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Inácia foi atingida por aquele caminhão, foi jogada contra umas árvores. Sentiu todas as dores. Gritava desesperada. Caiu no chão depois de atingir alguns galhos de árvore e sentiu que estava com alguns ossos quebrados. Tentou se levantar e sentiu dores horríveis em suas pernas e abdome.
Notou que estava com a testa sangrando e tocou no local, havia um buraco enorme. Emitiu um grito desesperado. Tentou se arrastar naquele matagal para pedir ajuda e se assustou quando Alana pulou em sua frente com um sorriso de dentes sujos e lábios rachados e roxos.
— Você vai pagar, sua desgraçada!
Inácia ouviu aquilo, mas não viu a boca de Alana se mexer.
— Você está fazendo isso, né? Não vou cair no seu jogo de novo. — disse tentando ignorar a presença da entidade ali em sua frente e tentou sair de lá se arrastando.
Alana volitava ao seu lado. Enfiou o dedo no buraco da testa dela, que gritou assustando animais daquele matagal, e a arrastou correndo.
Inácia gritava tentando se desvencilhar daquele contato, mas era inútil, não tinha forças contra Alana. Ela sentia sua pele sendo rasgada pelas pedras, troncos e galhos do chão.
Alana andava pelo sentido oposto à estrada. A polícia chegou ao local e viu os policiais mortos.
— Vasculhem a área. A assassina está a pé. — pediu e pisou no local escavado por Inácia, dominada por Alana, e seu pé afundou ali.
Ele se agachou e começou a tirar a terra molhada, com as mãos mesmo e achou o corpo de Alana.
— Isolem esta área. — gritou para seus companheiros. — Há um cadáver aqui. Vou chamar a perícia.
†
Inácia gritava com todas as suas forças, mas já não se fazia ouvir por ninguém, apenas por ela mesma. Alana a largou no meio de uma clareira e sumiu por entre os grandes arbustos. Inácia ofegava quando se viu no meio do nada. Olhou para sua perna direita sagrando muito. Tirou a camiseta que usava e a rasgou para amarrar na perna. Fez o torniquete e tentou sair dali, sem noção nenhuma de direção.
— Socorro!
Mesmo sabendo que aquilo poderia se tratar de uma ilusão provocada por Alana, ela não desistiu. Arrastou-se por um tempo, sentindo que poderia perder os sentidos a qualquer momento, pois sentia muitas dores pelo corpo inteiro.
†
Uma equipe de peritos e investigadores chegou ali. Depois de verificar tudo, removeram o corpo de Alana e dos policiais. Fizeram uma busca pela área e não encontraram nada.
— Ela não pode estar longe. Aumentem a distância, vou avisar sobre a fuga dela pela vizinhança.
— Doutor, achei um corpo em cima de uma árvore... vamos precisar de escada. É uma mulher... — disse um policial voltando da mata.
O homem correu ao local e viu Inácia em um galho.
— Socorro! — balbuciou chamando a atenção deles. Seu sangue ainda pingava nas folhas até cair no chão formando pequena poça.
— Chamem uma ambulância! — gritou e se aproximou da árvore. — Pode me ouvir?
†
Inácia se arrastava quando ouviu aquela voz, olhou em volta e gritou por ajuda novamente, usando toda a sua força que ainda restava.
Com o rosto cheio de sangue e sentindo o corpo gelando, ela continuou gritando.
Pode me ouvir? O socorro está chegando, mantenha-se firme, ok? Meu nome é Murilo, sou investigador da polícia e vou ajudar você... — a voz soava pelos ouvidos de Inácia, mas ela não fazia ideia de onde vinha, continuava procurando.
†
Com a ajuda da equipe de resgate, Murilo retirou Inácia de cima daquela árvore. Alana estava ao lado dela, mantendo-a viva.
Inácia perdeu a perna direita no impacto com o caminhão. Corria risco de perder o braço. Alana ficou ao seu lado na ambulância também.
O olhar de Inácia estava assustado enquanto via a entidade no teto do veículo a observando. Os paramédicos monitoravam a paciente.
— Mulher de aproximadamente trinta anos, múltiplas fraturas... foi encontrada toda machucada, em cima de uma árvore. Não sabemos ao certo o que aconteceu, nem soubemos de queda de avião nas últimas horas. — disse o paramédico enquanto retirava a maca de dentro da ambulância. — Ela está consciente.
— Como isso é possível? — indagou a médica que a recebeu admirada ao notar seu grave estado.
Pediu ajuda e levou Inácia para dentro do hospital. A mulher só ficou inconsciente quando foi anestesiada para passar por cirurgia.
O espírito da impostora saiu do corpo e se afastou da mesa de operação. Entrou em desespero ao se ver ali sendo cuidada pelos médicos.
— Por que não me deixa morrer? — perguntou gritando.
Alana observava tudo. O desespero de Inácia aumentou quando ela viu seu braço sendo amputado.
As cirurgias correram bem. Impressionou todos os médicos. A executiva passaria um tempo para se recuperar. Sem uma perna e um braço.
Murilo observava aquela mulher com a cabeça enfaixada, perna esquerda imobilizada. Perna direita com um imenso curativo na parte que restou da coxa. Braço direito sobre a cama com os acessos. Braço esquerdo com curativo, amputado na altura do bíceps.
Depois de passar por várias cirurgias, Inácia se recuperava bem. Murilo investigaria o caso.
— Oi...
Ele ouviu uma voz feminina atrás dele e se virou, era a delegada da cidade de Vila dos Lírios.
— Oi... doutora Lara, tudo bem?
— Eu soube do caso. Essa é a suspeita?
— Sim, mas não estou acreditando muito que ela seja capaz de ter feito o que fez, não.
— Por quê?
— Eu sou cético, sabe Lara? Mas estão dizendo que foi algo sobrenatural. Mas o estrago que ela fez não condiz com sua estrutura.
— Qual é a história dela?
— Segundo informações dos moradores e funcionários do prédio onde ela mora com o marido, ela foi espancada por ele. Mas ele está em São Paulo em estado gravíssimo também, a mulher matou dois funcionários do condomínio, dois policiais e encontramos mais um corpo na floresta. Não posso ligá-lo a ela ainda, mas é muita coincidência.
Lara franziu o cenho.
— Murilo, você já parou pra pensar que essa história é bem louca? Ela foi encontrada em cima de uma árvore, todas aos pedaços.
— O que acha? Que foi uma alma demoníaca que fez tudo isso?
— Como ela foi parar em cima daquela árvore?
— Estou esperando ela acordar para perguntar.
— Ou pode haver uma terceira pessoa...
Inácia acordou assustada e tentou sair de lá. Viu-se sem conseguir retirar os acessos do braço e começou a se debater para sair dali.
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