Capítulo 27
1348 PALAVRAS
Elizabeth acordou cedo naquela manhã de sábado, o céu ainda escuro, com as estrelas brilhando fracamente. Ela perdera o sono, e com Jack Jr. dormindo na casa de Rose e Lee, decidiu aproveitar a tranquilidade do início do dia. Sentia-se cansada, mas o sono insistia em não vir. Durante toda a noite, teve a estranha sensação de que alguém a observava, mas ao acordar, não viu nada de errado.
Elizabeth vestiu-se rapidamente e saiu de casa, o silêncio das ruas acolhendo-a como um velho amigo. Sem acender o lampião, caminhou pelo caminho que conhecia de cor, em direção aos estábulos da cidade. A familiaridade dos passos nas ruas de Hope Valley lhe dava algum conforto, mas a sensação de ser vigiada persistia.
Enquanto andava, os cabelos de sua nuca se arrepiavam, e gotas de suor escorriam pelas suas costas. Tinha a sensação constante de que olhos a acompanhavam, mas decidiu seguir em frente, ignorando o instinto que a alertava do perigo. Cada passo era um esforço consciente para manter a calma, o coração batendo mais rápido a cada movimento nas sombras.
Foi então que ouviu passos atrás de si.
O som pesado e ritmado fez com que o medo subisse pela espinha. Elizabeth acelerou o passo, sentindo o pânico crescer. Ao chegar aos estábulos, viu a porta entreaberta, uma luz fraca escapando pela fresta. Sem pensar duas vezes, correu e entrou, batendo a porta atrás de si.
O estrondo assustou os cavalos, e um deles relinchou alto, ecoando pelo espaço. Elizabeth encostou-se contra a porta, tentando recuperar o fôlego, os olhos ajustando-se à penumbra.
Foi quando o viu.
Um homem, parado ao lado da porta lateral. Ele estava encapuzado, as sombras escondendo seu rosto, mas ela reconheceu imediatamente os sapatos de couro, com a sola do pé esquerdo desgastada.
O medo a paralisou por um momento, mas ela sabia que precisava agir. O homem deu um passo à frente, e Elizabeth sentiu o coração disparar. Ela se afastou lentamente, os olhos fixos no desconhecido.
— Quem é você? O que quer de mim? Perguntou Elizabeth, tentando manter a voz firme, mas não conseguindo esconder o tremor.
O homem não respondeu. Em vez disso, permaneceu parado, os olhos invisíveis fixos nela. O silêncio era quase ensurdecedor, aumentando a tensão a cada segundo que passava.
Elizabeth olhou ao redor, buscando uma saída. Os cavalos estavam inquietos, refletindo o clima de perigo que preenchia o ar. Ela sabia que precisava sair dali, mas cada movimento parecia uma eternidade.
Finalmente, reuniu coragem e começou a se mover lateralmente, tentando chegar até Sargent. Precisava de algo, qualquer coisa que pudesse usar para se defender ou criar uma distração. O homem a observava atentamente, sem fazer qualquer movimento brusco.
Quando Elizabeth alcançou Sargent, ela rapidamente pegou a rédea e, com um movimento rápido, tentou levar o cavalo em direção à porta, na esperança de que a presença imponente do animal intimidasse o desconhecido. O homem, porém, deu um passo atrás, desaparecendo nas sombras do estábulo.
Elizabeth não esperou para ver o que ele faria em seguida. Com o coração batendo acelerado, ela montou rapidamente em Sargent e cavalgou para fora do estábulo, a adrenalina correndo pelas veias. O frescor da manhã atingiu seu rosto enquanto ela galopava pelas ruas ainda adormecidas de Hope Valley, o som dos cascos do cavalo ecoando no silêncio.
Ela não sabia quem era aquele homem ou o que ele queria, mas uma coisa era certa: a sensação de ser vigiada não era apenas fruto de sua imaginação. O perigo era real, e ela precisava encontrar Nathan e os outros para descobrir como resolver essa ameaça que pairava sobre Hope Valley.
Com Sargent avançando firme, Elizabeth sentiu uma renovada determinação. Ela sabia que não poderia deixar o medo dominá-la. Precisava proteger Jack Jr. e a cidade que tanto amava. E, com Nathan ao seu lado, estava pronta para enfrentar qualquer desafio que viesse pela frente.
Nathan viu a luz do estábulo e, logo em seguida, Elizabeth saindo em disparada em Sargent. Ela não abriu a porta; simplesmente saiu a galope, arrombando uma das abas. Ele tinha passado ali no estábulo horas antes para pegar Newton e fazer uma pequena ronda, pois estava sem sono, e agora, ao voltar para que Newton se refrescasse, viu a cena. Elizabeth não olhava para frente, mas o tempo todo olhava para o estábulo. Ela estava assustada, ele tinha certeza. Nathan notou o pavor em seu corpo, a maneira como ela segurava as rédeas com força, os olhos arregalados em terror.
Ele correu até o estábulo, amarrou seu cavalo e olhou ao redor, mas nada viu ali. No entanto, algo estava estranho. Seu sexto sentido lhe dizia que havia algo errado. Foi ao olhar para a porta que notou a porta lateral. Nunca ninguém abria aquela porta, pois a porta principal era a única usada. E ao passar ali mais cedo, aquela porta estava trancada. Somente os Mounties, Bill e Mart, o ferreiro, tinham a chave daquele cadeado, e Mart estava viajando.
Nathan sabia que algo estava errado. Subiu em seu cavalo e correu para o campo para alcançar Elizabeth. Não sabia para onde ela iria, mas iria achar a mulher que tanto amava. Algo a assustou, e ele não ia permitir isso. Nathan correu e correu em seu cavalo, os cascos de Newton martelando a terra com urgência.
Após alguns minutos, avistou Sargent em frente à casa de Gab, onde ele também estava hospedado. Ele gastara tempo procurando ela por todo lado e descobriu que ela estava mais perto do que pensava. Elizabeth estava chorando. Minha Elizabeth estava chorando nos braços de Gab, que tentava confortá-la. Nathan desceu do cavalo em um único pulo e disse:
— Elizabeth?
Ela olhou para ele, os olhos cheios de pavor, e correu para seus braços, chorando muito. Enquanto a segurava, sentindo o corpo dela tremer contra o seu, Gab explicou o que havia ocorrido.
— Elizabeth me contou que foi ao estábulo e viu alguém. Um homem encapuzado. Ela disse que ele tinha sapatos de couro com a sola do pé esquerdo muito gasta. Ela ficou apavorada, Nathan. Disse Gab, a voz preocupada.
Nathan sentiu a raiva fervilhar dentro de si. Aquele homem misterioso estava aterrorizando Elizabeth, e ele não ia permitir que isso continuasse.
— Elizabeth, estou aqui. Você está segura agora. Disse Nathan, tentando acalmá-la.
Elizabeth soluçava, enterrando o rosto no peito de Nathan.
— Eu estava tão assustada, Nathan. Eu vi ele, o homem encapuzado. Ele estava lá, no estábulo. Disse ela, a voz entrecortada pelo choro.
Nathan segurou o rosto dela entre as mãos, olhando diretamente em seus olhos.
— Eu prometo que vamos descobrir quem ele é e vamos detê-lo. Não vou deixar ninguém te machucar. Disse ele, a voz firme e determinada.
Elizabeth assentiu, sentindo-se um pouco mais segura nos braços dele. Nathan a ajudou a entrar na casa de Gab e a sentou no sofá, cobrindo-a com uma manta para aquecê-la. Gab preparou uma xícara de chá para Elizabeth, tentando trazer algum conforto.
— Elizabeth, você quer me contar o que aconteceu exatamente? Perguntou Nathan, sentando-se ao lado dela.
Elizabeth respirou fundo, tentando controlar as lágrimas.
— Acordei cedo e decidi ir andar com Sargent. Estava sem sono, e Jack Jr. estava na casa de Rose e Lee. Enquanto caminhava pelas ruas, tive a sensação de que alguém me observava. Então, ouvi passos atrás de mim e corri para o estábulo. Quando entrei, vi o homem encapuzado. Fiquei apavorada e saí correndo com Sargent. Contou ela, a voz tremendo.
Nathan segurou a mão de Elizabeth com firmeza.
— Você fez bem em sair dali. Vamos descobrir quem é esse homem e por que ele está te perseguindo. Disse ele, tentando transmitir confiança.
Gab, sempre otimista, tentou aliviar a tensão.
— Vamos resolver isso juntos, Elizabeth. Estamos aqui para te proteger. Disse ele, sorrindo.
Elizabeth sentiu-se um pouco mais calma, cercada pelo apoio de Nathan e Gab. Sabia que estava em boas mãos e que não estava sozinha nessa luta.
Nathan passou aquela noite em claro e de longe vigiando a casa e garantindo que Elizabeth estivesse segura. O dia seguinte foi dedicado a planejar os próximos passos para descobrir a identidade do homem encapuzado e acabar com a ameaça que pairava sobre Hope Valley.
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