volta.

Robert assentiu, mas seu olhar estava distante, como se sua mente já estivesse voando para os rostos que ele ansiava ver novamente. Hope Valley não era apenas um lugar; era um símbolo de tudo o que eles haviam deixado para trás: amizades, memórias e sonhos que agora ansiavam reencontrar.

Robert não conseguia conter o sorriso ao pensar em Laura. Ela sempre esteve presente em seus pensamentos durante as noites geladas do Alasca. Lembrava-se de sua risada leve, do brilho nos olhos dela quando falava sobre suas aspirações de se tornar professora, e do carinho que ela dedicava ao pequeno Jack.

Laura havia escrito a ele algumas vezes, contando sobre sua rotina como babá e aprendiz na escola. Ele sabia que ela estava progredindo rapidamente e que, em breve, seria uma professora formada. Robert sentia um orgulho silencioso por ela, mas também uma certa ansiedade.

Cody, por outro lado, tinha uma paz diferente em seu coração. Ele sabia que não encontraria Allie em Hope Valley, pois ela estava vivendo em Toronto, perseguindo seus próprios sonhos. Ainda assim, estar na cidade deixaria mais fácil a comunicação entre eles. Por mais que sentisse saudade de Allie, ele sabia que o tempo longe só fortalecia o vínculo entre eles.

— Sabe, Robert; começou Cody, quebrando o silêncio. Acho que estar de volta aqui vai nos fazer bem. Mesmo com tudo o que passamos lá fora, aqui é nosso lar.

Robert sorriu, mas havia uma sombra de preocupação em seu olhar.

— Sim, Cody. Mas muita coisa pode ter mudado. Um ano e meio é muito tempo.

Cody assentiu.

— Verdade. Mas algumas coisas nunca mudam, como o café da Abigail ou as aulas da Elizabeth. Você sabe, ela sempre foi mais que uma professora para a gente.

Robert riu, lembrando-se das lições de Elizabeth. Ela sempre soube como desafiá-los, mas também como incentivá-los. Pensar nela trazia um conforto quase maternal.

— E o pequeno Jack? Perguntou Cody, tentando desviar os pensamentos das mudanças. Aposto que está enorme agora.

Robert riu.

— Laura sempre fala dele nas cartas. Parece que ele está cada vez mais levado. Não sei se Elizabeth consegue acompanhá-lo.

Cody sorriu, mas havia algo mais profundo em seus pensamentos. Ele sabia que, apesar de todas as mudanças, Hope Valley ainda guardava as raízes de quem ele era. Ele pensava em Abigail, a mulher que havia sido mais do que uma guardiã para ele e Becky; ela fora uma mãe, uma amiga, uma mentora. Mesmo com o braço fraturado, ele estava decidido a ajudá-la no café.

— Abigail merece um descanso; disse Cody, mais para si mesmo.

Robert olhou para ele, percebendo o tom reflexivo.

— Vai ser bom para ela ter você de volta. Sei o quanto você significa para ela.

Cody assentiu em silêncio, pensando no quanto sua vida mudou graças à generosidade de Abigail.

À medida que se aproximavam mais da cidade, os sons de Hope Valley começaram a surgir: o tilintar distante de martelos vindos da madeireira de Lee, o som abafado de conversas e risadas no café da Abigail e até o latido de cães correndo pelas ruas de terra. Tudo isso parecia uma música familiar para os dois.

Robert respirou fundo, o cheiro do lugar trazendo lembranças vivas de sua infância. Ele pensava em seu avô, um homem simples e trabalhador, que dedicara a vida à fazenda. Agora, com a idade avançada, Robert sabia que era sua vez de retribuir o cuidado que sempre recebeu.

— Preciso ver meu avô primeiro; disse Robert, virando-se para Cody. Ele deve estar ansioso para saber que estou bem.

Cody assentiu.

— E eu preciso ver Abigail. Prometi a mim mesmo que faria o máximo para ajudar, mesmo que só com uma mão.

Os dois riram, mas havia um peso de emoção nos olhos de ambos. Eles haviam enfrentado desafios enormes no Alasca, desde o treinamento rigoroso até as condições adversas, mas voltar para casa era um tipo diferente de desafio. Agora, eles precisariam encontrar seu lugar novamente em uma cidade que talvez não fosse exatamente a mesma que deixaram.

— Espero que todos estejam bem; disse Robert, quebrando o silêncio.

Cody assentiu.

— Estar aqui já é metade da batalha.

Quando passaram finalmente pela placa de "Bem-vindo a Hope Valley", ambos pararam os cavalos por um momento, apenas para observar a cidade à frente. As luzes das casas começavam a brilhar enquanto o sol desaparecia no horizonte, pintando o céu de tons dourados e rosados.

Robert olhou para Cody e sorriu.

— Pronto para isso?

Cody riu, ajustando a postura no cavalo.

— Depois de tudo o que enfrentamos, acho que podemos lidar com qualquer coisa.

Eles avançaram, seus corações pulsando com expectativa. Robert já imaginava o sorriso de Laura quando o visse, enquanto Cody quase podia ouvir a voz de Abigail perguntando por que ele demorou tanto.

Os dois amigos, embora cansados e marcados pelo tempo longe, estavam prontos para se reconectar com suas vidas em Hope Valley. Afinal, aquele era o lugar que sempre os acolheu, o lugar onde seus laços mais profundos haviam sido formados.

E, mesmo sem saber ao certo o que o futuro reservava, ambos sentiam que finalmente estavam onde deveriam estar.

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