Capítulo 17

1960 PALAVRAS

O vento cortante do Alasca rugia como um lobo faminto, chicoteando a neve ao redor dos soldados acampados em uma região remota. A batalha contra as gangues que tentavam tomar o controle do território era feroz e constante. O frio implacável fazia cada movimento parecer uma luta contra a própria natureza. Robert e Cody, ambos com apenas 18 anos, estavam no meio desse caos, enfrentando o inimaginável.

O cenário ao seu redor era uma mistura de branco gélido e sangue. A neve, que caía incessantemente, transformava-se em um palco de sofrimento e dor. O frio intenso penetrava até os ossos, tornando cada movimento uma tortura.

As balas zumbiam pelo ar, cortando o silêncio apenas interrompido pelos gritos agonizantes dos soldados feridos. As explosões ecoavam pelos vales, levantando nuvens de neve e terra. Era como se o próprio inferno tivesse se deslocado para aquela terra gelada.

Robert e Cody lutavam com uma determinação desesperada, movidos pelo instinto de sobrevivência e pela responsabilidade de proteger seu território. Cada um dos disparos era feito com precisão, mas o avanço das gangues era implacável. Os inimigos surgiam da neblina, sombras ameaçadoras que pareciam infinitas.

Em meio ao caos, Robert sentia o peso da batalha sobre seus ombros jovens. Cada vez que puxava o gatilho, sentia a resistência da arma e a reverberação do disparo se espalhando pelo corpo. Seus dedos estavam dormentes do frio, dificultando os movimentos. O suor congelava em sua testa, e a respiração era um esforço doloroso. Olhou para Cody ao seu lado, vendo a mesma determinação refletida nos olhos do amigo. Eles compartilhavam um vínculo que ia além da amizade; era uma irmandade forjada no calor da batalha.

De repente, uma explosão próxima jogou Robert ao chão. Ele sentiu a força do impacto como um golpe brutal, o ar sendo arrancado de seus pulmões. A neve ao redor dele estava tingida de vermelho, e por um momento, tudo parecia em câmera lenta. Ouviu os gritos de Cody chamando seu nome, mas a dor era tão intensa que mal conseguia responder.

Com um esforço sobre-humano, Robert conseguiu se levantar. Viu Cody correndo em sua direção, o rosto do amigo contorcido de preocupação. Sangue escorria de um corte na testa de Cody, misturando-se ao suor e à neve. Apesar da dor, Robert sentiu uma onda de alívio ao ver que Cody estava vivo.

— Robert, você está bem? Gritou Cody, a voz mal se fazendo ouvir em meio ao tumulto.

Robert assentiu, mesmo que cada movimento fosse uma tortura. Juntos, eles se dirigiram para uma cobertura improvisada, tentando recuperar o fôlego e avaliar a situação. Os sons da batalha eram ensurdecedores, mas a presença de Cody ao seu lado trazia uma sensação de segurança.

O campo de batalha era um cenário de horror.

Corpos caídos pontilhavam a paisagem, alguns imóveis, outros se contorcendo de dor. O cheiro de pólvora misturava-se ao ar gelado, criando um ambiente sufocante.

Os feridos clamavam por ajuda, mas as condições tornavam impossível atender a todos. A neve, manchada de vermelho, era um lembrete constante do sacrifício e da brutalidade da guerra.

Robert e Cody sabiam que precisavam continuar lutando, apesar do desespero e do cansaço. Olhavam um para o outro, e sem precisar de palavras, encontravam a força para seguir em frente. A responsabilidade de proteger seus companheiros e seu território era um fardo pesado, mas eles o carregavam com orgulho e determinação.

Enquanto a batalha continuava, a exaustão tornava-se um inimigo tão implacável quanto os atacantes. Cada minuto parecia uma eternidade, e o frio, implacável, corroía suas forças. As rajadas de vento gelado cortavam suas faces, e os dedos, mesmo cobertos por luvas, começavam a perder a sensibilidade.

Os momentos de trégua eram breves, apenas o suficiente para recarregar as armas e tentar estancar o sangue dos ferimentos mais graves. O silêncio entre uma investida e outra era assombrado pelos gemidos dos feridos e pelos murmúrios desesperados dos moribundos. Robert sentia o coração pesado ao ver seus companheiros sofrendo, mas sabia que não podia se deixar abater. A batalha ainda não estava ganha.

A dor era uma companheira constante. Robert podia sentir cada arranhão, cada hematoma, cada osso dolorido. Mas o pior de tudo era o frio. O gelo penetrava sua pele, tornando cada respiração um esforço agonizante. Ele olhava ao redor e via rostos congelados em expressões de dor, medo e determinação. Era um lembrete cruel da realidade da guerra, onde não havia espaço para fraqueza.

Em um momento de rara calmaria, Robert conseguiu trocar algumas palavras com Cody. Os dois amigos se olharam nos olhos, uma comunicação silenciosa de apoio e camaradagem.

— Não vamos desistir, Rob. Vamos sair dessa, juntos; disse Cody, a voz rouca de cansaço.

Robert assentiu, sentindo uma renovada determinação.

— Vamos, Cody. Por Hope Valley e por todos que amamos. Respondeu Robert, a voz firme apesar do tremor causado pelo frio.

E assim, a batalha continuava, um ciclo interminável de violência e resistência. Cada segundo era uma luta pela sobrevivência, mas também uma prova da força e do espírito indomável dos jovens mounties. Eles sabiam que estavam lutando por algo maior do que eles mesmos, e isso lhes dava a coragem para continuar, mesmo quando tudo parecia perdido.

O vento cortante do Alasca rugia como um lobo faminto, mas Robert e Cody, apesar do medo e da dor, continuavam a lutar. Eles eram soldados, amigos e irmãos na batalha. E mesmo nas condições mais adversas, encontravam força um no outro, determinados a proteger o que era deles e a vencer a escuridão que os cercava.

Depois de um dia exaustivo e repleto de combate, Robert e Cody finalmente retornaram à barraca que dividiam. Seus corpos doíam, os músculos protestando contra o frio intenso e o cansaço acumulado. Cada osso parecia lamentar a falta de calor e conforto. Cody jogou-se no catre com um suspiro pesado, enquanto Robert procurava algum alento na rotina que lhes restava.

Foi então que um mensageiro dos mounties, um jovem novo na unidade, entrou correndo na barraca. Trazia consigo um brilho de esperança em meio ao desespero do dia.

— Robert, hoje é sua vez; disse o mensageiro, um sorriso sincero no rosto enquanto entregava uma carta. Chegou algo para você.

Robert pegou a carta com mãos trêmulas, a surpresa se transformando em uma cálida alegria. Era uma carta de Laura, sua eterna amiga e o amor de sua vida. Ele reconheceu a caligrafia dela imediatamente, e por um momento, todas as dificuldades do dia desapareceram.

Com cuidado, Robert abriu a carta e começou a ler. As palavras de Laura eram como um bálsamo para sua alma ferida, enchendo-o de uma esperança renovada. A letra delicada, as palavras cuidadosamente escolhidas, tudo refletia o amor profundo que ela sentia por ele.

Querido Robert,

Espero que esta carta te encontre bem. Tenho pensado muito em você ultimamente e em como deve estar enfrentando os desafios no Alasca. Sua coragem e determinação são uma inspiração para mim, e todos os dias rezo pela sua segurança e pelo seu retorno.

Aqui em Hope Valley, as coisas continuam como sempre. A primavera chegou, trazendo consigo um pouco de calor e cores para nossos dias. A escola está cheia de vida, e as crianças sempre perguntam sobre você e Cody. Eles sentem falta das histórias que você contava sobre suas aventuras e do jeito como fazia cada um se sentir especial.

Robert, sinto tanto a sua falta. Às vezes, à noite, olho para as estrelas e me pergunto se você também está olhando para elas. Esse pensamento me conforta, como se de alguma forma estivéssemos conectados através do céu. Sei que é difícil estar longe de casa, mas quero que saiba que estou esperando por você, ansiosa pelo dia em que possa segurar sua mão novamente.

Nos momentos mais difíceis, lembro-me do seu sorriso e da maneira como me faz sentir segura e amada. Esses pensamentos me ajudam a seguir em frente, mesmo quando a saudade é quase insuportável. Você é minha luz, Robert, e me agarro a isso em todos os momentos.

Por favor, cuide-se. Lembre-se de que há alguém aqui que te ama mais do que as palavras podem expressar, alguém que espera por você com o coração cheio de esperança e amor.

Com todo o meu carinho, Laura.

As palavras de Laura invadiram o coração de Robert, aquecendo-o de uma maneira que nenhuma fogueira poderia. Ele sentiu os olhos se encherem de lágrimas, não de tristeza, mas de um amor profundo e verdadeiro. Aquelas palavras eram tudo o que ele precisava para enfrentar mais um dia de luta.

Cody, que observava em silêncio, aproximou-se e colocou uma mão no ombro de Robert.

— Ela é uma moça especial; disse Cody, a voz suave. Acredite, Rob, vamos sair dessa. E você vai voltar para ela.

Robert assentiu, sentindo a força das palavras de Cody. Sabia que, apesar das dificuldades, havia algo pelo qual valia a pena lutar e sobreviver.

Determinou-se, então, a responder à carta de Laura. Pegou papel e caneta, sentindo um turbilhão de emoções enquanto começava a escrever.

Minha querida Laura,

Receber sua carta foi como receber um abraço caloroso em meio ao frio implacável do Alasca. Suas palavras é minha força, meu alento e minha esperança. Mal consigo expressar a gratidão que sinto por ter você em minha vida, mesmo à distância.

A batalha aqui é árdua. O frio é implacável, e o combate é feroz. Mas é o pensamento de você, de nós, que me mantém de pé. Cada palavra sua, cada linha da sua carta, é um lembrete do que me espera em casa, e isso me dá coragem para enfrentar qualquer desafio.

Olho para as estrelas todas as noites, imaginando se você também está olhando. E saber que você pensa em mim dessa forma me faz sentir mais próximo de você. É como se, através do céu, estivéssemos conectados de uma maneira que ninguém pode quebrar.

Laura, sinto sua falta mais do que palavras podem expressar. Às vezes, o peso da saudade é quase insuportável, nossa infância e adolescência junto foi a melhor parte de minha vida, mas então penso no seu sorriso, e isso me dá forças para continuar. Você é minha luz, minha razão de lutar.

Sonho com o dia em que poderei voltar para Hope Valley, segurar sua mão e nunca mais soltar. Penso em tudo o que quero compartilhar com você, em todas as histórias que ainda vamos viver juntos. Sua presença na minha vida é um farol que me guia através da escuridão.

Por favor, cuide-se. Saiba que, apesar da distância, você está sempre comigo, em cada batida do meu coração. Vou voltar para você, Laura. Vou voltar para nós.

Com todo o meu amor e esperança,

Robert.

Robert leu a carta várias vezes, certificando-se de que cada palavra refletia seus sentimentos mais profundos. Dobrou cuidadosamente o papel, colocando-o em um envelope. Sentiu uma sensação de propósito renovado. Sabia que, apesar de todas as adversidades, havia algo belo esperando por ele, algo que valia a pena lutar.

Cody observava com um sorriso compreensivo. Sabia que o amor de Laura era a força motriz de Robert, e ele o apoiava incondicionalmente.

— Vamos sair dessa, Rob. E quando você voltar, vai poder olhar nos olhos dela e dizer que venceu todas as batalhas pelo amor que compartilham. Disse Cody, com confiança.

Robert assentiu, sentindo uma renovada esperança. Ele olhou para a carta de Laura mais uma vez, o amor dela preenchendo cada canto de seu ser. Sabia que, não importava o que acontecesse, aquele amor o manteria forte e determinado.

Enquanto a neve continuava a cair lá fora, e o vento gelado uivava ao redor da barraca, Robert sentiu uma cálida chama de esperança em seu coração. Estava determinado a vencer cada batalha, a superar cada obstáculo, e a voltar para os braços de Laura.

E assim, com o amor como seu guia e a esperança como sua força, Robert enfrentaria o que viesse, sabendo que, ao fim de tudo, ele teria Laura esperando por ele em Hope Valley.

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