Capítulo I
Bruadair era um biólogo pesquisador, já beirando os 40 anos, estava dedicando-se aos estudos de plantas medicinais ao norte da Irlanda, afastado de qualquer centro urbano, vivendo como um bom naturalista na companhia dos herbários que estava a construir e livros mofados.
A ciência o acompanhou desde a mais tenra juventude, e a escrita era seu amor eterno desde criança, um homem ambivertido, mas de poucos amigos. Seus pais partiram um ano antes da conclusão de seu doutorado, suas companhias mais próximas, pois nunca sentiu-se confortável em buscar uma companheira ou construir uma família, os estudos eram sua zona de conforto, e as pesquisas os frutos de toda a sua dedicação integral.
-NÃO ME DEIXE AQUI! - gritou o homem para as paredes de sua casa de campo acordando de mais um sonho com a dama distante, de cabelos negros sendo levados pelo vento, e os olhos tão escuros quanto a noite em profundidade.
O homem assustado e suando saltou do travesseiro, batendo a cabeça no pequeno suporte de livros frouxo na parede de madeira, fazendo com que os poucos livros fossem ao chão pelo efeito dominó, assustando seu cachorro e seu gato que estavam agasalhados no chão.
Tarcísio foi em direção ao seu mingau miando, com a cauda erguida e os pelos eriçados, e Bolota saltou em seu dono, latindo, abanando o rabo e lambendo seu melhor amigo. Bruadair abraçou seu peludo que já necessitava de um banho, recordando do sonho estranho, seu sexto sentido, como costumava chamar, sabia que naquele dia algo lhe aconteceria, agora tinha nítidas lembranças dos pais que partiram deixando-o naquele mundo gelado e acadêmico sozinho, era comum sonhar com aquela mulher desde os 11 anos de idade, e sempre que sonhava com ela algo no dia lhe surpreendia, fosse bom ou ruim. Ainda lembrava-se de quando aos 13 anos criou coragem para contar à mãe sobre os sonhos com a mulher que parecia mais velha que ele, sua mãe era biomédica, e bastante religiosa.
A mãe o deixou bastante vermelho, quase do tom dos cabelos bastante ruivos de um rapaz desengonçado no meio da rua, ao dizer-lhe que era só os hormônios começando suas bagunças, porém bradou dizendo que deveria ser seu futuro amor da vida, pois a natureza está harmoniosamente em ressonância, e mesmo que longes, as pessoas que amavam-se estavam profundamente conectadas pelas energias vitais.
Esse amor jamais lhe apareceu, e lembrou-se de que, era 31 de outubro, trocou de roupas, vestiu o agasalho, pois no outono o frio já estava dando os assobios, e foi até o quintal colher as abóboras das quais faria assadas para comemorar o Halloween com seus peludos, e postar seus "aesthetics" de naturalista na internet, um pouco escassa naquele lugar.
Dessa vez não usava um jaleco branco com manchas de relaxismo, e sim um avental limpinho marrom para combinar com todo aquele clima, temperou o interior das abóboras maduras de um tom alaranjado tão vibrante, fez-lhes carinhas assustadoras, e quando abriu o lado de cima da abóbora principal para colocar um pouco do tempero que só seu pai fazia melhor, e que só usava em ocasiões especiais, Bruadair foi levado para dentro da abóbora.
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