Capitulo 13 - ELAK

Atravessamos o portal e por sorte paramos atrás de uma rocha, grande o suficiente para nós escondermos. Me sinto um pouco tonto, talves pela viagem. Ao meu lado Marina vomita o que deve ser o resto do café da manhã de dois dias atrás.

O clima aqui é fio, o céu está cinza e uma leve brisa cobre parte da paisagem, corvos negros se destacam sobre a céu nebuloso e solitários. Aqui o chão é coberto por gramas e pequenas pedras de onde surge alguns pequenos arbustos. Bem diferente do clima litorâneo de onde cresci.

Um pouco mais a frente cavalos negros marcham por meio as gramas baixas. Os garotos que encontramos no posto estão amarrados e montados sobre eles.

Eles param diante de um enorme muro, a entrada de um vilarejo talvez?, não se pode ver além dos muros. Aparentemente o único modo de entrar e sair dela é através do gigantesco portão de madeira e ferro, com uma aparência velha, manchado em tons de laranja ferrujem.

O portão se abre, seguro a mãos da Marina mas ela trava.

- Vamos, o portão vai se fechar. - digo

- Haaaa... Elak, não é uma boa idéia, eles são muitos.- ela responde

Marina aponta para a entrada do castelo. Aproximadamente vinte soldados fazem a guarda dos portões

- Ok vamos nos aproximar e esperar uma nova oportunidade. - digo

Os cavalos adentram o enorme portão, em seguida ele se fecha. Nos aproximamos da entrada principal, de vagar, por entre os arbustos. Paramos e nos sentamos por sobre algumas pedras.

- Então esse é o plano? Ficamos sentados e esperaremos os portões se abrirem de novo? - diz Marina.

- Basicamente... É - digo

Marina revira os olhos solta um pequeno grunhido por entre os dentes. Sua impaciência e inquietação é tão intensa que me deixa agoniado, com uma sensação de incapacidade.

Nos entre-olhamos ao ouvir um barulho vindo do rio a frente. Algo parecido com som de ferro. Corremos abaixados em direção ao barulho. A margem do rio há um pequeno penhasco o qual quase caímos com a empolgação. As águas ficaram pouco agitadas no instante em que uma estrutura de ferro quadriculada despenca do que parece ser um túnel.

Uma garota está lá, em pé olhando para baixo, a mesma garota que lhe acertei uma flexa no posto a um dia atrás. Tento arremessar uma pedra em sua direção para tentar chamar a atenção, mas em vão, ela se vira e olha para o teto.

- Vou contar até três e pulamos certo?! - digo a Marina.

- Você é lou.... - ela responde

-Três! - digo antes que ela conclua o que ia dizer.

Nadamos até a outra borda do rio, graças a estrutura rústica de pedras acinzentadas e irregulares deixa o caminho mais fácil para escalar até a entrada do túnel. Marina, não consegue subir com facilidade, como já esperava, então tiro meu arco de flechas das costas e estendo até que ela possa segurá-lo.

Assim que entramos nos deparamos com a garota correndo acompanhada de uma outra menina, de uns dez anos talvez. Elas correm em direção a uma parede, fico meio confuso sem entender, esperando que a qualquer momento as duas se chorariam com a estrutura metalizada dos túneis. Fecho os olhos no momento em que elas acertam a parede. De repente sumiram.

Pisco os olhos rapidamente tentando entender o que estava acontecendo. Ao meu lado Marina tem a mesma reação.

- Por Deus, isso foi una miragem? -digo

- A julgar por tudo que vi nos últimos dia, isso para mim foi bem real! - responde Marina.

Há uma pequena abertura no topo do túnel, lacrada por madeira já em decomposição, talves pelo tempo exposto a umidade aqui de dentro. Acerto alguns golpes na estrutura com meu arco até abrir passagem o suficiente para que a Marina possa passar.

Me faço de apoio para levantá-la até a passagem. Ela sobre.

- Rápido, veja se há alguma cadeira ou caixa que me ajude a subir. - digo.

Barulho do atrito de madeira se arrastando sobre madeira se aproxima, ela achou alguma coisa.

-Ok, saia de baixo. - diz Marina.

Ela joga uma cadeira de madeira maciça, com estofado cor de vinho. Por poucos centímetros não ganho um belo machucado sobre minha cabeça. Ajeito a cadeira e me apoio sobre ela, e depois de um impulso estamos no castelo. A sala é grande e com poucas mobílias, o que realmente chama a atenção é o enorme trono cravejado por lindos e brilhantes diamantes.

O silêncio é perturbador, a ausência de soldados faz minha espinha congelar. Saímos pela única porta da enorme sala. Seguimos pelo corredor a direita que dá direto a uma escada, e no final dela outra escada, e depois outra. Ante que continuassemos a nós perder por esse labirinto umas das portas a nossa frente se abre. Um soldado sai por ela empunhando um rifle sobre os ombros. Ela se vira e olha fixamente para nós.

Sua expressão se torna de espanto ao perceber a quantidade de tempo que ele leva até apontar o rifle para nós, antes mesmo de sua arma sair de seu ombro eu já estou de frente para ele, e com apenas um golpe em seu rosto ele cai.

Um barulho de corrente se arrastando seguido por sons de galope de cavalos atravessa a porta por onde o soldado havia saído. Giro a maçaneta com cuido. Olho depressa por todos os cantos da pequena sacada, não há mais ninguém.

Estamos de frete para o enorme pátio, cheio de soldados perfeitamente alinhados. Todos se viram para o portão a pouco aberto, soldados montados em cavalos trazem um homem de aparência esquelética para o centro do pátio, o rei discursa. O som do vento torna suas palavras quase inaudível.

- O que ele disse? - diz Marina

- Algo sobre trazer alguém de volta - respondo.

"Tragam o garoto!" disse o rei.

O patio novamente é tomado por um silencio perturbador. Os olhares agora se voltam para o outro lado da fortaleza, uma construcao subterrâneas talvez, com apenas uma pequena porta como acesso. É dela que sai o garoto. O mesmo garoto preso no posto, com o uniforme preto, semelhante ao que eu uso, e ao que meu pai usava.

Seus braços estão presos a correntes, seu rosto está marcado por hematomas e sangra seco, sua expressão é sombria, mesmo cercado por uma pequena multidão seus olhos seguem fixos sobre rei. O garoto é arrastado até o centro do enorme pátio, e posto de joelhos ao lado do velho homem de capuz.

Todos os soldados se afastam formando um enorme círculo em torno do garoto, do velho e do rei. O rei arranca a capuz da cabeça do velho, eles se encaram por um momento.

"- Não posso lhe oferecer o que mais deseja velho homem, mas aquele que você trará de volta, esse sim lhe oferece o que mais deseja. Você nunca mais precisará prever o futuro."- diz o rei.

O velho acena positivamente com a cabeça, esboça um sorriso cansado e vira seu rosto em direção ao chão. O rei arqueia um leve sorriso no canto da boca e se ajoelha, retira sua coroa da cabeça e a coloca no chão ao seu lado.

Levo um tempo para perceber que o velho homem sussurra algo em uma língua estranha, ele balança seu corpo para frente e para trás. Ele leva suas mãos ao chão e com os dedos desenha algo que no faço a menor idéia do quer dizer. O chão começa a tremer. Ao seu lado o garoto de uniforme preto não esboça qualquer reação.

O chão começa a tremer, os desenhos no chão se transformam em linhas de chamas vivas, elas dançam conforme o vento forme assopra novamente. Em poucos segundos as chamas formam um símbolo em torno do garoto. O tremores se intensificam, soldados já não conseguem se manter de pé. Poucos segundos depois uma fenda começa a se abrir sobre o solo.

Olho para o lado, as duas garotas que a minutos atrás desapareceram dos túneis estão agora atrás de alguns barris, posso sentir a angústia e o desespero delas, parecem que vão agir a qualquer momento, é melhor eu me preparar. Tiro o arco das costas e miro uma flecha em direção ao rei.

Uma névoa pesada e escura toma todo o lugar,. Não vejo um palmo a minha frente, apenas sinto as mãos da Marina tocarem meu braço. Pela intensidade do seu aperto ela está compartilhando do mesmo medo que estou sentindo.

Silhuetas pretas se movem de forma agitada por entre a névoa. Elas não tem uma forma definida, são como vultos que parecem sair de dentro da fenda aberta no chão. Tudo acontece muito rápido. O chão para de tremer , os uivos assoprados pelo vento cessam. E um grito vindo de algum lugar da densa névoa congela todo meu corpo. Fecho os olhos e aperto a mão da Marina, sinto ela prendendo a respiração.

A névoa se desfaz rapidamente, um pequeno tornado se forma a poucos metros de mim. Uma das garotas capturadas no posto de baterias está flutuando, suas mãos se movem como um maestro regendo um coral. Mas no caso dela parece reger o próprio tornardo. Seus olhos negros estão semi-serrados, fixos no garoto deitado sobre o chão.

As garotas que se escondiam atrás dos barris se separam, a menina mais nova que veste branco avança em direção a parede do seu lado, e atravessa. A mais velha, loira de cabelos loiros corre até a que está flutuando. Parecem prontas para atacar. Volto a mirar minha flecha em direção ao rei, e espero o momento certo.

Todos os olhares se voltam para as duas. O rei solta um sorriso ainda com a cabeça baixa. Os soldados apontam duas armas para as duas. A garota que flutuava desce até o solo e para ao lado de sua companheira.

O homem velho se levanta. Eleva lentamente as mãos a o alto, ao ritmo de seus movimentos uma silhueta escura surge de dentro a fenda e paira sobre o ar. O garoto que havia permanecido todo o tempo ajoelhado e imóvel levanta a cabeça. Com os olhos fechados ele suspira profundamente e solta de suas mãos um pequeno colar com uma pequena pedra vermelha de cor fosca. E então volta a abaixar a cabeça.

As mãos do velho mudam sua direção a silhueta avança em direção ao garoto e segura seu pescoço, a sombra começa a penetrar em sua boca e narinas com a mesma facilidade do ar. Meu coração acelera, tento parar aquele momento de todas as formas, mas são muitas pessoas, exigirá um enorme esforço. Mudo o alvo da minha flecha, ela está apontada para cabeça do velho. Então a solto deixo que faça o seu curso.

Meu disparo acerta o peito do velho, ele se vira para mim e assustadoramente ele sorri, um sorriso cansado, porém gentil, como se estivesse me agradecendo por ter o matado. Sua mão estendida se fecha e seu corpo vai ao chão.

O tremor está de volta, mas dessa vez com uma intensidade maior. É quase impossível que alguém ainda permaneça em pé. Parte da sombra que não conseguiu entrar no corpo do garoto se movimenta freneticamente em movimentos circulares, em seguida volta para dentro da fenda que lentamente se fecha interrompendo a sessão de tremores.

O rei é o primeiro a se levantar. Ele olha incrédulo o corpo do feiticeiro. Seus olhos se voltam em minha direção. Ele saca a sua espada presa em sua cintura e aponta para mim.

"Matem tod.." - o rei ordena.

"Quem você acha que é para dar ordem aos meus homens" - o garoto deitado sobre o chão corta o discurso do rei, antes que ele pudesse terminar. Ele se levanta lentamente, rompe a corrente presa em seus braços sem qualquer esforço e leva a mão a nuca arrancando o tal dispositivo.

Rapidamente o rei volta a se ajoelhar com sua coroa debaixo de seu braço.

"Eu sou o rei Bennett Vaagarth III, tenho toda Aland sobre meu comando, e coloco a mim e aos meus homens a seus serviços" - o rei responde ainda sem olhá-lo nos olhos. Os soldados parecem perdidos, não sabem para qual direção apontar suas armas.

O garoto se aproxima do rei, levanta sua cabeça e segura seu rosto com uma das mãos, Manchas negras dançam pelo seu braço, e assim como havia acontecido momentos atrás, agora as sombras tomam o rosto do rei, que arregala os olhos em dor, e solta grunhido por entre o dentes. Ainda de joelhos, ele cai de lado. Morto.

"Meu exército, minha Aland e minha coroa" - diz o garoto pegando a coroa do chão e colocando sobre sua cabeça. 

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