Companhia do Mal
— Esse povo está enlouquecendo. — uma faxineira entrou com produtos de limpeza. — Bom dia, pode começar por este quarto e quando sair deixe a porta trancada, apenas avise aos patrões e diga que é para o cachorro não entrar aqui de novo. — deixou a recomendação e saiu.
Alana desceu logo depois que Zélia deixou o quarto. À mesa do café da manhã estavam Ramón, André e Rebeca.
— Bom dia! — desejou se abaixando para dar um beijo em André.
Dr. Shay latiu olhando para ela novamente. André franziu as sobrancelhas e olhou para alana.
— O que você fez com ele?
— Nada.
O cachorro saiu em disparada. Rebeca largou o café pela metade e jogou o guardanapo sobre a mesa.
— Ele odeia você! Vai embora daqui. — gritou, a menina e foi atrás do cachorro.
— Rebeca! — censurou, André.
— Nem o cachorro quer essa mulher aqui, pai. — disse sem se importar com a presença de Alana bem na sua frente e saiu da mesa.
André respirou fundo e passou as mãos no rosto.
— Calma, amor, eu vou conversar com ele, não agora, ele está abalado com a morte do avô ainda...
— Faça isso... — pediu e acariciou os cabelos dela. — Obrigado. — agradeceu e retirou a mão dos cabelos da mulher e seus dedos saíram molhados com resto de grama, ele franziu o cenho. — Que é isso? — indagou e expôs os dedos para a executiva, que arregalou os olhos e franziu o cenho.
— Não sei. Onde você estava com essa mão?
— Na sua nuca! Pode explicar isso?
— Não, acabei de tomar banho... — avisou e saiu da mesa sem comer nada e foi ao quarto de novo.
André cheirou os próprios dedos e fez uma careta quase vomitando no prato. Lavou as mãos e foi à procura da namorada, mas ao passar perto de uma janela viu Rebeca com o cachorro, estava triste, ele resolveu ir falar com a filha.
— Meu amorzinho?
— Oi, papai... estou com saudade da mamãe, do vovô também...
— Eu sei, filha. Não fica assim. Papai do céu está cuidando deles. — disse e deu um beijo na cabeça da filha depois de abraçá-la com força. Em lágrimas olhou para o alto como se procurasse os entes querido que perdera, quando a janela de seu quarto apareceu em seu campo de visão e ele viu aquela criatura horrível, ofegando enquanto pingava sangue e lama, que escorriam para o lado de fora da parede. Tinha ódio no olhar.
Temendo pela vida da namorada ele largou a filha lá e correu para dentro da casa.
André largou a filha e sem desviar os olhos da janela seguiu em direção ao aposento, ao entrar no quarto viu apenas a namorada falando ao celular, se assustou quando o viu entrar subitamente e ofegante daquele jeito.
— O que houve?
— Eu vi uma coisa aqui, uma coisa horrível!
— Do que você está falando?
André ofegava, tentou puxar o ar e sentiu o cheiro de podre, vomitou no chão aos pés de Alana, que fechou os olhos com ar de fúria.
— O que está acontecendo com você, André? — perguntou quase perdendo a paciência, desligou a chamada do celular e ligou para o médico.
O médico examinou André em seu quarto mesmo.
— Nada de anormal, André. Fique de repouso, deve ser estresse. Amanhã faça esses exames e vá ao meu consultório. Com licença. — pediu e saiu.
Alana se aproximou acompanhada com o vulto que não saía de perto dela.
— Eu preciso ficar sozinho, Alana. — avisou pretendo a respiração e viu a namorada sair e fechar a porta levando o mau cheiro com ela. — Que droga é essa? — indagou-se. — Eu preciso descobrir o motivo disso. — Saiu da cama pegou uma mala e colocou algumas roupas dentro.
— Aonde vai? — indagou, Alana quando o viu sair. — O médico disse para ficar de repouso, meu amor.
— Preciso resolver umas coisas urgentes da empresa.
— Eu vou por você, pode deixar comigo.
— Não precisa, eles querem a minha presença. Apenas cuide dos meus filhos por esta noite, por favor. Não precisa ir à empresa.
— Tudo bem, eu cuido. Mas estou preocupada com você...
— Não precisa.
André saiu com o motorista.
Ao final da tarde começou a ficar escuro, anunciando uma tempestade.
— Você não vai sair nesse temporal, Ramón! — Alana disse com firmeza na voz.
— Você acha que é quem, hein? Se liga. Eu saio se eu quiser... — rebelou-se e tentou abrir a porta, sem sucesso. — Abre essa porta, Alana. — ordenou, furioso.
— Ah, garoto, por favor. Olha a chave aí... — disse enquanto esperava Rebeca terminar o seu jantar para colocá-la na cama.
Ramón girou a chave e ainda assim não conseguiu abrir a porta, furioso começou a chutá-la.
Alana mandou Rebeca para o quarto e ficou observando a crise de mimo do menino.
— Já, já subo para contar uma história pra você! — avisou e viu a menina subir a escada e se dirigiu ao garoto, que ainda girava a chave e a porta não abria.
— Que inferno! Abre essa droga de porta!
— Você não vai sair! — A entidade do mal falou perto dele, que ouviu o sussurro e se arrepiou inteiro, virou-se junto com um soco que desferiu em Alana, mas a mulher estava longe dele, que em lágrimas começou a ofegar enquanto a olhava, sentiu aquela presença gelada ao seu lado e sentiu que não conseguia se mexer.
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