Capitulo 12 - CHARLOTT
Subo as primeiras escadas, Carlo está a algum passos atrás de mim, cansado como sempre.
- Vai com calma, esse corpinho fofo aqui tem algumas limitações. diz Carlo, ofegante.
Apenas reviro os olhos, mas o entendo. Recuo alguns passos e o ajudo a recuperar o fôlego. Rimos um do outro apenas nas trocas de olhares. Mas por pouco tempo.
Uma silhueta se aproxima rapidamente em nossa direção, pela péssima iluminação das escadas não identifico de imediato quem seja. Saco o punhal da minha bota e me preparo para o combate. Me encosto na primeira parede lateral.
Assim que sinto a aproximação da silhueta me viro e acabo com minha adaga pressionada sobre seu pescoço.
- Se não me queria aqui era só falar ok? - diz Luna.
- Desde quando você sai flutuando por aí?! - respondo.
- Fazem alguns meses, mas não querendo cortar o clima, acho que você já pode tirar a faca do meu pescoço - diz Luna.
Coloca a mão sobre a boca dela. Carlo gruda as costa na aparede oposta a nossa. Barulho de passos estão perto de nós.
Dois soldados se aproximam de vagar, distraídos enquanto conversam. Sinto meus pés saírem do chão e minhas costas em poucos segundos estarem no teto. Sinto um frio na barriga ao ver os soldados passando por baixo de nós. Ao meu lado Carlo flechas os olhos e finca as unhas no teto como se fosse cair a qualquer momento enquanto sussurra algum tipo de prece.
Nos aproximamos do chão assim ficamos sozinho no corredor.
- Nunca mais faça isso sem me avisar - diz Carlo.
Não damos atenção a sua reclamação e seguimos andando. Ao meu lado direito estão as outras escadas, só mais alguns degraus e damos o fora daqui.
- Então qual o plano - diz Luna.
Nós olhamos por um breve momento, balanço os outros em sinal de "não sei"
- Então não temos um plano - diz Carlo
- Você tem algum? - digo
- Não. - Ele responde.
- Então o plano é o seguinte. Primeiro sair daqui vivo. Segundo, ir atrás do meu irmão. O resto a gente vai improvisando.
- Ótimo plano - diz Luna.
Os passos e as vozes voltaram. Estão atrás de nós, os mesmos soldados. Corremos para as escadas. Sons de botas pesados sobre o aço da escada reviram meu estômago, não temos para onde correr dessa vez.
A sombra dos homens estão próximas demais, consigo ver a projeção dos detalhes de suas boinas. Recuamos alguns passos. Paramos ao perceber que mais soldados estão subindo as escadas.
- Se preparem para lutar - digo.
No exato momento em que os primeiros guardas se aproximam caímos em queda livre por alguns segundo. Fechos os olhos não sinto nada além de um enorme frio na barriga. Paramos sobre uma superfície dura, gelada e com água suficiente para cobrir nossos pés.
As luzes nas paredes ocilam, o cheiro aqui é horrivel. Demoro alguns instantes até conseguir focar meus olhos e perecer onde estou. Nunca estive em um lugar assim antes. É um imenso corredor circular, as perenes são lisas e feitas de metal.
Olho para o lado, Luna já está em pé e ajudando Carlo a se levantar. Bato minhas mãos sobre meu uniforme limpando o pó e alguns insetos que estão grudados sobre o tecido.
- Oh, me desculpem deveria ter avisado a vocês que seria meio impossível vocês saírem da prisão pela porta da frente. - diz Claryce.
Me viro para o outro lado do túnel ao a ouvir a voz da garota.
- Se você não falasse, eu juro que não teria percebido. - respondo.
A garota apenas levanta os ombros como se não achasse relevante minha resposta.
- Venham irei mostrar o caminho para vocês. - diz Claryce.
- E onde estamos exatamente - diz Luna.
- Eles chamam isso de esgoto, mas estamos em algum lugar da fortaleza. - a garota respo de.
Seguimos pelos dutos de Esgoto. Luna prende seu cabelo negro em uma trança e as prende no alto da cabeça, e caminha segurando a mão da Claryce. As duas parecem mal ouvir as novas reclamações do Carlo.
Está tudo acontecendo extremamente rápido, até uma semana atrás eu não conhecia Luna e a Claryce, achava Carlo apenas mais um nerd amigo do meu irmão. Nesse momento eles são minha única esperança.
Meu coração ainda permanece acelerado, levo um tempo para perceber que o motivo não é a queda, mas sim o medo de que algo aconteca com meus amigos. Já perdi muita gente que eu amava, não vou perdê-los também.
Chegamos até um ponto de bifurcação. Um ar frio e pesado vem da direção do túnel a direita indicando que estamos perto de sair daqui. Caminhamos cautelosamente em direção ao final do túnel. Dou a última olhada para trás. Alguma coisa me diz que ainda não devo sair daqui.
- Vão indo na frente, encontro vocês lá fora - digo
Volto ao ponto de bifurcação, escolho o outro caminho dessa vez. Poucos passos a diante o túnel não tem mais saída. Em minha frente apenas uma parede. Uma escada velha de ferro com vários pontos de oxidação e alguns degraus faltando. Ao final dela há uma passagem, semelhante aos bueiros das ruas de San Marye. Uma voz grave e passos vem da direção da passagem.
Subo as escadas, apoio minhas mãos sobre as grades que protegem a passagem, as subo lentamente até poder ter o mínimo de visão de onde estou.
A passagem está no canto de uma enorme sala. Não há janelas e nem móveis além de quadros nas paredes e um grande trono revestido de ouro e pedras brilhantes, sentado sobre ele está o rei, ao seu lado estão cinco soldados, seus uniformes pretos estampam um brasão que me vira o estômago indica que são os caçadores, agora caçadores do rei.
Um dos caçadores, passa a mão sobre seus poucos cabelos ruivos e da um passo em direção ao trono.
- Tem certeza sobre o menino - diz o caçador.
- Ele é o único capaz de trazer alguém de volta do submundo. O garoto é nossa melhor opção. - diz o rei.
- Não confio no acordo com os banidos.
- Eles nos fizeram várias promessas meu caro. Caso não cumpram sua parte no acordo, os mandaremos de volta para o absmo- responde o Rei.
As portas da sala se abrem, abaixo a grade institivamente, meu coração dispara. O soldado que adentrou a sala avisa o rei que chegou a hora.
Desço as escadas, "chegou a hora" a frase vem em minha mente e arrepia meu corpo inteiro. Do que eles estão falando?. Isso não é um bom sinal!
Corro o mais rápido que consigo naquele momento. O túnel é úmido, as poças de água sobre o superfície de ferro liso faz meus pés escorregarem com facilidade, o que me impede de correr na velocidade que gostaria.
Levo alguns minutos para chegar ao fim do túnel e perceber que não cheguei a lugar algum. Coloco minhas mãos sobre as grades que o fecham. As águas que passam por entre meus pés atravessam as pequenas brechas da grade e despencam em um estreito rio,a julgar pelo barulho.
Dou alguns passos para trás, tomo impulso e me lanço de ombros em direção a grade, ela não se mexe, faço de novo... E de novo, até que pouco a pouco ela se solta cai sobre o rio e rapidamente é engolida.
Um sentimento de irritação toma meu corpo ao perceber que foi perca de tempo e que estou perdida. Minha escolha me trouxe até um rio que faz saída para fora da fortaleza.
Barulho de pessoas marchando ecoam por sobre minha cabeça. Olho para cima, silhuetas de botas refletidas sobre a luz do fim da tarde vem e vão por sobre a pequena passagem de madeira já em decomposição. A cada pisada de botas pesadas, pó e pequenas farpas caem até o chão.
Devo ter chegado ao pátio, escuto as batidas de um sino. Me lembro de ter visto um no topo do castelo. Isso só pode significar que o rei esta sendo anunciado. Segundos depois o barulho agoniante de correntes rangendo sobre correntes cala a multidão. O portão está se abrindo. Galopes de cavalos adentram a fortaleza. Me desespero em me ver presa a esse maldito túnel.
- Aí está você - diz Claryce com sua doce voz.
- Porque você sempre aparece no momento certo? - digo
- Um dom talvez- ela responde.
Olho para cima, pulo estendendo a mão, mas a passagem ainda está longe do meu alcance.
-Aqui é muito alto, e além do mais iríamos aparecer em meio a todos os soldados - digo
- Vamos, conheço um caminho. - ela responde.
Novamente estamos nós correndo pelos túneis. Atravessando paredes e mais paredes. Claryce parece conhecer esse lugar como ninguém. Não sei bem o quanto tempo ela esteve presa a este castelo, se é que posso dizer "presa" mesmo podendo fugir a qualquer momento preferiu ficar e ajudar sua família. Lealdade.
Atravessamos a última parede, paramos em um canto do pátio, atrás de alguns barris de óleo. Minha visão está muito obstruída pela multidão formada apenas de soldados. A variação de uniforme que eles vestem indicam o escalão em que eles servem.
- Onde estão a Luna e o Carlo?- digo
Ela aponta para cima, eles estão atrás de um guarda corpo. Em uma sacada no terceiro andar.
Pela pequena brecha entre as armaduras e uniformes dos soldados vejo os cavalos que adentraram a fortaleza. Montados sobre eles estão os caçadores em seus uniformes negros. O cavalo mais adiante leva um outro homem, esse está vestido com um sobre tudo vermelho, sua cabeça está coberta com um enorme capuz. Suas mãos algemadas são as únicas partes de seu corpo a amostra, elas são extremamente magras e trêmulas, como um esqueleto.
O Caçador desce do cavalo e o conduz até o meio do pátio, onde o rei o aguarda em pé. O sol se pôs rapidamente, parecia estar se escondendo do que estava para acontecer. Uma ventania sopra por toda a fortaleza, ela uiva como um lobo, é quase impossível de se abrir o olho. O homem de capuz é jogado ao chão e com a ponta da espada pairando sobre seu pescoço ele é obrigado a se ajoelhar.
O vento para. As folhas voltam ao chão, o silêncio no salão revela a tensão sentido por todos. Ele fez isso.
O Rei levante o homem e retira o seu capuz. A face sua face revela um senhor velho, talvez o mais velho que já tenha conhecido, ou imaginado que iria conhecer.
Segurando o velho homem pelo pescoço o rei começa o seu discurso.
" Este homem é o responsável pela execução do feitiço de banimento dos submundanos. E é ele quem os trará de volta; E em troca de sua libertação, os banidos nos tornaram o exército mais poderoso que já se ouvir ou se ouvirá falar. Tragam o garoto! Usaremos o seu corpo e o seu poder como um fantoche para o príncipe das trevas".
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