Capítulo III

Bruadair acordou prontinho para ver seus bichinhos, e encerrar suas pesquisas, bem como a finalização de sua tese de pós doutorado, mas ainda estava no mesmo lugar, ele estava louco, bem que lhe avisaram que seguir uma vida sozinho sem esposa e família o faria um doente mental, mas ele sempre preferiu suas convicções, que os romances estivessem longes dele, dando lugar total apenas a racionalidade, seu amor e dedicação pelo trabalho que escolhera.

-Bom dia, rapaz dorminhoco! A palha estava aconchegante pelo visto. - disse a fantasma com um ar mais risonho e feliz.

Ele ficou por um tempo em silêncio observando ela, agora estava vendo a mulher mais bela do universo, estava sentindo-se estranho, com calafrios, o coração acelerado como se fosse ter um infarto do miocárdio, o corpo queimava, era uma ansiedade instalando-se, e deveria estar tão vermelho quanto a rosa lá fora ainda vermelha sendo coberta aos poucos pela neve. Mas que raios era aquilo, não era possível que estivesse realmente louco, e agora apaixonado por algo que nem existe, era preciso testar e saber a verdade, era a base do empirismo, precisava tomar coragem logo, antes que fosse consumido por aqueles sentimentos assustadores que comumente subestimava e considerava uma fraqueza humana.

-Bom dia, senhorita Aingeal! Dormi muito bem, sim, obrigado por toda a hospitalidade, estou realmente encantado [...]

-Ah! Muito bem! Eu já não alimento mais, no entanto você ainda precisa produzir adenosina trifosfato (ATP), e aparentemente tem pouco carbono estocado, então preparei um breve café da manhã para depois lhe levar para a Energia Superior. - disse ela sentindo um nervoso terrível com aquela conversa estranha, dando um jeito de interromper seu hóspede que agora parecia atrevido.

Na mesa resolveu que sentaria-se ao lado dela, só para certificar-se de que ou estava realmente doente da cabeça, ou ela existia mesmo, mas o machado de estimação dela colocou-se bem entre os dois, quase atingindo as pernas do biólogo que não estava acostumado com aquele tipo de campo. Talvez tivesse morrido, e agora era um espírito vagando, e se um dia negou a existência de qualquer divindade, e vivia bem como Neodarwinista, agora seria apresentado à divindade responsável por tudo aquilo, e se talvez existissem dois mundos, não sabia se teria algo para pagar, mas se essa divindade era justa, não poderia ser um pecado não crer nela, já que, permitia o livre arbítrio.

Agora realmente estava mastigando, mas tinha algo movendo-se em sua boca, era uma bolinha, cuspir seria falta de educação, ela o olhava estranhamente com um sorriso largo esperando algo, agora os olhos acinzentados estavam cada vez mais bonitos, os cabelos meio grisalhos e negro encontrava-se em um belo coque enfeitado com flores cor-de-rosa e azuis, ela usava um vestido de um pano estranho, parecia ter vindo de pétalas brancas de bromélias, não estava tão fantasmagórica quanto aquele negócio em sua boca, parecia um anjo para o desespero em que ele estava.

-Vamos logo, mocinho! O tempo está passando. -falou ela olhando para o sol no horizonte.

-O tempo não existe na natureza, e para nós dois também não! - disse ele engolindo depressa o leite na mesa junto com a massa de pão e alguma outra coisa em sua boca, mas arrependendo-se logo em seguida, o leite não estava mais azedo, as bactérias já tinham feito lactato, álcool, fermentado, e tudo mais que tinham direito naquela natureza.

-Lamento lhe informar, mas o tempo aqui existe para você, e precisamos ir logo, antes que não possa mais voltar para casa. -falou ela levantando-se para encerrar logo aquela conversa, pois se estivesse certa, o infeliz estava apaixonado por algo que jamais poderia estar ao seu lado.

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