13|O Adeus mútuo.

Pois é, a situação não está boa.
Dor é o que o bando sente, devastada é como a nossa Ningyō de guerra está.
Para um pai, deve ser horrível, já que nunca pensou em ter uma filha e assim que se apega, nota que a mesma não consegue ser normal.
Ele errou, o bando errou e todos ao redor de Aishitemasu erraram.
Mais não foi por mal, eles só não previram tamanho sofrimento.

Após notar que Aishitemasu sumiu da vista com Terane, Tiek encarou o bando novamente.
Esses que por sua vez não tinham cabeça pra nada.
Viram diante de seus olhos, sua companheira partir e levando embora sorrisos e risadas.
Porém bem fundos e trancados onde sempre estiveram, o último olhar da mesma, era sem vida, assim como ela quando chegou no navio.

__ESTÁ FELIZ?! POR QUE DESTRUIR NOSSA FAMÍLIA?!__Nani tentou avançar, mais Randal a interceptou antes.

__Filha para!__Randal abraçou a mesma por trás.

__NÃO!__ela se esperneia.__VOCÊ TEM SEU SUBORDINADOS, TEM AQUELA PRAGA DE TENENTE, POR QUE TIRAR A AISHI DA GENTE?!

__está adorando isso, né?__Li o encarou.__está adorando ver o que fez com todos nós.

Tiek nada disse, não tinha nada a dizer, olhou Merlin que ainda encarava o ponto onde Aishi estava anteriormente.

__nunca a usamos como arma.__Hoddy o encarou.__desde o começo tentamos fazer Aishi ser alguém normal. Nunca passo na nossa cabeça a ter como arma.

__e tinhamos tudo pra isso!__Guila engoliu as lágrimas.__mais não fizemos. Desde que ela entrou no bando tentamos descobrir o que ela passou. Usamos a aparência do Merlin, apenas para ela se abrir e falar, mais nunca mandamos, ou obrigamos ela a nada.

__se considera pai?__Randal o encarou e Tiek não foi diferente.__um pai percebe o melhor pra sua filha. O tempo com você, ela não sorriu um minuto se quer. Com a gente, ela chorou, aprendeu a ter expressões e começou a ter sentimentos. Se realmente se importa com sua filha, veja que o melhor pra ela não é desse lado, lado esse que só destruiu ela.

__o que faremos Li?__Kuro olhou o irmão.__um navio se aproxima. Vamos ficar e lutar, ou vamos embora?

__vamos embora. Por agora temos coisas mais importantes pra fazer.__Li avisou e aos poucos o bando partia, porém Merlin e Li com o peso de proteger os outros, ainda olhavam Tiek.
Não importa se era, ou é pai de Aishitemasu.
Ele ainda era um marinheiro, e eles ainda eram piratas. Mundos que jamais serão aliados.

Quando o bando já havia ido, Li segurou o braço de Merlin, o tirando de seus devaneios.
Ele não disse uma palavra se quer, parecia vazio e talvez seja isso.
Merlin ergueu a cabeça olhando Li e entendendo que estava na hora de partir.

Ao chegar no navio, Tiek se encaminhou para o escritório onde disseram que Terane e Aishitemasu estavam.
Outro espanto foi para os marujos, como alguém que estava morta, foi dada como morta, ressurge agora.

Ao entrar no escritório, Aishitemasu se levanta e bate continência.
Era como se nada tivesse mudado.
Tiek puxou a mesma pra perto e a abraçou.

__descansar!__ao ouvir isso mesma abaixou o braço e manteve o corpo parado.

__capitão queria lhe pedir um favor.__Tiek se afastou para ela prosseguir.__queria visitar o túmulo do comandante Mercúrio.

__tudo bem. Ele está enterrado no último campo de batalha, fizeram um memorial e todos os mortos daquela batalha estão enterrados lá.

__Aishi como se feriu?__Terane a olhou com cuidado.

__na última missão. O navio do capitão Li, iria entrar em confronto com dois navios de guerra, destruí um e confrontamos o outro. Eles tinham abordo uma arma, assim como eu. Nos enfrentamos e ele morreu, mais me feriu e arrancou minha prótese direita.

__precisa de cuidados médicos, e vou providenciar outra prótese pra você.

__a Guila fez uma cirurgia em mim, acho que estou satisfeita de cuidados. Se me dão licença, eu vou me retirar.__apos uma reverência, Aishitemasu saiu do escritório e se encaminha para a cabine disponível pra ela.

Tiek suspirou se encostando na mesa.

__ela voltou a ser vazia.

__acha que isso foi culpa do senhor?

__em partes sim. Se eu não tivesse dito nada, talvez ela ainda tivesse emoções, mesmo que seja como uma espada atravessar meu peito, aqueles piratas fizeram bem a minha filha.

__mais era preciso. Era preciso contar a verdade a ela, não daria sempre pra Aishi acreditar que o comandante Mercúrio ainda estava vivo. E é melhor ela com o senhor. Você é o pai dela, ela seria uma fugitiva, uma criminosa. Cedo ou tarde seus caminhos iriam se cruzar, e um confronto difícil ocorreria.

__é, mais eu preferia um confronto mais pra frente, do que ver minha Aishi nesse estado.

__eu lamento senhor. Lamento muito mesmo.__Tiek concordou.__eu vou providenciar imediatamente a prótese nova para a Aishi.

__obrigado Terane. Ainda sabe qual é?

__sim senhor. É Adamantina.

*Uns dias depois*

Hoje era o dia que Aishitemasu visitaria o campo onde esteve quando jovem.
O campo que lhe custou tudo, seus braços e perna, seus companheiros e acima de tudo, seu comandante.
Desde que saíram da cidade onde a encontraram.
Aishitemasu nada disse, nada além do básico.
Tiek estava a cada dia mais recluso, nada que fizesse estava adiantando, Aishitemasu não se abria, não esboçava expressões ou emoções. Ele chegou por um momento a pensar em recorrer ao maldito bando Yin Yang. Mais assim como veio rápido, se foi mais rápido ainda.

Não seriam aquelas palavras ditas a ele, que mudariam seu modo de visão.
Sim, ele não foi o melhor pai, tão pouco pode dizer que conhece sua cria.
Como a conhecer por completa, se ela chegou em sua vida a mesma já tinha 14 anos, hoje tem 17 anos e de lá pra cá nada mudou. Apenas podia relaxar em saber que em guerra ela não pisaria mais.
Saber que uma relação de algumas noites apenas, gerou uma filha, filha essa que sofreu um inferno na terra por culpa dessa relação.
Que a mãe abandonou a mesma e nem escrúpulos teve de avisar Tiek, ou levar Aishitemasu pra ele.
Ele não se imaginava pai, isso estava em último plano.
Mais se surgisse ele não negaria, faria o possível e impossível por ela.
Fora que se ele tivesse criado Aishitemasu, ela não teria sofrido tanto, assim como não também não teria esse nome.
Mais infelizmente não podemos mudar o passado, ele não esteve no início, mais está agora.
A forneceu tudo que podia, e até tentou deixar o lado paterno ativar.
Em sigilo, Tiek em noites ia ao quarto de Aishitemasu e a observava dormir.
Notava a elevação de sua respiração lenta como de costume ficam em campos de guerra.
Mais sabia que ela estava segura ali, embaixo de suas asas. Não havia um louco suficiente para invadir a casa do capitão de Solet.

Sentia necessidade de a proteger do mundo e do mal.
Desejava a levar pra passear, e ir ao parque talvez.
Mais Aishitemasu trocava tudo por armas e treino.
E não conseguindo tirar isso da mesma, sem fazer com que ele fosse o novo dono dela.
Tiek apenas aceitou que se não conseguia tirar os vestígios de um militar e uma arma dela.
Faria ela perceber que seria uma arma só se ela quisesse.
E já que seus gostos eram de um militar, Tiek não ficaria fora.
Eram caminhadas, exercícios e estudos. Era cansativo a qualquer um? Sim. Mais era a única forma de conseguir interagir com sua filha, filha essa que aprendeu a amar desde o primeiro dia que a viu.
Sua pequena e guerreira Aishi.

Ao ser avisado pelo motorista que haviam chegado, Aishi já se adiantava pra sair.
O mesmo saiu e olhou a estrada de terra feita meses depois daquela guerra, como um atalho para os apressados.
Ainda estavam a reformar, talvez faltasse coragem.
Já que diziam que ouviam vozes e pedidos de socorro dos mortos. Totalmente ridículo, deveriam aprender que devem ter medo dos vivos e não dos mortos, que apenas querem o descanso eterno.

Aishi permanecia parada olhando a devastação a sua frente.
Escombros e partes do que já foram casas, agora não restaram nada.
O chão de terra batida talvez, inúmeros buracos no chão, marcas de onde os projéteis acertaram e enormes estragos que as granadas fizeram.

Ah! Esse lugar tirou muitas vidas, devastou muitas famílias.
Onde um dia já foi talvez um vilarejo ou cidade, agora não passa de um local destruído e repleto de sofrimento.
Haviam manchas a extensão de todo chão, manchas que todos conheciam bem.

Aishitemasu andou pelos restos do que foi uma batalha.
A qualquer um era devastador estar ali, mais para a Ningyō de guerra, era como se andasse em meio a batalha ainda ocorrendo.

Seus ouvidos ainda lembravam dos tiros, explosões, gritos e pedidos de socorro.
Seu nariz inalam o cheiro da pólvora, dos resíduos das granadas, e tá do cheiro de pele queimada e sangue.
Seus olhos passavam um filme breve.
Ela parou no mesmo lugar e se virou para Tiek que estava atrás dela alguns passos.

A calça branca, o blusa social preta e a jaqueta da marinha.
Na cintura sua espada e no coldre duas armas. Calçava um sapato social preto bem limpo.
O cabelo bem cortado na lateral e acima bem penteado pra trás, a cor loiro caia bem em sua aparência no bronzeado exato, olhos azuis acinzentados, casavam bem com o nariz e a boca, o maxilar definido e a barba bem feita.

É um homem de arrancar suspiros onde passa, mais que pra ele não faz diferença alguma.

Aishi talvez tivesse herdado as características dele, e até poderia dizer o cabelo se não fosse totalmente branco como o de Dorotheia. Mais os olhos azuis acinzentados, isso ela herdou dele. Já que Dorotheia tem os olhos azuis como o céu claro.

As mãos no bolso da calça e os olhos atentos a qualquer coisa que sua primogênita desejasse.

__ai. Bem aí onde está.__Ela apontou com o indicador.__foi ai que meus dois braços foram arrancados.

Tiek olhou o chão, estava sujos inúmeros corpos deveriam ter passado ali, sangue seco tinha aos montes e pensar que um deles poderia ser de sua filha, o deixava destruído.

__o comandante havia caído, e morreria por alguns inimigos que fugiram da última granada que joguei. Entrei na sua frente pra proteger ele, enquanto alguns dos nossos companheiros espalhados tentavam fugir e ajudar.

__eu lamento.

__não tem necessidade. Nasci pra isso.__ela se virou e voltou a caminhar.

__você não nasceu pra isso Aishi, você nasceu pra ser livre como um pássaro, e fazer escolhas. Losti a jogou nessa vida, por uma vingança estúpida.

__por que ele queria vingança?

__ah, foi por que me envolvi com Dorotheia, a mulher dele na época. Eu era desimpedido e não tinha nada a perder. Ela que surgiu e não parecia se importar. Mais assim que Losti descobriu, e você nasceu, Dorotheia foi embora e Losti achou que fazendo você sofrer, me atingiria no momento quando ele voltasse e esfregasse na minha cara, o que fez a minha filha.

__você sentia algo por Dorotheia?

__não. Podemos dizer que foi um sentimento carnal, nada fundo.

__podemos prosseguir?__Tiek sugeriu e Aishitemasu concordou.

Ao chegarem no centro, exatamente onde todos os corpos recuperados foram enterrados.

Ela lia lápide por lápide, foi quando encontrou a do Comandante.
Ela encarou a lápide e o nome escrito, parecia uma piada de mal gosto...porém Aishitemasu não faz piadas e não compreende elas. E aquilo seria tudo, menos uma piada.

Ela se ajoelhou diante a lápide e tocou a mesma, seus dedos por algum motivo desejavam sentir a textura, mais jamais poderia.
O som que os dedos da prótese faziam no mármore da lápide era deprimente.

Ali diante de seus olhos, está realmente seu comandante. Porém não como esperava o ver, não morto!

Aquela dor em seu peito surgia, mais Nani...ah, a agitada boneca de pano ensinou a Aishitemasu as diferentes dores no peito, mesmo que em Nani não bata nada, ela aprendeu muito com o que viu.

E o sentimento de Aishitemasu naquele momento, o peito dela se apertava de dor e sofrimento. Sofrimento esse que talvez jamais se cure.

As lágrimas rolavam lentamente de seus olhos, e ela chegou numa conclusão que não queria sentir mais isso.
Era horrível, doloroso e difícil.

Ela levou a mão ao peito e apertou soluçando.
Agora o filme em sua mente, os cheiros e os sons, são a pior coisa.

As coisas ditas pelo mesmo a última vez que se viram.

Ele ainda havia dito que depois daquela missão, tudo seria diferente.

Tenho que dizer que foi, só não sei se foi como ele planejou.
Me pergunto se ele sabia de seu fim.
Se ele sabia que aquela batalha, seria a última vez que veria os olhos que tiraram sua concentração, desde o primeiro dia.

__me perdoe por ter falhado comandante Mercúrio.__a voz era arrastada.__eu não devia estar viva, e sim o senhor. Fui fraca como arma, falha na missão de servir o senhor.__ela ergueu a cabeça pro alto.__eu peço perdão!

Tiek não sabia o que fazer, novamente presenciava os momentos de emoções de sua filha, e eram como da primeira vez, dolorosos.

Como dizer a ela que ela não teve culpa, como dizer que ela não foi falha, já que sua situação prova o quanto ela lutou, como dizer a ela que não precisa ser perdoada de nada.

Infelizmente não dá, nada do que ele, ou qualquer um falar, fará diferença. A lavagem cerebral em sua mente, de que ela é só uma arma, e sua única missão é proteger seu dono.
Sua mente não irá jamais entender, não adianta dizer que ela fez tudo certo, por que no meio em que Aishitemasu viveu, se ela sobreviveu e seu dono não, significa que foi falha.

A perda é a pior sensação.
Nos sentimos vazios, é como se algo fosse arrancado da gente sem o mínimo de delicadeza.
É morrer, enquanto ainda respiramos.
É prosseguir, enquanto não temos força.

Para Aishitemasu, é como se sua existência já chegasse ao fim.
Uma arma sem dono, não é nada em meio a esse mundo.
Ela falhou, seu fim é a morte, e eu adoraria dizer que é apenas uma metáfora, mais não é.
Talvez seu fim, não seja por ter falhado na missão como arma, já que seu pai assumiu publicamente que fora injusto e desumano o que fizeram a ela.

O exercito não tem motivos para debater arduamente com a marinha.
Mais ter falhado pode não ter sido um crime, mais ela não parou de agir como arma, não é?

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