35 - Objeto
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Ela nasceu sem amor,
Sob o forte mormaço,
Sem luz e sem espaço,
Num canteiro sem flor,
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Foi friamente, sem dor,
Deixada aos pedaços,
Nua no poento terraço,
Com as da mesma cor.
── ✦ ──
Com uma missão nobre,
De levar algum conforto,
Pra longe daquele porto,
Fosse pra rico ou pobre,
── ✦ ──
Ainda que hora se dobre,
Usada pelo desconforto,
Resiste, seu corpo torto,
Sob descuido que sobre.
── ✦ ──
As vezes sob dois ou três,
As suas pernas fraquejam,
E suas partes tremulejam,
Neste ritmo, nem um mês,
── ✦ ──
O homem, impassível tez,
Deita-se quando almejam,
Em cima dela esbravejam,
Despedem-se da lucidez.
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Depois a deixa no canto,
Até que noite lhe chama,
Bagunça-a quando ama,
Ou ouvindo um acalanto,
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Hora a troca sem pranto,
Outra nova e sem drama,
Descartando-a portanto,
Pois lhe basta uma cama.
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