Capitulo 8 - ELAK pt.1
O alvo está a cem metros de distância, controlo minha respiração e me concentro no vento ao redor. Espero pacientemente até que a folha da árvore caia, fechos os olho e quando abro o tempo desacelerou, está quase parando, a folha caiu, solto a flecha e então a acerto, fixando a folha ao troco da árvore. Sinto que a flecha faz parte de mim, mesmo não estando ao meu alcance, ainda a controlo e sei exatamente onde ela irai acertar.
- Muito bem garoto, agora vá para casa, já treinou o bastante por hoje - adverte meu treinador.
- Então até amanhã Jhon. - digo
- Até amanhã Elak. - ele responde.
Pego minha bicicleta e sigo a caminho de casa. Estou atrasado, como de costume, tento ficar o máximo de tempo possível longe de casa.
Sinto meu celular tocar no bolso da minha calça. É a Marina, me enviou uma mensagem, "Queria te ver hoje, temos que conversar". Desvio do meu caminho e vou me encontrar com ela. A janela está fechada, e não sou muito bem vindo em sua casa para entrar pela porta da frente. Mando uma mensagem "Cheguei, estou aqui em baixo". Marina vai até a janela e abre, com o sorriso mais lindo que já vi. Conheço bem o caminho até a janela.
O dia já está acabando, a lua começa a nascer no céu, dizem que o por no sol aqui no litoral é o mais belo de toda Aland, sento sobre o telhado e Marina deita com a cabeça em meu colo e fixa o olhar para as estrelas.
Olho para o rosto dela que fica ainda mais lindo sobre a luz do luar, seus olhos claros combinam perfeitamente com sua pele morena e os cachos de seu cabelo.
- Para de olhar para mim, me deixa sem graça - diz Marina sorrindo
- Me desculpe, você está linda hoje. - respondo.
Luna se levanta, segura minhas mãos e olha fixamente em meu olho.
- Você sabe que meu pai é o delegado de Mares de Bleyton e por isso se preocupa muito comigo - diz Luna
- O que quer dizer? Tem alguém atrás de você?! - respondo.
- Não atrás de mim. Hoje pela manhã, apareceram dois homens aqui em casa, e perguntaram ao meu pai se havia tido alguma atividade suspeita nos últimos dias. E perguntaram também sobre um garoto órfão e se meu pai o conhecia, eles mostraram sua foto Elak, e pediram para qualquer informação que meu pai venha a ter, que os procurar imediatamente. O Rei está atrás de você. - Marina diz assustada.
- O que seu pai disse a eles? - pergunto.
- Ele disse que não o conhecia e não tinha nenhum tipo de informação para eles. E logo após os homens saíram. Mas ele também me pediu para que eu me afaste de você, não quer mais que continuemos juntos. - diz Marina
Não respondo de imediato, estou confuso, meu corpo está gelado e meu coração acelera. Porque eles estão atrás de mim? O que o babaca do rei quer comigo?. Se que ele sabe sobre mim?
- Elak estou falando com você! O que está acontecendo? Você está me escondendo algo?
As mãos dela estão sobre as minhas e as seguro firme, fecho os olhos e respiro fundo. O tempo está em um compasso lento, os carros passando como se fossem parar a qualquer momento.. O barulho das ruas diminuíram. Olho para lado e vejo Marina com os olhos arregalados, compartilho com ela o compasso lento do relógio.
- O que está acontecendo? - ela diz espantada.
- O tempo parou para nós, apenas para nós - respondo.
Ela estende a mão para tocar um vaga-lume que voa bem próximo a nós. Ele se aproxima devagar como se fosse pousar em sua mão.
- Quer dizer que só nós dois estamos vendo isso? - ela pergunta
- Sim, só quem eu permito que veja - repondo.
Marina segura meu rosto encosta sua testa na minha e fecha os olhos. Meu coração acelera um pouco mais e me desconcentro, o tempo volta ao seu ritmo normal.
- Estou com medo de te perder, me promete que vai ficar bem? Eu te amo tanto - Ela diz enquanto tenta esconder uma lágrima.
- Vou ficar bem, também te amo.
- Nós sempre vamos estar juntos. Não te deixei sozinho.
Alguém bate em sua porta e a abre lentamente. É seu pai, ele entra e caminha em direção a janela. Marina se vira para se despedir, mas não me vê. Ela sorri como se já estivesse se acostumado com minhas sumidas repentinas
-Tudo bem minha filha? Só passei para dar boa noite. - diz o pai de Marina
- Estou bem pai, boa noite - Marina responde.
Ele observa atentamente todos os cantos do telhado, olha para rua procurando indícios de que eu estivesse por aí.
Continuo na estrada, agora com um sorriso que mal cabe em meu rosto "eu te amo tanto" isso não sai da minha cabeça. Se ela soubesse que demorou dez minutos para dizer essa frase depois que desacelerei o tempo, com certeza me daria uns bons tapas.
Chego em casa e guardo a bicicleta com cuidado para não fazer barulho, não quero que minha madrasta e seus dois filhos, que mais parecem uma família de cabras gripadas me vejam chegar. Sempre me recebem com comentários maldoso do tipo "olha quem chegou, o bastardo abandonado pelo pai" ou "estávamos tão felizes achando que você não voltaria mais". Mesmo que hoje nada acabe com meu dia, prefiro evitar, melhor escalar a parede até meu quarto.
Entro pela janela e a primeira coisa que vejo é o quadro com a foto do meu pai, achei essa foto depois que ele foi embora, estava em uma mala escondida em um fundo falso no chão da garagem, só eu e ele sabíamos sobre esse esconderijo. Seguro a foto e olho atentamente, algo me chama atenção, não sei qual era sua profissão, mas seu uniforme é lindo, e tem um símbolo estranho, não consigo ver com nitidez pela má qualidade da foto antiga.
Saio do quarto e caminho pelo corredor na ponta dos dedos. Já é tarde da noite, não há ninguém perambulando pela sala, devem estar dormindo. Desço a escada e vou em direção a garagem. Tranco a porta para ter certeza que ninguém saberá sobre esse esconderijo. Removo o tampo do piso, lá está a mala, pesada. Abro a mala e a primeira coisa que vejo é o uniforme, com um remendo na altura do peito, como se estivesse algo que foi arrancado. Deixo o uniforme de lado
Seguro alguns papéis que já havia visto mas não me dei ao trabalho de ler. Decido ler agora. Em um dos papéis há um selo, o selo da coroa e nele diz " Decreto oficial do Rei Bennett Vaagarth III. O Rei de Aland convida todos os Caçadores a se juntarem aos serviços da Coroa. Em troca de sua servidão o rei oferece um cargo de alto escalão e riqueza. Os que se interessarem em aceitar a oferta se apresentem ao Rei. Este é um comunicado global e todos estão convidado".
Meu pai era um Caçador? Então todas essas lendas que contam por aí é verdade? Não é possível. São apenas histórias de avós. História de bruxas e outras criaturas que são contadas para assustarem crianças.
Continuo olhando mexendo na mala e acho um outro bilhete. "Meu caro amigo, me orgulho de sua lealdade aos caçadores, os traidores estão atrás de nós, proteja a sua família, estamos sós agora. Espero que nós encontremos algum dia. Foi um imenso prazer lutar ao seu lado Caçador. Um abraço de seu amigo Conrad Mellowgard".
Meu pai não foi embora. Ele foi morto, por algum tipo de "traidor" ele morreu protegendo a nossa família, a minha mãe. Tento conter a angústia que revira meu estômago.
Antes de guarda a mala de volta ao esconderijo observo um brilho estranho de baixo da terra, algo está enterrado ali. Então começo a cavar. Uma caixa, mas sem qualquer fechadura. Me espanto ao abrir a caixa, ela está repleta de armas, um bastão, flechas e facas. Seguro o bastão com as duas mãos, e observo, não é um simples bastão ele é fino e comprido, parece feito de prata, há um botão na sua extremidade. Pressiono botão e o bastão se arqueia e se transforma em um arco, iguais ao que uso nos treinos de arco e flecha na escola. Só que esse é mais bonito, moderno é simplesmente encantador.
Escuto barulho na porta, alguém está tentando abrir. Coloco a caixa e a mala rapidamente no fundo falso, fico apenas com o uniforme que era de meu pai.
- Quem está aí? - minha madrasta pergunta.
- Sou eu Senhora Emma, desculpe pelo atraso, já irei me deitar! - respondo.
Subo novamente para meu quarto. E sento no chão. Minha cabeça está processando um milhão de informações ao mesmo tempo, tento me lembrar dos contos sobre as bruxas e caçadores. Mas já faz muito tempo que as ouvi.
Coloco o uniforme e me olho no espelho. seguro o retrato de meu pai e vejo como estou parecido com ele na foto. Me sinto orgulhoso. E me deito na cama ainda com a foto nas mãos e pego no sono.
Acordo com meu celular apitando repetidamente. Tem várias mensagens, todas da Marina.
"Elak eles voltaram"
" Eles estão subindo, estão no meu quarto"
" Estou com medo, eles ameaçaram matar minha mãe caso meu pai não te entregasse, nos perdoe"
" Eles estão indo atrás de você, vá embora Elak corra!"
Levanto da cama com um pulo, meu coração está saltando pela boca. Desço as escadas correndo, e congelo ao escutar as batidas na porta. Batidas insistentes, como se fosse alguém com muita pressa. E a porta vai ao chão.
Dois homens entram em minha casa, um deles carrega e arrastando o delegado pelo chão, pai da Marina, ele está muito machucado quase inconsciente. E olha diretamente para mim
- Me desculpa garoto, eu não tive escolha - diz o delegado momentos antes de quebrarem o seu pescoço.
Os homens lançam o corpo do delegado na parede e caminham em minha direção. Eles são soldados do rei, reconheço o uniforme, sempre patrulham a cidade quando o rei vem resolver assuntos pessoais.
Fecho os olhos e atraso o tempo, corro, me desviando dos golpes lentos dos soldados. Vou em direção a garagem e pego a maleta com as armas. Nunca estive em uma luta, mas é como se eu soubesse o que tenho que fazer. Volto para entrada da minha casa, tenho que ir até a Marina, tenho que saber se ela está bem.
Antes de chegar a entrada de casa os dois soldados já estão vindo até mim. Seguro o bastão com uma das mãos e ataco o primeiro soldado, mas ele bloqueia e segura o bastão, aproveito a distração e acerto sua perna com uma faca, ele me solta no mesmo momento, e acerto sua cabeça com o bastão que o faz recuar. Me jogo para trás e aperto o botão até ter um arco e minhas mãos, antes mesmo que eu chegue ao chão já disparei duas flechas, deixando dois soldados mortos no chão da minha casa.
Me levanto correndo. Minha madrasta e as duas aberrações que ela chama de filhos estão em pé me olhando espantado.
- Tenho que ir família, amo vocês! - Digo em ironia.
Pego minha bicicleta e vou para casa da Marina o mais rápido que consigo. A entrada da casa está destruída, escuto vozes e passos pesados dentro do andar de cima. Entro com cuidado, coloco o arco em minhas costas e seguro uma faca em cada mão. Vou em direção ao quarto da Marina, a porta está aberta e ela está ajoelhada de frete para um soldado que segura um rifle em sua cabeça.
- Onde ele está? Ele pratica bruxaria? Você está envolvida? - Grita o soldado
- Ele é apenas um garoto, meu garoto, não o machuque. - súplica Marina.
O soldado retira a arma da cabeça dela, e prepara para acertá-la com uma pancada, mas ele cai, com uma das minhas facas em sua cabeça. Corro em direção a ela que está com os olhos fechados, levanto seu rosto para que olhe para mim. Ela me abraça e chora.
- Ha meu Deus você está bem? - ela muda sua expressão, está feliz em me ver.
- Sim estou, e você como está? Onde está sua mãe e sua irmã? - digo
- Se esconderam no telhado, estão bem. Onde está meu pai? Ele está bem? - Ela pergunta.
Desvio meu olhar, não consigo contar a verdade. Mas ela entende o que quero dizer. Novamente ela está de joelho e chora. Sua mãe aparece na janela entra no quarto junto com sua irmã, e também estão em prantos.
"Capturamo os quatros jovens suspeito de serem mestiços, estavam em direção ao litoral, estamos levando os prisioneiros a fortaleza da coroa. Câmbio desligo". O rádio do soldado morto ao nosso lado nos dá a notícia. Já ouvi falar em mestiços, mas só agora percebo que sou um. Então significa que existem outros.
Escuto barulho de carros se aproximando, preciso ir.
- Tenho que ir Marina, se escondam. Corra, pegue o carro e corram. Eu vou atrasá-los.
- Eu vou com você Elak. "Nós sempre vamos estar juntos" lembra?E antes que diga que não, isso não é uma decisão sua.
- Mãe, pegue minha irmã e vá embora, vá para casa de minha avó, e fique por lá! - Marina fala com sua mãe.
Pegamos o carro do seu falecido pai. Ela dirige enquanto me concentro e atrasar os carros, lanço uma flecha no peito do motorista, o carro segue desgovernado e se choca com a parede de uma casa. Os carros que vem atrás são obrigados a parar depois da mistura de concreto do muro e lataria de carro espalhados na estrada.
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