Capitulo 19 - CHARLOTT
O portal se fechou, Elak, Charlott e Rakrom já voltaram para fortaleza, desejei muito poder ter ido junto com eles, mas entendo que preciso proteger esse lugar mesmo com toda proteção e magia entorno de nós.
O dia está no seu final, o céu está estrado essa noite e pelo bom cheiro que vem de dentro do casarão a janta hoje foi ensopado de legumes. Não sei que lugar do mapa estamos, não faço ideia de como sairmos daqui, mas de alguma forma a floresta nos acolheu, todos os dias colhemos alimentos suficientes para alimentar todos os resgatados.
Volto para o lugar da última reunião, uma pequena fogueira, afastada da casa e das pessoas. Me sento sobre a grama baixa, e jogo alguns galhos no fogo, fixo os olhos enquanto vejo eles queimando vagarosa e por um segundo minha mente já não está mais aqui. Abro os olhos e estou de volta para San Marye, vejo algumas pequenas lembranças, curtas e bagunçadas, soldados invadindo minha antiga casa, bruxas sendo acorrentadas, outras lutando e algumas mortas ao chão. Em outra lembrança eu estou deixo da escada, sentada abraçando minhas pernas sobre o peito.
Abro os olhos ao ouvir o som de pisadas sobre as folhas secas. Carlo se aproxima, senta-se ao meu lado e me oferece uma tigela de sopa quente.
- Peguei um pouco de ensopado para você, me agradeça, pois já estava no final da panela. - diz Carlo.
- Obrigada, quase não o vi desde que chegamos aqui, por onde andou?
- Digamos que estive ocupado em uns trabalhos. - Ele responde.
Permanecemos em silêncio tempo o suficiente para eu terminar de comer minha sopa, em seguida coloco a tigela vazia sobre a grama e fixo os olhos na floresta escura. Tenho a sensação de que tem algo lá, não tenho certeza mas talvez eu tenha visto um vulto rápido e do tamanho de Um homem, logo depois um som que me arrepia e da frio na barriga, o som de um lobo uivando, e um após o outro em segundo tem lobos uivantes por todas as partes da floresta.
As poucas crianças que estavam do lado de fora da casa correm para dentro, me levanto estendo a mão para a fogueira e apago o fogo. Este acontecendo alguma coisa floresta adentro, e não estou afim de ficar para ver.
- Carlo, acho que é melhor entrarmos.
- Ótima ideia. - Ele diz.
Caminhamos lentamente em direção a casa. Carlo entra primeiro, antes que eu entre fecho a porta e me viro novamente para a floresta. A silhueta está lá, parado olhando para mim com um sobretudo azul marinho e um capuz cobrindo metade do seu rosto.
Olho para o bracelete em meu punho, esfrego a esfera com o símbolo do fogo. Uma pequena chama surge em minhas mãos, mas é o suficiente para causar um bom estrago. Desço as escadas lentamente até a grama, e caminho em direção ao homem, ele não esboça nenhuma reação.
Dou apenas mais alguns passos em sua direção, o homem levanta a cabeça e solta um breve sorriso pelo canto da boca e então saca a espada presa em sua cintura, mas ele não me ataca, ele lentamente se ajoelha e debruça sobre a grama seca. Não abaixo a guarda, dou mais alguns passos em direção a ele ainda preparada para atacar.
Me abaixo próximo ao corpo desconhecido, tiro o capuz de sua cabeça e descubro que é um homem jovens, deve ter aproximadamente a minha idade, seus cabelos são curtos e tão escuros quanto a cor da capa que usa. Noto algumas manchas de sangue ao redor de seu corpo, parece que está bastante ferido, mas ainda posso senti-lo respirar.
Aos poucos eu o carrego em direção a casa, dou só alguns passos e vejo alguns resgatados correndo para me ajudar. O levamos para dentro do casarão, para o leito da enfermaria improvisada que criamos no porão.
Volto para meu quarto, me apoio na primeira parece que vejo e me esparramo até o chão. As paredes aqui são todas iguais, são azuis como um céu sem nuvens, mas dessa vez não sinto o mesmo conforto de antes, estou com a cabeça pesada pelo que acabou de acontecer, não paro de pensar na ideia de que posso estar colocando um inimigo dentro do nosso esconderijo, mas não eu podia ter o deixado morrer sobre a grama do nosso quintal, não sem sabem o que ele é o como nos achou. Pensar sobre tudo isso me deixa tensa, sinto meu corpo todo tremer e meu esgotado revirar.
Escuto algumas batidas em minha porta, mas não estou disposta a levantar do chão, mas parece que não tenho escolha as batidas são constantes, seja lá quem esteja batendo parece que não vai desistir.
- Luna sou eu, Claryce, posso entrar? - diz Claryce.
- Claro, entre. - Digo.
Claryce surge através da porta como se ela fosse apenas uma miragem, ela caminha até minha cama e se senta.
- Não devemos confiar nele, a floresta não confiou, quase o matou, não devemos confiar - ela diz
- Eu não confio, só não poderia deixá-lo morrer no nosso quintal - digo.
- Entendo, você fez bem - ela diz.
Me levanto do chão e vou até minha cama. Os quartos da casa são pequenos, mas tem o suficiente para acomodar todos os resgatados. Preciso apenas de três passos para chegar até minha cama, puxo Claryce pela mão para que ela me acompanhe.
- Precisamos dormir, amanhã teremos um longo dia - digo
- Posso dormir com você essa noite, não tenho dormido bem-diz Claryce.
- Claro que pode, como nos velhos tempos lembra? - respondo.
Claryce não responde apenas sorri enquanto fecha os olhos. Começo a cair no sono, em minha mente vem lembranças da minha antiga casa, o instituto, momentos como este. Me lembro do dia chuvoso com ventos uivantes e trovões que se podia ouvir a quilômetros de distância, Claryce não bateu na porta e simplesmente entrou, não éramos muitos próximas mas seus olhos arregalados e sua expressão assustada me fez querer ajudá-la, me lembro de levantar da cama em um pulo e correr para abraçá-la. Eu disse que ela poderia dormir ali aquela noite e que estaria segura da tempestade, essa foi a última vez que eu a vi antes da invasão e captura das bruxas.
O dia amanheceu e me lembro que tenho assuntos pendentes a tratar com o nosso novo hóspede. Prendo meu cabelo em um pequeno coque e visto minha capa. Desço as escadas da enfermaria improvisada de vagar, não quero que alertem o estranho com minha chegada, me arrepio ao ver a cama vazia, os lençóis dobrados e tudo exatamente no lugar que deveria estar. Me viro de volta para as escadas e subo o mais rápido que posso. Marina para em minha frente e lança um olhar preocupada, percebo que algo está acontecendo, meu coração acelera e então coloco a mão sobre seu ombro
- Está tudo bem Charlott? - ela diz.
- Onde está nosso prisioneiro? - digo.
- Pelo que vi algumas curandeiras o levaram para fora - diz a Marina.
- O que elas acham que estão fazendo, ele pode ser perigoso - respondo.
- Pensei a mesma coisa, vim até aqui ver se acho algo que possa nos indicar quem ele seja - ela diz.
- Boa ideia, tente descobrir o máximo que puder, eu vou até lá ver o que está acontecendo - digo
Corro em direção a porta mais próxima, por sorte ela me leva direto para o lado externo da casa, procuro desesperadamente o prisioneiro por todos os lados até o que o vejo, ele está sentado sobre a grama conversando com algumas bruxas enquanto recebe algum tipo de remédio de uma das nossas curandeiras. Me aproximo rapidamente, seguro o seu pescoço com minhas mão e jogo o prisioneiro sobre a grama.
- Você é nosso prisioneiro, não deveria estar passeando por aí - digo.
- Eu não sou seu prisioneiro, meu nome é Gregor Runenma, sou um bruxo da corte Lodacka, ao Oeste de Aland e estou em uma missão de resgate as bruxas capturadas pelo rei. - Ele diz.
- Chegou um pouco tarde Gregor, as bruxas já foram resgatadas, como você mesmo pode ver - digo.
- Fez um bom trabalho Luna, mas preciso levá-las comigo, lá elas ficarão em segurança - diz Gregor.
- Elas não vão a lugar algum e esse assunto está encerrado - respondo.
Solto minhas mãos presas no pescoço do prisioneiro e o deixo deitado sobre a grama, olho brevemente para a pequena multidão, as mulheres se entre olham e sussurram uma para as outras, suas expressões são assustadas e confusas. Me levanto a passos pesados e caminho sem um rumo definido
Corte Lodacka, me lembro de a Ana ter contado algo sobre eles, a elite da magia, os bruxos mais fortes e influentes, dizem até que são mais importantes que os próprios governantes. Mas o que querem aqui? Nunca nos enviaram uma carta ou ofereceram uma ajuda, e agora aparece um bruxo qualquer dizendo que está em uma missão de resgate, qual o interesse por trás desse resgate? Agito a cabeça tentando afastando esses pensamentos.
Paro assustada com um raio de luz que se abre bem a minha frente, o portal se abre e Rakrom o atravessa montado sobre um enorme cavalo negro com asas. Charlott e Elak saltão assim que atravessam, me lanço para trás evitando que seja atingida por eles.
Gregor me segura antes que eu atinja o chão, ele se põe em minha frente e estende suas mãos, seu corpo começa a ficar diferente, o lado esquerdo é completamente tomado por chamas já o lado direito se torna gelo, está perfeitamente dividido, o fogo e o gelo se tocam mas não se misturam.
O prisioneiro arremessa bolas de fogo e gela na direção de Rakrom, elas não o atingem ele desvia com elegância, mas não contra-ataque, ele paira sobre o ar e olha fixamente em nossa direção. Grego prepara mais um ataque, mas antes ele soltasse a bola de fogo, Elak lança uma flecha em sua direção. Gregor a segura ainda no ar, pouco antes de ser atingido no rosto, ele se vira para direção onde estava Elak, mas ele não está mais lá. O garoto das flechas se moveu rápido e está do lado oposto de onde Gregor olha, a ponta de uma outra flecha está pressionada sobre o pescoço do prisioneiro e uma gota de sangue escorre até seu peito.
- Tente mais um ataque contra meu pai e eu arranco sua cabeça com minhas próprias mãos - diz Elak.
- Malditos caçadores - responde Gregor.
A flecha que Elak segura é consumida pelo fogo, Gregor o acerta no rosto com seu braço de gelo, e o arremessa para trás. Charlott aparece de surpresa e empunha sua espada e difere vários golpes, mas nenhum o atinge, o prisioneiro cria várias barreiras de gelo para bloquear os golpes. Ele revida com um ataque de fogo, mas as chamas não vão muito longe, elas se juntam com os fragmentos de gelo sobre a grama e se voltam em direção a Gregor, ele está preso em uma esfera com seu próprio gelo e fogo.
Elak está caído sobre o chão e Marina está em pé ao seu lado com os braços estendidos e as mãos fechada. Ela olha em direção ao prisioneiro e faz um sinal positivo com a cabeça. Claryce surge por entre o chão e segura Gregor pelas pernas enterrando quase por completo, deixando apenas sua cabeça para fora do solo. Elas fizeram isso juntas, olho para Marina e sorrio, ela retribui com o mesmo sorriso e um suspiro cansado.
- Parem de se atacar, estamos do mesmo lado - digo.
- Espero vocês na reunião de hoje ao pôr do sol - diz Charlott.
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